Política

A PORTAS FECHADAS

Conflito indígena e privatizações são tratados por Riedel com os deputados

Governador esteve reunido com os parlamentares na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa, por quase três horas

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Na manhã de ontem, o governador Eduardo Riedel (PSDB) reuniu-se, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), por quase três horas e a portas fechadas, com os deputados estaduais, para apresentar um balanço do ano sobre os investimentos, os projetos e as ações do Estado, além de adiantar as perspectivas para 2025.

Porém, como ele saiu da reunião sem falar com a imprensa, não foi possível confirmar se a pauta foi somente para apresentar o balanço do ano. Entretanto, conforme fontes ouvidas pelo Correio do Estado, os temas que mais dominaram o encontro foram outros.

De acordo com a apuração da reportagem, eles trataram sobre o conflito da Polícia Militar com os indígenas na região de Dourados (MS), as privatizações das rodovias BRs 262 e 267 e MS-040, na região leste do Estado, e a formação de uma parceria público-privada (PPP) para administração do Hospital Regional Rosa Pedrossian (HR) (leia mais na editoria Cidades).

Na oportunidade, os parlamentares aproveitaram para questionar o governador sobre vários assuntos, mas o foco acabou ficando nesses três temas, conforme o Correio do Estado levantou com fontes presentes na reunião. 

QUESTÃO INDÍGENA

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) questionou o governador sobre a ação da Polícia Militar contra os indígenas das comunidades Jaguapiru e Bororó, no município de Dourados, que bloquearam a rodovia estadual MS-156 para protestar a respeito da falta de fornecimento de água.

Durante o desbloqueio da rodovia, alguns indígenas ficaram feridos, e o parlamentar afirmou que isso ocorreu por excesso do uso da força por parte da PM.

Porém, neste momento, o deputado estadual Coronel David (PL) saiu em defesa dos policiais militares, reforçando que é fácil criticar a atuação das forças de segurança estando a quilômetros de distância do conflito, mas o policial precisa tomar uma decisão na hora e sob forte comoção.

Riedel também fez questão de responder ao deputado petista, reforçando que os policiais militares estavam cumprindo uma ordem direta do governador.

“O que aconteceu lá não foi culpa da PM, pois eles receberam uma ordem direta minha para desocupar a rodovia e garantir o direito de ir e vir dos cidadãos”, teria dito o governador, completando que a situação tinha de ser resolvida. 

Kemp ainda cobrou uma solução para a falta de água nas duas comunidades indígenas e a criação de uma comissão de conflito para evitar futuras ações mais truculentas das forças de segurança, entretanto, Riedel lembrou ao deputado que, sobre a falta de água, serão construídos novos poços de captação de água potável.

Além disso, completou o governador, serão ofertados caminhões-pipa diariamente nas aldeias até que as obras dos poços sejam concluídas. A respeito da criação de uma comissão de conflito, Riedel não teria deixado claro se vai acatar ou não a sugestão do parlamentar.

PREFEITOS ELEITOS

Uma quarta questão que também foi levantada pelos parlamentares ao governador na reunião dizia respeito a reivindicações dos prefeitos eleitos neste ano, que cobravam os deputados estaduais para marcarem um encontro com Riedel para falar sobre os investimentos do Estado previstos para 2025 nos seus municípios.

No entanto, de acordo com o apurado pelo Correio do Estado, o governador disse que era para os deputados estaduais falarem para os prefeitos “primeiro assumirem os cargos e depois tomarem conhecimento das demandas dos seus municípios, para só então buscar uma reunião”.

Riedel pediu ainda que os parlamentares falassem para os prefeitos esperarem uns 60 dias após a posse para solicitarem esse encontro, e reforçou que os gestores municipais podem ficar tranquilos que os acordos assumidos pelo Estado serão cumpridos. 

Ele frisou que a “gestão municipalista”, com investimentos em diferentes setores nos 79 municípios, está em pleno vigor, e que todos os projetos e obras firmados com os gestores municipais terão sequência e serão concluídos na sua gestão.

