Política

CAMPO GRANDE

Bolsonaro veta apoio a Puccinelli e assume aliança com Tereza

Durante reunião em Brasília, o ex-presidente desautorizou o PL de MS a lançar candidato a prefeito no município

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Na última semana, o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), teria provocado uma verdadeira reviravolta na disputa pela prefeitura de Campo Grande nas eleições municipais do próximo dia 6 de outubro.

De acordo com fontes ouvidas pelo Correio do Estado, durante reunião realizada em Brasília (DF), no dia 7 de junho, com o presidente do PL em Mato Grosso do Sul, deputado federal Marcos Pollon, a principal liderança nacional do partido teria vetado o apoio que estaria sendo costurado para a sigla apoiar a pré-candidatura a prefeito da Capital pelo ex-governador André Puccinelli (MDB).

Além disso, Bolsonaro ainda teria comunicado ao deputado federal sul-mato-grossense que em Campo Grande o PL não disputará a eleição majoritária, apoiando a indicação da senadora Tereza Cristina (PP-MS), sua amiga e ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no seu governo.

Na prática, o ex-presidente sepultou o sonho do deputado estadual João Henrique Catan (PL) de ser o pré-candidato do partido a prefeito da Capital e confirmou a informação já divulgada pelo Correio do Estado de que o partido fará aliança com o PP para a reeleição da atual prefeita Adriane Lopes.

A decisão de Bolsonaro põe fim ao imbróglio que se tornou a escolha do pré-candidato do PL a prefeito de Campo Grande, que já teve o próprio Marcos Pollon, o deputado estadual Coronel David, o ex-deputado estadual Rafael Tavares, o suplente de senador Tenente Portela e, agora, João Henrique Catan. 

ENTENDA

O Correio do Estado apurou que a possibilidade de o PL apoiar a pré-candidatura de André Puccinelli teria sido acertada durante reunião em uma empresa de comunicação da Capital com a presença do ex-governador, de Marcos Pollon e do dono da empresa.

Pelo acordo construído a seis mãos, o PL ficaria com a vaga de vice na chapa encabeçada por Puccinelli, sendo que esse cargo seria destinado à esposa do deputado federal, a presidente do PL Mulher em Mato Grosso do Sul, Naiane Bittencourt.

Puccinelli teria aceitado a indicação de Marcos Pollon e, para bater o martelo, solicitou que o parlamentar marcasse uma reunião, em Brasília, com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e depois com o ex-presidente Jair Bolsonaro para receber as bênçãos de ambos para o projeto de aliança do partido com o MDB em Campo Grande.

No entanto, conforme informações obtidas pelo Correio do Estado, a divulgação da dobradinha MDB-PL na Capital chegou a Bolsonaro antes que Pollon marcasse a reunião.

Diante disso, quando o presidente estadual do PL chegou para comunicar Bolsonaro sobre a aliança, foi desautorizado pelo ex-presidente, que não teria gostado da alternativa em decorrência de o ex-governador enfrentar problemas na Justiça e, inclusive, já ter sido preso.

 Uma das bandeiras dos bolsonaristas é não apoiar políticos com qualquer tipo participação ou investigado em esquema de corrupção, portanto, na lógica da extrema direita, André Puccinelli jamais poderia ter o apoio deles para nenhum cargo público.

 A reportagem procurou o presidente do PL em Mato Grosso do Sul, mas, até o fechamento desta matéria não obteve sucesso. O espaço continua aberto para que o deputado federal Marcos Pollon possa se manifestar em outra oportunidade.

ADIAMENTO

Em entrevista concedida nesta semana, André Puccinelli voltou a adiar a data para a definição sobre a possibilidade de encarar ou não a disputa pela cadeira de chefe do Executivo municipal da Capital pela terceira vez, já que administrou a cidade de 1º de janeiro de 2007 a 1º de janeiro de 2011 e depois de 1º de janeiro de 2011 a 1º de janeiro de 2015.

