Política

SEM CONSULTA

Deputado federal de MS empregava secretário com mandado de prisão

Trata-se do arquiteto Leonardo Scardini, que é especialista em Infraestrutura, Gestão de Obras e Políticas Públicas

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O deputado federal sul-mato-grossense Dagoberto Nogueira (PSDB) nomeou para compor sua equipe de trabalho parlamentar na Câmara dos Deputados um assessor com mandado de prisão em aberto.

Trata-se do arquiteto Leonardo Scardini, que é especialista em Infraestrutura, Gestão de Obras e Políticas Públicas e atuava no escritório de apoio do parlamentar no Estado.

O servidor comissionado exercia a função de secretário parlamentar e foi nomeado em março de 2023, com remuneração mensal bruta de R$ 5.200,78, tendo sido exonerado na segunda-feira (18), depois que veio a público a informação de que ele tinha um mandado de prisão em aberto.

A denúncia foi feita pelo Estadão, que obteve a informação após cruzar as bases de dados de servidores comissionados da Câmara dos Deputados, cujo número de funcionários ultrapassa 11 mil, e do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), que atualmente contabiliza mais de 250 mil ordens pendentes de cumprimento.

Os casos identificados pelo Estadão ilustram como a falta de comunicação entre órgãos públicos permite que pessoas com pendências no sistema de Justiça exerçam livremente as suas atividades e até recebam salários de instituições estatais sem serem identificadas e levadas a responder por seus atos.

O Estadão entrou em contato com os gabinetes de 187 deputados federais que empregam esses funcionários e solicitou o envio dos comprovantes de “nada consta” no BNMP.

A Câmara dos Deputados não fornece nenhum dado pessoal além do nome, o que impede a checagem desses comissionados, enquanto o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) exige dados como CPF, nome da mãe e nome do pai para diferenciar os acusados.

Após o contato da reportagem, 94 comissionados não tiveram as suas declarações de regularidade no CNJ enviadas pelos deputados federais, ou seja, é possível que o número de secretários parlamentares com mandados de prisão seja superior aos três localizados pela reportagem.

Além de Dagoberto Nogueira, os deputados federais Josivaldo JP (PSD-MA) e Luciano Alves (PSD-PR) também tinham comissionados com mandados de prisão em aberto.

No caso de Leonardo Scardini, ele é alvo de mandado de encarceramento por um crime recorrente entre homens no Brasil, ou seja, pendência no pagamento de pensão alimentícia. O mandado de prisão dele foi expedido no dia 30 de maio deste ano, pela 2ª Vara de Família e Sucessões de Campo Grande.

Acusado de atrasos no pagamento da pensão, ele recebe R$ 4.289,38 líquidos por mês como secretário parlamentar de Dagoberto Nogueira, além de R$ 1.784,42 em auxílios.

Procurado pela reportagem, o deputado federal sul-mato-grossense afirmou que, ao ter tomado ciência dos fatos a partir do contato jornalístico, determinou a “imediata exoneração” do comissionado.

“Reafirmo meu compromisso com a defesa das mulheres, causa que sempre pautei em minha trajetória parlamentar”, afirmou Dagoberto Nogueira, entretanto, não respondeu aos questionamentos sobre o processo de contratação de Leonardo Scardini e o monitoramento da situação judicial dos servidores vinculados ao seu gabinete.

O deputado federal sul-mato-grossense se restringiu a dizer que, “por se tratar de uma questão de natureza pessoal e alheia às funções desempenhadas no exercício do cargo, não cabe a mim comentar os desdobramentos além das providências já adotadas”. O comissionado também foi procurado por meio do gabinete, mas não respondeu.

Ao ser questionada sobre esses casos, a Câmara dos Deputados respondeu que não há integração entre as bases de dados de servidores e os repositórios mantidos por outros órgãos públicos, como o CNJ, que mantém o BNMP.