Por meio do programa MS Ativo, também seguem em andamento políticas públicas na saúde, na educação e na assistência social nas cidades, em parceria com os municípios.

O governador também deixou as “portas abertas” da Governadoria aos prefeitos eleitos que assumirem seus mandatos a partir de 2025.

“Estaremos abertos ao diálogo e à conversa para projetos futuros, assim como para discutirmos as obras e os projetos que já estão em andamento nas cidades”, reforçou.

CLIMA AMISTOSO

Em release distribuído pela área de comunicação do Estado, o governador destacou a contribuição do Poder Legislativo para o ambiente de estabilidade institucional em Mato Grosso do Sul, que tem sido determinante para o Estado atrair grandes investimentos privados. 

“A Assembleia tem sido protagonista nos grandes debates de interesse da sociedade, construindo soluções consensuais, aprimorando e aprovando os projetos que o Executivo envia à deliberação do parlamento”, afirmou Riedel, agradecendo o apoio dos parlamentares e frisando o compromisso da Casa de Leis com a entrega de resultados para a população.

Pela assessoria de imprensa, o governador teria feito um balanço dos projetos e das obras concluídos e iniciados neste ano, além de detalhar o planejamento para 2025. Entre os projetos em destaque, mencionou a projeção de mais de R$ 1 bilhão de investimento em obras de infraestrutura, além da entrega para a iniciativa privada, via concessão, da gestão da chamada Rota da Celulose, abrangendo trechos das rodovias das BRs-267 e 262, além da MS-040. 

“Estamos entregando à sociedade um volume de ações, e o resultado é o crescimento do Estado, que é hoje o que mais investe no Brasil, tendo um dos menores índices de pobreza. O Estado tem quatro eixos definidos [verde, digital, próspero e inclusivo], mas tem como prioridade fazer entregas diretas à população”, afirmou o governador.

Riedel citou que uma das prioridades é “perseguir” o fim da pobreza extrema no Estado, com uma série de ações transversais, desde os programas sociais até o momento de qualificação profissional e acesso ao emprego. “Esta é uma missão, as pessoas precisam ter comida na mesa, dignidade e depois seguir em frente”, assegurou.

Sobre o momento de crescimento do Estado, o governador destacou os investimentos bilionários na área da celulose, que colocaram Mato Grosso do Sul como destaque nacional e mundial do setor. Citou ainda a ampliação do turismo em diferentes regiões e a chegada da nova fronteira agrícola, que é a citricultura, com grandes investimentos para produção de laranja.

CASA DE LEIS

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Gerson Claro (PP), disse que a reunião com o governador foi produtiva e uma demonstração “de que Mato Grosso do Sul vive um momento de ação harmoniosa entre os Poderes”. 

Para Gerson, os deputados não têm deixado que o ambiente de polarização política experimentado pelo País “contamine o compromisso dos deputados de trabalhar em favor da construção de uma sociedade mais justa e com oportunidades para todos”.

Em pauta, no encontro do governador com os deputados, temas como a proposta de PPP na área da saúde. De acordo com Gerson Claro, antes da votação do projeto da PPP, os técnicos que estão trabalhando no projeto vão até a Casa de Leis discutir o modelo a ser proposto. 

“A PPP não vai atingir a atividade-fim, que é o atendimento prestado pelos profissionais da saúde. A terceirização deve abranger a parte administrativa, a lavanderia, a hotelaria, o restaurante e a segurança nos hospitais do Estado”, explicou o parlamentar. 

O presidente da Assembleia mostrou confiança de que em 2025 será retomado e concluído o projeto de entregar à iniciativa privada, em regime de concessão, a gestão da Rota da Celulose, que teve leilão suspenso porque não atraiu investidores interessados no negócio. 

