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A revolução do plantio direto

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Nos últimos 50 anos, a revolução da agropecuária brasileira teve como pilares a disponibilidade de área cultivável, o clima favorável, o espírito empreendedor de agricultores e pecuaristas e, principalmente, o desenvolvimento de tecnologias adequadas aos climas subtropical e tropical.

Muitos avanços foram cruciais para esse feito sem paralelo na história mundial: genótipos adaptados aos trópicos, correção da acidez e fertilidade do solo, fixação biológica de nitrogênio, manejo de pragas e doenças, entre outros.

Entretanto, o plantio direto na palha (PD) se destaca como pilar fundamental, sem o qual não teria sido possível a construção do agronegócio pujante que se estabeleceu no Brasil. O Sistema Plantio Direto (SPD) como proposto pela ciência agronômica é essencial para garantir a segurança alimentar e de alimentos, o desmatamento zero e o alicerce de uma agricultura verdadeiramente sustentável.

Nos trópicos, o clima inclemente – um misto de altas temperaturas e chuvas intensas – expõe os solos, predominantemente intemperizados, os quais são vulneráveis a processos erosivos que arrastam a camada superficial, levando consigo a matéria orgânica – fundamental para a vida no solo – e os nutrientes vitais para o cultivo das plantas.

Pioneiros como Herbert Bartz, Franke Dijkstra e Nonô Pereira foram os precursores no cultivo de grãos – soja, milho e trigo – sem o uso de arados e grades – o que ficou conhecido como plantio direto na palha. A partir daí instituições de pesquisa como Embrapa e Iapar, ao lado de universidades, dedicaram-se profundamente ao entendimento do comportamento de solos tropicais.

Essa colaboração resultou no desenvolvimento das bases do SPD, fruto de uma ampla integração tecnológica que envolveu pesquisa, extensão, universidades, iniciativa privada e, crucialmente, agricultores como aqueles visionários. Estavam, assim, lançadas as bases para uma agricultura regenerativa e conservacionista.

O Sistema Plantio Direto é hoje a espinha dorsal da intensificação sustentável da agricultura. Ele se integra a práticas como o manejo integrado de pragas, o controle biológico, o uso de bioinsumos, a conservação da biodiversidade e o papel vital das abelhas como polinizadores.

A abrangência dos princípios do SPD é notável e está presente nas áreas de produção de culturas anuais e perenes, cana-de-açúcar e hortaliças, na agricultura familiar, orgânica e empresarial, nas áreas com pastagens e florestas plantadas e até mesmo na agricultura urbana e na educação ambiental.

Como resultado desses esforços, o Brasil ostenta hoje a segunda maior área sob plantio direto no mundo, totalizando 33,8 milhões de hectares, conforme estimativas da Embrapa. Contudo, é fundamental ressaltar que em menos de 10% dessa área são adotados os princípios do SPD em sua plenitude, ou seja, atentando para três princípios básicos recomendados pela ciência agronômica, após mais de 50 anos de estudos: o não revolvimento do solo (exceto na linha de semeadura ou plantio); a manutenção permanente da cobertura do solo; e a rotação plurianual de culturas.

É um fato científico incontestável que as mudanças climáticas decorrem das emissões de gases de efeito estufa (GEE), aumentando sua concentração na atmosfera. Em 2020, das emissões totais de GEE (em CO2eq), 38% provieram das mudanças de uso da terra (Lulucf) e 29% da produção agropecuária. Na agropecuária, 57% são da fermentação entérica e 36% da calagem, aplicação de ureia e manejo do solo.

Entretanto, para além de todos os benefícios conhecidos, a adoção do SPD tem um impacto crucial: cientistas demonstram que sua adoção redunda em sequestro de carbono no solo, contribuindo diretamente para a redução das emissões de GEE e, consequentemente, para a mitigação das mudanças climáticas.

