Política

Cenas de Campo Grande

Cinema em tarde de chuva

Cinema em tarde de chuva

Maria da Glória Sá Rosa

28/01/2010 - 22h09
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Digo que o cinema é, em sua essência, uma arte, porque é a soma de todas as artes. Georges Méliès Que fazer numa tarde de chuva que cobre a cidade de uma névoa cinzenta a não ser fechar- se numa sala de cinema e deixar-se invadir pela atmosfera onírica de episódios que tomam conta dos vãos de nosso inconsciente, numa espécie de sofisticação visceral, em que todos os truques são possíveis, conforme nos afirma Montaigne? Foi assim que atravessei o corredor sombrio do cinema para encontro com Pedro Almodóvar, cuja obra faz parte do patrimônio cultural, não apenas da Espanha mas de todos nós que cultivamos perdidas paixões, sonhos malogrados, no contexto fílmico em que as artes coexistem num delírio de alucinações, reinventadas pelo talento do autor. Seus filmes, que nos presenteiam com a estética das paixões desesperadas, costumam ter princípio meio e fim, não necessariamente na mesma ordem, como costumava dizer Jean Luc Godard, famoso pela quebra de estruturas em algumas de suas caóticas realizações. Assim acontece em “Abraços partidos”, que se constrói em dois planos: o presente, representado pela cegueira de um diretor, cuja tragédia acompanhamos através do fio das recordações, que recompõem a lógica de uma paixão por uma atriz, representada por Penélope Cruz, musa do diretor. No auge da beleza que nos reporta às grandes divas do passado, como: Hedy Lamar, Ava Gardner e Sophia Loren, seus olhos, cabelos, boca invadem a tela, destroem as reservas de resistência do personagem e confundem a cabeça do espectador. Sala de cinema praticamente vazia. Poucas pessoas dispostas a pensar, a acompanhar um drama em que o diretor, seguindo a lição de Billy Wilder, agarra o espectador pelo pescoço e não o solta em momento algum. No mesmo cinema, filas imensas de crianças, adolescentes e até adultos aguardam a terceira dimensão dos efeitos visuais de “Avatar”. A multidão foge de qualquer esforço mental, quer apenas encher os olhos de cores, sons, sabores, numa fuga a problemas de qualquer ordem. Então, num jogo de espelhos me vejo criança, no Cine Alhambra, por trás de óculos de celulóide, tremendo de medo de ser atacada pelos objetos projetados na terceira dimensão da tela. Em minha inocência acreditava na força de mitos como Tarzan, Drácula e me identificava com a pureza de Carlitos, acreditava na honestidade dos policiais, na coragem com que John Wayne defendia os índios. Lembro-me de meu filho pequeno que acordava de noite assustado com o tropel dos soldados, que perseguiam os comunistas na guerra espanhola. A geração de hoje, dissensibilizada pelos avanços da tecnologia, assiste passiva ao desfile de animais monstruosos, sorri, quando o sangue jorra rubro da boca dos vampiros. De modo geral são crianças viciadas nos jogos dos computadores, e, por isso, querem produções diferentes. O importante é que os filmes gerem emoções, façam passar o tempo. Os filmes de mocinho, os seriados que faziam as delícias de outrora não fazem mais parte das preferências de nossos filhos inda menores. King Kong, que nos fazia estremecer, segurando a mocinha do alto do Empire State, é uma cena que causaria tédio ou riso. O surrealismo dos desenhos animados, a inocência dos gritos de Tarzan deram lugar ao horror dos filmes góticos. A mitificação do banal, a celebração do vazio, grandes componentes do repertório de nossos dias, tomou conta da vida de pequenos. e grandes. “Pensar incomoda como um pé dormente”, dizia Fernando Pessoa. Pergunto, então: Para onde nos levará essa banalização do real?

Política

Lula sanciona alta de 8% em salários do Jucidiário em 2026, mas veta reajuste em 2027 e 2028

Texto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

22/12/2025 19h00

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva Agência Brasil

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o reajuste para os servidores do Poder Judiciário em 2026, mas vetou o aumento dos salários nos tribunais em 2027 e 2028. O texto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).

O projeto aprovado pelo Congresso Nacional prevê reajuste de 8% nos salários do Judiciário a partir de julho de 2026. Lula vetou aumentos idênticos previstos para julho de 2027 e julho de 2028.

"Em que pese a boa intenção do legislador, a proposição legislativa contraria o interesse público ao estabelecer aumento da despesa com pessoal com parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final do mandato do Presidente da República, contrariando a vedação prevista no art. 21, caput, inciso IV, alínea b, da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal", justificou o Planalto.

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"Pé direito"

Gordinho do Bolsonaro pede boicote à Havaianas após comercial com Fernanda Torres

Deputado federal jogou chinelos no lixo e disse que irá passar virada do ano ouvindo Zezé de Camargo

22/12/2025 14h45

Foto: Divulgação

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Em polêmica que envolveu boa parte da direita, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS), conhecido como "Gordinho do Bolsonaro" pediu boicote à Havainas após a atriz Fernanda Torres estrelar a nova propaganda da marca"alfinetando" indiretamente o espectro bolsonarista.

Na propaganda, a atriz afirma aos espectadores que não deseja que eles comecem o próximo ano "com o pé direito", fator que revoltou o deputado, que fez questão de descartar os chinelos em uma lixeira, gravar a ação e postar em suas redes sociais.

"Passei a minha vida inteira usando chinelo havaianas, mas infelizmente como eu não vou poder virar 2026 com o pé direito, aqui em casa vai pro lixo, havainas aqui na minha casa não entra mais, e tem outra vou passar a virada escutando Zezé de Camargo", destacou Gordinho. 

Abaixo, a íntegra da propaganda estrelada pela atriz. 

"Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés. Havaianas, todo mundo usa, todo mundo ama", diz Fernanda, no comercial.

Vale destacar que o comercial gerou polêmica com outros políticos da direita. O "jogo de palavras" com a conhecida expressão popular significou, para Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), entre outros, uma indireta ao espectro político da direita.

"Eu achava que isso aqui era um símbolo nacional. Já vi muito gringo com essa bandeirinha do Brasil no pé, só que eu me enganei, disse Eduardo, antes de qualificar Fernanda Torres como alguém 'declaradamente de esquerda'", disse em suas redes sociais.

Até a publicação desta matéria, a declaração do deputado conta com 155 mil curtidas e mais de 15 mil comentários. 

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