Não existe a mínima possibilidade de um dia a democracia, essa forma de governo nascida na antiga Grécia ser perfeita. Quando surgiu pela primeira vez na história, já veio com deformidades, com exclusão e imperfeições.
Na velha Atenas, seu berço natal, a democracia direta, assim chamada pelos seus inventores, somente os homens se reuniam em assembleias para discutirem e deliberarem sobre os problemas da coletividade. Nenhuma mulher ou qualquer estrangeiro participava.
Talvez o que de bom tinha, nesse início, fosse o fato de que eles não elegiam representantes, pois hoje, na chamada democracia moderna nós sabemos como somos representados por àqueles a quem votamos e concedemos mandato para nos representar.
Com raríssimas exceções, nossos representantes nos poderes executivo, legislativo e judiciário (este ainda é pior, pois nem podemos escolhê-los), correspondem aos nossos anseios e se tornam inúteis e nocivos aos interesses da população.
Um preço muito alto essa democracia moderna. Mas será que existe em algum lugar do mundo uma democracia que poderia ser considerada ideal? É certo que em alguns países como a Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia, etc.
Conforme dados do Democracy Index do The Economist, ela se aproxima do ideal, mas mesmo assim não deixa de ter em seus seios as mazelas do poder, é só pesquisar sobre essas nações e ver, muito embora, nem de longe, são idênticas às falcatruas e abominações da democracia no resto do planeta, principalmente as nossas na América Latina, com destaque para o Brasil.
Não existe democracia ideal, nem nunca haverá, mas mesmo assim ainda é, mesmo capengando, a melhor forma de governo para um povo e o seu preço a ser pago é exatamente as suas imperfeições.
Vivemos sob o manto da democracia moderna, que de moderna não tem nada, pois ainda não existe uma fórmula que realmente permita ao povo de um Estado se livrar dos maus políticos que o representa e o voto, sozinho, não tem o condão de resolver essa questão.
Basta olhar o Brasil e constatar isso. Quantos canalhas se elegem, se reelegem, elegem seus ascendentes, descentes e por aí vai, e sempre estão a bordo do poder central. Alguém poderia dizer, ah, mas isso é culpa do povo que os elege. É sim.
Grande parcela disso tudo é do próprio povo, entretanto, se houvessem leis e fiscalização severa, sem casuísmo, sem conchavos, funcionando de verdade, com honestidade plena daqueles a quem compete fiscalizar, as coisas poderiam ser diferentes, mas isso não acontece e o povo só serve para votar. Nada mais.
No Brasil, o preço que se paga pelas imperfeições de sua democracia se origina de seu próprio povo, que em sua maioria não possui escolaridade e é muito alta a taxa de analfabeto funcional. Em regra, grande parte da população possui baixa escolaridade.
Isso é um fator agravante seríssimo na busca de uma democracia ideal. Outro fator importante que impede o caminho de uma democracia justa é a pobreza do povo.
Assim, sem educação e pobre, o humilde cidadão brasileiro é a isca perfeita para os políticos profissionais que se perpetuam no poder, através do voto de um eleitor incauto, ingênuo e carente de qualquer coisa, que se deixa enganar pela brilhante performance maquiavélica dos políticos profissionais.
E a roda gira sempre na mesma direção. É uma luta desigual entre o político de carteirinha e o eleitor sem instrução e muitas vezes, uma camiseta, uma dentadura, uns míseros trocados se converte em voto.
O pior de tudo é que esses políticos espertos encontraram um meio de aliciar o voto de maneira oficial, através de benefícios em dinheiro a esse povo simples, em programas como o tal bolsa família, vale gás, vale renda, vale isso, vale aquilo, tudo dinheiro público, quer dizer, do próprio povo.
Então qual seria mesmo o preço da democracia mais ou menos ideal? Eu digo que é a educação para todos.
Só ela, a educação, pode transformar uma pessoa e torná-la capaz de entender o mundo em sua volta e não vender sua dignidade e mudar seu status e de seu país.
Perguntem a um norueguês, a um finlandês, um dinamarquês, como eles chegaram aonde estão. Não existe democracia ideal e nem jamais existirá, mas pode haver uma democracia melhor dessa falsa democracia que vivemos e o seu preço é a Educação.




