Política

Eleições 2024

Assassinato de ex-vereador interfere na pré-campanha à prefeitura de Anastácio

Pré-candidato a prefeito, Douglas Figueiredo (PSDB) terá como adversária em outubro Maria Vital (PP), a mãe da vítima

Continue lendo...

O assassinato do ex-vereador Wander da Silva Vital (PP), o Dinho Vital, pelo sargento da Polícia Militar (PM) Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e pelo cabo da PM Bruno César Malheiros dos Santos, deixou de ser um homicídio comum para se tornar um crime político que interfere de forma direta na pré-campanha para a prefeitura de Anastácio.


Os desdobramentos da operação deflagrada nesta sexta-feira pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – que culminou com as prisões do ex-prefeito Douglas Melo Figueiredo (PSDB), pré-candidato ao cargo na eleição de 6 de outubro e suspeito de ser o mandante do crime, além dos dois policiais militares –, praticamente confirmam a suspeita de que o homicídio teve motivação política.


Segundo apurou o Correio do Estado, o diretório municipal do PP em Anastácio estava costurando desde o ano passado uma aliança política com o Podemos, para que a mãe da vítima, a ex-vereadora Maria Vital (PP), seja a pré-candidata a prefeita no pleito deste ano, uma vez que ela tem uma grande aprovação popular e poderia ameaçar as pretensões de Figueiredo de voltar à prefeitura.


Em razão disso, ainda conforme fontes ouvidas pela reportagem, Douglas Figueiredo teria iniciado articulações políticas para impedir que a pré-candidatura de Maria Vital fosse concretizada. Ele teria até tentado assumir o comando municipal do PP para inviabilizar que o partido pudesse disputar a eleição majoritária.


 O presidente municipal do PP, Temilson Cabral de Oliveira, confirmou ao Correio do Estado que o ex-prefeito tinha começado um movimento para impedir que a sigla tivesse uma pré-candidatura à prefeitura e que até tirou muitos nomes da legenda que tentariam uma vaga na Casa de Leis.

“Desde o ano passado, eu e o Dinho estávamos negociando disputar a prefeitura de Anastácio. Até troquei o Avante pelo PP com esse objetivo, mas quando Douglas ficou sabendo, ele tentou tomar o comando do partido, o que deixou o Dinho muito irritado”, explicou Temilson de Oliveira.


Ele revelou ainda que o motivo da confusão ocorrida na festa de comemoração dos 59 anos de Anastácio, no dia 8, teria sido o fato de o atual prefeito Nildo Alves de Albres (PSDB) ter anunciado publicamente o apoio à pré-candidatura de Douglas Figueiredo, mesmo tendo prometido a Dinho Vital que não faria isso.


“Nildo tinha prometido a Dinho que caminharia com o PP nas eleições municipais deste ano, mas recuou para apoiar Douglas. Dinho foi tirar satisfação com ele, mas os ânimos ficaram exaltados, e [o evento] terminou de forma trágica”, lamentou o presidente municipal do PP.


Ainda conforme Temilson de Oliveira, a tragédia aliada à prisão do ex-prefeito Douglas Figueiredo já deve provocar uma mudança na disputa eleitoral, como já foi possível verificar na manifestação realizada na noite de quarta-feira no centro de Anastácio, quando mais de 500 pessoas cobraram agilidade da Polícia Civil na investigação do assassinato.


“Os moradores de Anastácio, principalmente as mães, estão solidários com dona Maria Vital, que perdeu o filho amado. Agora, com a prisão de Douglas, acredito que os eleitores vão dar a resposta nas urnas”, projetou o líder partidário.

ENTENDA


Nove dias depois do assassinato do ex-vereador, o Gaeco deflagrou uma operação para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão pelas ruas de Anastácio e Aquidauana, resultando na detenção do ex-prefeito Douglas Figueiredo, o qual está sendo investigado por suposto envolvimento no crime, e dos policiais militares Valdeci Ricardo e Bruno dos Santos.


