Política

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Lume resgata filme desconcertante de Sam Peckinpah

Lume resgata filme desconcertante de Sam Peckinpah

Redação

10/07/2010 - 20h47
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Luiz Carlos Merten (AE)

Em 1974, Sam Peckinpah estava num momento singular de sua carreira. Acostumado a ter problemas com produtores – a maioria de seus filmes foi retalhada, remontada –, ele gozara de momentos de rara tranquilidade nos dois trabalhos que fez com o astro Steve McQueen, “Dez segundos de perigo” e “Os implacáveis”. Seguiu-se o pesadelo de “Pat Garret” e “Billy the Kid”, quando de novo o estúdio não o deixou em paz. Peckinpah fez então o mais derrisório e selvagem de seus filmes. “Tragam-me a cabeça de Alfredo García” não tem astros nem estrelas e se desenrola num clima opressivo e sórdido. O personagem de Warren Oates é o pai de todos os derrotados. O filme é tão desconcertante que até hoje muitos críticos se perguntam o que, exatamente, Peckinpah estava querendo dizer com ele.

“Tragam-me a cabeça de Alfredo García” não é dos filmes mais populares do autor. Até hoje, passa pouco na TV. Estava inédito em DVD – a Lume, agora, o resgata de seu silêncio. O título é berrado logo na abertura, quando um chefão mexicano sabe do romance clandestino da filha e exige que lhe tragam a cabeça de Alfredo García. Warren Oates faz o pianista que cumpre a tarefa. Ele a executa logo e passa o restante do filme em fuga, perseguido por todo tipo de psicopatas, sempre carregando a cabeça que, a esta altura, já está apodrecendo. O cineasta poupa o espectador do odor fétido que ela exala, mas a metáfora é clara. A podridão é do mundo.

Warren Oates nunca foi um astro, mas era certamente um ator cultuado nos anos 1960 e 70, quando integrou o elenco de quase todos os westerns de Peckinpah e também participou de filmes de outros autores importantes, quase sempre indies, na era de ouro da produção alternativa a Hollywood. Era durão e tinha aquela qualidade taciturna e silenciosa dos grandes, mas certamente não era o que se chama de chamariz de público. Ao escolhê-lo como protagonista de “Tragam-me a cabeça de Alfredo García”, Peckinpah estava querendo mandar um recado – aos produtores, ao público. Sem um astro com uma personalidade definida aos olhos da plateia, ele se liberava para ir, mais do que nunca, ao limite. Há um banho permanente de sangue em Alfredo García. E o autor nem se preocupa em embalá-lo naqueles movimentos em câmera lenta que o tornaram famoso. Alfredo García é cru, jogo duro.

Toda a construção dramática gira em torno de temas como poder e dinheiro. Em seus filmes anteriores, especialmente nos westerns, contando a saga dos pistoleiros do entardecer, Peckinpah mostrou a transformação do mundo e a derrocada dos mitos, mas sempre de um jeito que determinados valores – a honra, a mística do grupo – ajudavam a preservar alguma coisa boa, ou digna, de suas criaturas. Em Alfredo García, não existe nada disso. Os caçadores de Warren Oates são todos piores que eles, um bando de celerados que parecem formar uma súmula das fraquezas humanas. Existe a mulher, e Isela Vega imprime momentos de ternura feminina à dureza dos homens, mas ela própria tem de se fazer uma fortaleza para sobreviver neste universo.
As cenas entre Gig Young e Robert Weeber sugerem um vínculo homossexual entre ambos e a metralhadora que dispara para a câmera era o máximo da provocação na época. Muitos críticos chamam Peckinpah, levianamente, de poeta da violência. Neto de um cacique, criado no Oeste ouvindo histórias de índios e pistoleiros, Peckinpah fez da violência o tema permanente do seu cinema. Como Arthur Penn, outro grande dos anos 1960, o assunto o interessa como espelho da ‘América’ – o país só resolve seus conflitos por meio da pauleira. Só que Peckinpah, como Penn, não faz a apologia da violência. Ele a critica. O mundo está sempre em transformação em seu cinema, o personagem é via de regra desajustado e solitário. Alfredo García, o filme, tem a cara de Peckinpah.