“O momento econômico do País, com o dólar em alta, várias ofertas de PPPs, são fatores que podem ter inibido potenciais investidores. O edital será refeito, sofrerá provavelmente adequações de metas de investimento que impactarão diretamente no preço final do pedágio a ser cobrado. A iniciativa privada não faz caridade, só vai ter interesse em empreendimentos com potencial de lucratividade. O ideal é que todas as rodovias fossem duplicadas, mas, para isso, é preciso viabilizar recursos para os projetos saírem do papel”, comentou.

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PROJETO POLÊMICO

No PSDB de MS, anistia que pode alcançar Bolsonaro "perde" por 2 a 1

Governador Eduardo Riedel se manifestou favorável à anistia neste sábado (5), mas em seu partido, maioria dos deputados que podem votar o projeto é contra

06/04/2025 15h30

Deputados Geraldo Resende, Dagoberto Nogueira e Beto Pereira, respectivamente

Deputados Geraldo Resende, Dagoberto Nogueira e Beto Pereira, respectivamente Foto: Divulgação

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O Projeto de Lei que perdoa os condenados pelos atos de depredação e vandalismo nos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que é polêmico e divide opiniões dentro dos partidos. Dentro do PSDB em Mato Grosso do Sul, cujo governador Eduardo Riedel anunciou neste sábado adesão ao projeto que anistia os condenados pelo 8 de janeiro, e também a pessoas envolvidas na organização ou apoio às manifestações desde outubro de 2022, também há disputa. 

Dos três deputados tucanos de Mato Grosso do Sul, o placar é de 2 a 1 contra o projeto que anistia os envolvidos na tentativa de golpe de Estado, cuja redação abre brecha para livrar Jair Bolsonaro das acusações que recebeu recentemente. 

Levantamento do jornal O Estado de São Paulo, chamado “Placar da Anistia”, indica que Beto Pereira, que concorreu à prefeitura de Campo Grande no ano passado, e que teve apoio de Jair Bolsonaro (PL) é o único deputado federal tucano de Mato Grosso do Sul que apoia o projeto do deputado Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ). 

Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende manifestaram-se contra o projeto no Placar da Anistia. Ambos têm formação em partidos de esquerda. Dagoberto foi por longo período do PDT, já Geraldo Resende, integrou o PPS, que hoje transformou-se no Cidadania. 

Na bancada federal, também há equilíbrio: Dagoberto, Geraldo Resende, Valder Loubet (PT) e Camila Jara (PT) são contra. Já Beto Pereira, Marcos Pollon (PL), Rodolfo Nogueira (PL) e Luiz Ovando (PP) são favoráveis. O placar é 4 a 4. 

A adesão de Riedel

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), na véspera da manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela anistia aos envolvidos na depredação e invasão da sede dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023, decidiu apoiar o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional.

Para se manifestar favorável ao projeto, Eduardo Riedel publicou nas redes sociais uma foto ao lado de líderes de outros partidos, como a senadora Tereza Cristina (PP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos.

O Correio do Estado apurou que, ao longo da semana, Jair Bolsonaro atuou fortemente para ampliar a adesão de governadores, sobretudo em meio aos preparativos da manifestação da Avenida Paulista deste domingo, na qual Tarcísio de Freitas é anfitrião. Telefonemas de Tarcísio de Freitas e Tereza Cristina foram fundamentais para fazer Riedel, que tem integrantes do PT em seu governo, e em seu partido deputados federais que não concordam com o projeto da anistia, a se manifestar. 

Eduardo Riedel fala em questão “humanitária” e em rever a “dosimetria das penas”. Mas o projeto vai muito além e perdoa todos os envolvidos. “Não dá para errar de novo e no mesmo lugar: tentar reparar excessos cometidos naquele momento com excessos no atual momento.”

Com esse posicionamento, Riedel reconsidera a condenação feita por ele próprio aos atos de vandalismo e depredação do patrimônio, que classificou como “inaceitáveis” à época. 

