Política

BOLA NAS COSTAS

Aliados de Lula, como União Brasil, de Soraya, não sustentam fidelidade na CPMI dos ataques

Jornal diz que derrotas na Câmara dos Deputados acenderam alerta para a composição da CPI do 8 de janeiro

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Designação da senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke, do União Brasil, sigla aliada ao governo de Lula para compor a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para apurar os ataques golpistas do dia 8 de janeiro pode não garantir a esperada lealdade ao Planalto.

Na prática, o apoio das legendas parceiras, ao governo, pode ter um desfecho ruim, conforme notícia publicada nesta segunda-feira (8) pelo jornal o Globo.

Conforme a publicação, as derrotas na Câmara na semana passada acenderam o alerta no Palácio do Planalto para a composição da CPI do 8 de Janeiro, que carrega alto potencial de dor de cabeça para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

De acordo com o jornal, levantamento feito pela consultoria Inteligov, a pedido do Globo, revela que deputados de centro que compõem a base governista, como o PSD, União e MDB e que estão cotados para participar da comissão contrariaram a orientação do líder do governo em uma em cada quatro votações este ano.

Ainda de acordo com a publicação, a parlamentar sul-mato-grossense tem histórico de apoio a bandeiras de direita, como quando se aliou a bolsonaristas para tentar derrubar a proposta que substituiu a Lei de Segurança Nacional (LSN):

Provocada, Soraya disse: "não voto em um projeto por ser de governo A ou B, e sim pelo que acredito ser o certo e o melhor para o país. Então, caso eu integre a CPMI como membro, manterei a minha independência como sempre fiz". Ou seja, pelo dito o PT não deve contar com a fidelidade da senadora.

CPMI trata-se de um grupo de investigação formado por representantes do Senado Federal e Câmara dos Deputados.

Soraya foi a primeira do Congresso Nacional a propor a CPMI.

ESTRATÉGIAS OPOSTAS

Inicialmente, e do lado dos aliados de Lula,a ideia é mostrar que o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, foi quem estimulou os atentados ocorridos na praça dos Três Poderes - Planalto, STF e Congresso Nacional. Já do lado dos contrários ao atual governo, o propósito é usar a CPMI para se livrar da culpa e apontar a omissão de autoridades do atual governo nos atos.

Também de acordo com o Globo, na terça-feira passada, a base aliada não conseguiu se manter coesa para garantir a votação do PL das fakenews, que acabou adiada. 

No dia seguinte, decretos de Lula sobre o marco do saneamento caíram. Outros casos chamaram a atenção. A orientação do governo teve divergências com a base em projetos como a comercialização de créditos de carbono em contratos de concessão de floresta e em uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre regras de micro e minigeração distribuída de energia elétrica.

Articuladores de Lula no Congresso, seguiu o Globo, afirmam que terão maioria na CPI e contam que ao menos 20 das 32 cadeiras da comissão serão ocupadas por aliados. 

A contabilidade, porém, inclui os nomes que serão indicados por PSD, União e MDB, partidos que já deram demonstração de infidelidade neste início de mandato.

O União Brasil votou em peso para derrubar os decretos do saneamento. Entre os que contrariaram os interesses do Planalto está o deputado Arthur Maia (União-BA), nome favorito do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para comandar a CPI.

Além de Maia, o líder do União, Elmar Nascimento, cogita indicar Kim Kataguiri (União-SP), opositor declarado do governo Lula que foi contra o Planalto em seis das dez votações das quais participou neste ano, como ao tentar barrar o caráter de urgência do projeto que autoriza recontratações no Mais Médicos.

No MDB, o nome cotado para ocupar a vaga da Câmara, Emanuel Neto (MT), demonstrou maior alinhamento com o governo do que os colegas do União: foi contrário em apenas 7% das votações (ou uma das 14 de que participou). O deputado, contudo, também ajudou a derrotar o Planalto na votação sobre o decreto de saneamento.

Líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL) diz que não houve infidelidade na votação do decreto:
"Nós entendemos que o decreto ultrapassava competências e inibia investimentos, e havia um compromisso, por intermédio do ministro Alexandre Padilha, de o governo editar uma nova medida".

Segundo ele, isso não prejudica o apoio que o partido dará ao governo na CPMI.

A falta de alinhamento não é só dos partidos de centro. PSOL, PDT e PSB, com uma vaga cada na CPI, votaram contra o governo, por exemplo, na MP que permite a comercialização de créditos de carbono em contratos de concessão de florestas.

SENADO

No Senado, diz o Globo, o alinhamento com o governo ainda é uma incógnita, uma vez que, segundo a Inteligov, houve apenas uma votação nominal com orientação do governo neste ano.

A comparação com os votos dos senadores na legislatura passada, contudo, mostra um índice parecido de convergência com o PT. Na média, os oito nomes de partidos da base aliada cotados para integrar a CPI pelo Senado votaram de forma contrária ao partido do atual governo em 23% das vezes.
  

 

TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

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