Conforme as apurações iniciais, o juiz Luciano Pedro Beladelli, da 1ª Vara da Justiça de Anastácio, autorizou os mandados em endereços ligados a Douglas Figueiredo e aos policiais militares.


Na casa do ex-prefeito, o Gaeco encontrou uma pistola e duas espingardas, além de munições, tudo sem registro, o que resultou em sua prisão, pois os mandados contra ele eram só de busca e apreensão.


Já os dois policiais militares tinham contra eles mandados de prisão. Ambos estavam afastados desde o crime. Em seu despacho, o magistrado deixou claro que os mandados foram para encontrar possíveis provas que pudessem comprovar um crime político.


Segundo Beladelli, o mandado visava “coletar provas relativas à prática do crime de homicídio qualificado, por meio da apreensão de vestígios físicos ou digitais localizados, por exemplo, em cadernos, agendas, anotações avulsas, extratos, dispositivos eletrônicos, servidores, redes ou em serviços de armazenamento em nuvem de qualquer espécie, quando houver suspeita que contenham material probatório relevante para as investigações; sem prejuízo, obviamente, de eventuais instrumentos caracterizadores de crime”.

O CRIME


Dinho Vital foi assassinado  a tiros na noite do dia 8, após um desentendimento e um tumulto na festa de comemoração pelos 59 anos de Anastácio.


Conforme a versão oficial, o ex-vereador teria deixado a festa e retornado armado, quando foi abordado pelos agentes da PM, os quais não estavam fardados. Uma vez que ele teria se negado a entregar a arma, acabou atingido pelos policiais, conforme a versão apresentada por eles. Uma arma foi encontrada no local onde teria ocorrido a suposta troca de tiros.


Com as buscas determinadas na sexta-feira, os investigadores tentaram descobrir algum indício de que o ex-prefeito tenha, de alguma forma, influenciado os policiais militares no homicídio, pois, de acordo com testemunhas, eles estariam no local para fazer a segurança pessoal de Douglas Figueiredo.


 
Nota oficial


Por meio de nota, o ex-prefeito afirmou acreditar que a operação do Gaeco tem viés político e lamenta veementemente a forma arbitrária como a ação foi conduzida 
em sua residência.


Ainda no documento, Douglas Figueiredo repudiou veementemente a operação, afirmando que ela se configura como uma flagrante tentativa de desmoralizá-lo e de inviabilizar sua candidatura, baseada em uma narrativa criada por opositores. Leia abaixo a nota na íntegra.


NOTA DE ESCLARECIMENTO


“Diante dos lamentáveis acontecimentos da manhã desta sexta-feira (17/5), venho a público manifestar minha profunda indignação e esclarecer os seguintes pontos.
Lamento veementemente 


a forma arbitrária como a operação foi conduzida em minha residência. A ação se configura como uma flagrante tentativa de me desmoralizar e inviabilizar minha candidatura, baseada em narrativa criada por opositores.


1. Viés político e injustiça: Acredito que essa operação tem um viés político evidente, motivada por minha liderança nas pesquisas eleitorais. 


É inaceitável que se usem métodos tão questionáveis para tentar me silenciar e impedir que eu continue na pré-campanha que, dia a dia, tem mais apoio.


O meu encaminhamento até à delegacia se deve por um erro relativo a armas de fogo antigas encontradas em minha residência, o que errei em não buscar o devido registro e responderei perante a lei. Contudo, apesar de estar indignado com as medidas tomadas ao arrepio da lei, me sinto aliviado, pois assim a Justiça poderá dizer à sociedade de uma forma ampla que nada tenho a ver com os fatos ocorridos no dia 8.


2. Esclarecimento sobre a morte de Dinho Vital: em relação à lamentável morte do sr. Dinho Vital, motivo pelo qual a operação teria sido realizada, esclareço que o ocorrido foi uma fatalidade, resultado de um momento de destempero e excessos gravados em vídeo. Não participei de discussão com ele, não briguei, muito menos estava no local do ocorrido e lamento profundamente o que aconteceu.