Há duas semanas ele disse ao Correio do Estado que “até o dia 15 de junho vou tomar uma decisão definitiva sobre essa questão”.

Agora, nesta semana, o ex-governador revelou que deixou como data final o 20 deste mês, sendo que até lá vai  falar com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e com o vice-presidente nacionl do Solidariedade, Paulinho da Força, para formar uma ampla aliança, visando a disputa pela prefeitura da Capital.

Essa é a terceira vez que ele adia uma definição sobre a disputar ou não o cargo de prefeito. No dia 15 de abril, durante a primeira de uma série de entrevistas que a Rádio CBN Campo Grande e o Jornal Correio do Estado realizaram com seis pré-candidatos à prefeitura da Capital, o ex-governador disse que iria aguardar até o fim do mês de maio.

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Entrevista

"A escolha de aprovar ou rejeitar um político mistura razão e emoção"

Diretor do IPR, Aruaque Barbosa diz que a forma com que a mídia e as redes sociais retratam um político pode mudar a percepção pública às vezes mais que suas próprias ações

05/04/2025 09h00

Aruaque Barbosa, diretor do IPR

Aruaque Barbosa, diretor do IPR Divulgação

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Vivemos em uma era de dados abundantes, em que as pesquisas ganharam protagonismo nas decisões políticas, econômicas e sociais. Com a aproximação das eleições municipais em todo o País, os institutos de pesquisa voltam aos holofotes. Mas será que o brasileiro só se interessa por pesquisas eleitorais? E como as redes sociais mudaram a forma de captar o que a sociedade pensa?

Para responder a essas e outras questões, o Correio do Estado conversou com Aruaque Fresato Barbosa, diretor do Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), sediado em Campo Grande. 

Ele analisa o atual cenário político e revela os bastidores da coleta de dados em um Brasil cada vez mais polarizado, onde o humor da população pode mudar em questão de horas.

Com mais de 20 anos de atuação, o IPR ganhou destaque nacional em 2024 por seu alto índice de acerto nas pesquisas eleitorais e hoje integra o seleto grupo de institutos integrantes da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) e registrados no Conselho Regional de Estatística da 1ª Região (Conre-1).

Em entrevista exclusiva, Barbosa fala sobre a crescente demanda por pesquisas fora do campo eleitoral, os desafios de interpretar dados em tempos de redes sociais e as razões por trás da baixa popularidade de figuras públicas como Lula e Adriane Lopes, em contraste com a boa aprovação do governador Eduardo Riedel.

Cada vez mais pesquisas são feitas no Brasil. Elas são apenas políticas ou o espaço para outros aspectos da sociedade tem maior demanda?

No País, as pesquisas não se limitam apenas ao campo político, embora as eleitorais ganhem bastante destaque em épocas de eleição – mas elas representam só uma parte desse universo. 

Na verdade, a demanda por pesquisas em outras áreas da sociedade é até maior e mais constante ao longo do tempo.

Por exemplo, a pesquisa de mercado e consumo. Empresas utilizam essa ferramenta para entender o comportamento dos consumidores e testar produtos, marcas e serviços. Já as pesquisas social e de opinião pública avaliam percepções sobre temas como saúde, segurança, educação, transporte público, meio ambiente, etc.

Por sua vez, as pesquisas acadêmica e científica – de universidades e institutos de pesquisa como a Fiocruz, o IBGE ou a Embrapa – investigam temas relativos à saúde, à agricultura, à economia, ao comportamento humano e muito mais. E também tem as pesquisas de campanha eleitoral, que medem a intenção de voto, a popularidade de políticos, a avaliação de governos e questões de interesse da classe política.

A massificação das redes sociais mudou a dinâmica de comportamento da sociedade. Ficou mais fácil ou mais difícil para a estatística captar seus movimentos?

Sim, mudou profundamente. As redes sociais transformaram a forma como as pessoas se informam, se comunicam, consomem e até se comportam. 

Isso afetou desde relacionamentos até a política e o consumo. 

