Desde o dia 9 de julho, o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros é, sem sombra de dúvidas, o principal assunto dos debates brasileiros de norte a sul e de leste a oeste. E não poderia ser diferente, uma vez que tende a afetar diretamente a vida de uma infinidade de brasileiros e possivelmente terá forte impacto no resultado das urnas eletrônicas no próximo ano.
Mas, apesar da relevância do tema, uma infinidade de políticos simplesmente se recusa a admitir a importância do tema e prefere ficar em cima do muro. Ninguém é obrigado a ser lulista ou bolsonarista fanático. Muito pelo contrário. O radicalismo, independentemente de que lado se esteja, tende a ser prejudicial ao País.
Porém, o desdém público com que determinadas autoridades estão tratando tema de tamanha relevância chega a ser vergonhoso. E, com certeza, esta “falta de interesse” não é por conta de falta de conhecimento ou ignorância. Trata-se, literalmente, de uma estratégia para tentar agradar a gregos e troianos, algo perfeitamente aceitável em temas secundários, como aqueles que estão diretamente ligados a comportamento, por exemplo.
O tarifaço, porém, está alguns níveis acima nesta prateleira de temas importantes. Está em jogo, literalmente, a soberania da nação, algo que, a princípio, deveria ser inegociável. Porém, a partir do momento em que se recusam a admitir que o presidente Trump atrelou o tarifaço a uma pauta política ou a partir do momento em que consideram o tarifaço como algo que já estava sendo esperado, estão literalmente fazendo aquilo que é, erroneamente, atribuído às avestruzes, que é enfiar a cabeça na areia para ignorar o problema que está por vir.
Manifestar-se sobre a questão do tarifaço nos confins do Brasil certamente não levaria Trump a mudar de opinião, podem alegar aqueles que estão enterrando a cabeça na areia. Todos sabem, contudo, que aqueles que estão municiando o governo dos EUA levam em consideração a opinião das ruas e das lideranças políticas. Sendo assim, todo silêncio ecoa com força nos ouvidos daqueles que tomam determinadas decisões. Prova disso é a reação de Eduardo Bolsonaro a comentários de governadores como Tarcísio de Freitas (SP) e Ratinho Júnior (PR).
Lá, assim como cá, incontáveis lideranças políticas estão “andando sobre ovos” por conta do receio de perder o apoio de Bolsonaro e de seus seguidores. Não ousam apoiar abertamente suas manobras, mas fogem de possíveis críticas. Falta-lhes ousadia, ou hombridade, para condenar determinado ato sem com isso romper os laços em definitivo com o “mito”. Ou será que existem pessoas perfeitas e “incriticáveis”?
No Apocalipse, último dos livros da Bíblia, que traz fundamentos do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, há um trecho, que virou uma espécie de ditado popular, dizendo que no Juízo Final “Deus vomitará os mornos”. As urnas, sejam eletrônicas ou impressas, tendem a fazer o mesmo, pois não foram nem frios nem quentes. E água morna praticamente não tem serventia.






