Política

ENTREVISTA - ADRIANE LOPES

"O objetivo é melhorar a qualidade do transporte coletivo oferecido à população de Campo Grande"

A prefeita também informou que tem um projeto com o governador Eduardo Riedel para asfaltar os 43 quilômetros de linhas de ônibus que hoje não têm asfalto

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A prefeita reeleita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio do Estado e destacou que para o próximo mandato pretende retomar e concluir as obras paradas e oferecer um transporte público de qualidade.
Ela ainda revelou que espera fazer, com o governador Eduardo Riedel (PSDB), o asfaltamento dos 43 km de linhas de ônibus ainda sem pavimentação.

Outra garantia da prefeita é reformar os terminais de ônibus e instalar bases da Guarda Municipal neles para garantir a segurança dos usuários, principalmente das mulheres.

Adriane também revelou que todos os seus secretários vão assinar um contrato de gestão para ser cumprido anualmente e quem não conseguir será convidado a se retirar.

A gestora ainda falou do seu futuro político e, caso termine seu mandato com uma avaliação alta, não descarta sair candidata em 2030. Questionada para qual cargo, ela não descartou até disputar uma vaga ao Senado, caso a senadora Tereza Cristina não tente a reeleição. Confira a seguir.

Prefeita, qual vai ser o principal gargalo na sua próxima gestão?

Bom, nós vamos falar primeiro de coisas positivas, né? O meu ponto de partida para fazer a cidade avançar é essa reforma administrativa. É uma reforma que traz uma reestruturação, diminuindo 30% da estrutura, e que está sendo bem complicada a construção após uma eleição onde se obtém o sucesso. Mas o ponto de partida é, de uma vez por todas, arrumar a casa para que a gente possa reinvestir na cidade, trazendo resultados positivos e efetividade dos serviços públicos.

Porém, um gargalo, vamos dizer assim, é uma situação que eu herdei e que comecei a mudar neste atual mandato, é a avaliação dos serviços públicos pela população. A efetividade dos serviços públicos desde a política no papel até chegar na casa do seu José e da dona Maria. Isso, para mim, é o que importa. Na avaliação anual de Campo Grande pelo governo federal, a governança das políticas públicas e se elas chegam até as pessoas, Campo Grande estava há 10 anos abaixo da média nacional. Tínhamos 37 pontos porcentuais. Para uma capital, isso, para mim, era motivo de vergonha.

O que eu fiz para mudar isso? Como eu conquistei essa mudança em um curto espaço de tempo e coloquei Campo Grande como a única capital do Brasil a ser premiada com a nota máxima? Levar os serviços até as pessoas. Eu criei um programa, o Todos em Ação, em que tiro os secretários dos gabinetes e levo eles a cada 15 dias para a comunidade, para uma região, um bairro da cidade, para atender às reivindicações da população.

Eu também criei o Café com os Conselheiros, quando ouço a opinião, a indicação de quem realmente mora nas regiões e nos bairros de Campo Grande. E quando eu levo esses serviços até as pessoas, a gente tem a mudança e as coisas começam a acontecer. Porque não é só a prefeita buscando uma demanda nos bairros, são os secretários atendendo em uma mesa montada em uma escola a demanda dos moradores.

Depois de um certo tempo, nós voltamos para dar o feedback dos serviços. Se era uma faixa de pedestre, ou uma lombada, ou uma sinalização no bairro, ou a gerência da unidade de saúde que não está dando resultado, ou a diretora da escola, ou um funcionário, ou um servidor que trabalha na região. Então, quando você leva os secretários para vivenciar a realidade das pessoas, você faz com que aquele serviço seja mudado e atenda realmente quem precisa ser atendido, que é a população da nossa cidade.

O meu objetivo é fazer com que a população não só se sinta atendida, mas tenha esse resultado a partir do serviço prestado. Essa é a minha maior missão, continuar com essa proximidade das pessoas e das comunidades, obtendo um resultado positivo. O que eu fui mais cobrada, duramente cobrada, foram as obras de infraestrutura.

No momento, como nós estamos passando pelo período das chuvas, não dá para acelerar a parte de pavimentação asfáltica, que é muito antiga e basta chover que abre um buraco. A gente vem depois, passando dois ou três dias de sol, para tapar o buraco, mas com as ruas que não têm pavimento, os moradores cobram a gestão pública para asfaltar.