As pessoas estão mais conectadas, mais expostas e também mais influenciadas – e a opinião pública se forma muito mais rápido. Surgiram fenômenos como as fake news, os cancelamentos, [os conteúdos] virais e os movimentos digitais.

Essa nova realidade facilitou alguns aspectos. Hoje é possível coletar grandes volumes de dados em tempo real, como likes, comentários, postagens). Ferramentas de análise de dados e a inteligência artificial ajudam a identificar tendências e padrões rapidamente. E nas pesquisas de campo [presenciais] conseguimos coletar informações mais aprofundadas.

Porém, ficou mais difícil em outros momentos, porque nem todo mundo usa as redes sociais da mesma forma – há bolhas e vieses nos dados. As opiniões podem mudar rapidamente, o que torna mais difícil fazer previsões confiáveis. Há muito ruído, e nem todo dado é confiável. Um exemplo disso seriam os bots ou os perfis falsos.

O que explica o governo Lula ter índices dentro do que é considerado pleno emprego, sustentando um crescimento constante do PIB, estar tão mal nas pesquisas?

O governo Lula enfrenta baixa popularidade nas pesquisas por diversos fatores. Entre eles estão a percepção da população sobre o custo de vida ainda elevado; a alta carga tributária e o sentimento de insegurança; o descaso na saúde e a falta de melhorias visíveis no dia a dia. 

Além disso, a polarização política no País, aliada ao forte uso das redes sociais para difundir críticas e desinformações, contribui para uma imagem negativa, mesmo diante de indicadores econômicos positivos.
Assim, o humor da população nem sempre reflete apenas os números, mas também sensações e narrativas construídas no ambiente político e social. 

E na minha opinião, a comunicação do governo também precisa ser mais assertiva para combater as informações falsas. A polarização mudou o campo onde se discutem os temas, uma vez que antigamente se discutia propostas e hoje se discute ideologias.

A tendência do governo Lula é de queda de popularidade? Ou ela será estancada?

A tendência de queda pode continuar se o governo não conseguir melhorar a comunicação com a população, reduzir a sensação de estagnação no cotidiano e lidar melhor com temas sensíveis, como segurança, saúde, inflação percebida e articulação política.

No entanto, essa queda pode ser estancada caso o governo consiga entregar resultados mais visíveis, manter a estabilidade econômica, investir em programas sociais eficazes e reposicionar a sua imagem diante da opinião pública, especialmente com foco nas classes médias e periféricas.

A manutenção ou a reversão da queda vai depender, principalmente, da capacidade do governo de reconectar seus feitos à vida real de cada um. As pessoas que não participam da política muitas vezes não entendem as causas, porém, sentem seus efeitos. Um exemplo disso seria o aumento do dólar, que por sua vez faz os combustíveis aumentarem, os alimentos também aumentarem, e isso diminui o poder de compra do trabalhador.

E no caso de Campo Grande, que saiu de um segundo turno extremamente disputado? O que explica a baixa popularidade de Adriane Lopes?

A baixa popularidade da prefeita Adriane Lopes, mesmo após vencer um segundo turno extremamente disputado contra Rose Modesto, pode ser explicada por alguns fatores. Primeiro, sua vitória apertada [por apenas 2,9%] já indicava uma base eleitoral fragilizada, sem ampla margem de apoio popular. Além disso, Adriane assumiu a prefeitura após a saída de Marquinhos Trad e enfrentou desafios para consolidar a sua própria identidade política.

Questões como dificuldades na gestão, descontentamento com serviços públicos e possíveis problemas na comunicação com a população também impactam a sua imagem. Ainda, a polarização política e a insatisfação geral com a classe política podem contribuir para a sua baixa aprovação, independentemente de ações concretas de sua gestão. Mais recentemente, as questões das chuvas, as ruas ficando cada vez mais precárias e os problemas recorrentes na Santa Casa parecem ter piorado a imagem da atual gestão.

Faça uma análise também do governo Eduardo Riedel, que sustenta desde a sua posse bons índices de aprovação.

