Política

GOVERNO INTERINO

Conheça a história de Michel Temer
até sua chegada à presidência

Presidente interino tem relação próxima a políticos do Estado

RODOLFO CÉSAR

12/05/2016 - 10h15
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Michel Temer entrou na política como oficial de gabinete de Ataliba Nogueira, que foi secretário de Educação e um dos fundadores do PSD. Mas sua ascendência aconteceu em 1984, ao se tornar secretário de segurança pública em São Paulo.

O poder  dele é grande por conta, principalmente, de sua habilidade política. Além do cargo no Executivo, Temer foi seis vezes deputado e em 2009 o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar apontou-o como o mais influente do Congresso Nacional.

O agora presidente interino do Brasil ocupou por três vezes o comando da Câmara dos Deputados (1997, 1999 e 2009) e ficou por 11 anos presidindo o PMDB, licenciando-se do cargo neste ano.

Por suas políticas na área de segurança, ele estava na coordenação do Plano Estratégico de Fronteiras, que realiza as operações Sentinela e Ágata, ambas com repercussões em Mato Grosso do Sul por conta da proximidade com Paraguai e Bolívia.

Entre os trabalhos desenvolvidos enquanto secretário de segurança pública, Temer criou, em 1985, os conselhos comunitários de segurança. Foi também responsável por instituir a primeira delegacia da mulher no Brasil.

PRIMEIROS PASSOS COMO PARLAMENTAR

Trabalhando com o governador de São Paulo Franco Montoro, ele confidenciou ao então chefe que queria seguir o caminho para participar da Assembleia Nacional Constituinte, que aconteceu em 1986. Montoro o incentivou a ir em frente.

O projeto foi colocado em andamento. Ele elegeu-se deputado constituinte pelo PMDB e teve posição moderada. Conseguiu reeleger-se deputado federal sempre pelo mesmo partido e se licenciou na década de 1990 para voltar a ser secretário de Segurança Pública de São Paulo, no mandato de Fleury Filho.

Ele assumiu o posto logo depois que houve o massacre do Carandiru, quando 111 detentos morreram depois de a Polícia Militar entrar no presídio para conter rebelião.

Então vice-presidente, Temer visita instituto de Neymar. Foto - Anderson Riedel / Ascom / VPR

VIDA PÚBLICA

Michel Temer tornou-se procurador do Estado em São Paulo em 1970 e oito anos depois ocupou o cargo de procurador-chefe da Empresa Municipal de Urbanização. Sua filiação ao PMDB aconteceu em 1981 e Franco Montoro o nomeou procurador-geral do Estado em 1983.

Ao costurar a proximidade do PMDB com o PT, conversando com Luiz Inácio Lula da Silva, a parceria dos partidos foi selada para concorrer à eleição para presidente em 2003.

O então vice-presidente realizou encontros com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com o da Rússia Dimitri Mevedev e com o chinês Hu Jin Tao. As reuniões foram para discutir a segurança nuclear mundial.

Ele preside ainda os fóruns internacionais da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Cooperação e Concertação e da Comissão de Alto Nível de Cooperação Brasil-Rússia.

Michel Temer atuou, por exemplo, na negociação com o mercado russo para liberação da venda de carne brasileira, em 2011. Com os chineses, ele vem mantendo conversas com o vice-primeiro ministro Wang Qishan para aprimorar as questões comerciais para controlar o fluxo de produtos chineses exportados para o Brasil.

"BELA, RECATADA E DO LAR"

Discreto como vice-presidente, quem roubou a cena mesmo em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff foi a mulher de Temer, a ex-modelo Marcela.

Os dois se casaram quando ela tinha 19 anos e ele, 63. A ex-miss Paulínia (SP) é formada em direito e não seguiu a carreira porque quando prestaria a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) teve o filho do casal.

A diferença de idade chamou a atenção da imprensa e na posse do segundo mandato de Dilma, Marcela apareceu em destaque em fotos que retratavam os três.

