Política

BRASIL

Compromissos firmados entre Trump e Bolsonaro ficam no papel

Compromissos firmados entre Trump e Bolsonaro ficam no papel

ESTADÃO CONTEÚDO

23/09/2019 - 16h10
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Desde a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro deixou claro que gostaria de reorientar a política externa brasileira e alinhar o Brasil com os Estados Unidos. Em março, uma visita do presidente ao americano Donald Trump, na Casa Branca, selou a aproximação entre os dois líderes. Na ocasião, os dois presidentes assinaram uma declaração conjunta e comemoraram uma "nova era" no relacionamento econômico e político entre as nações.

A maior parte das propostas concretas feitas por Bolsonaro e Trump ainda não saiu do papel. Um levantamento produzido pela Amcham (Câmara Americana de Comércio) e obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que apenas dois de 13 compromissos firmados há seis meses foram concretizados. Os demais estão em curso.

Os dois compromissos que já saíram do papel foram a designação do Brasil como aliado extra-OTAN, pelos americanos, e a medida unilateral do governo brasileiro de isentar os turistas dos EUA de visto. Os demais ainda precisam de medidas do lado americano, brasileiro ou de algum avanço na agenda dos dois lados.

Apesar disso, a presidente da Amcham, Deborah Vieitas, vê os sinais como positivos. "Ambos os governos têm mostrado vontade de buscar maior integração comercial. Muitos compromissos demandam tempo para serem concluídos, o que não significa que as coisas não estejam acontecendo", afirmou.

Um dos compromissos mais aguardados pela comunidade empresarial é o avanço em medidas de facilitação de comércio e investimentos Na prática, os empresários brasileiros esperam a negociação de um acordo de comércio entre os dois lados. Para Deborah, da Amcham, as ações de facilitação de comércio e de investimentos são essenciais "pois atacam as burocracias e gargalos que encarecem e até mesmo inibem os negócios no dia a dia". Os dois países ressuscitaram fóruns de discussão, como o Diálogo Comercial Brasil-EUA, para avançar na discussão. Segundo ela, no entanto, é também "fundamental aproveitar a convergência política entre Brasil e Estados Unidos para iniciativas mais ambiciosas, sobretudo o início de negociações de um acordo de livre comércio".

"Embora esse objetivo não tenha entrado na lista de compromissos de março, ambos os presidentes manifestaram vontade nesse sentido. O melhor momento para alcançá-lo é agora", afirmou. O governo brasileiro já admitiu que os países não devem discutir, em um primeiro momento, isenção de tarifas. E, mesmo sem colocar na mesa o debate sobre tarifas, os americanos ainda estão reticentes nas negociações, segundo diplomatas ouvidos pelo jornal presentes nas últimas reuniões do chanceler, Ernesto Araújo, com autoridades da área econômica do governo americano.

Adesão

Do lado brasileiro, falta, por exemplo, a aprovação na Câmara dos Deputados do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas. Negociado entre os países durante 20 anos e assinado em março, o acordo permite o uso comercial da base da Alcântara, no Maranhão. O Brasil também precisa de ações da Polícia Federal e Receita Federal para permitir a adesão do País no programa Global Entry, que dá maior celeridade à entrada de brasileiros nos EUA.

Os dois países tentam fechar, até o fim do ano, um acordo para acelerar trâmites de exportação, com reconhecimento mútuo de programa de cadastro e autorização de exportadores e importadores.

Considerada uma das principais conquistas do Brasil na visita de Bolsonaro à Casa Branca, o endosso americano à entrada do País na OCDE é computada como um dos compromissos "em andamento". Do lado dos americanos, houve a manifestação de apoio dos EUA, em maio, à entrada do Brasil. Mas o processo ainda não foi iniciado por impasses sobre a quantidade de novos membros a serem aceitos Em troca do apoio americano, o Brasil concordou em renunciar ao tratamento especial e diferenciado na Organização Mundial do Comércio - o que também é considerado pela Amcham como um compromisso "em curso", já que o processo é gradual e para discussões futuras.