O projeto 

Um relatório do Supremo Tribunal Federal (STF) de janeiro deste ano apontou que 371 pessoas haviam sido condenadas por crimes relacionados ao 8 de janeiro de 2023. Outras 527 teriam admitido a prática de crimes relacionados e feito acordos com o Ministério Público Federal (MPF) para não serem processadas.

O texto do projeto de Sóstenes Cavalcanti prevê a anistia para pessoas direta ou indiretamente envolvidas no 8 de janeiro e até mesmo por atos anteriores.

Isso, em tese, beneficiaria Bolsonaro, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o suposto líder de uma organização que teria tentado dar um golpe de Estado que teria culminado com o 8 de janeiro.

Bolsonaro é réu crimes como de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Manifestação

Vice-prefeita de MS é "voz" do estado em manifestações de direita em São Paulo

Recentemente, Bolsonaro declarou apoio à pré-candidatura de Gianni ao Senado Federal na eleições de 2026.

06/04/2025 14h35

Vice-prefeita de MS é

Vice-prefeita de MS é "voz" do estado em manifestações de direita em São Paulo Divulgação

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A vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira (PL), assume papel de destaque no cenário político atual ao representar o Mato Grosso do Sul em ato contra a anistia dos presos do dia 08 de janeiro e em defesa da direita brasileira.

A parlamentar foi convidada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em entrevista à Rádio Capital 95FM a ser a voz sul-mato-grossense no evento de hoje (6), que deve reunir milhares de apoiadores. 

"Recebo essa missão com responsabilidade e orgulho. Nosso estado estará representado nesse momento decisivo para a união da direita brasileira", comentou Gianni. 

Recentemente, Bolsonaro declarou apoio à pré-candidatura de Gianni ao Senado Federal na eleições de 2026 e a participação da vice-prefeita fortalece seu nome para a corrida eleitora.

Ela representa uma aposta da banca bolsonarista em novos nomes e rostos para renovar sua bancada. O apoio antecipado de Bolsonaro indica a estratégia do grupo em fortalecer sua base regional desde agora. 

"Mato Grosso do Sul, eu tenho já uma pré-candidata ao Senado. Que uma vez chegando aqui, não vai fazer o que eu quero, vai fazer o que tem que ser feito... A Gianni está no radar da gente como a possível candidata nossa ao Senado", declarou Bolsonaro.

Manifestações

Organizadas por movimentos conservadores e nomes influentes da direita brasileira, os atos de 16/3 e 6/4 têm como bandeiras principais o pedido de anistia para os envolvidos nos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, além de defender pautas conservadoras como a liberdade individual, valores cristãos e crítica à atual gestão federal. 

A primeira manisfestação reuniu políticos e público de direita na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

No ato, Bolsonaro defendeu a anistia, disse que não vai sair do Brasil, comparou seu governo com o de Lula, fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes e pediu que seus apoiadores deem "50% da Câmara e 50% do Senado" nas próximas eleições para bolsonaristas. Cerca de 18 mil pessoas estiveram no evento, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

O movimento de hoje deve reunir adeptos na Avenida Paulista, em São Paulo. O evento é, também, um termômetro para os líderes de direita, para saberem se apostam em mais movimentos para levar as pessoas às ruas, mesmo após Bolsonaro e mais sete aliados terem se tornado réus pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado.

Além da vice-prefeita Gianni Nogueira e do marido, Rodolfo Nogueira, outros políticos de Campo Grande e demais municípios de Mato Grosso do Sul confirmaram presença nos atos. Nomes como Coronel David (PL), Neno Razuk, Lucas de Lima, João Henrique Catan, os vereadores Rafael Tavares, André Salineiro e Ana Portela estariam confirmados. 

Gianni iniciou seu discurso fazendo apelo em favor dos presos políticos do 8 de janeiro e finalizou com um clamor a Deus, por meio da canção: Deus, Sara essa nação. 

“O povo brasileiro entendeu que existe um destino para o Brasil e o destino do Brasil é ser uma nação livre”, afirmou.

 

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