Política

LUIZ HENRIQUE MANDETTA-DEPUTADO FEDERAL

'O poder público não se preparou para a epidemia de drogas'

'O poder público não se preparou para a epidemia de drogas'

MILENA CRESTANI

25/09/2011 - 16h00
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Quando trabalhava como secretário de Saúde de Campo Grande, Luiz Henrique Mandetta se deparou com usuários de droga pedindo para receber tratamento para deixar o vício. No entanto, em várias situações, não teve como atendê-los, pois não há locais para internação permanente de dependentes químicos em Mato Grosso do Sul. A alternativa foi encaminhá-los para o Hospital Regional, onde podem permanecer por no máximo 15 dias, e depois para acompanhamento pela Caps. Como deputado federal, passou a integrar a Comissão Especial de Combate às Drogas e tenta mudar essa realidade, que acontece em todo o País.

No entanto, a tarefa não é nada fácil. A comissão definiu cinco eixos prioritários – os quais são detalhados na entrevista abaixo – incluindo mudanças na legislação, políticas educacionais e até melhorias na rede para tratamento de dependentes químico.

Durante a entrevista concedida ao Correio do Estado, o deputado federal fala dos diversos prejuízos causados pelo crack e alerta que a droga invadiu as classes sociais mais baixas, o que evidencia a necessidade tratamento gratuito para os dependentes. Não há mais municípios hoje que não contam com cracolândia. Para tentar minimizar os problemas, uma das alternativas é formalizar parceria de combate ao tráfico com os países vizinhos produtores da cocaína e até a criação da Améripol, para desenvolver ações de inteligência na luta contra as drogas.

 

Como surgiu a proposta para implantação da Comissão Especial de Combate às Drogas?

Cada deputado quando começa o mandato ocupa duas comissões. Eu escolhi a de Seguridade Social, que trata de saúde e políticas sociais, e a de Relações Exteriores e Defesa Nacional, por causa da situação precária das nossas fronteiras. Quando começamos, apresentei proposições relacionadas à problemática das drogas, assim como outros deputados trataram do mesmo assunto em outras comissões. Neste caso, a Câmara une todas essas propostas para que sejam analisadas por uma comissão especial, que foi quando criamos a para o enfrentamento das drogas. A comissão trabalha com cinco eixos: legislação, prevenção, atenção, repressão e sistema carcerário.

 

Na prática, quais são as propostas que a comissão já está discutindo?

No eixo da legislação temos questões como a internação compulsória – que ainda é tabu – propostas para mudar a lei com objetivo de agravar o crime de tráfico de drogas e para aumentar a pena do adulto que utilizar o menor de idade para o tráfico. Na parte de prevenção, a comissão incluiu políticas dentro das escolas, como colocar a discussão sobre as drogas na grade curricular e até mesmo dispor de um capítulo nos livros didáticos distribuidos pelo Ministério da Educação (MEC) de acordo com cada série e para os universitários. Há ainda propostas para campanhas publicitárias e capacitação de agentes de saúde para tratar do tema. No eixo de atenção, tratamos do fato de o SUS (Sistema Único de Saúde) não contemplar a internação prolongada do dependente químico. Hoje você só tem a rede Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), onde o índice de adesão é muito baixo e a recidiva altíssima. Temos apenas o trabalho das comunidades terapêuticas, ligadas a igrejas e ONGs, que não são credenciadas ao SUS. Elas têm resistência do pessoal que coordena a saúde mental no Ministério da Saúde, pois eles entendem que a internação prolongada está na contramão da reforma manicomial. Inclusive, há uma portaria da Anvisa que torna esse trabalho extremamente complexo, pois as comunidades não têm condições de cumprir todas as regras. A gente refez a portaria, implantando a internação para a fase aguda, de abstinência, e depois a prolongada, que pode durar de 4 a 6 meses. Estamos finalizando a redação, mas o valor de cada leito pode chegar a de R$ 850 por mês.

 

Em Mato Grosso do Sul, temos algumas unidades que atendem aos dependentes, como a Recomeçando, em Jaraguari. Elas não fornecem essa internação como deveria?

Com essas mudanças, o Estado terá condições de adaptar algumas unidades à rede SUS. A unidade de Jaraguari, assim como muitas outras, tem convênio por meio da assistência social. Além da parte de saúde, há necessidade de investimentos em ressocialização, para inserir a pessoa no mercado de trabalho, por exemplo. É um trabalho amplo.

