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Maioria dos deputados de MS querem flexibilizar licença ambiental

Projeto apoiado pela oposição ao governo Lula e criticado por ambientalistas está na pauta da Câmara dos Deputados

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O projeto de lei que flexibiliza as regras ambientais vai receber apoio de três deputados federais sul-mato-grossenses e dois votos contrários. O PL 2159/21, que recebeu 32 emendas durante votação no Senado Federal em maio deste ano, deve ser votado ainda hoje (16/07) pelo plenário da Câmara dos Deputados. O texto é apoiado pela oposição ao Governo federal, mas recebe críticas de entidades ambientalistas.

O projeto tramitou por 17 anos na Câmara dos Deputados e foi aprovado em 2021. Naquele ano foi encaminhado ao Senado e somente aprovado depois de quatro anos, depois de muitas negociações. A  senadora sul-mato-grossense Tereza Cristina (PP-MS) relatou o projeto em plenário e alegou que o texto deveria ser aprovado porque a legislação atual configura um verdadeiro cipoal com cerca de 27 mil normativos.

Ela afirmou para a Agência Senado que “o Brasil vai ganhar muito com ele, destravando muitas obras paradas e simplificando sem fragilizar os processos de licenciamento ambiental. Não tem nada a ver com desmatamento, o que nós vamos fazer são os processos, já está tudo na lei complementar. A gente vai só dizer: Como vão ser os processos de licenciamento de tais e tais atividades. 89 setores produtivos do Brasil, de energia elétrica a agricultura, assinaram a favor deste projeto de lei."

Agora, as 32 emendas incorporadas pelo  Senado ao PL 2159/21, que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (LGLA), vão ser apreciadas na Câmara. 

Uma das emendas cria a Licença Ambiental Especial (LAE), que poderá ser concedida mesmo se o empreendimento for potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente. O procedimento, baseado em uma única licença, terá rito especial, com dispensa de etapas e prioridade na análise.

Esse tipo de licença será aplicado a projetos previamente listados como prioritários pelo Poder Executivo, com base em manifestação do Conselho de Governo. O prazo máximo de análise para a emissão da licença será de um ano.

A criação dessa licença especial pode possibilitar o avanço da autorização para a exploração de petróleo na Amazônia, como no caso do pedido feito pela Petrobras para explorar petróleo na Margem Equatorial do Rio Amazonas.

Na votação prevista para hoje os parlamentares Geraldo Resende (PSDB), Beto Pereira (PSDB) e Dr. Luiz Ovando (PP) disseram que são a favor do texto e suas emendas com argumentos de que as mudanças vão garantir agilidade na emissão das licenças ambientais, que hoje chegam a demorar vários anos.

Beto Pereira enfatizou que o texto “moderniza o licenciamento ambiental no Brasil”, sendo que “o regramento por adesão (previsto no texto) é compromisso que garante agilidade paras as atividades de baixo impacto. Ele também destacou que existir um prazo para as licenças (ambientais) também é uma ferramenta importante”.

O Dr. Luiz Ovando destacou que vai votar a favor porque “é preciso sair das amarras da ideologia ambientalista de esquerda que tudo atravanca e impõe a presença opressora do estado tirando agilidade nas decisões e perspectiva de progresso”.

O colega de legenda de Beto Pereira, o deputado Geraldo Resende, vai votar a favor do projeto de lei porque “essa proposta traz segurança jurídica ao setor produtivo, sem abrir mão de proteger o meio ambiente” destacando que “é um avanço importante para destravar investimentos, gerar emprego e renda, especialmente em estados como o Mato Grosso do Sul, que têm na agropecuária, na indústria e na infraestrutura pilares essenciais de sua economia.”

Porém enfatizou que “igualmente, reconheço a importância de mantermos diálogo com aqueles que defendem teses ambientalistas. É necessária uma legislação equilibrada que concilie a preservação ambiental com o progresso social e econômico, sempre com equilíbrio, responsabilidade e bom senso.  Reitero meu compromisso com políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável, respeitando o meio ambiente e melhorando a vida de toda a nossa população.”

Contrários ao PL

Os deputados federais petistas Vander Loubet e Camila Jara se manifestaram contrários ao texto e às emendas, com Loubet intitulando-o como  "PL do Devastação". Ele explicou que “não é à toa, pois afrouxa muito as regras para licenciamento ambiental. Não acredito ser possível compactuar com isso, ainda mais nós aqui do Mato Grosso do Sul, que tanto temos lutado para preservar o Pantanal e a região da Serra da Bodoquena, onde fica Bonito”.

Loubet ressaltou que “os defensores desse projeto falam que ele vai aumentar a segurança jurídica, mas o que os especialistas na área apontam é que pode ter um efeito contrário, por causa de dispositivos inconstitucionais que vão acabar gerando a judicialização dos processos de licenciamento”, citando que haverá enfraquecimento dos órgãos federais de defesa do meio ambiente, sendo que para ele “não haveria problema em os órgãos estaduais ganharem relevância, desde que o Ibama não fosse preterido no processo de licenciamento ambiental.” Essa preocupação existe porque o PL permite que as licenças ambientais sejam concedidos por governos estaduais.

Loubet reconhece que o rito atual de licenciamento ambiental tem problemas, apontando que “o maior deles talvez seja a de recursos humanos nos órgãos ambientais. Então, não adianta determinar prazos se esses órgãos estiverem com déficit de pessoal, de servidores.”.

A deputada Camila Jara ressaltou que o texto vai causar “o desmonte de um dos principais instrumentos de proteção ambiental do país num momento em que o mundo inteiro exige responsabilidade ambiental”, criticando o autolicenciamento, que “entrega biomas inteiros nas mãos das empresas, marca o perigo dessa proposta. Pautar esse projeto agora, às pressas, é permitir que passem um dos maiores retrocessos na história do Brasil.”

Ela destacou que “o interesse econômico não pode falar mais alto do que o direito coletivo à natureza e à vida. Dar autonomia para a concessão do licenciamento ambiental, sem critérios nacionais claros, abre margem para flexibilizações perigosas. É um projeto que não só acelera processos, mas também eleva o risco de vivermos tragédias como Mariana e Brumadinho novamente. Sem análise técnica adequada, qualquer empreendimento pode ser considerado de baixo risco.

Jara cita como exemplo o Pantanal, “onde o ciclo das águas é único, o impacto pode ser irreversível. Não podemos permitir que a pressa e o lobby das grandes empresas passem por cima da responsabilidade ambiental.Nossa luta é por desenvolvimento sustentável, e não por crescimento a qualquer custo.”

TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

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