Neste ano, foi feito o perfil da esposa de Temer pela revista Veja. A descrição "bela, recatada e do lar" surgiu na matéria e gerou repercussão por remontar um modelo de submissão da mulher.

Michel Temer discursa ao lado de Carla Stephanini, André Puccinelli, Carlos Marun e Eduardo Rocha. Foto - Valdenir Rezende / Correio do Estado

RELAÇÃO COM MATO GROSSO DO SUL

O agora presidente interino tem uma relação relativamente próxima com o Estado. Correligionário do ex-governador André Puccinelli, ele já veio a Campo Grande tanto para reuniões do PMDB como também para acompanhar ações de segurança na região de fronteira.

Amigo de Puccinelli, Temer o convidou para acompanhar o processo de votação da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff (PT) no Senado a partir de Brasília. A conversa aconteceu pouco antes da casa do ex-governador ser alvo de mandado de busca e apreensão durante 2ª fase da Operação Lama Asfáltica, deflagrada na terça-feira (3).

Há ainda discussões entre o PMDB local e Temer para que o Estado tenha representante no novo governo federal.

FORMAÇÃO E ORIGEM

Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu em Tietê (SP) em 23 de setembro de 1940, é caçula de oito irmãos e gosta de reafirmar é de família católica. Seus pais migraram de Betabura, região de El Koura, no norte do Líbano, em 1925.

Ele formou-se em direito no Largo do São Franscico (1963), faculdade da Universidade de São Paulo onde Janaina Paschoal, uma das signatárias do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, é professora. Tem título de doutor em direito pela Pontíficia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Ele é autor de livros que tratam sobre direito constitucional. Entre os títulos estão Constituição e Política, Territórios Federais nas Constituições Brasileiras e Seus Direitos na Constituinte e Elementos do Direito Constitucional.

NA PRESIDÊNCIA

Michel Temer faz visita à OperaçãoÁgata Sul. Foto - Andreson Riedel / Ascom / VPR

 

 

Antes de ser substituto direto de Lula e Dilma Roussef, Michel Temer ocupou a cadeira, de forma interina, por duas vezes. 

De 27 a 31 de janeiro de 1998 e em 15 de junho de 1999, quando era presidente da Câmara e precisou ser alavancado para o posto devido a ausência dos suplentes superiores.

Como presidente da Câmara, em seu terceiro mandato, deu novo entendimento com relação às medidas provisórias, que eram recorrentes no então governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Temer ofereceu nova interpretação constitucional e conseguiu impedir o trancamento da pauta por MPs editadas pelo Executivo.

LEGISLATURA

1987-1991, 1991-1995, 1995-1999, 1999-2003, 2003-2007 e 2007-2011.

MANDATOS

Deputado Federal (Constituinte), 1987-1991, SP, PMDB; Deputado Federal (Congresso Revisor), 1993-1995, SP, PMDB; Deputado Federal, 1995-1999, SP, PMDB; Presidente da República (Interino), 27/01/1998-31/01/1998; Presidente da República (Interino), 15/06/1999; Deputado Federal, 1999-2003, SP, PMDB. Dt. Posse: 01/02/1999; Deputado Federal, 2003-2007, SP, PMDB. Dt. Posse: 01/02/2003; Deputado Federal, 2007-2011, SP, PMDB. Dt. Posse: 01/02/2007; Vice-Presidente da República para o mandato 2011-2014. Posse: 01/01/2011.

PROJETOS APROVADOS COMO DEPUTADO

De Combate ao Crime Organizado (Lei Nº 9034195)
De Criação dos Juizados Especiais (Lei Nº 9099/95)
Do Código de Defesa do Consumidor – ANC
Da Garantia do Direito de Voto dos Cabos e Soldados – ANC
Da Inviolabilidade dos Advogados no Exercício da Profissão - ANC

QUER FALAR COM TEMER?

Michel Temer disponibiliza um email de contato direto com ele: [email protected].

Dilma Rousseff despede-se de Michel Temer ao embarcar para Montevidéu, em 2011. Foto - Roberto Stuckert Filho / PR

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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