Política

NA BERLINDA

Deputados dizem que acabou a cota de "aberrações" de João Henrique Catan

O presidente da Assembleia Legislativa mandou recado ao parlamentar, dizendo que "lacração" não vai pautar a Casa

Continue lendo...

A reincidência do deputado estadual João Henrique Catan (PL) em colocar a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) em situação vexatória nacionalmente provocou a revolta dos parlamentares com mais tempo de Casa, conforme apurou o Correio do Estado.

Segundo deputados estaduais ouvidos pela reportagem, o pronunciamento feito na terça-feira (7), na tribuna da Alems, exibindo o livro “Mein Kampf” – “Minha Luta”, em português –, do ditador nazista alemão Adolf Hitler, foi a “última aberração” cometida pelo parlamentar dentro da Casa de Leis que passará sem punição, pois a próxima custará seu mandato.

Eles ressaltam que, em maio do ano passado, o deputado fez disparos com uma pistola, diretamente de um estande de tiros, durante uma sessão remota, enquanto votava pela aprovação de um projeto de lei de sua autoria, que legitimava os colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) como atividade de risco.

Na ocasião, enquanto anunciava os argumentos de seu voto, Catan disparou sua pistola várias vezes e afirmou que os disparos eram uma “advertência ao comunismo”.

Ele acabou apenas sendo repreendido pelo então presidente da Casa de Leis, deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), e o Conselho de Ética não chegou a ser acionado para analisar o comportamento lamentável do parlamentar.

“LACRAÇÃO”

Agora, mais uma vez, o atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Gerson Claro (PP), apenas deu um recado ao parlamentar, enfatizando que o parlamento estadual não será pautado pela “lacração” das redes sociais, nem se posicionará em busca de engajamentos ou likes. 

“Vamos manter esse padrão e não se pautar pela lacração da Internet. Quem tiver manifestação contrária, procure as vias ordinárias. Aqui exigimos o rigor da Constituição e do Regimento Interno”, acrescentou.

Ele ainda completou que repudia qualquer manifestação que contrarie os fundamentos da democracia. “A Constituição Federal, que os deputados juraram respeitar ao tomarem posse, é o livro que nos orienta, a Carta Magna na qual estão os fundamentos da nossa democracia”, declarou Gerson Claro.

O pronunciamento do presidente da Alems foi feito diante da repercussão, nas redes sociais e na imprensa local e nacional, depois que Catan levou à tribuna um exemplar da autobiografia de Adolf Hitler para fazer uma analogia do regime nazista do ditador alemão com a postura contrária do governo do Estado à aprovação de um requerimento em que pedia a relação dos servidores comissionados contratados. 

Setores políticos da esquerda interpretaram o gesto como apologia ao nazismo e houve até quem cobrasse um posicionamento do Conselho de Ética do Legislativo para avaliar uma possível quebra de decoro, que ensejaria até a cassação de mandato. 

No entanto, Gerson Claro definiu como “infeliz” a utilização do livro como peça retórica do parlamentar, por se tratar de uma obra de apologia ao nazismo, “um período que envergonha a história da humanidade”, mas não identificou na manifestação do deputado nada que significasse defesa do regime totalitário implantado por Hitler na Alemanha.

Ele ainda garantiu que quaisquer denúncias de possíveis irregularidades referentes à declaração de Catan serão devidamente apuradas pela Corregedoria ou pela Comissão de Ética. Equipes da Comissão de Ética e Corregedoria ainda não estão formadas, mas, conforme apurado pelo Correio do Estado, os novos nomes devem sair nas próximas semanas.

“Qualquer denúncia de possível irregularidade no que tange às declarações do parlamentar estadual será devidamente apurada ou pela Corregedoria, de acordo com o Artigo 366 do Regimento Interno, ou pela Comissão de Ética, que é competente para instauração de processo disciplinar nos termos previstos no Código de Ética e no regimento interno desta casa”, explicou.

SEM APOLOGIA

O parlamentar destacou ainda que o compromisso do Legislativo é trabalhar pelo desenvolvimento do Estado, cobrar e contribuir para viabilizar obras e projetos que melhorem a qualidade de vida da população. Na mesma linha do presidente da Alems, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) afirmou que o parlamentar não fez apologia ao nazismo. 

