Política

entrevista

"Acredito que vamos votar o projeto de redução das taxas cartorárias neste ano"

O presidente revelou que ainda não recebeu pedido para cassar os mandatos de Catan e Tavares, por suposto apoio aos atos antidemocráticos em Brasília (DF)

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Eleito com 23 votos favoráveis, o novo presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), deputado estadual Gerson Claro (PP), concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio do Estado e falou sobre diversos assuntos, com destaque para o desejo de trazer de volta para a Casa de Leis o polêmico projeto de redução das taxas cartorárias para ser votado ainda neste ano.

“Não dá para garantir que será neste primeiro semestre, até porque não teria mudança neste ano, pois quando envolve cobrança de taxas precisa ser votado em um ano para valer no ano seguinte. Votando dentro deste ano, já ficaremos satisfeitos”, reforçou Gerson Claro.

Sobre o fato de os deputados estaduais João Henrique Catan (PL) e Rafael Tavares (PRTB) estarem com os mandatos ameaçados, por supostamente terem apoiado os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, em Brasília (DF), ele informou que ainda não recebeu nenhuma representação nesse sentido.

“Se tiver uma representação, se tiver pertinência, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa vai, sim, direcionar para a Comissão de Ética tomar as providências. Porém, a primeira análise de uma representação nesse sentido quem faz é a Mesa Diretora, e até agora não recebemos nenhuma representação nesse sentido”, afirmou.

O presidente da Alems também analisou a possibilidade de o PP lançar candidato a prefeito de Campo Grande na eleição de 2024.

“Aonde vai disputar e como vai disputar dependerá do que o partido construir até chegar a data para a convenção. Porém, somos parceiros do PSDB e defendemos o programa de governo que venceu a eleição, então, discutir neste momento a questão da política eleitoral é muito cedo, precisamos discutir o projeto político-partidário, a busca pelo poder”, disse. 

Confira a entrevista completa.

 
Passadas as negociações que lhe garantiram a presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, qual o principal desafio de agora em diante?

Agora, o principal desafio é assumir a parte administrativa da Casa de Leis para cumprir aquilo que combinei com os demais deputados estaduais, que foi garantir o exercício pleno dos mandatos dos parlamentares.

Essa é a função administrativa da presidência, assegurar que cada deputado exerça o seu mandato com independência e que possa trabalhar os projetos de lei na busca pelo consenso, mas afiançando que cada um possa ter o seu posicionamento.

É claro que vale a vontade da maioria, de acordo com o regimento interno, mas também garantir o direito da oposição, da minoria, essa é a essência do parlamento, abonar para que os mandatos sejam ativos e deem mais voz à população. 
 
Com a disputa acirrada por cargos da Mesa Diretora, como será o trabalho do senhor para acalmar os ânimos dentro da Casa de Leis?

Ter disputa é normal e é bom para a democracia. A disputa é normal, pois todos são deputados e todos estão com o mesmo objetivo, então, não ficaram rusgas dessa contenda. 
 
As movimentações já começaram para a escolha das 16 comissões permanentes da Assembleia Legislativa. Até quando elas serão definidas?

Nesses primeiros dias de sessões trabalhamos com blocos, e acredito que na próxima semana já teremos os blocos e as comissões definidas.

Os blocos serão formados, e os blocos com oito membros poderão indicar dois deputados para cada comissão permanente e os blocos com até quatro integrantes poderão indicar um membro para cada comissão.

Após essas escolhas, os membros de cada comissão vão escolher os respectivos presidentes, o que deve acontecer até o dia 23 de fevereiro. Logicamente, as mais cobiçadas são as comissões de Constituição, Justiça e Redação e a de Finanças e Orçamento.

Neste ano, com o arrefecimento da pandemia da Covid-19, a Casa de Leis volta a ter sessões presenciais ou vão continuar híbridas?

Nesta semana, anunciei a criação de um grupo de trabalho para aprimorar o regimento interno da Casa de Leis, que é o conjunto sistematizado de normas disciplinadoras e de funcionamento.

Esse grupo será composto pelos deputados Junior Mochi [MDB], Pedro Kemp [PT] e Pedrossian Neto [PSD], e entre as mudanças a serem estudadas por eles estão o uso da tribuna, o tempo de palavra no grande expediente para a explicação pessoal, a permissão das sessões ordinárias e extraordinárias do plenário e as reuniões das comissões técnicas de forma híbrida.

A ideia é que esse grupo apresente na próxima semana o projeto de alteração do regimento interno para que iniciemos o quanto antes um novo modelo de trabalho.

O modelo de sessão híbrida que já estamos discutindo é a possibilidade de aumentar a participação dos deputados e, depois disso, manter a sessão híbrida, priorizando o parlamentar que estiver presente no plenário, por exemplo, na hora do pequeno expediente, do grande expediente e das considerações finais.

Essa é a essência que estamos trabalhando.
 
Antes do início da 12ª legislatura da Casa de Leis, dois parlamentares tiveram ameaçadas as respectivas posses em razão de possível apoio aos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro deste ano, em Brasília. O STF determinou que o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa analise o caso. Qual seu posicionamento sobre essa questão?

Não podemos falar se o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa vai fazer isso ou aquilo sem ter ainda uma representação na Casa. Há um devido processo legal, uma representação que, no meu ponto de vista, é equivocada no STF.

Entendo que a decisão do STF foi acertada no sentido de solicitar a manifestação da Procuradoria-Geral da República [PGR], que foi contra essa intervenção direta.

Eu prezo pela democracia e acredito que o voto da população é a coisa mais sagrada no processo. Na minha opinião, para uma pessoa que recebeu o voto da população perder o mandato, precisa ter cometido uma coisa muito grave e que afete diretamente a democracia, não uma denúncia ou uma ameaça.

