Política

EMENDAS IMPOSITIVAS

MS tem menor destinação de valor para infraestrutura, saúde e educação do País

Entre as capitais, Campo Grande tem os menores valores absolutos (R$ 8,1 milhões) e per capita (R$ 280 mil por vereador)

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Estudo da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, obtido com exclusividade pelo Correio do Estado, revelou que Mato Grosso do Sul é a Unidade da Federação com a menor destinação de valores para emendas impositivas, ou seja, de execução obrigatória pelo Poder Executivo, em comparação com outros entes federativos do País.

Na prática, as emendas impositivas são um instrumento legislativo que permite aos parlamentares (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) destinarem parte do orçamento público para áreas prioritárias, como infraestrutura, saúde e educação.

Os dados, que foram publicados este mês pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, tendo como base informações dos orçamentos de 2025, também apontaram que, entre as capitais, Campo Grande tem os menores valores absolutos e per capita, também se tratando de emendas impositivas.

No caso de Mato Grosso do Sul, são cerca de R$ 84 milhões do orçamento destinados a emendas impositivas, e cada um dos 24 deputados estaduais têm o direito de indicar emendas no valor total de R$ 3,5 milhões.

Além de Mato Grosso do Sul, também têm baixa destinação de valores o Amapá, com R$ 87,8 milhões impositivas, e R$ 3,6 milhões por deputado estadual, e Acre, com R$ 95,8 milhões em emendas dessa natureza, e R$ 3,9 milhões por parlamentar.

Já os três primeiros colocados são Minas Gerais, com R$ 2,2 bilhões em emendas impositivas, e R$ 28,7 milhões por deputado estadual, São Paulo, com R$ 1,7 bilhão em emendas dessa natureza, e R$ 12,6 milhões por parlamentar, e Santa Catarina, que reserva R$ 817,2 milhões do seu orçamento para o pagamento das emendas obrigatórias, e R$ 20,4 milhões para os deputados estaduais.

Os estados Ceará, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia, de acordo com o estudo da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, não têm emendas impositivas, que passaram a ser adotadas pelo Congresso Nacional em 2015 e, na sequência, para as Unidades da Federação e municípios.

CAPITAIS

Campo Grande tem os menores valores absolutos e per capita também se tratando de emendas impositivas para seus 29 vereadores, entre as 13 capitais que adotam esse instrumento.

A cidade concentra o menor volume de emendas impositivas entre as capitais brasileiras, com R$ 8,1 milhões reservados no orçamento do município para fazer frente a esses gastos, e R$ 280 mil para cada vereador, para a realização de obras e investimentos na Capital.

Na mesma situação de Campo Grande, temos Macapá, capital do Amapá, que reservou R$ 21 milhões para emendas impositivas, e R$ 917 mil para cada um dos seus vereadores, e Boa Vista, capital de Roraima, que destinou R$ 22,5 milhões para essas emendas, e R$ 981,4 mil para cada um dos seus parlamentares municipais.

Com relação às capitais campeãs, a liderança é de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que destinou R$ 525,4 milhões para as emendas impositivas, e R$ R$ 12,8 milhões por vereador.

Logo em seguida vem Goiânia, capital de Goiás, com R$ 176,1 milhões em emendas impositivas, e R$ 5 milhões dividido por parlamentar, e Manaus, capital do Amazonas, com R$ 94,9 milhões para emendas impositivas, e R$ 2,3 milhões por vereador.

De acordo com o estudo, assinado pelos consultores Giordano Bruno Antoniazzi Ronconi, Gustavo Ferreira Fialho e Walter França Neto, há uma “predominância de emendas impositivas, individuais e coletivas nos entes locais, totalizando mais de R$ 12,3 bilhões”.

Eles ainda completaram, revelando que há emendas impositivas em 85% dos estados e em metade das capitais. “Nos estados, verificou-se que há dispositivos que também tratam das emendas individuais impositivas da modalidade transferência especial, comumente conhecidas como Emendas Pix, em 77% dos estados com emendas impositivas”.

Os consultores acrescentaram que o Congresso Nacional aprovou, em 2015, durante o segundo governo da presidente da República Dilma Rousseff (PT), a Emenda Constitucional 86, que prevê a execução obrigatória de emendas parlamentares individuais, criando o chamado Orçamento Impositivo.