Há acertos que ainda não foram destravados e, na visão empresarial, parecem incipientes. É o caso da carne bovina. Os EUA concordaram em agendar uma inspeção em frigoríficos brasileiros no intuito de reabrir o mercado para a carne bovina in natura do Brasil. A inspeção foi feita, mas até agora não houve retomada das exportações. O Brasil se comprometeu a abrir o mercado para a carne suína dos americanos, mas ainda há negociações sobre os requisitos sanitários a serem estabelecidos

O Brasil também aceitou criar uma cota para importação de trigo, o que ainda está em estágio de implementação. No início do mês, o governo brasileiro atendeu um pleito dos americanos para reavaliar a cota de importação de etanol imposta pelo Brasil. O movimento foi avaliado no Departamento de Estado dos EUA e na comunidade empresarial como um sinal concreto de que o País está disposto a negociar e fazer as demais questões avançarem mais rapidamente.

Reuniões

Entre os compromissos firmados há ainda a recriação do Fórum de CEOs dos dois países e a criação de um fórum de energia. A reunião de assessoramento do primeiro acontece nesta semana na Amcham em Brasília e o encontro dos executivos deve acontecer em novembro, em Washington. Já o fórum de energia deve ter o primeiro encontro em outubro. Ambas também são consideradas medidas em curso no levantamento da Amcham.

Os principais compromissos firmados entre EUA e Brasil

1. Isenção de vistos para turistas norte-americanos no Brasil

2. Designação do Brasil como grande aliado extra-Otan

3. Apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE

4. Acordo de salvaguardas Tecnológicas

5. Relançamento do Fórum de CEOs

6. Ações de facilitação de comércio, investimentos e boas práticas regulatórias

7. Participação do Brasil no programa Global Entry

8. Criação do Fórum de Energia Brasil-EUA

9. Renúncia gradual ao tratamento especial e diferenciado pelo Brasil na OMC

10. Acordo para facilitação de trâmites aduaneiros

11. Criação de cota duty free para importação de trigo pelo Brasil

12. Abertura do mercado do Brasil para carne suína dos EUA

13. Retomada de exportações brasileiras de carne bovina

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

SEGUNDO TURNO

Bolsonaro e Riedel gravam vídeos declarando apoio à reeleição de Adriane Lopes; assista

Ao lado da senadora Tereza Cristina, o ex-presidente da República e o governador oficializam que estão com prefeita progressista

10/10/2024 10h07

A senadora Tereza Cristina (PP) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o governador Eduardo Riedel (PSDB)

A senadora Tereza Cristina (PP) com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o governador Eduardo Riedel (PSDB) Montagem

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A senadora Tereza Cristina (PP-MS) gravou ontem (9) em Brasília (DF) e hoje (10) em Campo Grande (MS) vídeos com o ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL) e com o governador Eduardo Riedel (PSDB) declarando apoio oficial à reeleição da prefeita Adriane Lopes (PP) neste segundo turno.
 
Conforme o Correio do Estado já tinha adiantado, a parlamentar sul-mato-grossense tinha declarado que iria procurar Bolsonaro para conseguir o apoio dele para a campanha eleitoral de Adriane Lopes e, no fim de tarde de ontem, ela gravou com ele o vídeo.
 
“Olá amigos de Campo Grande! Estou com a Tereza Cristina aqui, minha eterna ministra, sensacional, da Agricultura. Que saudades do pessoal do agro tem dela, hein? E nós, de vez em quando, bem de vez em quando, temos um pequeno desentendimento, mas a gente volta realmente com todo o gás, né? Campo Grande, tudo acertado, segundo turno, página virada, vamos em frente, a Adriane, do PP, é a nossa candidata à reeleição por essa Capital”, disse Bolsonaro.

Ele ainda completou que o PP e o PL estão novamente juntos e que outros partidos também farão parte desta ampla aliança. “O que mais é importante?

