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Futebol

Corinthians: o que há por trás da seca de títulos

Não se trata de disputar quem é pior presidente da história, mas de compreender como pode ser melhor

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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions
O Corinthians completará a quarta temporada seguida sem nenhum título, seu pior resultado desde o quadriênio 1984-1987. Sem contar aquele período, é a pior seca de troféus após o fim do jejum de 23 anos, com o gol de Basílio, contra a Ponte Preta.

Duilio Monteiro Alves será o primeiro presidente sem ganhar nada desde Marlene Matheus (1991-1993). Ela ainda ganhou a Supercopa no dia em que foi eleita, véspera de sua posse. Para encontrar alguém sem nem isso, é preciso voltar a Roberto Pasqua (1985-1987).

Duilio é chamado de pior presidente da história.
Não é o pior.
Wadih Helu teve cinco mandatos sem vencer nada (1961-1971). Por causa dele, nasceu a Gaviões da Fiel, lutando contra seu autoritarismo. Depois dele, Miguel Martinez foi eleito e deposto por má gestão no intervalo de quinze meses.

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Leandro Provenzano: Entenda o que é erro médico e quais são seus direitos

11/12/2025 00h05

Leandro Provenzano

Leandro Provenzano Foto; Montagem / Correio do Estado

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Quando a saúde falha, a dúvida machuca: foi um risco do tratamento ou um erro médico? A verdade é que provar um erro médico é bastante difícil, porque envolve termos técnicos, prontuários incompletos e versões conflitantes.

Inicialmente é importante esclarecer que “erro médico” não significa “erro do médico” – profissional.

“Erro médico” é um termo amplo para qualquer falha no atendimento de saúde (incluindo hospitais, exames, plano de saúde, outros profissionais), enquanto “erro do médico” se refere especificamente à falha direta e pessoal de um profissional médico por negligência, imprudência ou imperícia, focando na sua conduta individual e resultando em dano ao paciente.

Erro médico não é “resultado ruim”, é falha de conduta

Medicina é obrigação de meio, não de resultado. Erro médico ocorre quando há negligência (deixar de fazer), imprudência (fazer algo que não deveria) ou imperícia (falta de especialização técnica) e isso causa dano ao paciente. Nem toda complicação é erro; precisa haver falha de conduta e principalmente, nexo causal, que é vincular o erro ao dano sofrido pelo paciente.

O que se avalia é se a conduta seguiu o padrão técnico esperado. Daí a importância da perícia médica especializada.

Erros mais comuns

Os erros mais comuns estão relacionados a diagnóstico (diagnósticos equivocados), medicação (ministrada de forma equivocada), cirurgia e anestesia (falha técnica no momento de cirurgias), obstetrícia e neonatologia (não reconhecer sofrimento fetal, atrasar uma cesárea necessária etc.), infecções hospitalares, comunicação e consentimento (riscos não informados, falta de consentimento escrito etc.) e exames e laboratórios (diagnóstico errôneo).

Esses são os problemas mais recorrentes quando o assunto erro médico é discutido no judiciário.

O que eu preciso saber caso seja vítima de erro médico?

Inicialmente você precisa ter certeza de que foi vítima de erro médico, e isso não é tão simples quanto parece. Como cada organismo responde de modo individual a um tratamento, uma medicação ou procedimento, o correto é você ter provas de que sofreu um dano que seria evitado, caso o procedimento fosse realizado de modo correto.

Para isso, um laudo médico pode ser essencial, uma vez que é um documento elaborado por um especialista na área médica, que aponta o erro no procedimento médico realizado. Exames complementares também podem contradizer exames anteriores, podendo indicar também um erro de diagnóstico (espécie de erro médico). Tais provas são essenciais constatar um erro médico porque juridicamente falando, é a vítima quem tem o dever (ônus) de provar o erro médico alegado.

Com essas provas anexadas no processo, certamente o juiz irá solicitar uma perícia médica judicial, que será a prova mais importante no caso, ocasião em que dificilmente um juiz irá dar uma sentença contrária ao que está ali no laudo médico pericial.

O sucesso da ação judicial está na qualidade das provas.

A tríade das provas: laudos, exames e perícia judicial

  • Laudos e exames: comprovam estado clínico, evolução e condutas. Junte tudo: imagens, exames laboratoriais e a mídia original desses exames.

  • Prontuário completo: peça tudo (folhas médicas, enfermagem, anestesia, medicação, evolução, planilhas de UTI, checagens de enfermagem, prescrições antigas).

  • Perícia judicial: é o coração do processo. O perito (médico especialista) avalia padrão de cuidado, conduta esperada e nexo causal. Você pode ter um assistente técnico (profissional médico especialista privado que pode lhe orientar sobre as questões técnicas específicas) para formular quesitos e rebater o laudo.

Sem perícia sólida, o processo normalmente não prospera. O laudo pericial deve ser tratado como um “raio-X jurídico” do caso.