 Quais são os trabalhos da comissão na região de fronteira?

Temos isso no eixo de repressão. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, são poucos agentes da Polícia Federal na fronteira e eles não ganham adicional para atuar nessa região. O Plano de Segurança das Fronteiras, lançado em junho, compreende uma série de investimentos em equipamentos, como o Veículo Aéreo Não-Tripulado (Vant) e também a Central de Inteligência para que as polícias federal, civil, rodoviária federal, Exército, Marinha e Aeronáutica possam ter ações interligadas. A Operação Ágata já é um resultado. O outro eixo trata do sistema prisional, que está em colapso e do alto número de presos por tráfico de drogas.

 Há discussões para tentar um tipo de acordo com os países vizinhos para minimizar os problemas com o tráfico de drogas?

Como o crime ocorre além das fronteiras, uma das minhas sugestões é tentar ampliar essas discussões, principalmente com Bolívia, Peru e Colômbia, que produzem 98% da cocaína do mundo. As leis destes países e do Brasil são muito diferentes entre si. Por isso, do dia 3 a 7 de outubro, a comissão designou sete integrantes para ir ao parlamento destes países com objetivo de conhecer a legislação para ver o que podemos acrescentar ou alterar com objetivo de facilitar e ter uma lei que fale a mesma língua. Isso é diplomacia parlamentar. Vamos usar pela primeira vez esse conceito para falar sobre as drogas e, como também estou na delegação, pretendo abordar a questão da identificação dos automóveis com a Bolívia.

 

Que tipo de providências podem ser adotadas com outros países?

Vou assumir uma cadeira de deputado para o Mercosul, o chamado Parlasul e quero implantar também a Comissão Especial de Combate às Drogas, pois o crime é transnacional. Por exemplo, a folha de coca não vira pó se não tiver indústria petroquímica. Os países que tem indústria petroquímica são Brasil e Argentina. Então, podemos concluir que está indo solvente para lá para voltar pó para cá. Precisamos de ações articuladas. Existe já na Europa a Europol, que trata de questões de inteligência das polícias e estratégicas de enfrentamento às drogas. Na América do Sul temos a ideia de fazer a Ameripol, que seria a inteligência da polícia das Américas, para unir forças da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, e a Bolívia, que é aspirante ao Mercosul. Como o trabalho está bastante ligado ao problema do crack, queremos a integração ainda com Peru e Colômbia.

 

A partir da constatação de que a grande maioria dos atos infracionais tem como pano de fundo o uso de drogas, discutiu-se a possibilidade de os adolescentes que se encontram nas Uneis passarem automaticamente, já no período de sua internação, pelo tratamento da dependência?

Temos essa vertente. Quando aborda-se apenas a penalização, você arruma um depósito e deixa o menor lá. Precisamos ampliar as ações de prevenção, com, escolas técnicas e geração de oportunidades para a ressocialização.

 

No entanto, para garantir todas essas ações são necessários investimentos altos dos Governos federal e estadual, que ainda são omissos em algumas questões. Como isso será articulado?

Tivemos uma reunião em Mato Grosso do Sul com a participação de secretários de vários estados que fazem fronteira com Bolívia, Peru e Colômbia. Nosso Estado tem o que mostrar, comparado aos demais. Temos o DOF (Departamento de Operçaões de Fronteira) e uma boa performance em investigação, mas ainda é pouco perto do tamanho do problema. Os governos estaduais terão de se envolver mais.

 E em relação ao investimentos no setor da saúde para tratamento dos dependentes?

Não há nada no Brasil inteiro. Um blecaute total. O poder público nunca se preparou para essa epidemia de drogas. Até um passado relativamente recente, a questão das drogas era diferente. Tínhamos a cocaína, que atingia principalmente jovens das classes A e B, que tinham condições de comprar e gastar dinheiro a ponto de tornarem-se viciados naquela droga. As famílias gastavam com tratamento em clínicas particulares. Já a maconha, muito mais presente nas classe C, D e E, embora faça muito mal, não tem esse componente de vício absoluto como as formas atuais de cocaína. O crack é a cocaína com solventes cada vez mais baratos e sem chegar ao refino. Com a droga sendo inalada, como acontece com o crack, o usuário dá um pico alto de alucinação, mas o tempo de permanência é mais baixo e logo ele precisa da primeira, segunda e até quinta pedra. Acaba consumindo uma quantidade maior.

 As dificuldades aumentaram porque o crack vem atingindo todas as classes sociais?