Um estudo da equipe liderada pelo professor Moraes Sá comprovou que a adoção do SPD é capaz de restaurar – e até de aumentar – os estoques de carbono orgânico no solo em relação à mata nativa original no Cerrado e na Mata Atlântica. Esses resultados demonstram que a agricultura é parte integrante das soluções para enfrentar as mudanças climáticas.

O estudo em questão avaliou os estoques de carbono orgânico a um metro de profundidade em 3.402 amostras de solo, comparando três usos da terra: vegetação nativa (NV), Sistema Plantio Direto (SPD) e preparo baseado em arado (PBA). Os resultados foram contundentes: o uso de implementos para revolver o solo provoca redução significativa nos estoques de carbono no solo.

Em contraste, a adoção do SPD resultou em acréscimo ou manutenção do teor de carbono ou de matéria orgânica no solo. De acordo com os autores, cada hectare cultivado sob SPD tem o potencial de evitar o desmatamento de 0,8 ha a 1 ha para produção de alimentos, além de permitir a reinserção de terras degradadas à agricultura.

Concluindo, a adoção do plantio direto na palha (Sistema Plantio Direto) foi fundamental para que o Brasil se tornasse a potência agrícola que é hoje.

No entanto, para alcançar a tão almejada sustentabilidade, com inclusão social e tecnológica, são essenciais investimentos robustos em ciência e tecnologia, ao lado de estratégias de comunicação que mostrem, com eficácia, que somente a adoção plena dos princípios básicos do SPD garantirá a qualidade e a saúde do solo, imprescindíveis para alcançar a segurança alimentar, a segurança dos alimentos, o desmatamento zero e altas produtividades, aumentando decisivamente a resiliência da agricultura às mudanças climáticas e à ocorrência de eventos extremos. 

CLAÚDIO HUMBERTO

"Estamos diante de uma tragédia anunciada"

Carlos Bolsonaro ao mostrar as crises de soluço do pai, Jair Bolsonaro

13/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Enel deve escapar outra vez de perder concessão

Seria longo o caminho, como cogitou a Aneel, até decretar a caducidade contrato da Enel, subsidiária da estatal italiana de energia que atua em São Paulo. O mais provável é que tudo acabe em pizza, multas pesadas e recursos intermináveis da Enel, como nas outras vezes, segundo os especialistas no setor. Tudo depende de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia de Lula (PT), que jamais atenderia Tarcísio de Freitas (Rep) para intervir na Enel. Quer mais é usar o episódio para desgastar o governador paulista, seu adversário mais temido depois de Bolsonaro.

Até Aneel resiste

A primeira dificuldade para fazer caducar a concessão é a proposta ser aprovada na diretoria colegiada da Aneel, que resiste a medidas assim.

Exemplo prático

Há dias, o diretor da Aneel Fernando Mósna propôs não renovar a concessão da Coelba, na Bahia, entregue a Neoenergia. Foi derrotado.

Multas, no máximo

Especialistas em energia, que monitoram a Aneel, acham mais provável aplicar multas pesadas, como em outras vezes, sem cassar a concessão.

Não tem gente

Ainda há uma dificuldade adicional: se a Aneel expulsar a Enel, não tem quem assuma a operação em São Paulo até que se realize nova licitação

Remoção da Magnitsky é ponto para a ‘química’

A remoção do ministro do STF Alexandre de Moraes da lista de sancionados da Lei Global Magnitsky foi interpretada até na oposição como vitória do governo Lula (PT) e principalmente do Supremo. Mesmo após semanas de tiroteio de denúncias envolvendo governo, Congresso e STF, incluindo a revelação do contrato de R$129 milhões do escritório de Viviane de Moraes, esposa do ministro, com o enroladíssimo Banco Master, foi encerrada a única pressão de fato que havia sobre a Corte.

Lamentável

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse ter recebido a notícia com “pesar” e que lamentava a decisão, apesar de agradecer o apoio de Trump.

Ex-violador?

Para Carlos Jordy (PL-RJ), Trump é “decepção” e banalizou a Lei Magnitsky: “Não existe ‘ex-violador de direitos humanos’”.