O governo Riedel deu início ao seu mandato com a finalidade de ser um governo técnico. Durante o seu mandato, ele tem conquistado o apoio popular tanto pelo trabalho que vem desenvolvendo quanto pela falta de oposição no Estado. 

Você quase não encontra nos meios de comunicação notícias negativas do atual governo.

Com uma alta avaliação, Riedel iniciou janeiro com 74% de aprovação, segundo o IPR. Além disso, a chegada de novas indústrias impulsionou a criação de empregos, sendo percebida pela população, que atualmente tem baixos índices de desemprego em Mato Grosso do Sul.

Os programas sociais também são outro ponto positivo. Iniciativas como o Energia Social MS, o Mais Social e o Pé-de-Meia foram bem recebidas pela população. E a infraestrutura, com investimentos em asfalto, novas rodovias e pontes, também é citada positivamente. Eu diria que é o conjunto da obra que está fazendo essa aprovação ser tão positiva, diferentemente do governo Lula e da prefeita Adriane.

O que leva uma pessoa a aprovar ou a rejeitar um político? A escolha é mais subjetiva do que pensamos?

A aprovação ou a rejeição de um político é um fenômeno complexo que mistura fatores objetivos (baseados em fatos) e subjetivos (baseados em percepções, emoções e valores). Muitas vezes, a escolha é mais subjetiva do que se imagina.

Os principais fatores racionais que influenciam uma decisão é se a economia está boa, se há empregos e melhorias na qualidade de vida, se a tendência é de aprovação, etc. Por outro lado, se há crise, desemprego ou problemas sem solução, a rejeição cresce. Escândalos de corrupção costumam desgastar um político, mesmo que ele não esteja diretamente envolvido. A percepção de melhorias na segurança pública, no transporte, na saúde e na educação também influencia a aprovação.

Já os principais fatores emocionais e psicológicos que influenciam a decisão se encontram em casos em que algumas pessoas aprovam certos políticos por se identificarem com o seu estilo, a sua origem ou o seu discurso, independentemente dos resultados da gestão. Um político que se comunica bem, parece autêntico e inspira confiança tende a ser mais aceito. Se for visto como arrogante, distante ou incompetente, pode perder apoio, mesmo entregando bons resultados.

A forma como a mídia e as redes sociais retratam um político pode mudar a percepção pública – e às vezes mais que suas próprias ações. Muitas pessoas seguem a opinião política de familiares ou de seu grupo social, sem analisar profundamente as propostas do político. Em tempos de forte polarização, as pessoas tendem a apoiar o seu lado e rejeitar automaticamente o outro, sem considerar dados objetivos.

A escolha de aprovar ou rejeitar um político mistura razão e emoção. Mesmo que um governo tenha bons números, se a percepção da população for negativa, sua popularidade pode cair. Da mesma forma, um político pode ser muito bem avaliado mesmo sem grandes realizações, apenas pela sua imagem, pelo seu discurso ou pela sua conexão emocional com o eleitorado.

Conte sobre a história do IPR?

O Instituto de Pesquisa Resultado é uma instituição especializada em pesquisas eleitorais e de opinião, com sede em Campo Grande. Tem como objetivo fornecer dados e análises que auxiliem partidos políticos, candidatos e a sociedade em geral a compreender o cenário eleitoral e social da região, além de realizar pesquisa de mercado para analisar comportamentos, testar produtos e serviços, entre outros estudos.

É importante notar que o instituto tem se destacado no mercado, sendo reconhecido pela sua atuação na área de pesquisas eleitorais. Além de suas atividades de pesquisa, o IPR também contribui para a disseminação de conhecimento, participando de discussões sobre o papel das pesquisas eleitorais. Enfatizo aqui que o objetivo das pesquisas é informar o público sobre o momento atual, sem influenciar ou prever resultados, auxiliando partidos na definição de estratégias eleitorais.

