Deputado estadual, João Henrique Catan (PL), continua causando polêmica nas redes sociais e grande repercussão na mídia nacional.
Com isso, a mesa diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) decidiu se posicionar a respeito da atitude de Catan durante a Sessão Plenária de terça-feira (7).
Deputado estadual e presidente da ALEMS, Gerson Claro Dino (PP), afirmou que exibir o livro "Mein Kampf" (Minha Luta, em português), conhecido como "Bíblia do Nazismo", foi uma ação "infeliz e inadequada".
Além disso, Gerson Claro 'alfinetou' João Henrique Catan dando a entender que o deputado bolsonarista quis 'se aparecer' nas redes sociais.
Durante a sessão, o presidente ressaltou que a Assembleia Legislativa trata de assuntos interesse do Estado e não de pautas que geram curtidas, views e 'lacração' na internet.
"Nós não vamos nos pautar pelos espetáculos, número de curtidas ou por nome de views de manifestação. [Vamos continuar com] pautas que tratam do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e de entrega pra população. Essa casa vai manter este padrão de não se pautar pela lacração da internet. Não nos pautaremos pela pauta da rede social", disse.
O deputado estadual, Gerson Claro (PDT), ainda garantiu que quaisquer denúncias de possíveis irregularidades referentes à declaração de Catan serão devidamente apuradas pela Corregedoria ou pela Comissão de Ética.
Equipes da Comissão de Ética e Corregedoria ainda não estão formadas, mas, conforme apurado pelo Correio do Estado, os novos nomes devem sair nas próximas semanas.
"Foram manifestações que nós consideramos infelizes, inadequadas especialmente pela utilização de um livro que relembra uma um momento da história da humanidade que nos entristece e não é motivo de orgulho", lamentou o presidente.
"Qualquer denúncia de possível irregularidade no que tange as declarações do parlamentar estadual serão devidamente apuradas ou pela Corregedoria de acordo com o Artigo 366 do Regimento Interno ou pela Comissão de Ética, que é competente para instauração de processo disciplinar nos termos previstos no Código de Ética e no regimento interno desta casa", explicou.
Durante a ocasião, o presidente segurou e mostrou o livro da Constituição Federal de 1988 e afirmou que a Casa de Leis continuará cumprindo-o e seguindo-o.
Deputada estadual, Mara Caseiro (PSDB), aliada e do mesmo partido do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou que a atitude de Catan foi "descabida" e ressaltou que Riedel é uma pessoa extremamente democrática.
"Tudo o que ele [Riedel] quer é acertar e poder trazer o desenvolvimento para o Estado. Então é descabida essa comparação [Riedel x Hitler]".
A deputada ainda destacou que todos tem o direito de liberdade de expressão, desde que não fira os princípios do outro.
"O deputado tem a sua competência de poder falar e de colocar seu pensamento e ponto de vista, mas acho que foi um exagero. Eu acho que merece uma autorreflexão do próprio deputado, para que ele reavalie os seus posicionamentos. O plenário dá essa condição ao deputado de manifestar os seus pareceres, as suas opiniões desde que respeite a liberdade do outro", defendeu.
Polêmica
Deputado estadual, João Henrique Catan (PL), causou polêmica nas redes sociais ao exibir o livro "Mein Kampf" (Minha Luta, em português), durante a sessão plenária, de terça-feira (7), da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).
O vídeo viralizou nas redes sociais a nível nacional e causou grande repercussão na imprensa brasileira.
De acordo com Catan, o vídeo foi distorcido, editado com cortes em alguns trechos e divulgado na mídia nacional, a seu desfavor, com o intuito de prejudicá-lo e denegrir sua imagem.
Durante a sessão, ele comparou atitudes do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) com o ditador nazista alemão, Adolf Hitler.
Segundo Catan, o governo de Mato Grosso do Sul orientou deputados estaduais, aliados a Riedel, a votarem contra um requerimento que visava detalhar as contratações de cargos comissionados do Estado. A requisição teve 16 votos contra e dois a favor.
Inconformado por não conseguir o número de votos necessários para abrir o requerimento, João Henrique Catan criticou o chefe do executivo estadual.
"Porque aqui no Estado a base que o governo Eduardo Riedel construiu para anular as funções legislativas do parlamento seria o mesmo que atear fogo nas funções parlamentares no exercício adequado da atividade parlamentar, sem precisar tacar fogo em um prédio, sem precisar que o prédio vá à ruína", disse Catan em coletiva de imprensa na quarta-feira (8).
Catan também disse que se trata de uma "fake news" a seu respeito e que vai processar veículos de comunicação da mídia nacional, como revista Veja, UOL, Band, Jornal Metrópoles e IstoÉ.
O deputado bolsonarista afirmou, durante sessão plenária desta quinta-feira (9), que alguns sites excluíram a reportagem ou acrescentaram informações se retratando.
Livro Mein Kampf "Minha Luta, em português"
O livro Mein Kampf, traduzido como "Minha Luta", em português, foi escrito pelo ditador nazista alemão Adolf Hitler. O exemplar é considerado como a "Bíblia do Nazismo".
O livro é dividido em dois volumes, sendo o primeiro publicado em 1925 e o segundo em 1926.
Seu conteúdo é composto por ideais políticos de Hitler, e, segundo o autor do site Infoescola, Emerson Santiago, o texto traz radicalismo e violência, buscando ao mesmo tempo responder perguntas que afligiam à sociedade alemã, entre elas uma crucial: a razão da perda da guerra, a qual atribuiu aos judeus e aos comunistas, que seriam inimigos do povo alemão e de seu progresso.
O livro nazista é proibido em muitos países, inclusive no Brasil, devido ao conteúdo de intolerância política, religiosa e racial que este apresenta.



