Colunistas

Continue lendo...

 A sala de aula, à primeira vista, é um conceito simples: paredes, carteiras e um quadro. Mas, sob essa definição aparente, pulsa uma complexidade que transcende o espaço físico. É um organismo vivo, tecido por dinâmicas sociais, afetos e saberes.

Para o professor, ela é sagrada. A sala de aula é muito mais do que o espaço limitado por suas paredes, é um campo de forças onde o poder se desenha e se redimensiona a cada interação. 

Em uma cidade do interior, a 412 km da capital, onde o calcário cede lugar ao vermelho do minério, a sala de aula – esse espaço sagrado de saber e transformação – foi desvirtuada, convertida em símbolo de retaliação e punição.

Como um pássaro ferido, o prefeito derrotado viu-se cativo de sua própria incapacidade de aceitar a vontade do povo. Seu sucessor ideal fora rejeitado nas urnas, e, incapaz de alçar voo, ele preferiu se afundar em uma cruzada rancorosa.

Em vez de aprender a planar sob novos ventos, distorceu o poder que deveria servir ao coletivo, transformando-o em um instrumento de vingança e controle. Sua visão mesquinha, um ultraje pessoal, um golpe contra seu orgulho, o impediu de enxergar a liberdade inerente ao ato democrático.

E assim, sua frustração se convertia em perseguição amarga, uma busca incansável por “culpados” para justificar sua queda. 

Entre as vítimas da caça aos culpados, estava uma professora concursada que dedicara sete anos de sua labuta à alfabetização do município. Ela, incumbida de coordenar programas educacionais na alfabetização dentro da secretaria municipal, exercia sua função com zelo e dedicação. Porém, aos olhos do prefeito, sua posição na secretaria a tornava alvo de obrigação. Ela, por não se curvar ao controle que ele tentava impor, acreditava que merecia uma punição.

E então veio a ordem: “Para a sala de aula!”. Não como um convite ao templo do saber, mas como uma sentença, um castigo que visava apagá-la da função que ocupava com tanto empenho. O prefeito, tal qual um “coronel” contemporâneo, distorcia a educação, transformando-a em instrumento de controle e vingança.

Michel Foucault, em Vigiar e Punir, nos ajudaria a entender essa lógica de poder, em que a disciplina e a punição moldam corpos e mentes não para a emancipação, mas para a subordinação. Para o prefeito, a sala de aula não era um espaço de aprendizado ou de liberdade, mas um lugar de reclusão para aqueles que ousavam desafiar seu controle.

O prefeito, derrotado nas urnas, fez do seu poder um espetáculo de retaliação, transformando a sala de aula em símbolo de punição. Não era apenas um ataque a uma professora, mas uma reprodução de uma lógica que Foucault chamaria de “disciplinar.” Para ele, o poder não precisa ser violento para ser eficaz; ele age de forma sutil, penetrando nos corpos, organizando espaços e determinando comportamentos.

Essa situação também ecoa as marcas do colonialismo que, embora supostamente superado, ainda persiste em práticas autoritárias e na negação da autonomia dos sujeitos. A sala de aula, sob essa ótica, não era mais o espaço de libertação que Paulo Freire defendia, mas uma cela simbólica. E ali, naquela cidadezinha, o prefeito instrumentalizava a educação para reforçar sua autoridade.

Mas a professora, marcada por anos de dedicação, resistiu. Onde o prefeito via castigo, ela via oportunidade. Onde ele tentava apagar, ela insistia em acender. Porque o poder não é absoluto, ele sempre encontra resistência. E na sala de aula, a resistência se dá no ato de ensinar, de formar cidadãos críticos.

O prefeito, ao usar a sala de aula como punição, revelava seu desconhecimento do verdadeiro significado da educação. Ele não entendia que, como Paulo Freire dizia, “não há neutralidade na educação.” Ensinar é sempre um ato político, e transformar a sala de aula em um lugar de esquecimento é, na verdade, apagar as possibilidades de um futuro justo e democrático.

A sala de aula não é um castigo, nunca foi e jamais será. É um lugar fértil. Nas palavras de Lispector, “o que você ama, você salva”. A educação é essa salvação, essa força que, mesmo nas piores condições, não se cansa de florescer.

Cada gesto de afeto, cada olhar atento de um aluno, cada palavra do professor que ensina não apenas a ler e a escrever, mas a pensar e a existir, é um ato de resistência contra as forças que tentam transformar o saber em instrumento de opressão.

CLÁUDIO HUMBERTO

"Faz o L, de Ladeira abaixo"

Deputado Zucco (PL-RS) após disparada do dólar atingir marca histórica de R$6

29/11/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

Continue Lendo...

Pacote Malddad taxa até quem tem doença terminal

O governo Lula (PT) prometeu “corte robusto de gastos”, mas passou a perna em todo mundo, provocando decepção e desânimo. O pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, que opositores chamam de “Malddad”, inclui medidas cruéis como extinguir a isenção tributária para portadores de doenças terminais. O governo desapontou quem espera desde a posse do atual presidente a prometida isenção de impostos para quem recebe até R$5 mil mensais: só começa no ano (eleitoral) de 2026.

