Política

RELAÇÃO BRASILEIRA

Líder de comitiva que vai aos EUA, Nelsinho Trad diz que objetivo é "baixar temperatura"

Senador diz que convite para tratar das relações entre os dois países foi feito em março e partiu da Embaixada dos EUA

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Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Nelsinho Trad (PSD) disse ao Correio do Estado que um dos propósitos da viagem que fará a Washington, capital norte-americana, neste fim de semana, é o de “baixar a temperatura” das tensões comerciais e políticas envolvendo Brasil e Estados Unidos. 

A agenda do grupo, composto por oito senadores e que embarca aos Estados Unidos na noite de hoje e regressa na quarta-feira, é com parlamentares norte-americanos, dos partidos Republicano e Democrata, e também com empresários norte-americanos que investem no Brasil. 

A maioria dos encontros está prevista para ocorrer na Embaixada do Brasil em Washington a partir de segunda-feira, quando os senadores encontrarão com integrantes da Câmara de Comércio Brasil e Estados Unidos (Amcham Brasil). Na terça-feira, os parlamentares terão encontros com representantes do Senado norte-americano e da Câmara dos Representantes. 

Para Nelsinho Trad, é preciso tirar parte do viés político da negociação.

“A gente percebeu que existe um grupo mais centrado, com menos viés político, tanto dos democratas como dos republicanos, que não estão vendo com bons olhos tudo isso aí”, disse o senador sul-mato-grossense, que, na sequência, lembrou do impacto que o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump a produtos brasileiros no início do mês, com efeito a partir de 1º de agosto, pode provocar. 

“Pergunte às pessoas que já moraram ou já estiveram nos Estados Unidos. Qual a base do café da manhã deles? É café e suco de laranja”, disse o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, ao lembrar que também existe do lado de lá uma preocupação sobre o peso inflacionário do tarifaço de Trump no mercado interno de consumo. 

Visita pré-agendada

Nelsinho Trad também aproveitou para rebater políticos que têm criticado a comitiva de senadores que estará em Washington a partir deste fim de semana. Ele destacou que a viagem para a capital norte-americana estava prevista desde o início do mês de março. 

“Agora, logo na época em que entramos em recesso, veio o anúncio da tarifa de 50%. Eu voltei a procurar a Embaixada dos Estados Unidos e perguntei se o convite feito no início do ano ainda estava de pé, e eles me disseram: ‘Mais do que nunca’”, revelou Nelsinho Trad.

O presidente da comissão lembrou que há políticos criticando a visita dos senadores aos Estados Unidos.

“A gente nota que tem um gosto ruim de quem tá jogando contra [a visita], de uma forma irracional, na minha avaliação”, disse o senador, logo depois de destacar que a viagem tem o aval da embaixada norte-americana. 

“E por mais viés político que tenha nisso, essa missão também vai ajudar neste aspecto. Vamos dialogar com tranquilidade, com calma”, ressaltou. 

Críticas

Embora Nelsinho Trad não tenha citado nominalmente o autor das críticas, nesta semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se autoproclama um dos principais articuladores das tarifas contra o Brasil, disse que a missão de senadores estava “fadada ao fracasso”. 

Ele também questionou a legitimidade do grupo, além de reforçar que qualquer possibilidade de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuar seria após a aprovação da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a todos os denunciados por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. 

Nelsinho Trad também evitou comentar sobre a condição que pode ser imposta pelos EUA. “Isso a gente vai ter de ouvir deles”, disse. 

A comissão

Além de Nelsinho Trad, a comissão é composta pela senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina (PP) e pelos senadores Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo, Fernando Farias (MDB-AL), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG).

Antes da viagem, o grupo de senadores liderado por Nelsinho Trad alinhou estratégias com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.

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POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

POLÍTICA

Carla Zambelli renuncia ao mandato após STF determinar que suplente assumisse

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal.

14/12/2025 15h00

Deputada Federal Carla Zambelli

Deputada Federal Carla Zambelli Divulgação

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Na tarde deste domingo (14), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao cargo parlamentar. A decisão foi tomada após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o suplente, Adilson Barroso (PL-SP),  assumisse o cargo em até 48 horas.

Em nota, a Câmara informou que a deputada comunicou à Secretaria-Geral da Mesa a sua renúncia. "Em decorrência disso, o presidente da Câmara dos Deputados determinou a convocação do suplente, deputado Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse", informou a Casa em nota.

Em maio, Zambelli foi condenada pela Corte a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita pelo hacker Walter Delgatti Neto. O caso dela transitou em julgado, sem mais chances de recursos, em junho. 

A decisão foi levada para análise do plenário da Câmara. Na madrugada de quinta-feira (11), foram 227 votos a favor da cassação do mandato de Zambelli contra 170 votos pela manutenção. Eram necessários 257 para que ela perdesse o cargo.

Porém, na sexta-feira (12), o STF anulou a deliberação da Câmara e determinou a perda imediata do mandato. A Corte apontou que a votação violava a Constituição no dispositivo que impõe perda de mandato nos casos de condenação com trânsito em julgado.

Estratégia

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal. Segundo aliados de Zambelli, seria uma estratégia para preservar os direitos políticos dela.

“Ao renunciar antes da conclusão da cassação, preserva direitos políticos, amplia possibilidades de defesa e evita os efeitos mais graves de um julgamento claramente politizado”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara.

Carla Zambelli está presa na Itália, desde julho deste ano, depois de fugir do Brasil em decorrência do trânsito em julgado do processo no STF. O Supremo aguarda a extradição.

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