Porém, nos últimos dois anos e oito meses como prefeita, nós avançamos com 300 km asfaltados, sendo 150 km de asfalto novo e 150 km de recapeamento. Quando você passa em uma via como a 25 de Dezembro e verifica que ela está sendo totalmente recapeada, é uma vitória. Na Maracaju, onde os motoristas trafegavam como se estivessem em uma rua sem pavimento, porque era toda remendada, mas hoje está toda recapeada.

Também recapeamos parte da Av. Ernesto Geisel, que há 30 anos só recebeu tapa-buracos. A gente vem com recapeamento e mudando a vida de mais de 100 mil pessoas que transitam diariamente pela via para ir e voltar do trabalho ou da escola. Nosso foco como gestora pública é trazer resultados para a cidade e para as pessoas.

Como a senhora falou sobre a Av. Ernesto Geisel, há uma previsão para recuperar o trecho mais precário?

Nós já estamos realizando as obras de contenção de enchentes e, nesse período de chuva, o ritmo teve de ser desacelerado, porque a dificuldade é muito grande e o risco de desbarrancamento é enorme. Terminando essa etapa, nós vamos avançar na outra etapa, que fica nas imediações do Ginásio Guanandizão. Também vamos dar andamento, por meio do Consórcio Central MS, que integra os municípios de Campo Grande, Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Terenos e Jaraguari, no recapeamento das principais vias e avenidas da cidade.

No caso do recapeamento da Av. Mascarenhas de Moraes, por onde andei na semana passada, o pedido não foi só do comércio, mas de quem mora naquela região, de quem mora nos condomínios próximos ao São Francisco e até de outros condomínios. É uma cobrança da população, portanto, temos de andar, ouvir a demanda e levar o resultado para a população. Para trazer as demandas, você precisa andar por toda a cidade, pois, quando se coloca o pé no chão e ouve a população, fica mais fácil.

Esse é o meu perfil de trabalho e é assim que nós pretendemos avançar pelos próximos quatro anos, trazendo resultado e trazendo para Campo Grande uma avaliação melhor na qualidade do serviço, na qualidade de vida dos moradores da nossa cidade. Porém, o meu maior gargalo será mesmo concluir todas as obras paradas, as quais vou retomar e terminar todas. Esse é o meu compromisso para os próximos quatro anos.

Prefeita, falando sobre a reforma administrativa, pelo projeto que veio para a senhora sancionar, há, pelo menos, três secretarias que vão ficar muito fortes porque aglutinaram outras que foram suprimidas. É isso mesmo?

Na verdade, nós tiramos as subprefeituras e as subsecretarias para criarmos as secretarias maiores. Na prática, diminuímos os recursos humanos, a parte jurídica e a comunicação para otimizarmos uma secretaria maior, com suporte técnico, porque nós vamos acompanhar de perto a execução de cada secretaria e de cada diretoria. Por quê? Porque nós vamos ter um contrato de gestão com cada secretário municipal com o tempo de execução das políticas. Se não houver um resultado naquele tempo determinado, nós vamos convidar o secretário a se retirar para que a gente possa substituir por alguém que traga resultados positivos para a cidade.

Eu penso que o nosso trabalho está muito focado no resultado para as pessoas, e isso nós vamos cobrar duramente. Quando você diminui a estrutura da máquina pública, você tem mais controle sobre a estrutura, você coordena mais de perto, porque não é tão grande.

Nós tínhamos mais de 30 estruturas, e era muito difícil para gerir, sem falar que ficava muito mais dispendiosa para a cidade, para o município e para os cofres públicos. Além disso, vamos diminuir a máquina pública em 30%, algo muito difícil de fazer após uma eleição, mas a gente está conseguindo e a nossa nova estrutura está pronta. O projeto foi aprovado e nós vamos entrar em 2025 já com a máquina enxuta para que a gente possa trazer impactos positivos para a cidade.

O Consórcio Guaicurus trocou de administrador e colocou um especialista em gestão que já comandou a Águas Guariroba. A senhora acha que esse é o primeiro passo do consórcio para fazer as melhorias necessárias?

Bom, esse consórcio é alvo de críticas há muitos anos, mas nesses dois anos e oito meses em que eu estou no comando da prefeitura, busquei caminhos para melhorar a qualidade do serviço e, se necessário for, rever o contrato. Isso ficou bem claro com o consórcio. E nós propusemos com o governador Eduardo Riedel, em janeiro deste ano, a modernização do transporte público, e isso vem acontecendo desde então.