Sensação cara

“O sentimento, não escondamos, é de traição. Certamente o preço cobrado por Trump não foi baixo”, diz Maurício Marcon (Pode-RS).

Investigação aberta

Parecer técnico do TCU identificou possível uso pessoal da comunicação do órgão público ABDI pelo seu presidente, Ricardo Cappelli. O contrato de R$8 milhões teria sido usado para promoção eleitoral do político filiado ao PSB do ministro da Indústria (e vice) Geraldo Alckmin.

Intermitência perene

O Bradesco deixou na mão os 110 milhões de clientes, sexta (12), sem serviços de internet banking, app e até caixas eletrônicos. O banco disse que foi “problema no ambiente de infraestrutura interno do banco”.

Tarifaço mexicano

A CNI aperta o governo brasileiro para negociar acordo bilateral com o México. O governo mexicano resolveu mexer nas tarifas de importação. Análise preliminar prevê impacto negativo de US$1,7 bilhão.

O mundo capota

Ex-ministro de Lula condenado a dez anos no Mensalão e a 23 anos na Lava Jato (corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa), cuja pena o STF anulou, Zé Dirceu lançou canal oficial eleitoral no whatsapp.

Engorda no TCU

A turma da ONG República.org e outras seis entidades enviaram a Lula pedido para vetar um penduricalho no TCU que é considerada uma invenção malandra para engordar salários já obesos no tribunal.

Estabilidade

Pesquisa Real Time Big Data mostra equilíbrio na avaliação do governo de Raquel Lira (PSD) em Pernambuco. A aprovação é superior, soma 50%. A reprovação bate em 47%. Não sabe/Não respondeu são 3%.

À imagem e semelhança

Em “homenagem” a Lula (PT), foi batizado de Brachycephalus lulai, um minisapo descoberto em Santa Catarina. O animal laranja já nasce sapo (nunca é girino), só existe no Brasil e tem... número reduzido de dedos.

Greve petroleira

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) começa greve nacional nesta segunda-feira (15). Petistas rebeldes reclamam que negociações com a Petrobras não avançam. Dizem que a greve é por tempo indeterminado.

Pergunta no PT

Empresa de energia que não fornece energia é vítima do cliente que quer ligar a luz?

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Suplicy e a corda

Certa vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi conhecer o Círio de Nazaré, em Belém (PA). Na época ainda fazia pose de atleta e se meteu a puxar a corda, ao lado de milhares de fiéis. E se deu mal, muito mal. O então deputado Babá (Psol-PA) contou a cena com graça: “Suplicy foi ejetado em minutos. A força na corda é descomunal!” Não por acaso, anos depois, quando soube que a colega Heloísa Helena iria ao Círio, o cavalheiro Suplicy advertiu: “Cuidado com a corda...”

CLÁUDIO HUMBERTO

"Um tumultuador contumaz"

Deputado Bibo Nunes (PL-RS), sobre o barraqueiro Glauber Braga (Psol-RJ) na Câmara

12/12/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

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Governo escala Otto para atrasar dosimetria na CCJ

Já começou a entrar água no acordo dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Rep-PB), e Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fechados com a oposição, para as Casas votarem o projeto da dosimetria, que reduz pena de presos pelo 8 de janeiro. Na Câmara, foi vendido aos deputados que a proposta seria imediatamente votada pelos senadores no plenário, mas não foi o que aconteceu. Aliado de Lula, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Otto Alencar (PSD-BA), criou dificuldades.

Caminho

Otto cobrou de Alcolumbre que o texto passasse pela CCJ, atrasando a tramitação do projeto, que tem tudo para ficar para 2026.

Volta da anistia

Para consolar a oposição, Otto designou relator o senador Esperidião Amin (PP-SC), que anda falando até em substituir dosimetria por anistia.

Sessão relâmpago

O governo teme derrota no plenário e quer resolver na CCJ. O plano é abrir reunião com quórum mínimo governista e aplicar o rolo compressor.

