Política

Política

CPI do Cachoeira vaza na internet

CPI do Cachoeira vaza na internet

r7

13/05/2012 - 07h00
Continue lendo...

Na mesma semana em que mais uma atriz viu sua intimidade exposta na internet, deputados e senadores decidiram tornar secretas as primeiras reuniões da CPI mais explosiva desde o escândalo do mensalão, de 2005.

Preocupados com o sigilo das informações colhidas pela Polícia Federal, os parlamentares montaram um esquema para blindar os trabalhos da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em duas sessões com portas fechadas, realizadas na terça (8) e na quinta-feira (10), o Congresso ouviu os delegados que conduziram as apurações.

Mas, apesar do bloqueio, dados das operações da PF que servem de base para os trabalhos da CPI vazaram e foram parar na internet. A quebra do sigilo deixou no ar uma pergunta: com a popularização da internet e a chegada das redes sociais, que permitem compartilhar conteúdo em velocidade inédita, é possível manter em segredo um assunto de tamanha importância?

Nos últimos dias, a internet mostrou seu poder para furar a privacidade. Na sexta-feira da semana passada (4), fotos da atriz Carolina Dieckmann nua caíram na rede depois que seu computador foi invadido por um hacker. Em questão de minutos, as imagens se espalharam e foram parar até em sites estrangeiros.

Enquanto a privacidade alheia era debatida nas redes sociais, os parlamentares blindavam as sessões da CPI e tentavam proteger as informações do caso Cachoeira em uma sala montada no Senado com um rígido esquema de segurança.

Como o processo corre sob segredo de Justiça, os deputados e senadores alegaram que era necessário proteger o resultado das apurações já feitas pela polícia.

O pedido para trancar as portas das primeiras sessões da comissão, em que foram ouvidos os delegados Raul Alexandre Marques Sousa e Matheus Mella Rodrigues, partiu do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) e da senadora Kátia Abreu (PSD-TO).

Eles evocaram o ministro do STF Ricardo Lewandowski, que liberou os dados em poder da Corte com uma advertência: “observar as restrições de publicidade inerentes aos feitos sob segredo judicial” e “manter o rígido sigilo na prestação de informações de qualquer material desta investigação parlamentar”.

Por 17 votos contra 11, o pedido foi aceito, mas não sem protesto, como o do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que saiu dizendo que “o conteúdo vazaria de qualquer maneira”.

Para a cientista política Maria do Socorro Souza Braga, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), a internet tornará cada vez mais difícil a tarefa de deixar a população longe das CPIs.

Ela lembra que até um dos inquéritos analisados pela comissão vazou primeiro na web. O site Brasil 247 anunciou a publicação de 40 gigabytes de informações da operação Monte Carlo da seguinte forma: “saiba aqui o que nem a CPI sabe”.

Para Maria do Socorro, a circulação das informações na internet podem ajudar a opinião pública a interferir diretamente na condução das investigações no Congresso.

— Isso será possível no médio prazo, mas vai depender da organização das redes. Como a internet tem uma linguagem informal, os jovens poderão se aproximar da política.

A cientista diz que se trata de uma “forma de democracia participativa direta, quase como um plebiscito”.

— Pela internet, as pessoas poderão pressionar partidos, bancadas. À medida que o cidadão percebe que esse meio pode ser mais rápido para pressionar, ele vai aderir.

Ao R7, o senador Paulo Davim (PV-PR), que votou contra o fechamento das sessões da CPI, afirmou que manter o sigilo em tempos de internet “é um contrassenso”.

— As informações acabam vazando. É difícil segurar o sigilo. Sempre há um comentário do membro [da CPI] com alguém que trabalha com ele, ou com a família. O risco são as informações que foram mal ouvidas e mal interpretadas vazarem. Pode acontecer um mal entendido.

Enquanto políticos tentam blindar uma CPI e a atriz reclama do fim de sua privacidade, há quem adore os holofotes proporcionados pelo ambiente virtual.

Também na semana passada, a terapeuta ocupacional Sabrina Ferigato, de 30 anos, ficou conhecida por compartilhar o nascimento de seu filho na internet. O objetivo era propagar a ideia do “parto humanizado”. O vídeo já foi visto por mais de 2 milhões de pessoas. 

TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

Continue Lendo...

À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

Assine o Correio do Estado

POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

Continue Lendo...

A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).