Confio plenamente na Justiça e tenho a convicção de que minha inocência será provada. Acredito que a verdade prevalecerá e que os responsáveis por essa injustiça serão punidos. Apesar das adversidades, meu compromisso com Anastácio e meu desejo de trabalhar por um futuro melhor para a cidade permanecem inabaláveis. Essa tentativa de me parar só me fortalece e me motiva ainda mais a seguir em frente.
Agradeço a todos os anastacianos que me apoiam e que acreditam em mim. Agradeço também pelas inúmeras mensagens de apoio e carinho que tenho recebido. Não me renderei às tentativas de me silenciar. Continuarei lutando por uma Anastácio mais justa, mais próspera e com mais oportunidades para todos. Juntos, construiremos o nosso caminho”.

Assine o Correio do Estado

ENTREVISTA

"Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas"

O ex-deputado federal também revelou que, caso seja confirmada a sua candidatura, a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda será a sua vice

20/12/2025 09h00

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal Marcelo Victor/Correio do Estado

Continue Lendo...

Após ser lançado como pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PT, o ex-deputado federal Fábio Trad concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado para comentar sobre esse novo desafio político na sua carreira pública.

“Posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do Estado brasileiro”, declarou.

Ele também destacou que suas prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Já na área ambiental, Fábio Trad disse que o Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. “Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente”, ressaltou.

Para a segurança pública, o ex-deputado federal disse que agirá com inteligência, rigor, integração entre forças, cooperação federativa e investimento em tecnologia.

“Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade”, afirmou o pré-candidato a governador.

__

O que levou o senhor a disputar o governo de Mato Grosso do Sul neste momento da sua trajetória política?

Por enquanto, sou pré-candidato. Pré! Portanto, não falo como candidato, mas respondendo à sua pergunta, posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do estado brasileiro.

Entendo que Mato Grosso do Sul precisa dar um salto de qualidade na gestão pública, com mais sensibilidade social, planejamento e compromisso democrático.

Penso que, confirmada a candidatura, posso contribuir para um debate público com equilíbrio, diálogo e responsabilidade, até porque Mato Grosso do Sul precisa ter uma campanha eleitoral de verdade, honesta, leal, franca.

Caso contrário, os quatro anos do atual governador não serão submetidos a qualquer escrutínio público e isso não é bom para a população e para o Estado.

Qual é a principal diferença entre o seu projeto de governo e o da atual administração estadual?

Sendo confirmada a candidatura, proporei um modelo totalmente diferente da atual gestão. Isto porque a diferença central está na concepção de Estado.

Defendo um governo que enxergue desenvolvimento e justiça social como dimensões inseparáveis, com políticas públicas avaliáveis, transparência real e foco em resultados concretos para a população, especialmente nas áreas essenciais.

Quais serão as três prioridades do seu governo nos primeiros cem dias, se eleito?

Se confirmar minha candidatura, porque sou pré-candidato, as prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Na saúde, organizar a rede para reduzir filas e melhorar o acesso. Na educação, garantir condições adequadas de funcionamento das escolas e valorização dos profissionais. Na segurança, fortalecer ações integradas e inteligentes para ampliar a proteção da população.

Enfim, estabelecer um pacto institucional com os municípios para revisar prioridades orçamentárias e garantir que recursos públicos cheguem onde a população mais precisa.

Como o senhor pretende gerar emprego e renda em um estado fortemente dependente do agronegócio?

Se confirmar a candidatura, valorizando o agronegócio, mas diversificando a economia. Isso passa por incentivar cadeias produtivas locais, agregar valor à produção, fortalecer a indústria, a bioeconomia, a ciência, a inovação e apoiar pequenas e médias empresas.

De que forma seu governo pretende conciliar produção agrícola e preservação do Pantanal?

Se for confirmada a candidatura, com base na ciência, no cumprimento da lei e no diálogo. O Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente.

Mato Grosso do Sul vive conflitos históricos envolvendo terras indígenas. Qual será a sua postura como governador diante desse cenário?

Se for candidato, proporei uma atuação com firmeza institucional, respeito à Constituição e diálogo permanente.