Essa droga não teve tanta aceitação nas classes A e B, mas entrou nas demais. Hoje você encontra cortador de cana usando crack. No começo, a droga é excitante, ele trabalha mais, tira a fome, mas depois de dois meses a produção cai. O crack entrou até nas aldeias indígenas. Hoje não há mais municípios sem cracolândia. Aquilo não está só em Campo Grande ou e São Paulo, está também nos municípios pequenos.

 O senhor é favorável a internação compulsória, a exemplo do que aconteceu no Rio de Janeiro?

Esse assunto é bastante complexo. A legislação garante o livre arbítrio para que a pessoa decida pelo tratamento, a não ser que a doença coloque em risco terceiros, como no caso de doenças infecciosas. Não é a situação do viciado em drogas, que está destruindo seu próprio organismo. Entretanto, o dependente que está sob efeito de substância psicoativa não tem condições de decidir se quer ou não se tratar e entra o conceito do Estado como protetor da vida, no qual está sendo elaborada a tese para a internação compulsória. Há proposta para que a pessoa seja internada na fase agúda do problema até ter condições de optar pelo tratamento.

 Entretanto, pela situação que enfrentamos hoje, mesmo que a pessoa queira não terá onde buscar esse tratamento?

A meta da reforma manicomial era fechar os hospitais psiquiátricos até por conta da melhoria do tratamento ambulatorial na psiquiatria. Mas, com o surgimento desse tipo de droga, há um apelo até mesmo da sociedade para providências. Estamos sofrendo com o fato de não ter havido prevenção. Para abrir leitos na quantidade necessária seria necessário um megaesforço nacional e por isso a internação tem que ser muito bem discutida. Não podemos deixar que os políticos, principalmente quando o país receberá Olimpíada e Copa do Mundo, usem desse artifício para deixar os cartões postais limpos. É fácil falar: "não queremos cracolândia", pegar uns dez ônibus e levar as pessoas para uma fazenda. Acredito que vamos chegar a um meio termo.

 O senhor já se deparou com situações de pessoas que não conseguiram tratamento para largar as drogas?

Há pessoas que chegaram para mim e falaram: "quero me tratar" e eu, como secretário de saúde, infelizmente, não tinha onde interná-lo. Aqui em Campo Grande, a pessoa fica de 10 a 15 dias no Hospital Regional e depois vai para a Rede Caps, onde a recidiva é altíssima. Depois que ele recebe alta, vai encontrar a mesma turma, mesmos amigos, está fora da escola e sem emprego. Os vínculos continuam os mesmos. Ele acaba passando no Caps de vez em

UNIÃO

Projeto da reciprocidade econômica tem apoio dos 3 senadores de MS

Nelsinho Trad (PSD/MS), Soraya Thronicke (Podemos) e Tereza Cristina (PP) foram os representantes sul-mato-grossenses na votação que aconteceu ontem, dia 1º de abril

02/04/2025 09h15

Nelsinho Trad (PSD/MS), Soraya Thronicke (Podemos) e Tereza Cristina (PP)

Nelsinho Trad (PSD/MS), Soraya Thronicke (Podemos) e Tereza Cristina (PP) Foto: Montagem

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Os três senadores sul-mato-grossenses votaram ontem (01/04) pela aprovação do projeto de lei de "reciprocidade tarifária", que prevê tarifaços em resposta a barreiras comerciais impostas por outros países a produtos brasileiros. O PL 2088/2023, que uniu Governo e oposição, teve 70 votos favoráveis no plenário e nenhum contra. Hoje o texto deve ser votado pela Câmara dos Deputados.

O texto foi ao plenário logo após ter sido  aprovado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em caráter terminativo, quando deveria ser encaminhado diretamente para a Câmara dos Deputados depois do prazo de cinco dias. Porém, o prazo de cinco dias foi quebrado e um requerimento de urgência levou o texto para apreciação de todos os senadores, quando foi aprovado. 

Durante a votação, a senadora sul-mato-grossense relatora da matéria Tereza Cristina (PP) afirmou que o diálogo sempre deve ser buscado, ressaltando que o projeto é “de interesse do Brasil. Por isso, há a urgência dele, para que saia do Senado hoje (ontem) ainda, vá à Câmara dos Deputados amanhã e possa ser votado, para que o Brasil tenha defesa, instrumentos, se tiver algum tipo de retaliação aos seus produtos, dos mais diversos segmentos, não só do agronegócio, mas de todos os segmentos, para que o Brasil tenha instrumentos para se sentar a uma mesa de negociação e não retaliar, mas dialogar, tendo instrumentos fortes, e, se for preciso, então, fazer a retaliação.”

