Colunistas

Continue lendo...

Desde 2012, a energia solar gerou investimentos de R$ 229,7 bilhões no Brasil e resultou na arrecadação de R$ 71 bilhões aos cofres públicos. Essa fonte de energia evitou a emissão de 60,6 milhões de toneladas de gás carbônico no País, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Agora, o Brasil acaba de superar a marca de 50 gigawatts (GW) de potência instalada operacional de energia solar, tornando-se o sexto país a alcançar esse nível, junto aos Estados Unidos, China, Alemanha, Índia e Japão. A fonte solar representa hoje 20,7% da capacidade instalada da matriz elétrica brasileira, estando em segundo lugar entre os sistemas disponíveis, só perdendo para a energia hidrelétrica, ainda de acordo com a Absolar.

No entanto, recentemente, o mercado de energia solar no Brasil enfrentou mudanças significativas após a publicação da Resolução Gecex nº 666, que alterou as regras do Imposto de Importação para módulos fotovoltaicos. A alíquota, que antes era de 9,6%, subiu para 25%, aumentando os custos de equipamentos importados e impactando diretamente a viabilidade econômica de projetos solares, contribuindo para que o setor enfrente um dos maiores desafios de sua história. 

A taxação desestimula os investimentos e compromete o ritmo de crescimento da fonte limpa de energia em um momento de transição energética, uma vez que aumenta os custos dos projetos de energia solar e dificulta o acesso a equipamentos essenciais para a geração distribuída e centralizada. Com isso, muitos integradores enfrentam desafios financeiros, enquanto clientes finais podem sofrer com preços mais elevados e prazos ampliados.

O governo federal justificou o aumento por acreditar que a mudança poderá estimular o crescimento econômico, gerar empregos e reduzir a dependência de produtos importados. Mas o setor solar brasileiro ainda sofre com questões estruturais, já que a produção local não consegue atender à alta demanda. 

Sem dúvida alguma, a energia solar no Brasil não é apenas uma tendência, mas uma necessidade emergente. Graças à vasta extensão territorial e às condições climáticas favoráveis, o País oferece um potencial imenso, que vem se consolidando como uma das alternativas mais viáveis para atender à crescente demanda energética.

Por isso, o aumento do Imposto de Importação pode gerar um efeito contrário no curto prazo, limitando o avanço de novos projetos e a expansão do setor, que vinha crescendo com rapidez, por conta do aumento de investimentos em geração distribuída e centralizada.

Para evitar esse cenário, é essencial que governo e empresas trabalhem juntos para criar políticas que incentivem a produção nacional dos insumos necessários para gerar energia solar, garantindo um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.

ARTIGOS

A vida como ela é

27/12/2024 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

Todos se queixam de que a vida está acelerada. Todo santo dia é a mesma coisa, aquela correria que invade a olhar sem pedir licença, acomodando-se em nossa alma sem a menor cerimônia.

Os dias voam, mesmo não tendo asas. As horas se dissipam feito fumaça de cigarro, levando os momentos que dão forma, cor e sentido à nossa jornada por esse vale de lágrimas.

E o trem descamba de vez quando nos aproximamos dos dias em que as cortinas de mais um ano que se despede se fecham, sem deixar ao menos um bilhetinho de despedida sobre a mesa.

Nesses dias, o coração bate mais forte, o suor corre em um passo frio pelos sulcos rasos do nosso rosto, desejoso de se tornar um caudaloso rio.

E nesse açodamento de querer fazer um não-sei-o-quê que toma conta do nosso ser, acabamos ficando indiferentes ao amor, insensíveis à dor dos nossos semelhantes, apáticos diante da realidade que invade a nossa vista, impassíveis perante a nossa própria humanidade, indolentes diante da majestade de Deus e, sem nos darmos conta, terminamos por nos alienar de nós mesmos.

Para que não nos precipitemos no abismo de uma vida esvaziada de propósito pela voracidade da hiperconectividade, para que os frutos pútridos desses tempos turbulentos que testemunhamos não venham se aninhar em nossa alma, urge que tenhamos paciência. Sim, paciência não é tudo, mas é imprescindível.