Conflitos não se resolvem com omissão nem com radicalismo, mas com mediação qualificada, segurança jurídica e presença efetiva do Estado. Os direitos serão conciliados com muita escuta, diálogo paritário, respeito e estrito cumprimento da lei.

A saúde pública é uma das maiores queixas da população. O que o senhor fará para reduzir filas e melhorar o atendimento?

Sendo confirmada a candidatura, o tripé será: gestão, planejamento e integração. É preciso melhorar a regulação, fortalecer a atenção primária, otimizar o uso da rede existente e apoiar com muita força os municípios, que são a porta de entrada do sistema de saúde pública.

Como enfrentar o crime organizado e o tráfico nas regiões de fronteira do Estado?

Sendo confirmada a candidatura, com inteligência, rigor, integração entre forças de segurança, cooperação federativa e investimento em tecnologia. Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade.

Caso não tenha maioria na Assembleia Legislativa, como pretende governar e aprovar projetos?

Se se confirmar a minha candidatura, asseguro que haverá permanente diálogo institucional, respeito às diferenças e construção de consensos em torno do interesse público. Governar não é impor, mas construir o que é possível visando o bem comum. O Legislativo será respeitado e valorizado.

Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas humanas.

Só se avança em gestão se conjugarmos as ações na primeira pessoa do plural, nunca no personalismo. Será um governo de parcerias institucionais sólidas, transparentes e republicanas focadas nos interesses da população.

Por que o eleitor sul-mato-grossense deve confiar no senhor para governar o Estado?

Essa pergunta deve ser feita ao eleitor. De minha parte, só posso dizer que não proporei nada que não possa ser cumprido.

Como o senhor pretende contornar o fato de o seu irmão senador Nelsinho Trad disputar a reeleição apoiando a direita?

Com serenidade e respeito. Somos pessoas públicas com trajetórias, posições e responsabilidades próprias. O eleitor sabe distinguir relações familiares de projetos políticos. Não nascemos irmãos para sermos aliados na política, mas no afeto e no amor. Isso é inquebrantável!

Quem está cotado para ser seu pré-candidato a vice-governador?

Será a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda, esposa do deputado estadual Zeca do PT. A Dona Gilda é muito querida, respeitada, eticamente conceituada e trabalhadora, com experiência bem-sucedida em programas sociais de redistribuição de renda.

Ela dialoga bem com povos originários, quilombolas e indígenas, focando nos mais vulneráveis e na grande quantidade de pessoas pobres no Estado.

Como o senhor avalia a gestão do presidente da República?

O governo federal teve um bom desempenho, apesar de ser atrapalhado e sabotado por um congresso inimigo do povo. A conquista da isenção do Imposto de Renda para 58% da classe trabalhadora [até R$ 5.000, com benefício adicional até R$ 7.500] equivale a um 14º salário para muitos.

Essa medida é crucial para aumentar a renda da classe média trabalhadora e dos mais vulneráveis, embora possa não fazer diferença para salários mais altos”.

O senhor se sente à vontade no PT defendendo seus projetos de Estado?

Fui recebido com carinho e respeito pelos militantes do PT e do campo da esquerda, em virtude de minhas posições críticas ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desde 2019.

Com relação ao preconceito que as pessoas têm em relação ao PT, posso desmistificar essa ideia dizendo que é um partido muito aguerrido e combativo.

O PT é uma legenda programática, propositiva, muito preocupada com a questão social e a maior da América Latina.

O Brasil, sob o governo do presidente Lula, experimentou profundas transformações econômicas. O País saiu do mapa da fome, retirou 2 milhões de famílias do Bolsa Família, reduziu a taxa de desemprego e controlou a inflação, que hoje está compatível com a meta.

Houve uma diminuição significativa da desigualdade social, um problema histórico no Brasil. Os indicadores econômicos apontam para uma era de prosperidade, aumentando a renda e a dignidade das pessoas mais vulneráveis no nosso Estado.

