O nosso Pantanal, a maior área alagada do planeta, corre o risco de desaparecer dentro de poucos anos. As garras da ganância de lucros, se utilizando de braços políticos no Congresso Nacional, com toda a certeza, criarão mecanismos que venham permitir a exploração desse bioma para expansão de plantio de soja e outras culturas, sem nenhum cuidado com o ecossistema único, invadindo os domínios ainda preservados e podendo sofrer terríveis danos ao meio ambiente, tal como a conhecida tragédia da região do Taquari, praticamente irrecuperável.
Recentemente, a mídia tem dado uma atenção maior às questões que envolvem o bioma pantaneiro como um todo, e não apenas a mídia regional, mas também a nacional e até mesmo a mídia internacional. O gigantesco incêndio que colocou em risco de extinção a fauna e a flora de todo esse maravilhoso ecossistema teve a imagem divulgada a todos os países da Terra, causando uma enorme preocupação. Proteger o Pantanal é dever de todos nós, cidadãos e cidadãs brasileiros, mas principalmente das nossas autoridades constituídas, que devem ter a consciência e a responsabilidade quanto à segurança e ao futuro do Brasil e das próximas gerações.
Criar o Estado do Pantanal não seria apenas um ato político, mas uma forma de fazer com que esse bioma seja preservado com toda a segurança, por meio de uma constituinte composta de parlamentares genuinamente pantaneira e com conhecimentos técnicos, científicos e jurídicos que possam assegurar a vida animal, vegetal e ictiológica no novo estado, de maneira transparente e com uma vigorosa legislação capaz de punir severamente a todo e qualquer transgressor. Seria um estado criado dentro da Federação, porém, com característica iminentemente única, voltada para a sua administração, iniciando pela
Educação Infantil com os currículos voltados ao meio ambiente e terminando nas universidades.
É claro que haveria resistência para apoiar a iniciativa de um movimento capaz de encampar a ideia da criação do Estado do Pantanal, porém, as lideranças políticas dos municípios que compõem o ecossistema devem começar as conversações com prefeitos e vereadores, utilizando a mídia e incentivando a população a se manifestar, chamando atenção dos senhores deputados estaduais/federais e dos senadores para o engajamento do movimento em prol da criação do Estado do Pantanal.
Lembrando sempre que é no município que reside o cidadão e que é da vontade popular que surge a força capaz de fazer ouvir os seus clamores.
O silêncio nunca é a melhor arma.
O povo pantaneiro deve estar atento para que medidas reptícias possam nos pegar de surpresa e que os interesses econômicos escusos possam colocar em risco esse verdadeiro santuário ecológico, verdadeiro presente da mãe natureza.
Até porque, quando se trata de algo que possam vislumbrar lucros, o que menos importa é o interesse do povo – mas eis que, para esses casos, tais projetos são geralmente apreciados e aprovados na calada da noite. Os senhores congressistas,
conhecedores da Constituição em vigor, devem ficar atentos no preceito que diz que todo poder emana do povo e que em nome desse deve ser exercido.
A luta para criar o estado de Mato Grosso do Sul foi longa e dura, portanto, os pantaneiros devem ser aguerridos e responsáveis. Contudo, antevejo um tema que encontrará de imediato muitas adesões, pela simpatia que representará por parte de toda a sociedade organizada: o levantamento dos recursos necessários para levar em frente essa justa reivindicação de um povo que merece ser feliz. Corumbá, o município mais importante e que compõe o Pantanal Sul-Mato-Grossense, deve liderar um movimento de tamanha envergadura. Fé, trabalho e esperança.