Erro médico não se comprova com indignação — se comprova com documento técnico. Em meio ao luto, à dor ou à frustração, organize provas, peça seu prontuário, colecione laudos e exames e planeje a perícia judicial com estratégia. É assim que um caso deixa de ser “palavra contra palavra” e vira direito indenizável.

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Brasil e Mato Grosso do Sul: as diferenças cada vez mais fortes

09/12/2025 00h05

Michel Constantino

Michel Constantino Reprodução

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Enquanto o Brasil, em sua totalidade, apresenta um ritmo de crescimento baixo, estados como Mato Grosso do Sul despontam com um dinamismo notável, revelando uma performance econômica que supera em muito a média nacional. A coluna de hoje examina os fatores que explicam essa disparidade de desempenho, revelando escolhas de política econômica e gestão pública que produziram resultados muito diferentes.

O ano de 2023 evidenciou uma notável disparidade no ritmo de crescimento entre a economia brasileira e a sul-mato-grossense. Enquanto o PIB do Brasil registrou um avanço de 3,2%, a economia de Mato Grosso do Sul expandiu-se em impressionantes 13,4% [1]. Este desempenho posicionou o estado com a segunda maior taxa de crescimento do país, sendo 4,1 vezes superior à média nacional. Com um PIB de R$ 184,4 bilhões em 2023, Mato Grosso do Sul consolidou-se como a 15ª economia do Brasil, respondendo por 1,7% do PIB nacional [1].

Indicador

Brasil

Mato Grosso do Sul

Crescimento do PIB (2023)

3,2%

13,4%

PIB Nominal (2023)

R$ 10,9 trilhões

R$ 184,4 bilhões

PIB per Capita (2023)

R$ 51.693,92

R$ 66.884,75

O PIB per capita de Mato Grosso do Sul, de R$ 66.884,75, alcançou a 6ª posição no ranking nacional, refletindo uma geração de riqueza por habitante significativamente superior à média brasileira [1]. Essa disparidade não é acidental. Ela reflete escolhas fundamentais de política econômica e gestão pública que divergem radicalmente entre o governo federal e a administração estadual.

Duas Trajetórias Opostas

Enquanto Mato Grosso do Sul construía seu modelo de desenvolvimento, o governo federal seguia uma trajetória oposta. Entre 2023 e 2025, o Brasil enfrentou um cenário de deterioração fiscal que comprometeu a capacidade de investimento em áreas essenciais para o desenvolvimento de longo prazo. A dívida pública federal alcançou R$ 8,253 trilhões em outubro de 2025, representando uma trajetória ascendente contínua [2]. Para contextualizar: em 2024, o governo registrou um déficit primário de R$ 43 bilhões, enquanto para 2025 a previsão é de um déficit de aproximadamente R$ 75 bilhões [3]. Essa expansão do déficit ocorreu em um contexto onde o governo federal aumentou significativamente seus gastos com folha de pessoal e estrutura administrativa.

Os gastos com cargos comissionados praticamente dobraram em três anos, atingindo R$ 1,628 bilhão em 2024 [4]. Mais recentemente, em dezembro de 2025, o governo anunciou uma reestruturação de carreiras públicas com despesa estimada em R$ 4,2 bilhões, afetando mais de 200 mil servidores [5]. Paralelamente, o número de ministérios cresceu para 38, representando um aumento de 60% em relação ao governo anterior [6]. Essas decisões de gasto não foram acompanhadas por investimentos estratégicos em educação, segurança, saúde ou infraestrutura produtiva.

Em contraste, Mato Grosso do Sul adotou uma abordagem disciplinada, priorizando investimentos em setores estratégicos e mantendo a sustentabilidade fiscal como pilar de sua política econômica. O resultado foi um estado que cresceu consistentemente enquanto o país enfrentava desafios macroeconômicos crescentes.

As consequências da falta de um plano claro de desenvolvimento no âmbito federal manifestaram-se rapidamente nos indicadores macroeconômicos. A inflação acumulada em 12 meses chegou a 4,68% em outubro de 2025. Pressões inflacionárias que comprometem o poder de compra das famílias e a competitividade das empresas.

Mais preocupante é a taxa Selic, que atingiu 15% ao ano em junho de 2025 e permaneceu nesse patamar até o final do ano [8]. Essa taxa de juros extraordinariamente elevada reflete a necessidade do Banco Central de conter pressões inflacionárias geradas, em parte, pelo desequilíbrio fiscal. O custo do crédito tornou-se proibitivo para pequenas e médias empresas, desestimulando investimentos produtivos.

Enquanto isso, o governo federal gastava recursos em atividades nas quais o Brasil não é competitivo internacionalmente—como a construção de navios e a produção de chips—e em transferências de renda para grandes empresas. Essas escolhas não geraram retorno econômico proporcional ao investimento realizado e contribuíram para o aprofundamento do déficit fiscal.

A principal explicação para a performance superior de Mato Grosso do Sul reside na força de seu setor agropecuário, mas a análise setorial revela uma economia mais diversificada do que o senso comum sugere.