Mata no início

Nesse plano, que dificilmente consegue prosperar, o Planalto precisa de 14 senadores para abrir a sessão e apenas 7 votos pela rejeição.

Lula gasta mais que candidatos no DF nas redes

Entre setembro e dezembro, o governo Lula (PT) torrou R$230 mil com “impulsionamentos” no Facebook e Instagram direcionados a internautas do Distrito Federal, onde sempre perde nas eleições. Ranking do Meta Ads dos maiores gastadores aponta que o Planalto gastou quatro vezes mais que o governo do DF (R$62 mil), que informa sobre escolas, obras e outros temas relevantes da comunidade. Despesas de pré-candidatos para 2026 também chamam atenção; José Roberto Arruda e Ricardo Cappelli gastaram mais de R$58 mil cada só em anúncios nas redes.

Gastador nº1

Arruda lidera entre indivíduos que mais gastam com anúncios da Meta (Facebook e Instagram) entre setembro e dezembro, no DF: R$58,7 mil.

Dados abertos

Cappelli (PSB), presidente de uma ABDI (Desenvolvimento Industrial), é o segundo que mais gasta com “impulsionamentos” no DF: R$58,5 mil.

Top five

O deputado federal Rafael Prudente (MDB) fecha o top 5 de maiores despesas com anúncios nas redes do grupo Meta, no DF: R$55,5 mil.

Nem adianta

Ao prometer veto à dosimetria, Lula (PT) nem sequer lembra que isso não tem a menor importância. Se a votação for expressiva no Senado como na Câmara, o veto seria derrubado com constrangedora facilidade.

Luzes, por favor

Se dependesse do governo paulista, Tarcísio de Freitas (Rep) já teria decretado intervenção na distribuidora de energia Enel. Mas a decisão é federal. “Intervenção funciona”, diz, “plano de contingência, não”.

Pressão política

Sóstenes Cavalcante (RJ) não escondeu o motivo de o projeto da anistia não andar no Congresso: pressão de ministros do Supremo Tribunal Federal. Ligam e mandam whatsapp, diz o líder do PL.

É do Brasil

Um brasileiro que vai comandar a gigante Coca-Cola. Henrique Braun tem 57 anos e será o CEO global da empresa a partir de 31 de março de 2026. Substituirá o empresário britânico James Quincey.

Tudo em paz

Nome do PL para disputar a Presidência, Flávio Bolsonaro avisou que não conseguirão cavar uma briga entre ele e Tarcísio de Freitas, sobre quem ressalta a lealdade e amizade com Jair Bolsonaro.

Tanto ódio faz mal

Impressiona a expressão de ódio que Lula fez ao afirmar que Bolsonaro “tem que pagar”. Aliados dizem que a prisão do ex-presidente que tanto o amedronta é a vingança pelos seus 500 dias de xilindró por corrupção.

Prejuízo só cresce

Além de capturar um navio tanqueiro, o governo Trump anunciou sanções a outros seis navios do país do ditador Nicolás Maduro. Cada um pode carregar mais de US$ 120 (R$660) milhões em petróleo.

Prejuízo bilionário

A Fecomércio ainda finaliza as contas, mas já se sabe que os dois dias de apagão em São Paulo arrasaram com o setor de comércio e serviços. A estimativa é de prejuízo superior a R$1,5 bilhão.

Pensando bem...

...“agenda secreta” com ditador amigo é “soberania”.

PODER SEM PUDOR

Cláudio Humberto

Uma raposa em ação

Governador de Minas Gerais e já em campanha para presidente, Tancredo Neves fez um gesto de cortesia ao governo João Figueiredo: incluiu a ministra da Educação, Esther de Figueiredo Ferraz, entre os agraciados pela medalha da Inconfidência. No dia da solenidade, a ministra estranhou: “Não tenho qualquer das qualidades exigidas para merecer isso...” Em seu discurso, Tancredo justificou a reputação de raposa política: “A ministra está, realmente, fora do regime da medalha, ela tem muito mais virtudes que as exigidas...”

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