Nós temos um projeto com o governo do Estado para asfaltar os 43 km de linhas de ônibus que hoje não têm asfalto. Nós começamos essa pavimentação porque o que acontece nessas linhas que não têm asfalto é a quebradeira dos ônibus, e o custo é muito alto para consertar. Nós também começamos a reforma dos terminais de ônibus, que é uma reclamação antiga das empresas.

Essas reformas dos terminais vão melhorar a qualidade de vida do usuário, pois vamos colocar bases da Guarda Civil Metropolitana em cada terminal para que os usuários tenham mais segurança, principalmente para as mulheres, porque 70% dos usuários são mulheres. Então, elas precisam de segurança também para que não sofram violência dentro do ônibus.

A proposta de modernização começou, e eu pretendo, já em janeiro de 2025, sentar de novo com o governador para saber qual o próximo passo que vamos tomar juntos, trazendo o consórcio para a discussão das melhorias que são necessárias, como ônibus já com a mudança da matriz energética, que eu propus com a MSGás. Nós temos o gás natural passando na porta da nossa casa e a utilização ainda do óleo diesel, que é um combustível mais caro e poluente.

Hoje, o transporte público é o meio que mais polui o meio ambiente em Campo Grande. Já foi testado o ônibus movido a gás natural, e o resultado foi positivo, com economia considerável. E acredito que logo em janeiro a gente já senta com o governador para entender quais os próximos passos, porque eu acredito que a modernização desse transporte público é um projeto de Estado. E essa troca de comando é um sinal que eles querem também fazer parte.

O Themis de Oliveira é um executivo muito experiente, e nós tivemos uma excelente relação com ele enquanto estava na Águas Guariroba. E acredito que vai ser diferente, sendo uma pessoa mais fácil ainda de tratar, por conhecer a pessoa e por entender também o posicionamento que vai trazer em relação ao consórcio. Mas o objetivo é melhorar a qualidade do transporte coletivo oferecido à população de Campo Grande.

Eu acredito que, como a gente já começou essa tratativa no primeiro ano do meu mandato como prefeita, terá mais resultados positivos, como a entrega dos terminais totalmente reformados. E, com a mudança da matriz energética, será possível entregar ônibus com ar-condicionado, algo que deixou de ser um luxo para ser uma necessidade diante das mudanças climáticas. E o teste que foi feito, nas principais linhas, trouxe resultado positivo.

A gente trouxe o ônibus movido a gás natural e ele circulou um mês em Campo Grande. Agora, estou pedindo uma avaliação feita com os usuários para que a gente possa compilar esses dados para a mudança acontecer no próximo ano.

Ao terminar, e bem, o seu segundo mandato como prefeita, a senhora pretende continuar na política? 

Eu trabalho com propósito. Fui reeleita prefeita e eu pretendo trabalhar os próximos quatro anos consecutivos com bons resultados para a cidade. Acredito que, do resultado do meu trabalho ao fim do mandato, é que vou poder entender se vou dar um novo passo na política ou não. Mas o meu maior desafio é ter uma Campo Grande boa para se trabalhar, mas, melhor ainda, para se viver. 

Se a senadora Tereza Cristina não tentar a reeleição em 2030 e a senhora terminar a gestão com uma aprovação alta em 2028, poderia ser a sucessora dela no Senado?

Bom, eu tenho uma líder no meu partido e uma inspiração na minha vida pessoal, que é a senadora Tereza Cristina. Foi a mulher que segurou na minha mão, que me apoiou e que me fez chegar até aqui. Então, eu tenho uma gratidão eterna com ela e, com certeza, se a senadora Tereza entender, no término do meu mandato, lá na frente, que eu possa vir a fazer um trabalho com ela, estou disposta e estarei disponível.

Mas eu acredito que, primeiro, preciso trazer um resultado positivo para a cidade com o meu trabalho. Aí, então, depois, a gente poderá pensar no meu futuro político. E eu vou dar o meu melhor pelos campo-grandenses e pela minha cidade, que eu amo tanto.

Perfil - Adriane Lopes

Nascida em Grandes Rios (PR), ela é filha de Antônio Ferreira Barbosa e Gisleni Garcia Barbosa. Casada com o deputado estadual Lídio Lopes, tem dois filhos, Matheus e Bruno. Adriane Lopes é formada em Direito e Teologia e pós-graduada em Administração Pública e Gerência de Cidades.