Aliás, a Sagrada Família de Nazaré nos ensina a sermos pacientes. Se meditássemos sobre isso com a devida atenção e com a indispensável devoção, compreenderíamos com clareza que grande parte das aflições que nos apoquentam não são dignas de tamanha preocupação. 

Muitas das nossas inquietações não têm a urgência que atribuímos a elas. Da mesma forma, inúmeras outras coisas que deveriam estar no centro da nossa atenção não estão.

Queixamo-nos, frequentemente, de tudo e todos, mas poucas vezes dizemos um “eu te amo” para quem precisa ouvir essas palavras. E raras vezes paramos para ouvir, atentamente, o que os outros têm a nos dizer, mas queremos porque queremos ser ouvidos por Deus e por todos, como se fôssemos o centro de toda a criação.

Enfim, a vida é simples, tão simples quanto a manjedoura que recebeu Deus, o Deus que se fez pequenino para nos mostrar o caminho, a verdade e a vida, para nos resgatar do abismo de nós mesmos.

ARTIGOS

Às portas do Judiciário o domínio das inovações tecnológicas

27/12/2024 07h30

Arquivo

Continue Lendo...

Se, por um lado, os avanços tecnológicos trouxeram uma indiscutível contribuição para o mundo jurídico, por outro, também aumentaram consideravelmente o número de processos judiciais, o que agora exige contemporização com os referidos avanços, principalmente com o inevitável (e quem sabe incontrolável) mundo da inteligência artificial (IA).

Enquanto se ganhou, por exemplo, em termos de otimização de tempo, com a migração dos processos físicos para os virtuais, evitando-se a cansável espera que se empreendia para localização, consulta e movimentação processual, não se dimensionou a possível perda, em relação à segurança necessária que se deve ter, para evitar tal prejuízo.

A veloz incorporação dos recursos tecnológicos da IA ao já avançado procedimento virtual adotado no processo eletrônico, ao mesmo tempo em que pode contribuir para o andamento dos processos, reclama o emprego de ferramentas (ainda não humanamente domináveis), as quais poderão fugir dos mecanismos de controle de segurança jurídica, material e intelectualmente se falando.

Um dos entraves que mais compromete uma convivência mais equânime entre o sistema humano nato com o novel aparato da IA se atrela ao descompasso visível entre o avanço desse instrumento e o incerto domínio da humanidade sobre ele, tanto que ainda não se sabe até onde tudo pode nos levar, restringindo-se o que poderia ser feito a impressões que não dimensionam o porvir.

No campo jurídico, já é possível, por exemplo, o emprego da IA aos processos de pesquisa e elaboração de textos jurídicos, cuja velocidade de produção nossa vã (e já ultrapassada filosofia) nem supusera.

Até as decisões judiciais, incluindo as sentenças finais dadas em processo, já são produzidas à custa dos mecanismos dessa inovação, o que há alguns anos era questionável, sob o ponto de vista da automação empreendida na confecção de documento jurídico que requer, antes do uso da razão, o emprego do olhar humano.

Essa utilização desmedida levou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), enquanto órgão com incumbência fiscalizadora do Judiciário, a investigar um caso de sentença judicial da 2ª Vara Cível e Criminal de Montes Claros (MG) redigida com o uso de IA, em que foram citadas jurisprudências inexistentes.

Isso revelou a falibilidade de que esse “avanço” tecnológico também é revestido, o que provoca uma reflexão sobre a veracidade e a utilização irresponsável do conteúdo produzido, em matéria jurídica.

A preocupação, portanto, não se restringe, hodiernamente, àquela de alguns anos atrás, que consistia no risco de substituição de juízes, uma vez que nessa situação foi constatada “falha não nossa”, mas da máquina. Errar, portanto, não é somente humano, como sempre ouvimos na conhecida assertiva popular.

Se o erro sempre foi um indesejável vilão que compromete a segurança das decisões judiciais, agora, com a utilização de IA, ele passou ao plano das preocupações mais imediatas, uma vez que o Direito lida com a liberdade e, consequentemente, com os valores e os atributos da própria existência humana.

Imaginemos que não se refreie a utilização sem o devido conhecimento e domínio da IA ao mundo jurídico, e os conflitos humanos que são solucionados com a decisão judicial serão duramente atingidos – quem sabe até de forma irreversível.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).