Política

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Drama familiar ganha cores diferentes em "À deriva"

Drama familiar ganha cores diferentes em "À deriva"

Redação

13/03/2010 - 07h24
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Ambientada em Búzios e no Arraial do Cabo, na década de 80, “À deriva”, de Heitor Dhalia, é uma interessante crônica, de linguagem absorvida de alguns cineastas modernos franceses, sobre uma crise familiar vista pelo olhar perscrutador e inquietante de uma garota adolescente que, como que se admite, seria o alter ego do realizador pernambucano. O excelente manejo de câmara feito por Ricardo Della Rosa, que capta as imagens rentes aos atores, enquadrando-os, quase sempre, em planos fechados, dá bem noção da inquietação da protagonista, Filipa (Laura Neiva), então experimentando a difícil fase de erupção sexual, da passagem da adolescência para a idade adulta. Filipa é a mais velha dos três irmãos, filhos do escritor Matias (Vincent Cassel) e da professora Clarice (Débora Bloch), que constituem uma família de classe média alta paulistana. Apesar das aparências – mesmo as de ordem econômica, pois que, para quem vive apenas de escrever, absolutamente fora da realidade brasileira –, o casal se encontra em conflito, passando o verão numa bela casa de praia em Búzios. A temporada no litoral, ao que se percebe, teria sido arquitetada como resultante de um esforço empreendido principalmente por Matias, que não só deseja concluir um novo livro, longe das turbulências da capital paulista, como quer também reconquistar a felicidade, já perdida, da família. A curiosidade de Filipa pela situação que enfrentam os pais – ela, às vezes, surpreende a mãe chorando ou entregue à bebida - é despertada pela ocorrência de um crime passional, envolvendo os donos de uma casa vizinha, que ficara marcada por manchas de sangue. A vítima, a mulher, muito bonita, segundo as fotos estampadas nos jornais, fora flagrada em adultério pelo marido. Durante um jantar oferecido a um casal amigo, Matias, ao comentar, sob duras críticas de Clarice, o argumento de seu novo livro, oferece indicações do que realmente acontece entre ele a mulher. Mas Filipa não percebe isso. Ela só identifica, mais tarde, que Matias frequenta a casa de uma americana, Ângela (Camilla Belle), de quem é amante. Paralelamente ao drama familiar, Filipa procura criar um outro próprio, tentando subjugar aos seus anseios e caprichos um garoto, Antonio (Max Huzar), integrante de uma turma de jovens que, com ela, se divertem pela praia. E em sequências planejadas apenas para criar suspense – pontilhadas por um adequado comentário musical de Antônio Pinto –, Filipa penetra na casa de Ângela, mexe em seus guardados e, depois, cautelosa, vai ao escritório do pai a fim de lhe tirar o revólver da gaveta e dar um sumiço nele. O que se destaca no trabalho de Dhalia (“Cheiro de ralo), como diretor e roteirista, é a maneira com que ele prepara e explora o trabalho dos atores, principalmente o da estreante Laura Neiva, intérprete de Filipa, descoberta pela internet, que tem talento nato de atriz, ainda livre dos vícios da televisão. Ela é, por assim dizer, em termos de atuação, a luz que ilumina o filme, apresentado no Festival de Cannes. Débora Bloch dissimula bem o segredo de Clarice. Camilla Belle é bonita, mas inexpressiva. E Vincent Cassel, falando fluentemente o português, se apresenta numa boa interpretação como Matias, um pai extremado, que, apesar de mulherengo, deseja manter a integridade da família, muito embora não seja esse um papel que corresponda ao gênero que faz no cinema francês. Na cena final, que é também a inicial da película, Cassel exprime algo mais do que está na imagem, mas na cabeça de Matias.

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Adriane Lopes entra na Justiça para reverter aumento de 96% do próprio salário

A prefeita de Campo Grande ingressou, nesta quarta-feira (15), com um pedido de suspensão da lei que aumenta o salário dela de R$ 21,2 mil para R$ 41,8 mil a partir de fevereiro

16/01/2025 17h00

Arquivo Correio do Estado

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Após ter um aumento de salário de 96,8%, por meio de medida aprovada no dia 28 de fevereiro de 2024 na Câmara Municipal de Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes (PP) ingressou na Justiça com uma ação na tentativa de barrar o reajuste.

Como acompanhou o Correio do Estado, a medida foi aprovada no ano anterior por 26 votos favoráveis e dois contrários. Com isso, no primeiro mês do segundo mandato, o salário da prefeita passará de R$ 21.263,62 para R$ 41.845,48.

Além do salário dela, todo o primeiro escalão e vários servidores de diversas secretarias também terão direito ao reajuste salarial. Com a enxurrada de críticas, a chefe do Executivo Municipal chegou a se opor ao próprio aumento e sugeriu que recorreria à Justiça para tentar impedir o reajuste.

Caso não conseguisse, pretendia manter o salário atual de R$ 21.263,62 e doar o restante para instituições das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social.