CAMPO GRANDE

Ao tomar posse, Adriane reforça papel da mulher e não anuncia secretariado

Prefeita deverá esperar a senadora Tereza Cristina voltar dos Estados Unidos para alinhar alguns nomes antes de fazer o comunicado

02/01/2025 08h00

A prefeita Adriane Lopes mostra o certificado de posse para o segundo mandato na Capital

A prefeita Adriane Lopes mostra o certificado de posse para o segundo mandato na Capital Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Ontem, ao tomar posse oficialmente em concorrida cerimônia no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), reforçou que a cidade já é conhecida como a “capital das oportunidades, onde sonhos e suas potencialidades podem fazer da cidade um lugar bom para se trabalhar, mas melhor ainda para se viver”.

“Quando escrevi meu discurso, lembrei de uma frase da ex-primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher, a qual quero compartilhar com vocês da plateia: ‘Na política, se você quer algo que seja falado, peça a um homem, mas se quer algo que seja feito, peça a uma mulher’”, declarou, completando que, “com muito respeito, com muito trabalho e com muita dedicação, nós vamos fazer a nossa cidade avançar sem medo de fazer o certo”.

Ainda em seu discurso, ela ressaltou que, com a vice-prefeita, Camila de Oliveira, escreveu uma nova página na história política de Campo Grande.

“Pela primeira vez em 125 anos, uma mulher eleita pelo voto popular tendo uma mulher como vice. Eu tenho a honra, Camila, de dividir esse marco histórico para Campo Grande com você”, disse.

Adriane completou que ela e Camila, cuja vitória na eleição era considerada improvável, provaram que o improvável para o mundo político não era para Deus.

“Este feito, Camila, não é apenas nosso. Ele pertence a cada mulher que já ouviu que não era capaz, que deveria se conformar com menos. Cada mulher que já travou as mesmas lutas que nós duas, que as vereadoras, que muitas mulheres que estão na plateia já travaram”, argumentou.

Para a prefeita, foi possível mostrar que, com respeito e com propostas, “a gente também pode avançar e fazer gestão com responsabilidade”.

“E quero dizer às mulheres da plateia, sonhem, não desistam, porque, com respeito e ombreando, a gente também pode ir longe”, assegurou, destacando o papel primordial na sua eleição da senadora Tereza Cristina (PP-MS), que não participou da posse por estar em viagem aos Estados Unidos.

“A Tereza Cristina foi a senadora mais votada de Mato Grosso do Sul. Ela acreditou, segurou minha mão e a mão da Camila. E, hoje, nós podemos celebrar essa data e esse dia histórico para a nossa capital. Ela, com muita sabedoria, com muita força, com muita articulação e visão, nos ajudou muito nessa caminhada. Eu nunca vou poder expressar em palavras a minha gratidão a ela”, revelou.

NOVO SECRETARIADO

Apesar de ser aguardado para ontem o anúncio do novo secretariado para o segundo mandato da prefeita, mais uma vez o fato não se confirmou.

“Nos próximos dias, nós vamos anunciar para Campo Grande o secretariado, que será composto por um corpo técnico para trazer resultados positivos para o município. O objetivo é resultado, nós vamos ter um contrato de gestão com cada secretário, e eles terão metas para serem cumpridas com um prazo determinado”, avisou.

O Correio do Estado apurou que Adriane Lopes estaria aguardando o retorno da senadora Tereza Cristina dos Estados Unidos, previsto para a próxima semana, para bater o martelo sobre alguns nomes já escolhidos.