Dessa forma, o IPR se consolida como uma referência em pesquisas eleitorais, comprometido com a qualidade e a ética na coleta e na análise de dados. Há 20 anos, tem desenvolvido e trazido novas tendências para o ramo de pesquisa em Mato Grosso do Sul, em termos de reconhecimento.

Dando mais credibilidade às pesquisas divulgadas pelo IPR, a empresa conta com registro no Conre-1 e é associada à Abep. Em 2024, recebeu a classificação B pelo alto índice de acerto nos resultados das pesquisas eleitorais naquele ano, de acordo com o Ranking de Institutos de Pesquisa do Pindograma.

Perfil

Aruaque Fresato Barbosa

Publicitário formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Adamantina (Unifai) e pós-graduado em Filosofia e Ciência Sociais pela Unifael, com MBA em Gestão de Mídias Sociais pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV).

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fundo do mercosul

Simone garante US$ 21,2 milhões para três municípios de Mato Grosso do Sul

A ministra disse que Amambai, Corumbá e Ponta Porã são os primeiros a receber recursos do Focem depois de pausa de 12 anos

05/04/2025 08h30

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comemorou a obtenção do recurso

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, comemorou a obtenção do recurso Diogo Zacarias

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Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, anunciou a obtenção de US$ 21,2 milhões para os municípios sul-mato-grossenses de Amambai, Corumbá e Ponta Porã, oriundos do Mercado Comum do Sul (Mercosul), via Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem).

De acordo com a ministra sul-mato-grossense, após 12 anos sem a possibilidade de o Brasil obter recursos do Focem por diversas pendências, os três municípios do Estado serão os primeiros a receber o dinheiro para investimentos em projetos e obras de infraestrutura, sendo US$ 5,1 milhões para Amambai, US$ 9,1 milhões para Corumbá e US$ 7 milhões para Ponta Porã.

Ela explicou que a operação financeira para a liberação dos US$ 21,2 milhões será feita pelo Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), que é uma entidade financeira do Tratado da Bacia do Prata para apoiar técnica e financeiramente a realização de estudos, projetos, programas, obras e iniciativas que promovam o desenvolvimento harmônico e a integração física de Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

“Há 12 anos, o Brasil não podia apresentar projetos para aprovação do Focem, por conta de dívidas passadas e que agora foram quitadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Quitamos todas as dívidas para que os municípios de fronteira pudessem ter este financiamento e, em Mato Grosso do Sul, temos três projetos aprovados, graças ao trabalho de parceria entre governo federal e governo estadual”, declarou.

REGULARIZAÇÃO

Simone Tebet detalhou que o fato de o governo federal ter conseguido quitar todas as dívidas atrasadas com os organismos internacionais permitiu que o Brasil pudesse voltar a participar do fundo do Mercosul. 

“Eu costumo chamar o Focem de estratégico porque ele é para cidades fronteiriças e voltado para a questão da integração sul-americana. Entretanto, o mais importante é que esse recurso é a fundo perdido, ou seja, o município não tem de devolver”, argumentou.

A ministra assegurou ainda que, “como a operação financeira será feita via Fonplata, que é o verdadeiro banco da integração sul-americana, os recursos devem ser liberados de forma célere”. 

“Afinal, todos esses projetos são integrantes das rotas de integração sul-americana e, por isso, considerados prioritários para o Ministério do Planejamento e Orçamento”, revelou.

AMAMBAI

Ainda durante a entrevista ao Correio do Estado, Simone disse que, no caso do município de Amambai, os US$ 5,1 milhões serão investidos na construção do contorno rodoviário do município. 

“Esse contorno viário abrange a rodovia estadual MS-386, com início na saída para Ponta Porã, passando pela saída para Caarapó e por Tacuru, até chegar à rodovia estadual MS-156, de onde vai seguir até a saída de Juti, na rodovia estadual MS-289”, enumerou.

A ministra reforçou que o projeto impacta diretamente a logística de transporte da cidade, pois vai ampliar a mobilidade do transporte de carga, como também aliviar o fluxo do tráfego urbano. 