Assumiu a Prefeitura de Campo Grande no dia 4 de abril de 2022 e foi reeleita para mais quatro anos de mandato no dia 27 de outubro de 2024. Antes, foi vice-prefeita em duas gestões, de 2017 a 2022.

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inelegíveis

Justiça cassa mandato de prefeito e vice por divulgação de fake news

Juíza eleitoral considerou que houve abuso dos meios de comunicação para favorecer os candidatos e prejudicar a concorrente nas eleições de 2024, em Nova Andradina

07/04/2025 15h59

Prefeito e vice de Nova Andradina tiveram os diplomas cassados pela Justiça Eleitoral

Prefeito e vice de Nova Andradina tiveram os diplomas cassados pela Justiça Eleitoral Foto: Reprodução / Instagram

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A juíza Cristiane Aparecida Biberg de Oliveira, da 5ª Zona Eleitoral de Nova Andradina, cassou o mandato do prefeito de Nova Andradina, Leandro Ferreira Luiz Fedossi (PSDB), conhecido como Dr. Leandro, e do vice-prefeito, Arion Aislan de Souza (PL), por abuso dos meios de comunicação para favorecer os candidatos nas eleições de 2024.

A ação foi movida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o prefeito e vice e mais seis pessoas, sustentando que os todos participaram ativamente da campanha política, contribuindo com propagandas eleitorais irregulares e fake news que beneficiaram os eleitos e prejudicaram a adversária, Dione Hashioka.

Foram denunciados e condenados, além de Dr. Leandro e Arion Aislan:

  • Murilo Cesar Carneiro da Silva
  • Sandro de Almeida Araújo
  • Jeferson Souza dos Santos
  • Hernandes Ortiz
  • Hernandes Ortiz Júnior
  • Bruno Henrique Seleguim

Na denúncia, o MPE afirmou que Murilo administrava uma página com mais de 100 mil seguidores e Sandro, dono de um site de notícias, utilizaram seus meios de comunicação para favorecer ilegalmente a candidatura de Leandro Fedossi e Arion Souza.

Segundo o MP, houve enaltecimento dos candidatos aliados e disseminação de conteúdos desinformativos contra a adversária, com apoio e anuência dos demais réus.

As condutas configurariam uso indevido dos meios de comunicação, abuso de poder político e econômico - este último evidenciado por gastos não declarados com contratação de terceiros sem a a devida declaração a Justiça Eleitoral.

O MP destacou a gravidade dos atos e seu potencial de influência no resultado eleitoral, ainda que tal influência direta não seja mais exigida como requisito legal.

Murilo contestou, alegando quebra da cadeia de custódia das provas e justificando suas publicações como manifestações pessoais, sem vínculo direto com os candidatos.

Leandro e Arion também alegaram nulidade de citação e das provas, negando envolvimento ou responsabilidade pelas condutas atribuídas aos demais e disseram que não houve dolo, vínculo com os fatos ou impacto no resultado eleitoral, além de invocarem a liberdade de imprensa.

O réu Sandro de Almeida Araújo, por sua vez, afirmou que suas ações estavam protegidas pela liberdade de imprensa, negando participação na campanha ou produção de matérias falsas ou manipulativas.

Os demais denunciados afirmaram que os fatos narrados seriam "meras conjecturas desprovidas de respaldo probatório".

Todos requereram a improcedência da ação, enquanto o MPE, nas alegações finais, pediu a procedência da ação, com aplicação de inelegibilidade por oito anos a todos os réus e a cassação dos mandatos de Leandro e Arion.

Condenação

Ao analisar o caso, a juíza afirmou que a análise das provas no processo revelou que os réus praticaram condutas abusivas que justificam a aplicação de sanções eleitorais. Dentre as provas, estavam conversas entre os donos dos portais, coordenadores da campanha e prefeito e vice.

Ficou comprovado que foram utilizados canais de comunicação para divulgar fake news contra a candidata Dione Hashioka e favorecer indevidamente os candidatos Leandro Fedossi e Arion Souza, inclusive com a divulgação de um vídeo manipulado com conteúdo falso e com a contribuição de todos os denunciados, seja participando ativamente, incentivando ou disseminando os conteúdos.