É o entendimento da população como um todo pela Adriane na reeleição por mais quatro anos à frente de Campo Grande.

Desejo do coração que ela tenha sucesso e, obviamente, entendo também ser o melhor do momento para Campo Grande. É isso mesmo, Tereza?”, perguntou.
 
Já Tereza Cristina agradeceu o apoio do ex-presidente em ficar ao lado da prefeita Adriane Lopes na campanha de reeleição neste segundo turno.

“Vim aqui pedir o apoio do presidente Bolsonaro, que é muito importante para a reeleição da prefeita Adriane Lopes. Fico muito agradecida, presidente, em dizer para o senhor o seguinte: estamos juntos de novo, né? No caminho natural, que é a direita unida por Mato Grosso do Sul’, ressaltou.
 
Para finalizar, Bolsonaro mandou um abraço para Campo Grande, para Nioaque (MS), cidade onde ele serviu como tenente do Exército, e para Mato Grosso do Sul. Nas imagens, é possível verificar a boa relação entre ambos, pois, o tempo todo o ex-presidente abraça a senadora.

Governador

Já na manhã de hoje, em Campo Grande, o governador Eduardo Riedel oficializou o apoio dele à reeleição da prefeita Adriane Lopes em vídeo gravado ao lado da senadora Tereza Cristina
 
“Estou aqui conversando com a senadora Tereza Cristina, e falando sobre o Mato Grosso do Sul, sobre Campo Grande e o futuro do Estado e da Capital. Estamos conversando sobre política e quero declarar o meu voto e o meu apoio à Adriane nesse segundo turno por entender que será o melhor para Campo Grande. Ela reúne as condições para poder avançar numa transformação que a gente quer ver”, destacou Riedel.
 
Tereza Cristina, madrinha política da prefeita Adriane, agradeceu a Riedel pela decisão. “Obrigada governador.

Fico muito feliz pela sua declaração de voto e de apoio à Adriane. Estamos juntos, nunca estivemos separados, mas fomos adversários na eleição neste primeiro turno, mas agora esse é o caminho natural. E eu fico muito feliz pela coerência que nós dois temos na política”, disse a senadora.

Adriane Lopes, que sempre manteve uma postura coerente com seus princípios e valores, havia apoiado Riedel no segundo turno das eleições estaduais de 2022, acreditando no projeto de desenvolvimento para o Mato Grosso do Sul. 
 
Naquele pleito, a senadora Tereza Cristina também esteve ao lado do atual governador, fortalecendo a aliança política entre eles. Agora, essa parceria se reflete no apoio de Riedel à prefeita, criando uma base política sólida e estratégica para a reta final da campanha eleitoral.
 
Ao longo de seu mandato, Adriane articulou diversas parcerias com o Governo do Estado, garantindo contrapartidas importantes para obras da Capital.

A cooperação entre as duas administrações tem rendido frutos que beneficiam diretamente os cidadãos de Campo Grande, como projetos de infraestrutura, mobilidade urbana e investimentos na saúde pública. 
 
Riedel, que é reconhecido por sua gestão técnica à frente do Governo do Estado, é visto como um parceiro essencial para o desenvolvimento contínuo da cidade. “Esse apoio fortalece ainda mais a nossa caminhada rumo ao segundo turno.

O governador Eduardo Riedel é um grande parceiro de Campo Grande, e juntos vamos trabalhar para garantir que nossa cidade continue crescendo de forma sustentável, moderna e com qualidade de vida para todos", afirmou a prefeita Adriane.
 
A adesão de Riedel representa um importante impulso político para a candidatura de Adriane Lopes, que já provou ser uma gestora eficiente ao longo de seu mandato.

Em apenas dois anos, ela revolucionou a educação municipal com a revitalização de 205 escolas, a modernização dos equipamentos públicos, entregas de habitação, obras de pavimentação e drenagem e investimentos na segurança pública.

Além disso, Adriane trouxe o município para o centro da Rota Bioceânica, um projeto que impulsionará o desenvolvimento econômico de Campo Grande e Mato Grosso do Sul nos próximos anos.