O chamado “núcleo duro” da prefeita deverá continuar, sendo ele composto por: Marco Aurélio Santullo (Governo e Relações Institucionais); Marcelo Miglioli (Infraestrutura e Serviços Públicos); Márcia Okama (Fazenda); Ademar Júnior (Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável); Lucas Bitencourt (Educação); Thelma Nogueira Lopes (Casa Civil); e Ulisses Rocha, que deverá cuidar da relação com a imprensa e os meios de comunicação.

Na segunda-feira, a prefeita informou ao Correio do Estado que, em razão da demanda para fechar as contas do último ano do seu primeiro mandato, não seria possível divulgar os nomes do seu secretariado para o segundo mandato nesta semana.

“Não consegui falar individualmente com cada um dos cotados para serem secretários e, por isso, decidi adiar o anúncio oficial. Estamos desde cedo tratando da reforma administrativa e também do fechamento das contas do exercício de 2024”, declarou.

Ela voltou a reforçar que as escolhas e as definições foram tomadas de forma bem tranquila. 

“Os nomes são de muitos dos que já estão na atual gestão e deram resultados. E muitos dos que não estão como secretários, mas que também deram resultados”, pontuou.

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INTERNACIONAL

Equipe de presidente afastado da Coreia do Sul oferece renúncia conjunta

Yoon foi afastado do cargo pela Assembleia Nacional do país como resposta à sua tentativa de autogolpe em dezembro

01/01/2025 21h00

Os assessores, que auxiliam a Presidência em áreas como segurança nacional, relações internacionais e políticas públicas, entregaram seus cargos ao presidente interino Choi Sang-mok, que disse que não aceitará as renúncias

Os assessores, que auxiliam a Presidência em áreas como segurança nacional, relações internacionais e políticas públicas, entregaram seus cargos ao presidente interino Choi Sang-mok, que disse que não aceitará as renúncias Foto: Reprodução

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Em mais um sinal da profunda crise política abalando a Coreia do Sul, a equipe do presidente afastado Yoon Suk Yeol ofereceu renunciar em conjunto de seus cargos nesta quarta-feira (1º) um dia depois de o político condenar a decisão do presidente interino de colaborar com o processo de impeachment contra ele.

Yoon foi afastado do cargo pela Assembleia Nacional do país como resposta à sua tentativa de autogolpe em dezembro, quando o presidente declarou lei marcial e, segundo investigadores, tentou utilizar as Forças Armadas para fechar o Legislativo.

Os assessores, que auxiliam a Presidência em áreas como segurança nacional, relações internacionais e políticas públicas, entregaram seus cargos ao presidente interino Choi Sang-mok, que disse que não aceitará as renúncias.

Choi afirma estar focado em estabilizar o país e melhorar a situação econômica. O presidente interino chegou ao cargo há menos de uma semana. Na última sexta-feira (27), a Assembleia Nacional removeu o primeiro-ministro Han Duck-soo, que ocupou a chefia do Executivo após o afastamento de Yoon, depois que o premiê se recusou a preencher três cadeiras vagas no Tribunal Constitucional, dificultando o andamento do processo de impeachment.

Isso porque, embora a Assembleia Nacional tenha aprovado a remoção de Yoon, a decisão final cabe à corte, que tem seis meses para chancelar ou suspender o impeachment. Na terça (31), Choi anunciou que vai nomear dois juízes para a corte imediatamente, e que a terceira vaga será preenchida tão logo o Parlamento entre em acordo a respeito de um nome.

Um porta-voz de Yoon disse em nota que a decisão de Choi de nomear os juízes foi tomada sem consultas ao partido governista, o Partido do Poder Popular. O presidente afastado tem contra si uma ordem de prisão já aprovada pela Justiça —investigadores disseram que vão cumpri-la até a próxima semana.

Yoon é acusado de ter cometido o crime de insurreição ao declarar a lei marcial que suspendeu os direitos políticos no país.

A Justiça aprovou um mandado de prisão contra ele depois que o presidente se recusou a prestar depoimento repetidas vezes e não respondeu a uma série de intimações da polícia e do Gabinete de Investigação de Corrupção.

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