“Fui muito procurado pela imprensa e esclareci que o que estava sendo divulgado não correspondia ao que aconteceu na Assembleia. Precisamos ser honestos. Se tivesse apologia, seria o primeiro a acionar a Comissão de Ética”, disse, ressalvando a infeliz comparação com o livro nazista e qualquer outra obra que incita o ódio.

Já o deputado estadual Amarildo Cruz (PT) usou a tribuna para dizer que está preocupado com a banalização do mal a qualquer custo.

“Não assistimos a uma apologia direta ao nazismo, mas indiretamente provocou uma grande discussão. No Brasil, nos últimos quatro anos, as células de nazismo cresceram de 72 para 1.117. Isso me incomoda muito e não podemos tolerar isso. O parlamento precisa discutir parâmetros e limites para que isso não aconteça mais”, pontuou.

Para a deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), a atitude de Catan foi “descabida”. A parlamentar ressaltou que Riedel é uma pessoa extremamente democrática.

“Tudo o que ele [Riedel] quer é acertar e poder trazer o desenvolvimento para o Estado. Então, é descabida essa comparação”, disse, destacando que todos têm o direito de liberdade de expressão, desde que não firam os princípios do outro.

“O deputado tem a sua competência de poder falar e de colocar seu pensamento e ponto de vista, mas acho que foi um exagero. Eu acho que merece uma reflexão do próprio deputado, para que ele reavalie os seus posicionamentos. O plenário dá essa condição ao deputado de manifestar os seus pareceres, as suas opiniões, desde que respeite a liberdade do outro”, defendeu.

Por sua vez, João Henrique Catan disse que muitos veículos da imprensa publicaram notícias que não correspondem com a verdade e que procurará a Justiça. “Em um ato covarde e desrespeitoso, publicaram que exaltei Adolf Hitler. Alguns apagaram até os links, mas vou até o fim em busca de justiça”, atacou.

OPOSIÇÃO IRRACIONAL

Porém, para outros colegas de parlamento, João Henrique Catan está fazendo uma oposição irresponsável e, nesse sentido, está se perdendo, buscando apenas a “lacração” em vez de trabalhar. Além disso, a atuação parlamentar do deputado estadual acaba manchando a direita no Estado.

Na sessão de ontem, ele teria novamente se comportado de maneira desrespeitosa, ao criticar um projeto de lei apresentado pelo Executivo estadual. Catan foi repreendido pelo colega de partido, deputado estadual Coronel David (PL), que pediu para ele retirar a expressão “sandice”, mas ele se negou.

O parlamentar havia se referido de forma genérica a um projeto que beneficia os policiais e os bombeiros miliares, classificando como “mais uma sandice do Executivo”. A reportagem questionou Coronel David sobre o posicionamento do colega, mas ele não quis se manifestar. “O que eu disse na sessão já foi o suficiente”.

PROVÁVEL PUNIÇÃO

Segundo o advogado Douglas de Oliveira, especialista em Direito Eleitoral e mestre e doutorando em Direito, se verificado que a atitude do parlamentar de alguma forma foi incompatível com o decoro parlamentar, a Assembleia Legislativa poderá instaurar um procedimento disciplinar.

“Após a devida instrução pelo Conselho de Ética da Casa de Leis, caso se apure quebra de decoro, poderá haver: 1 – censura verbal ou escrita; 2 – suspensão de prerrogativas regimentais; 3 – suspensão temporária do exercício do mandato; 4 – perda do mandato”, detalhou, ressaltando que a Lei Federal nº 7.716 proíbe a divulgação do nazismo no Brasil.

Douglas de Oliveira ainda pontuou que a análise sobre a fala do deputado e o comportamento, se for aberto procedimento disciplinar, será feita pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa. “Portanto, isso dificulta interpretação pessoal da minha parte, pois caberá ao conselho avaliar”, finalizou.

Assine o Correio do Estado

ACEITOU

Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

Continue Lendo...

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

Continue Lendo...

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).