Em 2023, a agropecuária sul-mato-grossense cresceu mais de 25% em valor adicionado, ampliando sua participação para 25,92% do PIB estadual. Este avanço foi impulsionado por safras recordes de soja, milho e cana-de-açúcar, além da força do complexo de proteína animal e da silvicultura [1].

A indústria estadual, por sua vez, representa 22,35% do PIB, com destaque para a indústria de transformação (14,77%), impulsionada pela produção de celulose, biocombustíveis e alimentos. O setor de serviços, com 51,7% de participação, continua sendo o maior da economia, com crescimento em atividades como comércio, transporte e serviços imobiliários [1].

Essa diversificação reflete uma estratégia deliberada de desenvolvimento que não depende de um único setor. O governo estadual investiu em educação, segurança e infraestrutura, criando um ambiente propício para a atração de investimentos em cadeias produtivas de alto valor agregado. O resultado foi a geração de 27,1 mil novos empregos formais em 2023, com destaque para os setores de indústria, comércio, serviços e agropecuária [1].

Os dados mais recentes do IBGE, divulgados em dezembro de 2025, indicam uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira. No terceiro trimestre de 2025, o PIB nacional variou 0,1% em relação ao trimestre anterior e cresceu 1,8% na comparação com o mesmo período de 2024 [9]. O crescimento acumulado nos últimos quatro trimestres foi de 2,7% [9]. Esse desempenho modesto reflete o impacto acumulado de anos de desequilíbrio fiscal, juros elevados e falta de investimento em áreas estratégicas.

Em contrapartida, as projeções para Mato Grosso do Sul permanecem otimistas. Estimativas do Banco do Brasil e de outras instituições apontam para um crescimento do PIB estadual entre 4,2% e 6,8% em 2025, enquanto a projeção para o Brasil, segundo o relatório Focus, situa-se em torno de 2,2% [10] [11]. Caso se confirme a projeção mais otimista, o PIB de Mato Grosso do Sul pode superar os R$ 227 bilhões em 2025 [11].

 

Projeção de Crescimento do PIB (2025)

Brasil

Mato Grosso do Sul

Estimativa

2,2%

4,2% - 6,8%

Múltiplo de crescimento

1x

2x a 3x

Este desempenho consistente é corroborado pela análise de longo prazo. Entre 2019 e 2023, a taxa média de crescimento anual de Mato Grosso do Sul foi de 3,75%, mais que o dobro da média nacional de 1,79% [1]. Desde 2010, o PIB nominal do estado quase quadruplicou, saltando de R$ 47,3 bilhões para R$ 184,4 bilhões, enquanto a economia brasileira enfrentava períodos de estagnação e recessão [1].

O contraste entre Mato Grosso do Sul e o Brasil não é meramente estatístico; ele reflete uma escolha fundamental sobre como gerenciar recursos públicos e construir o futuro. O governo federal teve a oportunidade de transformar o Brasil em uma potência verde, inclusiva, digital e sustentável, como fez Mato Grosso do Sul. Para isso, seria necessário um plano claro de desenvolvimento baseado em investimentos em educação, segurança, saúde e economia.

Em vez disso, o governo federal optou por um caminho de menor resistência: aumentar salários, criar cargos e ministérios, e realizar transferências de renda para grandes empresas. Essas decisões, embora politicamente convenientes no curto prazo, comprometeram a sustentabilidade fiscal e desestimularam o investimento produtivo. O resultado foi uma inflação persistente, uma taxa de juros extraordinariamente elevada, e uma dívida pública que explodiu, levando ao fim do teto de gastos—uma âncora fundamental para a credibilidade fiscal.

Mato Grosso do Sul, por sua vez, cuidou de suas contas, estabeleceu um plano claro de desenvolvimento e manteve-se na mão correta da estrada da prosperidade. O estado demonstrou que é possível crescer de forma sustentável, gerar empregos de qualidade e melhorar a vida das pessoas sem comprometer a responsabilidade fiscal.

Referências

[1] MS tem o 2º maior crescimento do PIB do país em 2023

[2] Dívida Pública Federal encerra outubro de 2025 em R$ 8,253 trilhões

[3] Dívida pública sobe e gastos do governo Lula preocupa analistas

[4] Gastos do governo com cargos comissionados quase dobrou

[5] Governo anuncia reestruturação de carreiras públicas com despesa estimada em R$ 4,2 bilhões

[6] Lula confirma 37 ministérios, número é 60% maior do que Bolsonaro

[7] Inflação - IBGE

[8] Taxa Selic 2025: acompanhe a variação dos juros ao longo do ano

[9] Produto Interno Bruto - PIB | IBGE

[10] Focus: projeção de crescimento do PIB de 2025 segue em 2,16%

[11] Próspero: PIB de Mato Grosso do Sul deve crescer 6,8% e superar R$ 227 bilhões em 2025

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