O autor do projeto, o senador Zequinha Marinho (Podemos/PA) destacou a relatoria de Tereza Cristina ao afirmar que ela ampliou a amplitude do projeto “para servir não apenas para a questão e para o debate ambiental (era o tema central da matéria).

Naquele momento (2023), o foco, a dificuldade era a imposição europeia com relação às questões ambientais e comerciais aqui”, explicando que o texto adaptado vai dar ao negociador brasileiro alguma condição de colocar a sua opinião legal na mesa’, e que nesse momento, quando o “Governo americano coloca aí na mesa uma taxação infinita de produtos - e amanhã (hoje) é um dia muito especial para o mundo nas relações comerciais -, a Senadora Tereza ampliou o arco de atuação dessa lei e fez dela a principal ferramenta da diplomacia brasileira no que diz respeito à negociação comercial mundo afora.”

O senador Nelsinho Trad (PSD/MS) enfatizou que “o texto responde a uma demanda real: proteger o Brasil diante das regras comerciais e ambientais unilaterais, sem abrir mão do diálogo e da diplomacia. Diante de ameaças externas, o Senado responde com união, e o Brasil demonstra que precisamos agir com responsabilidade, com estratégia e bom senso. O próximo passo é aprofundar este debate no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e fortalecer as pontes com os nossos parceiros internacionais.”

Além de Tereza Cristina, os senadores de Mato Grosso do Sul Nelsinho Trad e Soraya Thronicke (Podemos) votaram a favor do texto. 

Pressa

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que  o projeto é importante porque está previsto para hoje  o anúncio do aumento de tarifas de importação pelos Estados Unidos.

A data está sendo chamada pelo presidente norte-americano Donald Trump de "dia da libertação" dos Estados Unidos de produtos estrangeiros. Ainda não foram divulgadas informações sobre as alíquotas e sobre como as tarifas serão calculadas.

“Então, seria de bom tom o Congresso Nacional aprovar esta matéria no mesmo dia do anúncio de aumento de tarifas. A matéria é de central interesse para o Brasil e tem o total apoio do governo”, argumentou Randolfe.

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Desfiliação partidária

Em 48 dias, TRE vai julgar o pedido de cassação do mandato de Lucas de Lima

A 1ª suplente do deputado estadual recorreu à Justiça Eleitoral depois de ele ter trocado o PDT pelo PL sem justa causa

02/04/2025 08h30

O deputado estadual Lucas de Lima vai ser julgado por ter trocado o PDT pelo PL sem motivo

O deputado estadual Lucas de Lima vai ser julgado por ter trocado o PDT pelo PL sem motivo Foto: Wagner Guimarães/Alems

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No dia 19 de maio, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) deve julgar a ação de justificação de desfiliação partidária e perda de mandato do deputado estadual Lucas de Lima.

O risco de cassação do mandato do parlamentar começou nas eleições municipais de 2024, quando o PDT barrou a pré-candidatura de Lucas de Lima a prefeito de Campo Grande e filiou Marquinhos Trad, ex-prefeito da Capital, sendo alvo de pesadas críticas do deputado estadual em função das acusações que pesavam contra o ex-gestor público.

Em setembro de 2024, Lucas de Lima recorreu à Justiça Eleitoral para deixar o PDT e, após obter parecer favorável do TRE-MS, anunciou que ficaria sem partido. Na ocasião, ele alegou que o PDT fez uma intervenção no Estado e não lhe deu o comando, mesmo tendo o mandato mais importante da sigla.

Entretanto, neste ano, no começo de fevereiro, logo na retomada dos trabalhos na Assembleia Legislativa, Lucas de Lima anunciou sua filiação ao PL. 

Na época, ele alegou que sempre foi mais simpático à direita.

Porém, há três semanas, quando tudo parecia já definido, sua situação política sofreu uma reviravolta, pois uma decisão judicial determinou que Lucas de Lima assinasse a ficha de desfiliação do PL.

“Eu tive de me desfiliar, porque estou respeitando uma ordem judicial. O PDT recorreu da decisão do TRE-MS, a qual me dava o direito de sair do partido por justa causa. Eles recorreram ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], e uma decisão monocrática foi a favor da legenda”, lamentou.