Não sabe o que diz

Sobre a isenção dos R$5 mil, Haddad fez a alegação falsa de que será compensado taxando quem ganha mais de R$50 mil. Sem chances.

Não compensa nada

Investidor respeitado, Pedro Cerize disse que o número de assalariados na faixa dos R$50 mil é irrisório, mesmo que a alíquota seja de 100%”.

Prioridade é gastar

Em vez de corte de gastos, o governo anunciou apenas mais um pacote tributário, confirmando a recusa de Lula de cortar seus gastos sem limite.

Apenas improvisação

O governo tirou da gaveta antigo projeto da Receita esfolando quem já paga muitos impostos. Nada tinha preparado sobre corte de gastos.

Paper relata ao Cade ‘tese irracional’ dos Batista

Em defesa protocolada no Cade (Conselho de Defesa Econômica), do Ministério da Justiça, a Paper Excellence mostra como é irracional a tese dos irmãos Joesley e Wesley Batista para impedir que a multinacional tenha voz na governança da Eldorado Celulose. Conhecida no noticiário econômico e policial, a dupla alega que a Paper seria “concorrente”, o que é falso, e por isso pretenderia prejudicar Eldorado. Como se a Paper tentasse prejudicar a empresa na qual investiu mais de R$15 bilhões.

Investimento bilionário

Além do investimento bilionário no Brasil, a Paper gasta milhões lutando contra jogadas que tentam impedi-la de assumir a empresa que adquiriu.

Comprou e não levou

Nesse litígio, que já dura sete anos, os irmãos Batista fazem o diabo para não entregar a empresa comprada e paga pela Paper.

Concorrência zero

A Paper não atua no mercado brasileiro de celulose senão por meio da própria Eldorado. Globalmente comercializa outros tipos de celulose.

China comprou

A venda da maior mina de urânio do Brasil (na Amazônia) ao governo da China indignou o Congresso. “Ninguém fala nada. Por quê? O que há aí? Compromisso? Conluio?” pergunta o senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Escala 6x1

Viralizou nas redes sociais o movimento “pelo fim da escala 6x1”, mas o meme nada tinha a ver com trabalho. A imagem mostrava R$1 real e US$1. A moeda americana chegou a ser vendida por R$6 ontem (28).

Lorotas ao vento

Voltaram a circular posts petistas já desmoralizados. Caso do senador Randolfe Fernandes (AP), que listou as promessas de Lula em abril de 2023: “Dólar abaixo de R$5, Inflação em queda, Juros futuros em queda.”

Pombo petista

Do senador Rogério Marinho (PL-RN) ao podcast Diário do Poder: “Falar de economia com o PT é como jogar xadrez com pombo, ele bagunça tudo, faz ‘caca’, deixa lá para alguém arrumar e sai dizendo que ganhou”.

Post premonitório

Reapareceu post de Flavio Dino, de outubro de 2021, atacando a “turma de incompetentes”, prevendo alta do dólar e dos preços: “Além de não gostar de trabalhar, o sujeito não sabe trabalhar”. Não se referia a Lula, mas a Bolsonaro, que deixaria o governo com superávit de R$79 bilhões.

Governador barrado

O casamento do ministro do STF, Flávio Dino, amanhã (30), mobiliza as principais autoridades do Maranhão, mas uma ausência é a mais falada. O governador Carlos Brandão, ex-aliado de Dino, não foi convidado.

Austeridade seletiva

Marcel van Hattem (Novo-RS) cobrou da Casa Civil explicações sobre a reforma na cascata da Granja do Torto. O deputado diz que a obra, em um momento de corte de gastos, levanta questionamentos.

Os nazis vivem

Estudo do Ecoa divulgado esta semana revela que 1 em cada 4 judeus já foi alvo de discriminação e preconceito no local de trabalho. E apenas 15% das empresas possuem políticas de combate ao antissemitismo.

Pensando bem…

...“nunca na história desse (sic) País” o dólar chegou a R$ 6!

 

PODER SEM PUDOR

Emprego estável

Eram os anos 1960 e Teotônio Vilela fazia campanha para senador, cada vez mais distante da Usina Boa Sorte. O filho José Aprígio, 17 anos, já muito responsável, cobrava sua presença. Mostrou-se tão preocupado que o pai o emancipou e confiou a ele a gestão da usina. O rapaz iniciou cortando gastos e logo recolheu os talões de cheque do pai. Teotônio era generoso, dava até o que não tinha, inclusive dinheiro, e talões de cheque eram um perigo. Mas o senador só reagiu quando Aprígio mexeu no amigo: “Terei de dispensar o Zé do Cavaquinho”, referindo-se ao grande companheiro de boemia, poeta e cantador. Teotônio subiu nas tamancas: “Nesse aí ninguém toca!” Zé Aprígio insistiu: “Ele nunca deu um dia de serviço!” Teotônio liquidou o assunto: “Ele cuida da minha alma!” Enquanto viveu, Zé do Cavaquinho foi funcionário da usina.

 

Assine o Correio do Estado

CLÁUDIO HUMBERTO

"A crise econômica [chega] a galope!"

Senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre o corte de gastos travestido de mais impostos

28/11/2024 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

Continue Lendo...

Governo está a um ‘aerolula’ de estourar Orçamento

Enquanto enrola com o corte de gastos, a torneira da gastança no governo Lula segue jogando no ralo o dinheiro do pagador de impostos. A despesa pública atualizada, disponível no Portal da Transparência, chegou nos R$ 5,4 trilhões, a apenas R$1,8 bilhão do total previsto para 2024 na Lei Orçamentária anual. O pouco que falta para estourar o que está previsto em lei é o suficiente para atender ao capricho de Lula e Janja: um novo Aerolula, para substituir o seminovo Airbus 319.

 

Gasto só cresce

A despesa do governo federal só subiu desde que Lula assumiu. Pulou dos R$5,26 trilhões em 2023 para R$5,41 trilhões... e o ano não acabou.

 

Palácio voador

Com todas as exigências de Lula, os modelos achados pelo Ministério da Defesa são Airbus e custam, decorados, de R$1,4 bilhão a R$2 bilhões.

 

Compra continua

O governo insinua que o esperado corte de gastos “retardou” a compra. É o que recomenda o bom senso, mas não procede.

 

Não vale o desperdício

Lula se recusa a voar no Airbus 319 desde que um urubu forçou o avião a retornar. Não percebe que foi a qualidade do avião que evitou o pior.

 

Bolsonaro é perseguido pelo sistema, diz Marinho

O senador Rogério Marinho (PL-RN) acredita que há “movimento claro” dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir nova candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2026. Segundo o senador, que é líder da oposição, o levantamento Paraná Pesquisas desta semana mostrando Bolsonaro à frente de Lula em eventual disputa pela Presidência, demonstra que “a população não engoliu” as acusações da Polícia Federal da suposta tentativa de “golpe” de Estado.

 

Falta de idoneidade

A pesquisa também é atestado da falta de idoneidade de boa parte da imprensa, disse Marinho: “houve campanha maciça de pré-julgamento”.

 

Regime de exceção

Para Marinho, o inquérito das fake news, que completa seis anos em março, é “processo de exceção” que está se normalizando.

 

Golpe flutuante

Marinho lembra que sustentaram durante dois anos que o suposto golpe foi em 8 de janeiro de 2023. “Agora foi em 15 de dezembro?”, pergunta.

 

Nem precisa ter

O STF marcou o julgamento do recurso de Jair Bolsonaro para impedir que Alexandre de Moraes seja relator da ação sobre a tal tentativa de golpe. Luis Roberto Barroso já havia rejeitado o pedido em fevereiro.

 

Um recordista

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já pode anotar mais um recorde no currículo, o dólar bateu os R$5,93 nesta quarta-feira (27) e superou a marca da máxima nominal histórica, R$5,90.

 

Gritaria e confusão

Terminou em barraco sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que aprovou a proibição do aborto legal. Manifestantes mais exasperados tumultuaram o ambiente, que acabou em gritaria.

 

Até petista

Surpreendeu voto petista na aprovação por 35 a 15 da admissão da proposta que proíbe o aborto legal, a chamada PEC pela Vida, na CCJ da Câmara. O deputado Flávio Nogueira (PT-PI) votou sim.

 

Ditadura criminosa

Multiplicam-se nas redes sociais as denúncias de que a ditadura da Venezuela restringiu o fornecimento água potável à embaixada da Argentina, sob custódia do Brasil. A luz também foi cortada há 2 dias.

 

Esconde, esconde

O cientista político Paulo Kramer expõe a lacrolândia, cobrando o silêncio da mídia ativista e “movimentos identitários” sobre a escolha do elogiado futuro Secretário do Tesouro dos EUA. É gay resolvido, casado, mas foi escolhido pelo presidente Donald Trump apenas por ser competente.

 

Emprego em baixa

O mês de outubro teve a menor geração de empregos formais desde 2020, com 132.714 novos postos. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda é de 30,3%. Os dados são do Caged.

 

Se a moda pegasse...

Na China, corrupção é punida com pena de morte. Sem descondenação. Caso do ex-presidente do Banco Central Liu Liange, acusado de aceitar subornos e permitir empréstimos fraudulentos.

 

Pensando bem...

...corte? Nem de cabelo.

 

PODER SEM PUDOR

Amnésia de candidato

Candidato a presidente, Jânio Quadros chegou ao Ceará e pediu um encontro com o PTB local. Derramou-se em elogios à sigla, pedindo apoio. Mas os políticos cearenses resistiam: “O senhor desceu ontem aqui com nosso maior adversário, Virgílio Távora.” Jânio tentou enrolar: “Virgílio Távora? Não o conheço, não sei quem é...” Ouviu a observação: “Ele veio com o senhor. No avião. Chefe da UDN...” O candidato abriu a expressão: “Ah, já sei! É um baixinho de óculos?” Confirmaram. Ele: “Eu o vi. Mas não sei bem de quem se trata. Juro que não sei.” Mas é claro que sabia. Era o coordenador da sua campanha.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).