Política

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Israel pressiona, e governo Bolsonaro muda voto na ONU sobre direitos na Palestina

O Itamaraty determinou formalmente que a delegação se abstenha nos debates da representação

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O governo de Jair Bolsonaro (PL) cedeu a pressões de Israel e instruiu a missão do Brasil na ONU a mudar um voto relacionado à questão de direitos humanos na Palestina.

Em meados de novembro, na comissão de descolonização das Nações Unidas, o país votou favoravelmente à resolução intitulada "Práticas Israelenses que Afetam os Direitos Humanos do Povo Palestino no Território Palestino Ocupado".

Na reunião do colegiado, a redação foi adotada por 98 votos – foram ainda 17 contrários e 52 abstenções. Nesta segunda-feira (12), estava prevista a confirmação da votação no plenário da Assembleia-Geral, em Nova York.

De acordo com diplomatas ouvidos reservadamente pela reportagem, na maioria dos casos o Brasil mantém nessa instância o posicionamento adotado em comissões. O Itamaraty, porém, determinou formalmente que a delegação se abstenha nos debates da representação.

A votação, de toda forma, acabou adiada, porque o texto foi enviado para análise de outro colegiado, responsável por temas administrativos e orçamentários.

O Itamaraty foi procurado pela reportagem para comentar a ordem enviada por Brasília, mas não respondeu. A ordem para a mudança de voto gerou incômodo entre diplomatas, que afirmam que alterações do tipo entre a comissão e o plenário passam uma mensagem de falta de previsibilidade e confiança para outros países do sistema ONU.

Eles apontam ainda que o Brasil tem um histórico de voto favorável em resoluções com teor semelhante analisadas no passado. Em linguagem dura, o texto aprovado na comissão de descolonização demanda que Israel interrompa "todas as medidas contrárias à lei internacional [...no] território palestino ocupado".

Diz ainda que os israelenses devem deixar de adotar "legislação discriminatória, políticas e ações que violem os direitos humanos da população palestina, incluindo morte e ferimento de civis". Por fim, critica medidas como prisões consideradas arbitrárias, deslocamentos forçados e destruição e confisco de propriedades.

De acordo com pessoas que acompanham o tema, a pressão de Israel contra o texto foi redobrada devido à inclusão de um item que pede um parecer jurídico da Corte Internacional de Justiça.

A consulta ao tribunal visa responder a duas questões: "quais são as consequências legais da contínua violação por Israel ao direito de autodeterminação do povo palestino?" e "como as práticas e políticas de Israel afetam o status legal da ocupação e quais as consequências legais que se impõem para todos os Estados e para as Nações Unidas a partir desse status?"

A menção à Corte Internacional de Justiça foi criticada por Israel durante a análise do tema na comissão de descolonização. De acordo com um comunicado da ONU, o representante de Tel Aviv disse na ocasião que envolver a instância internacional "dizimaria qualquer chance de reconciliação entre Israel e palestinos", apontando ainda que "tais resoluções demonizam Israel e isentam os palestinos de qualquer responsabilidade pela sua situação atual".

O período Bolsonaro nas relações exteriores foi marcado pela adoção de uma linha pró-Israel nos temas do conflito no Oriente Médio discutidos em fóruns multilaterais. A adesão a teses israelenses foi mais aprofundada no período em que a chancelaria foi comandada pelo então ministro Ernesto Araújo.

Ainda na campanha presidencial de 2018, o atual presidente chegou a prometer mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém – cidade disputada, que Israel considera sua capital –, mas a ideia foi abandonada após forte oposição de países árabes e do agronegócio brasileiro.

A chegada de Carlos França ao comando do Itamaraty moderou o discurso. Embora não tenha abandonado a orientação de ficar mais próximo dos israelenses, o atual chanceler trouxe de volta às manifestações do Brasil uma linguagem abandonada por Ernesto.

Em maio de 2021, por exemplo, França pediu que o Exército de Israel exercesse "contenção máxima" num conflito na Faixa de Gaza e aceitou receber uma delegação de embaixadores árabes em Brasília –grupo que não teve interlocução com o ideologizado antecessor.

Política

Depois que aprovar a PEC da Segurança Pública, vamos recriar o ministério, diz Lula

Lula ainda reclamou da dificuldade de ministros em discutir a violência contra a mulher

17/12/2025 21h00

Presidente da República, Lula

Presidente da República, Lula Divulgação/Ricardo Stuckert

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, 17, que não discute segurança pública por falta de competências previstas ao governo federal. Segundo Lula, é necessária a aprovação da PEC da Segurança Pública para definir as atribuições do Planalto sobre o tema. Ele voltou a prometer a criação do Ministério da Segurança Pública caso a emenda constitucional passe pelo Congresso.

"Eu nunca quis discutir segurança pública porque não era papel do governo federal porque a Constituição não dá ao governo federal o direito de se interferir na segurança pública. (...) Por isso que eu quero aprovar a PEC, porque depois que aprovar a PEC, que definir o papel da União na questão da segurança pública, nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública", afirmou o presidente.

Lula ainda reclamou da dificuldade de ministros em discutir a violência contra a mulher. Segundo o petista, os ministros homens não conseguem discutir o tema com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes.

O presidente também declarou que os possíveis adversários dele em 2026 não possuem novidades para oferecer aos eleitores. "Quero saber quais as novidades que eles vão propor", declarou Lula.

 

Política

Ex-advogado de Bolsonaro é condenado por injúria racial

Prisão foi convertida em penas alternativas

17/12/2025 19h00

Advogado Frederick Wassef, ex-defensor de Jair Bolsonaro

Advogado Frederick Wassef, ex-defensor de Jair Bolsonaro Pedro França/Agência Senado

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A Justiça do Distrito Federal condenou nesta quarta-feira (17) o advogado Frederick Wassef, ex-defensor de Jair Bolsonaro, por injúria racial contra uma atendente de pizzaria.

O advogado foi condenado a 1 ano e 9 meses de prisão, convertida para penas alternativas, e ao pagamento de R$ 6 mil por danos morais.

Ele foi denunciado pelo Ministério Público após ofender a atendente. O episódio ocorreu no dia 8 de novembro de 2020, em Brasília. 

De acordo com o processo, Wassef chamou a funcionária de “macaca” após ficar insatisfeito com o sabor da pizza.

“Após ser atendido e concluir a refeição, o denunciado dirigiu-se ao caixa e disse para a vítima que a pizza estava uma merda, tendo ela dito que apenas ele teria reclamado. O denunciado retrucou, ofendendo a vítima com termos preconceituosos, nos seguintes termos: Você é uma macaca, você come o que te derem”, diz a denúncia.

Ao julgar o caso, o juiz Omar Dantas Lima, 3ª Vara Criminal de Brasília, entendeu que o insulto ofendeu a dignidade da atendente.

“A expressão macaca, tão bem retratada na prova oral, carrega intenso desprezo e escárnio. A palavra proferida é suficiente para retratar a intenção lesiva”, afirmou o magistrado.

Cabe recurso contra a decisão. 

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