"As provas coligidas não apenas evidenciam a produção e disseminação de fake news e conteúdos desinformativos, mas também revelam um cenário de estreita conexão entre os réus, demonstrando que mantinham contatos frequentes, com plena ciência e coordenação mútua. Ficou claro que atuavam de forma articulada, fomentando e reforçando uma rede estruturada voltada à propagação de informações falsas, mediante incentivo recíproco, fornecimento de suporte técnico, intelectual e material", disse a magistrada.

Ela afirmou ainda que atuação conjunta dos réus caracterizou "verdadeiro modus operandi, com utilização consciente e orquestrada dos meios digitais para manipular a opinião pública, influenciar o eleitorado e desequilibrar a lisura do processo eleitoral".

A juíza ressalta tamvém que a eleição em Nova Andradina foi decidida por margem estreita: Dr. Leandro obteve 47% dos votos válidos, enquanto a candidata adversária, Dione Hashioka, alcançou 44,64%, com diferença de  pouco mais de 500 votos, num universo de 35.765 eleitores.

"É inegável, portanto, que houve ampla repercussão das condutas praticadas, com capacidade efetiva de influenciar o curso e o desfecho do pleito", disse.

Ela reconheceu o abuso dos meios de comunicação social, mas afastou as alegações de abuso do poder político e do poder econômico, por ausência de provas.

Desta forma, foi decretada a cassação dos diplomas do prefeito e vice e declarada a inelegibilidade por 8 anos de todos os denunciados.

Prefeito vai recorrer

Em nota, o prefeito Dr. Leandro Fedossi negou que houve abuso dos meios de comunicação e afirmou que irá recorrer da decisão.

Confira a nota na íntegra:

"Venho, por meio desta, me manifestar a respeito da decisão da Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul, que cassou o meu diploma e do nosso vice-prefeito Arion Aislan de Souza.

Recebemos a decisão com serenidade e reafirmamos nosso absoluto respeito à Justiça. No entanto, confiamos que, nos recursos que apresentaremos às instâncias superiores, a verdade dos fatos será reconhecida e a vontade popular será respeitada. Fomos eleitos democraticamente, com cerca de 600 votos de diferença, em uma escolha consciente da população de Nova Andradina, que confiou em nosso trabalho e em nosso projeto de gestão para o município.

Seguiremos firmes na condução da nossa cidade, com responsabilidade, ética e compromisso com cada cidadão. Continuaremos trabalhando incansavelmente até que todas as questões sejam devidamente esclarecidas e a Justiça reconheça a legitimidade da nossa vitória nas eleições.

Agradecemos a todos pela confiança e pelo apoio. Nova Andradina pode ter a certeza de que seguiremos firmes, com o olhar no presente e o compromisso inabalável de construir um futuro ainda melhor para nossa gente.

Dr. Leandro Ferreira Luiz Fedossi
Prefeito de Nova Andradina"

POLÍTICA

Apoio a anistia cria mal-estar entre Riedel e deputados petistas na Assembleia

Descontentes e indignados com a declaração do governador, bancada do PT ameaça deixar a base do governo na Casa de Leis

07/04/2025 13h40

A declaração de Riedel não agradou aos deputados estaduais petistas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul

A declaração de Riedel não agradou aos deputados estaduais petistas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul FOTO: Divulgação

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Conforme foi divulgado no domingo (06), pelo jornal Correio do Estado, o governador Eduardo Riedel (PSDB) fez uma publicação nas suas redes sociais, defendendo a anistia irrestrita aos presos do 8 de janeiro de 2023, que provocaram um quebra-quebra na sede do Superior Tribunal Federal (STF), no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, em Brasília (DF).

O projeto em questão, que tramita no Congresso Nacional, tem gerado polêmica por buscar anistiar manifestantes e organizadores dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e depredadas por bolsonaristas radicais, em Brasília. O texto do projeto de Sóstenes Cavalcanti prevê a anistia para pessoas direta ou indiretamente envolvidas no 8 de janeiro e até mesmo por atos anteriores.

Entretanto, a declaração de Riedel não agradou aos deputados estaduais petistas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que são as principais lideranças do partido no Estado e contrários à concessão de anistia para esses presos, os quais a esquerda classifica de autores de atos antidemocráticos contra a posse do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Nas redes sociais, a deputada estadual Gleice Jane (PT), criticou a fala de Riedel e defendeu até que o partido se retire da base de apoio ao Governo do Estado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Segundo ela, a posição do governador gera preocupação, indignação e questionamentos, tendo em vista que, após os atos de vandalismo, Riedel foi até Brasília, e caminhou com Lula, ao pedir justiça pelos atos.