Metade do montante dessas emendas precisa ser destinado à saúde. Antes disso, os parlamentares apenas sugeriam as dotações, cuja execução ficava a critério do governo.

ENTENDA

Estudo da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados foi elaborado a pedido da liderança do PT na Casa de Leis, para verificar quais estados e capitais implementaram emendas impositivas em suas constituições estaduais e leis orgânicas.

Para fins de contextualização, foi feito também um levantamento sobre as decisões judiciais em relação ao tema da aplicação das emendas impositivas em âmbito local. Por fim, são feitas breves considerações sobre a situação atual das emendas impositivas locais.

Conforme consultores Giordano Bruno Antoniazzi Ronconi, Gustavo Ferreira Fialho e Walter França Neto, o objetivo foi indicar um breve panorama sobre os entendimentos jurisprudenciais do tema de emendas impositivas no nível estadual e municipal.

Logo, não foram serão abordadas as decisões recentes do Superior Tribunal Federal (STF), que teve como relator o ministro Flávio Dino, nas Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 850, 851, 854 e 1.014 e Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) 7.688, 7.695 e 7.697, pois elas envolvem questões no nível nacional.

Um primeiro ponto a destacar é de que a aplicação das emendas impositivas deveria espelhar o que há na Constituição Federal para as emendas federais.

Tal disposição foi estabelecida na ADI 5.274, que “não cabe à Constituição estadual instituir a figura das programações orçamentárias impositivas fora das hipóteses previstas no regramento nacional”, pois, no caso em comento, a Constituição Estadual contrariou o princípio da separação dos Poderes e a regra constitucional do caráter meramente formal da lei orçamentária até então em vigor.

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CRIME ORGANIZADO

Fronteira com MS, Paraguai fecha acordo com EUA para combater facções criminosas

A região é rota de tráfico de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai. O plano estratégico prevê o estabelecimento ou ampliação de tropas norte-americanas de importância estratégica

16/12/2025 16h15

Marco Rubio,  secretário de Estado

Marco Rubio, secretário de Estado Reprodução: rede social

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Paraguai e Estados Unidos selaram nesta segunda-feira (15), um acordo de cooperação militar que prevê a atuação de militares americanos no país sul-americano. Atualmente, na região, a Casa Branca tem acordos similares com Panamá, Equador, Bahamas e Trinidad e Tobago.

O Acordo Estatutário de Forças (Sofa, na sigla em inglês) regulamenta a atuação de militares e civis do Departamento de Defesa americano em países estrangeiros. O pacto foi assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler paraguaio, Ruben Ramirez Lezcano.

O objetivo, segundo o governo americano, é facilitar a resposta conjunta a interesses de segurança regional em comum para os dois países, em uma referência velada a cartéis de droga que atuam na região.

“Ao estabelecer uma estrutura para as atividades do pessoal militar e civil dos EUA no Paraguai, este acordo abre novas portas para nossos esforços coletivos para promover a segurança e a estabilidade em nosso hemisfério”, disse Rubio em sua conta no X.

“Se observarmos o problema fundamental no hemisfério, o mais grave que enfrentamos é o dessas organizações terroristas transnacionais, que em muitos casos não são terroristas por ideologia, mas têm uma base financeira e econômica”, acrescentou.

Nova Doutrina Monroe

O acordo, apesar de não autorizar operações armadas ou criação de bases, abre caminho para a cooperação e treinamento militar entre os dois países, e vem a público dias depois de os EUA divulgarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que prevê uma ampliação da presença militar na América Latina.

Na ocasião, o documento evocou a Doutrina Monroe, que ficou conhecida no século 19 sob o lema “América para os americanos”, e defendeu uma hegemonia dos EUA sobre a região frente às potências europeias.

O plano estratégico divulgado na semana passada prevê o estabelecimento ou ampliação de acesso de locais de importância estratégicas para o governo americano.

No centro do continente e cercado por importantes fontes de água doce e rotas de narcotráfico, o Paraguai se encaixa nesse perfil.

Hoje, os EUA têm ainda bases militares no Equador, na Colômbia e no Peru, operadas pelo Comando Sul.

Há anos, a presença de grupos armados ligados ao Hezbollah na tríplice fronteira entre o Paraguai, Brasil e Argentina preocupa o governo americano.

A região também é ponto de rota para o escoamento de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai.

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LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

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