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SEGUNDO TURNO

Tereza quer trazer Michelle Bolsonaro para a campanha eleitoral de Adriane

A senadora progressista vai conversar com ex-primeira-dama do País para pedir votos aos bolsonaristas de Campo Grande

10/10/2024 08h00

A ex-primeira-dama do Brasil Michelle Bolsonaro, com a senadora Tereza Cristina e com a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes

A ex-primeira-dama do Brasil Michelle Bolsonaro, com a senadora Tereza Cristina e com a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes Foto: arquivo

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Após alinhar o apoio do governador, Eduardo Riedel (PSDB), e da primeira-dama do Estado, Mônica Riedel, à reeleição da atual prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), neste segundo turno das eleições, a senadora Tereza Cristina (PP) agora tenta conseguir o apoio da ex-primeira-dama do Brasil Michelle Bolsonaro, presidente nacional do PL Mulher.

O Correio do Estado apurou que a parlamentar deve aproveitar a presença em Brasília (DF) para cumprir as pautas do Senado para procurar Michelle Bolsonaro. A princípio, Tereza Cristina tinha a intenção de trazer o casal Bolsonaro, mas o ex-presidente da República Jair Bolsonaro está focado na reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que também avançou para o segundo turno, contra Guilherme Boulos (Psol).

Fontes ouvidas pela reportagem revelaram que a vinda de Michelle Bolsonaro sozinha evitaria uma provável indisposição com o PSDB, pois durante o primeiro turno inteiro Bolsonaro não veio a Campo Grande para pedir votos para o candidato tucano, o deputado federal Beto Pereira, gravando apenas um vídeo em que convocava os bolsonaristas a votarem no parlamentar. 

Dessa forma, caso o ex-presidente da República viesse à Capital para subir no palanque de Adriane Lopes, isso não pegaria bem com a cúpula tucana, que negociou pessoalmente com Bolsonaro a aliança PL-PSDB, fazendo inclusive com que ele quebrasse um acordo com Tereza Cristina de que reeditaria a dobradinha da eleição presidencial de 2022 entre PP e PL.

RECEPÇÃO

Além disso, em fevereiro deste ano, Michelle Bolsonaro já esteve na Capital, onde foi recepcionada pela prefeita Adriane Lopes ainda no Aeroporto Internacional de Campo Grande. 

Naquela oportunidade, Adriane presenteou a ex-primeira-dama do Brasil com um exemplar da Bíblia Sagrada.
A chefe do Executivo municipal disse que a escolha do presente refletia a afinidade de valores compartilhados, especialmente em relação à fé cristã e à importância da família.

“A Bíblia é reconhecida como a palavra de Deus, uma poderosa fonte de fé e amor, transmitindo valores morais e éticos fundamentais para muitas pessoas. É uma honra recebê-la, uma referência de mulher forte, que inspira e faz com que as vozes de muitas outras mulheres sejam ouvidas”, disse, na época, a prefeita, que é missionária há 20 anos da Assembleia de Deus Missões.

A cúpula do PP acredita que a presença de Michelle Bolsonaro em Campo Grande apoiando a campanha eleitoral de Adriane Lopes pode fazer com que os bolsonaristas que ainda tenham dúvidas sobre em que votar no dia 27 optem pela candidata progressista.

FORÇA BOLSONARISTA

O diretor do Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), Aruaque Fressato Barbosa, explicou ao Correio do Estado que o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda tem muita força junto ao eleitorado campo-grandense.

“Em várias pesquisas de intenções de votos que realizamos ao longo do ano passado e deste ano, entre um mínimo de 23% e um máximo de 26% dos entrevistados com 16 anos ou mais de idade se declararam bolsonaristas em Campo Grande”, apontou.
Portanto, de acordo com Aruaque Barbosa, qualquer ação no sentido de atrair esse fatia do eleitorado da Capital é válida e pode significar a vitória em um segundo turno tão disputado como o deste pleito.

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