Se tiver uma representação, se tiver pertinência, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa vai, sim, direcionar para a Comissão de Ética tomar as providências. Porém, a primeira análise de uma representação nesse sentido quem faz é a Mesa Diretora, e até agora não recebemos nenhuma representação nesse sentido. 

Com as definições das comissões, o próximo passo é colocar em pauta o polêmico projeto de redução das taxas cartorárias ou ainda está muito cedo para retomar essa discussão?

Esse assunto está há dois anos na pauta da Assembleia Legislativa e frequentemente entra no debate da sociedade sul-mato-grossense.

Acredito que nós vamos encontrar um entendimento para trazer esse projeto de lei, que não está na Casa, para ser votado ainda este ano.

Não dá para garantir que será neste primeiro semestre, até porque não teria mudança neste ano, pois quando envolve cobrança de taxas precisa ser votado em um ano para valer no ano seguinte. Votando dentro deste ano, já ficaremos satisfeitos.

O ano se inicia com o governador Eduardo Riedel priorizando a questão logística do Estado, com a viabilização da Rota Bioceânica e a resolução do problema de concessões de rodovias como as BRs 163 e 262. Como a Assembleia Legislativa pode contribuir com essas questões?

Qualquer projeto de concessão de rodovia estadual passa pela Assembleia Legislativa para ser aprovado. As concessões das rodovias federais são de competência da União, mas, como elas cortam o Estado, a Assembleia tem de participar ativamente.

A BR-163, como é rodovia federal, a competência é da União, mas a Casa de Leis promoveu debates e discutiu o plano de investimento e o atraso na duplicação das pistas.

A empresa fez as suas ponderações com relação ao atraso por não ter recebido o financiamento e em razão da pandemia da Covid-19, mas a Comissão de Serviço Público, Obras, Transporte, Infraestrutura e Administração da Assembleia Legislativa vai ter um papel preponderante no sentido de encaminhar essas concessões, que são uma coisa moderna trazida pelo desenvolvimento. 

Mudando de assunto, os últimos dias foram marcados por um crime bárbaro contra uma menina de 2 anos. A Casa de Leis vai estudar projetos de lei que possam ajudar a mitigar crimes contra crianças em Mato Grosso do Sul? O senhor pretende dar atenção especial a esse tema?

No caso do feminicídio, que é um problema grave e tem muitos registros em Mato Grosso do Sul, somos um estado diferenciado em relação ao resto do Brasil por ter um olhar diferente para a questão. A Casa da Mulher Brasileira, instalada em Campo Grande, é um modelo para o País, com representantes de outros estados vindo aqui para conhecer.

A Sala Lilás, implantada nas delegacias da Polícia Civil dos municípios do interior do Estado, é um modelo que não tem em outros lugares, então, quando é oferecido um modelo diferente de atendimento para a mulher, quando ela sente segurança para fazer a denúncia, óbvio que a demanda e as denúncias vão aumentar.

Se for verificar as estatísticas de outros estados e comparar com as de Mato Grosso do Sul, verá que aqui o número de casos é maior, porém, no nosso estado, a mulher foi empoderada de uma forma que ela pode denunciar com mais facilidade.

Agora, tanto na questão do feminicídio quanto da violência contra a criança, é o debate que tem de ser feito na Casa de Leis, com os órgãos de segurança pública, mas nós temos tolerância zero para esse tipo de casos.

O PP inicia este ano com grande força política, tendo uma senadora, um vice-governador e o presidente da Assembleia Legislativa. Agora, o foco será a conquista da Prefeitura de Campo Grande?

Na minha opinião, não é bom falar de Campo Grande, pois um partido político tem de disputar o poder. Aonde vai disputar e como vai disputar dependerá do que o partido construir até chegar a data para a convenção.

Na política, existe uma coisa que se chama política administrativa e outra que se chama política eleitoral. O momento agora é de fazer política administrativa com os olhos voltados para 2024.

A política eleitoral vai ser consequência do resultado da política administrativa e do resultado do crescimento do partido. Se nós formos analisar que temos a senadora mais votada proporcionalmente do Brasil, temos um deputado federal, temos dois deputados estaduais, temos o presidente da Assembleia Legislativa, temos o vice-governador e duas dezenas de prefeitos, incluindo a prefeitura da segunda maior cidade do Estado, somos, sim, efetivamente, um partido considerável.

Porém, somos parceiros do PSDB e defendemos o programa de governo que venceu a eleição, então, discutir neste momento a questão da política eleitoral é muito cedo, precisamos discutir o projeto político-partidário, a busca pelo poder.

É óbvio que, se o PP tivesse condições de disputar as prefeituras dos 79 municípios, seria importante para o partido e não atrapalharia o projeto político administrativo que temos com o governo estadual.

O momento agora é de construir a política administrativa, defendendo o programa que a totalidade dos nossos prefeitos trabalharam, que é o do governador Eduardo Riedel, e a partir disso nós vamos construir os nossos projetos, definindo os prefeitos que vão para a reeleição, onde é possível lançar o vice, as parcerias, ora com o PSDB, ora com o PT, que teve a Presidência da República, isso é natural do debate político.

Perfil

Gerson Claro Dino

Gerson Claro Dino é natural de Itaporã (MS). Depois de servir o Exército, no município de Nioaque (MS), ele se tornou professor e começou a dar aulas em Sidrolândia (MS).

Formou-se em História e lecionou em escolas públicas de Sidrolândia. Gerson Claro foi diretor da Assomasul por oito anos, auxiliando na assistência a todas as prefeituras Estado. Em 2015, foi nomeado diretor-presidente do Detran-MS e sua gestão ficou marcada pela modernização e simplificação de processos.

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

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