Política

JUSTIÇA FEDERAL

Odilon é acusado de vender
sentença e manipular escutas

Ex-braço direito fez acusações registradas em cartório contra juiz

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Ex-braço direito e primo do juiz federal aposentado e candidato a administração de Mato Grosso do Sul, Odilon de Oliveira (PDT), Jedeão de Oliveira registrou no cartório de 1º Oficial  de Registro Civil das Pessoas Naturais, de Bauru (SP), declarações em que afirma que o magistrado, enquanto titular da 3ª Vara Federal de Campo Grande, realizou escutas ilegais, superfaturou relatórios de apreensões feitas pela Justiça e vendeu sentenças para amigos conhecidos.

Em suas acusações, Jedeão destaca que trabalhou durante 22 anos como diretor de Secretaria e chegou à função porque o magistrado era grato ao seu pai, tendo em vista que ele fez Odilon estudar, acompanhando sua trajetória até se formar em Direito, em Campo Grande. O primo de Odilon foi exonerado do cargo e está sendo acusado de desviar R$ 11 milhões da Justiça Federal. Ele se defende e afirma que as acusações contra ele não passam de armações do primo.

Conforme o documento obtido pelo Correio do Estado, o ex-diretor da Secretaria da 3ª Vara Federal afirma que Odilon tinha uma equipe particular de arapongagem (espionagem) dentro da Polícia Federal com agentes na ativa e aposentados. De acordo com o registro de Jedeão, a equipe praticava “os maiores absurdos a fim de encontrar criminosos e atividades ilícitas, todos eram alvos. Bastava ter um patrimônio visível, bastava dirigir um carro de grande valor, por exemplo… Ele investigava cidadãos comuns, empresários, políticos, advogados, outros juízes etc”, afirma o primo do magistrado em seu texto.

Segundo o documento, a Polícia Federal usava vários métodos para espionagem, como escutas de ambiente, mas o mais eficaz era interceptação clandestina de telefones. Jedeão explica que, caso a pessoa fosse suspeita, o número de telefone constava em um anexo elaborado pela Polícia Federal a ser enviado para a operadora de telefonia, com o ofício da quebra de sigilo telefônico expedido pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, ou seja, pelo então juiz Odilon de Oliveira. “Todo número poderia ser inserido nestes anexos, configurando a prática daquilo que conhecemos como barriga de aluguel em escutas telefônicas”, diz o declarante.

O delator teria descoberto irregularidades nas escutas durante as férias do magistrado, quando o juiz da 4ª Vara Federal, Pedro Pereira dos Santos, substituiu Odilon e questionou a forma como eram feitas, pedindo que o delegado que havia pedido a interceptação telefônica justificasse o pedido de cada um dos números em anexo. “A ordem não agradou ao delegado, e o declarante ouviu da boca do mesmo que aquela era uma prática extremamente burocrática que só dificultava o trabalho da Justiça”, consta no documento.

Outro fato irregular na magistratura de Odilon e delatado por Jedeão é o superfaturamento nos relatórios de bens apreendidos para conseguir destaque na imprensa. Quando ficava muito tempo longe da mídia, “o juiz pedia um relatório de bens e, alguns dias depois, aparecia uma equipe de jornalista na Secretaria da 3ª Vara”. Em um dos fatos citados, o candidato do PDT teria dito que apreendeu 18 aeronaves, mas, na verdade, eram 18 documentos de aeronaves, menos da metade eram realmente aeronaves e algumas já estavam em situação degradante e seriam sucatas. “A ideia era fazer superar a cifra de bilhão de reais de bens apreendidos”, destaca Jedeão. 

SENTENÇAS 
O ex-diretor da 3ª Vara acusa ainda o candidato a governador de vender sentenças em sua trajetória como magistrado. Segundo as declarações registradas em cartório, Adriano Magno, filho de Odilon, seria o intermediário nas negociações. A prática percebida pela primeira vez por Jedeão foi após uma operação de combate ao crime contra o sistema financeiro nacional. Houve apreensões de documentos e valores em Campo Grande, em cinco casas financeiras –uma delas, de Márcio Tonin França, colega de faculdade de Magno. O diretor estava de férias em Minas Gerais, mas teve que retornar para restituir apenas os valores de França.

“A substituta não quis fazer, pois tratava-se de uma operação de suspeita e não queria se envolver com aquilo. (...) O declarante retornou antes de terminar suas férias e restituiu todos os valores apreendidos naquele inquérito específico. (...) Havia sido, sem dúvidas, a primeira atuação de Adriano Magno na negociação de decisões do pai”.