NOVO REVÉS

Há duas semanas, a assistente social Glaucia Iunes, primeira-suplente de deputada estadual pelo PDT, ingressou com uma ação de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária contra Lucas de Lima.
O pedido foi protocolado no TRE-MS e busca a posse da suplente na Assembleia. 

Essa ação judicial ocorre após o parlamentar, que foi eleito pelo PDT em 2022, ter se desfiliado via decisão judicial e se filiado ao PL.

Para Glaucia, no entendimento do próprio partido, a migração partidária ocorreu sem justa causa, desrespeitando a legislação eleitoral, a qual determina a perda do cargo quando a desfiliação acontece sem fundamento legal.

Composta pelos advogados Edson Panes de Oliveira Filho e Rodrigo Dalpiaz Dias, a defesa da suplente fundamenta o pedido na decisão do TSE, que já analisou o caso e julgou improcedente o pedido de Lucas de Lima para reconhecer uma justificativa legal para a sua saída do PDT.

O parlamentar alegava que havia sido vítima de discriminação política dentro da legenda, argumento rejeitado pelo TSE. Na decisão, o ministro Antônio Carlos Ferreira, relator do processo, destacou que não houve grave discriminação política pessoal, um dos poucos motivos que poderiam justificar a troca de partido sem perda do mandato.

“O TSE entendeu que os conflitos relatados por Lucas de Lima não ultrapassaram o que é comum dentro da dinâmica partidária e que a sua saída do PDT foi uma escolha pessoal, sem respaldo legal”, analisou o ministro.

Dessa forma, a defesa de Glaucia argumenta que, com a infidelidade partidária comprovada, o mandato pertence ao partido e, consequentemente, à primeira-suplente.

MANIFESTAÇÃO

A ação também pedia a concessão de uma tutela de urgência, ou seja, uma decisão rápida da Justiça Eleitoral para evitar que o PDT fique sem representação na Casa de Leis enquanto o processo tramita. 

Entretanto, o juiz Carlos Alberto Almeida de Oliveira Filho, relator da ação, indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, em face da ausência de seus pressupostos autorizadores.

Porém, o magistrado determinou a citação de Lucas de Lima para que ele tome ciência da ação e, assim querendo, apresente sua defesa no prazo de cinco dias, contados do ato da citação, nos termos 
do artigo 4º da Resolução TSE nº 22.610/2007.

“Cite-se, outrossim, o partido no qual o demandante se encontrava filiado (PL) para, querendo, apresentar defesa no mesmo quinquídio legal. Após, com a vinda ou não da resposta à demanda, dê-se vista dos autos à Procuradoria Regional Eleitoral”, decidiu.

Para os advogados Panes e Dias, a Resolução TSE nº 22.610/2007, que regulamenta o assunto, diz em seu artigo 12 que o processo de que trata essa resolução será observado pelos tribunais regionais eleitorais e terá preferência, devendo encerrar-se no prazo de 60 dias.

“O que entendemos da decisão inicial do relator do processo, o juiz Carlos Alberto Almeida de Oliveira Filho, é que ele seguirá o prazo determinado na resolução, pois na justificativa da não concessão da liminar ele disse que ‘ações dessa natureza têm rito célere, fator que repele a concessão da tutela de urgência satisfativa-exauriente’. Neste momento, o processo está aguardando a citação de Lucas de Lima, o qual terá cinco dias para se manifestar”, declarou a defesa da primeira-suplente.

Ao Correio do Estado, Glaucia disse que está aguardando o prazo que foi dado na ação – de até 60 dias – para o julgamento no TRE-MS. “Estou confiante, porém, cautelosa”, comentou.

OUTRO LADO

Por meio de nota, o deputado estadual Lucas de Lima afirmou ao Correio do Estado que recebeu com estranheza a notícia acerca da ação proposta por Glaucia Iunes pretendendo o seu mandato, em decorrência de suposta infidelidade partidária.

“Jamais foi praticado nenhum ato de violação às leis que regem os partidos políticos e às regras internas do PDT – todos os atos realizados foram decorrentes de decisões judiciais e nelas amparados –, e nenhum ato de infidelidade partidária foi praticado durante toda a minha história política”, escreveu.

Ele prosseguiu dizendo que, como ainda não teve conhecimento do conteúdo da recente ação ajuizada pela suplente, “neste momento, a ação por mim ajuizada contra o PDT ainda é objeto de recurso no TSE, sem trânsito em julgado”.

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