“Não há previsão na legislação brasileira de busca de antecedentes criminais e de mandados de prisão em aberto para a nomeação e/ou a posse em cargo em comissão. O que a lei exige, entre outras coisas, é que o nomeado esteja no pleno gozo de seus direitos políticos, que podem estar suspensos em casos de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos, ou em casos de condenação por improbidade administrativa. No caso desta Casa de Leis, ao ser investido em cargo em comissão, o indicado assina documento declarando se responde a processos judiciais criminais”, explicou.

Política

STF forma maioria de votos contra marco temporal de terras indígenas

Os seis votos foram dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli

17/12/2025 18h15

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Até o momento, a Corte tem placar de 6 votos a favor e nenhum contra a restrição às demarcações. A maioria foi formada pelos votos dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam quatro votos.

A votação virtual começou na segunda-feira (15) e fica aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

Luta contra o marco temporal

Em 2023, o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo voltou a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

Mato Grosso do Sul

A decisão interessa, principalmente, o Estado de Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior população de indígenas do país. De acordo com último Censo, divulgado pelo IBGE em 2022, Mato Grosso do Sul saiu de 77.025 originários em 2010 para 116.346 mil. A população de MS fica atrás apenas do Amazonas (490,8 mil) e da Bahia (229,1 mil).

Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande (18.439), Dourados (12.054), Amambai (9.988), Aquidauana (9.428) e Miranda (8.866).

Do total de indígenas em MS, 68.534 mil pessoas moram em terras indígenas, e outros 47.812 residem fora.

A Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população residente indígena do País, com um total de 13.473 mil. 

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FAMÍLIA RAZUK

Um dia após ser condenado a perda do mandato, deputado Neno vota à distância na Assembleia

Com isso, não comparecendo à assembleia, Razuk não correu o risco de ser notificado da condenação ou da perda do mandato

17/12/2025 15h00

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira Marcelo Victor/Correio do Estado

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL) foi condenado ontem (16) pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, por ser indicado como chefe de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho. 

No entanto, a condenação não impedia o deputado de comparecer à Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17) para a última plenária do ano. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu à Casa e participou da votação das cinco propostas aprovadas na ALEMS. 

Mesmo com a sentença, Razuk terá o direito de recorrer à decisão em liberdade. Ao Correio do Estado, o advogado André Borges, da defesa do parlamentar, afirmou que vai recorrer da sentença e que o "processo está longe de encerrar". 

Com o não comparecimento na Assembleia, o deputado não correu risco de ser notificado da condenação e nem prestar esclarecimentos à imprensa. 

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira O voto do deputado apareceu durante as deliberações das propostas na última sessão plenária da ALEMS de 2025 nesta quarta-feira (17) / Fonte: Reprodução

Sentença

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que Neno Razuk seria o líder de uma organização criminosa que estaria praticando, de forma intensa, as práticas em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagradas em 2019 pelo MPMS contra as milícias armadas. 

Segundo as investigações, após as prisões, a família Name teria vendido seus pontos "na marra" e com uso de violência para um grupo de São Paulo, em uma tentativa de roubo a um malote do jogo do bicho que chamou a atenção das autoridades para investigar a situação. 

No documento que decretou 20 prisões preventivas de alvos da quarta fase da Operação Successione e 27 mandados de busca e apreensão, no mês passado, a família Razuk é "conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito". 

Além do crime da jogatina ilegal, também foram citados os de "assalto à mão armada e lavagem de dinheiro", especialmente na região de Dourados. 

Nas investigações da Gaeco, o clã da família Razuk tinha o plano de expandir a organização criminosa para o estado de Goiás. 

Segundo a averiguação dos fatos, o grupo realizava estudos com o apoio de organizações do estado goiano, como investidores e figuras influentes, para derrubar a liderança local da jogatina, que era comandado por Carlinhos Cachoeira, um bicheiro local.  

Com um financiamento de R$ 30 milhões de um investidor ainda não identificado, a missão era levar a uma "guerra pelo controle do jogo do bicho que atingiria ambos os Estados", como consta na investigação. 

As penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), além da perda de mandato do deputado estadual Neno Razuk.

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