Após aceitar associação da Câmara da Capital, Jeovani Vieira diz que só tem direito a voto filiados há mais de seis meses
Mesmo sendo réu na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos por possíveis irregularidades na prestação de contas da União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS) relativa a 2021, além de ter uma condenação de mais de 15 anos de prisão na 1ª Vara Federal de Naviraí pelo crime de peculato, o atual presidente da entidade, Jeovani Vieira dos Santos (PSDB), manobra para tentar mais uma reeleição no pleito desta quarta-feira.
Caso as artimanhas adotadas pelo vereador de Jateí deem resultado, ele poderá continuar à frente da entidade por mais quatro anos, passando, dessa forma, quase 20 anos no cargo – função que já ocupa há mais de 10 anos.
Como parte desse plano, Santos vetou o retorno da Câmara Municipal de Campo Grande ao quadro de entidades associadas, o qual atualmente conta com apenas 29 das 79 Câmaras Municipais de Mato Grosso do Sul.
Entretanto, após o presidente da Casa de Leis da Capital, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, ingressar no dia 21 de fevereiro com uma ação de obrigação de fazer combinado com consignação em pagamento – com pedido de tutela de urgência e em desfavor da entidade – junto à 14ª Vara Cível de Campo Grande, o presidente da UCVMS recuou.
Diante da ação judicial, Santos acabou por aceitar o retorno da Câmara Municipal de Campo Grande ao quadro de associadas, do qual a Casa de Leis saiu em 2023 e pediu o retorno neste ano, pois o vereador Junior Coringa (MDB) é o candidato a vice-presidente na chapa de oposição ao atual presidente da UCVMS.
No entanto, Santos não deu ponto sem nó e mostrou ao jurídico da Câmara da Capital o regimento interno da entidade, o qual só permite direito a voto vereadores que têm mais de seis meses de filiação.
Portanto, com exceção de Junior Coringa e Neto Santos (Republicanos), os quais já tinham se filiado de forma avulsa no ano passado, os demais 27 parlamentares da Casa de Leis de Campo Grande não poderão votar.
Além disso, Papy informou ao Correio do Estado que essa não foi a única manobra de Santos para continuar no poder, pois, com medo de uma eventual derrota no pleito deste ano, ele já tinha alterado o regimento interno da UCVMS em 2024, a fim de que ex-vereadores também tenham dinheiro a voto.
Ainda, de uma tacada só, filiou 140 ex-parlamentares para que possam votar nele para presidente. Papy disse que recorreu à Justiça para lutar pelo direito de voto dos vereadores de Campo Grande, ainda mais porque colegas da Casa de Leis estão na chapa de oposição.
“O atual presidente manobrou para que fôssemos impedidos de votar. Jeovani Vieira dos Santos mudou diversas vezes o estatuto e, além de permitir que ex-vereadores possam votar, também impediu que vereadores eleitos para o primeiro mandato possam participar do pleito. Um total absurdo”, lamentou.
O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande reforçou que todas essas manobras do atual presidente da UCVMS são “uma vergonha”.
“Tudo isso para continuar à frente da entidade e, dessa forma, ter poder de barganha política junto à bancada federal do Estado no Congresso Nacional, bem como junto à Assembleia Legislativa e ao governo estadual. Porém, na política, como diz o ditado, quem pode mais chora menos”, reclamou Papy.
SAIBA
A União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS) realiza nesta quarta-feira, em sua sede (Avenida Hiroshima, nº 1.561, Bairro Carandá Bosque II, em Campo Grande), a eleição da diretoria para o quadriênio 2025-2028. Estão na disputa o atual presidente, o vereador de Jateí Jeovani Vieira (PSDB), tendo como vice o vereador de Dourados Sérgio Nogueira (PP), e o vereador douradense Daniel Júnior (PP) e seu vice, o vereador campo-grandense Junior Coringa (MDB).
Além de presidente e primeiro-vice-presidente, também serão escolhidos o segundo-vice-presidente, o secretário-geral, o primeiro e segundo-secretários, o tesoureiro, o primeiro e segundo-tesoureiros e os diretores de Patrimônio, Saúde, Eventos, Relações Públicas, Esportes, Assistência Social, Assuntos Municipais, Assuntos Especiais e Obras. Ainda, o suplente de diretoria e o conselheiro fiscal e seu suplente.
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