“Esse é um sonho antigo de Amambai mesmo. Desde a época do início do meu mandato como senadora, eles já falavam da necessidade desse contorno rodoviário para reduzir o risco de acidentes”, recordou, ressaltando que Amambai é uma cidade de porte médio muito importante para o Estado.

COFIEX

Como ministra de Estado, ela é coordenadora da Comissão de Financiamento Externo (Cofiex), que é umórgão colegiado, criado pelo Decreto nº 9.075, de 6 de junho de 2017, integrante da estrutura organizacional do Ministério do Planejamento e Orçamento, que tem por finalidade examinar e autorizar a preparação de programas e projetos do setor públicopor fontes externas da União, dos estados e dos municípios.

“Isso me permitiu divulgar para os municípios aqui da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai o Focem. Dos oito projetos que foram aprovados para este ano, três são aqui de Mato Grosso do Sul, enquanto o quarto, que é para os povos indígenas e terá um valor bem maior para o Brasil inteiro, o Estado também vai ser beneficiado para resolver o problema de água nas aldeias”, revelou. 

Simone adiantou ainda que a equipe do prefeito de Amambai, Sergio Barbosa (MDB), já está em contato com a equipe técnica do Focem, que é a mesma equipe técnica do Fonplata. 

“Assim que terminarem o projeto, que é rápido, o prefeito já vai poder licitar essa obra. Enfim, estamos levando investimentos para as regiões mais pobres do Brasil, que são normalmente as faixas de fronteira”, pontuou.

Para finalizar, a ministra lembrou que esteve no Chile no fim de semana, com os ministros de Economia e Obras do Chile, e, no fim deste mês, o presidente do Chile, Gabriel Boric Font, vai estar com o presidente Lula para tratar de questões bilaterais.

“Eu vou participar do evento, nos dias 22 e 23 de abril, quando a gente terá uma reunião bilateral com os ministros e empresários chilenos para tratar da Rota 4, que aqui chamamos de Rota Bioceânica e, lá, no Chile, é conhecida como Rota Capricórnio. O Chile tem o maior interesse em acelerar as obras dessa rota para poder inaugurá-la o mais rápido possível e, dessa forma, interligar os oceanos Atlântico e Pacífico”, relatou.

FOCEM

O Focem é o primeiro mecanismo solidário de financiamento próprio dos países do Mercosul e tem como objetivo reduzir as assimetrias do bloco. É integrado por contribuições dos estados-membros e destina-se a financiar projetos de melhoramento da infraestrutura, competitividade das empresas e desenvolvimento social nos países.

O Focem financia, ainda, projetos para o fortalecimento da estrutura institucional do Mercosul. Criado no fim de 2004 e operando desde 2006, o Focem se baseia em um sistema de contribuições e distribuição de recursos de forma inversa.

Além disso, ele supõe que os países do bloco com maior desenvolvimento econômico relativo realizam maiores contribuições e, por sua vez, os países com menor desenvolvimento econômico relativo recebem os maiores recursos para o financiamento de seus projetos. 

Os recursos são distribuídos em qualidade de doação não reembolsável, e o fundo começou com um total de contribuições que atingia US$ 100 milhões anuais.

Os projetos podem ser apresentados por qualquer um dos estados-membros do Mercosul, com base em suas necessidades nacionais ou interesses comuns (projetos multiestatais).

A análise, a aprovação e o acompanhamento dos projetos apresentados são realizados com base no Regulamento Focem (Dec. CMC nº 1/2010), cuja versão atual foi adaptada pelas Decisões CMC nº 35/2015 e nº 4/2018.

Dos 51 projetos aprovados e implementados até o momento, 37 já concluíram suas atividades e 14 estão em fase de execução. 

Destacam-se a realização de obras de saneamento, a reabilitação e construção de estradas, a instalação de redes elétricas e a instalação de estações de alta-tensão, a melhoria e ampliação das instalações escolares, a construção de habitações, a reabilitação de vias férreas, a construção e equipamento de laboratórios, a criação de uma rede de investigação científica, entre outros.

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