No texto da ação direta de inconstitucionalidade, foi apresentado o projeto de autoria da Mesa Diretora da Câmara, que também aumenta os seguintes salários:

  • Prefeito(a): R$ 41.845,48
  • Vice-prefeito: R$ 37.658,61
  • Secretários Municipais: R$ 35.567,50
  • Dirigentes de autarquias: R$ 35.567,50

"É importante destacar que o projeto de lei que fixou os subsídios é de competência exclusiva da Câmara Municipal de Campo Grande, conforme previsão contida no artigo 23, inciso VII, da Lei Orgânica do Município, e no inciso V, do parágrafo único do art. 152, do seu Regimento Interno."

Embora a Constituição Federal permita que os subsídios de prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais sejam fixados por lei da Câmara Municipal, a alegação é de que não houve estudo sobre o impacto orçamentário-financeiro.

"Como se vê no documento anexado à f. 13 do Projeto de Lei n.º 10.879/2023, ele não traz qualquer informação sobre a estimativa do impacto orçamentário-financeiro do aumento dos subsídios no exercício de 2025, considerando a sua vigência a partir de 1.º deste ano, e muito menos dos dois anos subsequentes. Isso caracteriza expressamente o vício apontado, uma vez que o documento anexado não cumpre o regramento do artigo 113 da ADCT."

Ainda, segundo o procurador-geral do município, Marcelino Pereira da Silva, o intuito da medida cautelar contra o aumento salarial tem como base os prejuízos que podem acabar sendo causados à economia do município, afetando desde a reestruturação de órgãos municipais até a aplicação de verbas em outros setores de interesse da população.

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PREFEITURA

Com pouco dinheiro em caixa, Dourados pode atrasar salários

O prefeito prometeu conseguir recursos para quitar a folha deste mês até o dia 30, ou seja, antes do 5º dia útil de fevereiro

16/01/2025 08h00

O prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), enfrenta problemas com as despesas do município

O prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), enfrenta problemas com as despesas do município Foto: Divulgação

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Com quase 10 mil servidores públicos, entre ativos e inativos, a prefeitura municipal de Dourados não tem até o momento recursos necessários para honrar os R$ 52 milhões referentes à folha de pagamento deste mês do funcionalismo – que tem de ser quitada até o quinto dia útil do mês que vem.

“Hoje, não tem dinheiro para pagar, mas vou conseguir. Não vou deixar atrasar o salário e pretendo pagar dentro deste mês ainda”, disse ontem o prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), ao Correio do Estado, revelando que pegou o Executivo municipal com o cofre praticamente vazio.

Para honrar o compromisso, o gestor tucano deve deixar de pagar os fornecedores e, além disso, suspendeu todas as contratações e exonerou mais de 600 comissionados: “A verdade é o seguinte, não precisa desse número enorme de comissionados que tinha. Isso é fato”.

Segundo ele, “o serviço público, de uma forma geral, se acostumou a tratar a prefeitura como se fosse a ‘Casa da Mãe Joana’”.

“Todo mundo vai para lá, mesmo não tendo serviço, mesmo não tendo trabalho, só para ganhar o salário no fim do mês, indicado por fulano ou por ciclano. Isso na minha administração não vai existir”, avisou o prefeito.

Outra medida para equilibrar as contas do Executivo municipal será a revisão de projetos da antiga gestão e de contratos de empréstimo, como os que foram feitos com o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).

COFRE VAZIO

O Correio do Estado apurou que, atualmente, a prefeitura de Dourados tem no cofre cerca de R$ 15 milhões, ou seja, há um deficit de R$ 37 milhões. Portanto, para conseguir saldar a folha deste mês do funcionalismo, o chefe do Executivo terá de levantar o restante com a arrecadação própria.

A princípio, Marçal Filho espera boa parte desse montante via pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da parcela que o governo estadual repassa do pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Com esses recursos, o prefeito espera depositar o pagamento do salário deste mês dos servidores até o dia 30 para ser sacado no dia seguinte, mesmo tendo até o dia 7 de fevereiro para efetuar o pagamento.

A reportagem levantou que o montante de R$ 15 milhões poderia ser maior, porém, o Executivo municipal teve de pagar, na terça-feira, R$ 7.812.726,30 para a Fundação de Serviços de Saúde de Dourados (Funsaud), que administra o Hospital da Vida e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas.

Parte do dinheiro foi usado para pagar a folha de dezembro do ano passado dos 712 servidores, mais médicos e prestadores de serviço – cerca de R$ 1,6 milhão –, enquanto o restante – R$ 6,2 milhões – foram para o custeio das duas unidades de saúde e compra de insumos.

O Correio do Estado apurou que o ex-prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) teria deixado para o atual prefeito cerca de R$ 160 milhões de dívidas para serem pagas a curto prazo, incluindo restos a pagar, como encargos previdenciários e consignados, bem como a Funsaud.

No caso específico da Funsaud, a atual gestão municipal teve de habilitar os novos responsáveis junto às instituições financeiras e ao Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), caso contrário, os servidores, os médicos e os prestadores de serviços continuariam sem receber a folha de dezembro.

De acordo com levantamento da reportagem, a dívida da Funsaud estaria em torno de R$ 100 milhões e, por isso, o prefeito deve solicitar uma auditoria para verificar o número de servidores necessários, bem como o rombo existente.

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