“Permitir que os responsáveis por atos de violência, destruição e ameaças à democracia sejam isentos de punição representa um retrocesso perigoso para o povo brasileiro, e a postura adotada pelo chefe do Executivo sul-mato-grossense coloca em risco a segurança do povo. Por isso, reafirmo minha posição de que o PT não pode mais compor este governo”, finalizou

Compartilhando da mesma opinião da colega de partido, o deputado estadual Zeca do PT discordou publicamente da fala de Riedel, e afirmou sentir vergonha. “Fica claro que Riedel quer anistia para o inelegível e inominável ex-presidente, e esconde sua intenção falando das pessoas que estão presas. Não são velhinhas, são homens adultos que atentaram contra a democracia”, disse Zeca.

Outro que repudiou o apoio de Riedel a anistia, foi o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que afirmou que o Partido dos Trabalhadores deve deixar a base aliada da gestão estadual. “Acredito que chegou a hora do PT desembarcar desse governo. Não é possível conviver com um governo que apoia golpistas e não tem apreço pela democracia”, declarou.

O parlamentar defendeu que o compromisso do PT em MS é com a reeleição de Lula em 2026. “O atual governo lidera um projeto de combate às desigualdades sociais, defesa da democracia e crescimento sustentável. Precisamos apresentar uma proposta coerente com essa visão. Sem anistia para golpistas. Golpe nunca mais. Democracia sempre”, reforçou.

BANCADA FEDERAL

Além do repúdio dos deputados estaduais, pouco tempo depois da declaração pública de Riedel, o deputado federal Vander Loubet (PT), se manifestou, afirmado que, a defesa da democracia é um valor inegociável. “Discordamos inteiramente do apoio do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, à anistia dos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, algo que é vergonhoso”, criticou.

Segundo ele, o PT defende que cada envolvido seja processado e julgado de acordo com a gravidade dos seus atos, tendo direito à ampla defesa prevista no Estado Democrático de Direito, e na opinião do político, o governador deveria defender a mesma opinião.

Em seu discurso, Loubet afirmou que, conceder anistia ampla e geral como alguns defendem seria um retrocesso inaceitável, enfraquecendo a democracia e criando precedentes perigosos para futuras ameaças. “A impunidade não pode ser tolerada”, concluiu.

A deputada federal Camila Jara (PT), também fez sua declaração, comparando a possível anistia com a impunidade de um plano de assassinato. “Imagina se alguém planeja assassinar você e pessoas próximas a você ou planeje tirar a sua liberdade de escolher o que quer fazer, de escolher seu emprego e de escolher seu representante, e nesse cenário, o governador pede que a pessoa que planejou tudo isso e a pessoa que incentivou as outras pessoas a apoiarem isso saiam impunes”, disse ela ressaltando sua profunda decepção com o governador Eduardo Riedel.

O APOIO DE RIEDEL

Na postagem, o governador revelou que tem conversado recentemente com o governador Tarcísio de Freitas e com a senadora Tereza Cristina, além de outros líderes políticos brasileiros, para defender uma revisão da dosimetria de penalizações sobre os presos do 8 de janeiro de 2023.

“Considero necessário aprovar uma anistia, que em muitos casos também tem caráter humanitário. Do meu ponto de vista, não dá para julgar e penalizar com a mesma régua o que é completamente diferente!”, ressaltou.

Riedel completou ainda que, do ponto de vista político, o Congresso Nacional tem obrigação de votar a matéria, considerando-a inclusive como um passo imprescindível para a pacificação do País. “Não dá pra errar de novo e no mesmo lugar: tentar reparar eventuais excessos cometidos naquele momento com excessos do atual”, disse.

Para ele, é preciso olhar para a frente e se afastar da guerra política e dos confrontos ideológicos para reunir forças e fazer o verdadeiro enfrentamento dos problemas nacionais gigantescos, que estão à espera de novas ideias, agenda mais realista e com coragem para fazer o que precisa ser feito. Na avaliação do governador de Mato Grosso do Sul, chegou a hora de cuidar da agenda do Brasil real, do Brasil verdadeiro. “É nisso que eu acredito. E percebo que esse é o sentimento de todo o nosso país”, finalizou.

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