*PERFIL

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federalFábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado
 

Fábio Trad

É advogado e professor universitário, com atuação reconhecida nas áreas de Direito Penal e Constitucional. Foi deputado federal por três mandatos consecutivos, período em que se destacou nacionalmente pela qualidade técnica de sua atuação parlamentar, sendo reiteradamente apontado como um dos melhores legisladores do País.

No Congresso Nacional, teve participação relevante em comissões estratégicas e nos principais debates sobre democracia, direitos fundamentais, justiça social, saúde, educação e segurança pública, sempre com postura independente, republicana e fiel à Constituição.

Na advocacia, atua no foro e nos tribunais, inclusive em instâncias superiores. Na docência, dedica-se à formação jurídica com foco na técnica e na função social do Direito. É palestrante e articulista, participando ativamente do debate público sobre temas jurídicos e institucionais.

Assine o Correio do Estado

INVESTIGAÇÃO

Beto assina o pedido para prorrogação da CPMI do INSS por mais quatro meses

A comissão termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas poderá chegar até julho com a possibilidade de alongamento

20/12/2025 08h20

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS Waldemir Barreto/Agência Senado

Continue Lendo...

Em razão da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira e que resultou nas prisões de Romeu Antunes – filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS – e de Éric Fidelis – filho do ex-diretor de Benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) André Fidelis –, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS deve ser prorrogada por mais 120 dias.

A informação é do deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB), membro titular da CPMI do INSS, que assinou, na quinta-feira, o pedido de alongamento dos trabalhos, em função dos desdobramentos dos últimos dias.

“Assinei o pedido proposto pelo deputado federal Marcel van Hattem [Novo-RS] e acredito que a CPMI do INSS será prorrogada por mais 120 dias”, declarou.

O parlamentar explicou ao Correio do Estado que os novos fatos têm de ser fiscalizados pela Câmara dos Deputados e o Senado.

“Essa ação é necessária para que possamos desvendar e entregar à população o fim dos descontos aos aposentados e pensionistas de uma vez por todas”, pontuou.

Beto Pereira ainda apresentou o paradoxo de que o cidadão comum para aposentar enfrenta uma burocracia sem tamanho e para as empresas poderem aplicar descontos há uma facilidade sem precedentes. 

“Para aposentar é tão difícil, pois o trabalhador tem de apresentar tantos documentos, entretanto, para descontar é tão fácil, não precisa nem enfrentar nenhuma fila”, ironizou.

ASSINATURAS

A oposição ao governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já conseguiu obter o número mínimo de assinaturas para prorrogar os trabalhos da CPMI do INSS. Foram obtidas, até esta sexta-feira, as assinaturas de 175 deputados federais e 29 senadores.

Segundo o deputado Marcel van Hattem, não houve assinatura de petistas dessa vez. “Em menos de 24 horas conseguimos obter todas as assinaturas”, disse o parlamentar pelas redes sociais.

“Protocolamos esse requerimento ainda nesta sexta-feira, para que nós possamos submeter à leitura do presidente do Congresso Nacional para que os trabalhos não parem”, declarou.

A CPMI do INSS termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas, com a possibilidade de prorrogação, ela poderia se estender até julho do próximo ano.

A operação da PF mirando o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e as revelações ligando Fábio Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, ao esquema de roubo de aposentadorias deram um novo fôlego ao colegiado. Tanto que o relator da CPMI do INSS, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), pediu a convocação de Lulinha.

Durante a operação de quinta-feira, foram presos o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, o ex-chefe de gabinete de Weverton Rocha Romeu Carvalho Antunes, o filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis.

Como mostramos, a CPMI do INSS apontava o senador Weverton Rocha como um dos chamados “peixes grandes” no esquema.

O outro nome na mira da comissão é o do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT). Sobre Weverton, a esperança da CPMI era de que a PF pudesse desdobrar eventuais relações dele com o empresário Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor do senador.

Ele é apontado não somente como homem de confiança de Rocha, mas como quem teria assinado um documento que dava amplos poderes ao consultor Rubens Oliveira Costa, apontado pela PF como o “carregador de mala” do Careca do INSS.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).