O documento aponta ainda que o candidato do PDT ao governo de Mato Grosso do Sul vazava informações de processos em segredo de Justiça e depois chamava a atenção dos seus subordinados.

OUTRO LADO 
Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o candidato ao governo do Estado pelo PDT e juiz federal aposentado Odilon de Oliveira destacou que a Polícia Federal, a pedido dele, abriu inquérito policial contra o ex-servidor. O Ministério Público Federal (MPF), que atua em todos os pedidos de escuta telefônica feitos pela PF, transformou esse inquérito em ação penal. O juiz Odilon apurou todos os fatos e encaminhou o resultado ao Tribunal Regional Federal, em São Paulo, que abriu processo disciplinar e o exonerou por solicitação do magistrado.

Ainda de acordo com a nota, por ser réu confesso e por ter sido exonerado a pedido do juiz, o ex-servidor lança suspeitas sobre os juízes e servidores da vara e acusa, de modo criminoso, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Justiça Federal, por grampos telefônicos supostamente ilegais.
Com relação às estatísticas de bens apreendidos, a assessoria disse que merece idêntica desconsideração. 

LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

Pesquisa

Lula lidera cenários para 2026; Flávio é o mais bem posicionado na direita

Filho de Jair Bolsonaro apresenta intenção de votos maior que Tarcísio e Ratinho Jr. em um cenário de primeiro turno

16/12/2025 15h24

Lula pode enfrentar Flávio Bolsonaro em 2026

Lula pode enfrentar Flávio Bolsonaro em 2026 Fotomontagem/Agência Brasil e Agência Senado

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera todos os cenários de primeiro turno e venceria todos os adversários no segundo turno se as eleições fossem hoje, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira, 16.

Este é o primeiro levantamento do instituto após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançar como pré-candidato à Presidência.

O filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi testado em todos os cenários de primeiro turno, já que vem dizendo que a única possibilidade de retirar sua candidatura é se seu pai for candidato. Bolsonaro está preso na superintendência da Polícia Federal em Brasília após ter sido condenado por tentativa de golpe de Estado.

Nos cenários espontâneos, Lula tem 20% das intenções de voto. Jair Bolsonaro tem 5% das intenções de voto. Flávio tem os mesmos 5%. Outros 65% se dizem indecisos.

A Quaest fez diferentes cenários eleitorais estimulados, dependendo de governadores de direita que podem se lançar candidatos à Presidência, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR). Em todos eles, Flávio fica em segundo lugar, atrás apenas de Lula.

No cenário com Ratinho Jr., Lula tem 39% das intenções de voto; Flávio tem 23%; Ratinho, 13%; Renan Santos (Missão), 2%; Aldo Rebelo (Democracia Cristã), 2%. Indecisos somam 5% e 16% dizem que votarão em branco, nulo ou não votarão.

No cenário com Tarcísio, o atual presidente tem 41%; Flávio mantém 23%; Tarcísio tem 10%. No cenário com Zema, o petista tem 39%; Flávio, 26%; o governador mineiro, 6%. No cenário com Caiado, Lula tem 39%; o senador, 27%; o governador goiano, 4%.

A Quaest também testou um cenário em que três dos governadores - Ratinho, Caiado e Zema - saiam candidatos. Apenas Tarcísio ficou de fora nessa projeção. A mesma divisão se mantém: Lula tem 37%; Flávio, 23%; Ratinho, 11%; Zema, 4%; Caiado, 3%.

Um último cenário inclui o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB). Neste caso, Lula teria 34% (o cenário com maior redução do seu porcentual); Flávio teria 21%; Ratinho, 12%; Ciro, 8%; Zema, 4%; Caiado, 2%; Santos, 1%; Rebelo, 1%.

Nas simulações de segundo turno, Lula tem de 10 a 12 pontos porcentuais de vantagem em relação aos adversários. A seguir, os cinco cenários:

  • - Lula 46% x 36% Flávio;
  • - Lula 45% x 35% Tarcísio;
  • - Lula 45% x 35% Ratinho;
  • - Lula 44% x 33% Caiado;
  • - Lula 45% x 33% Zema.


No caso de Flávio Bolsonaro, o instituto registrou um crescimento no porcentual do senador em relação a agosto, quando seu nome foi testado pela primeira vez. Naquela época, Flávio ainda não havia anunciado sua intenção de se candidatar como representante de seu pai. Em agosto, o filho mais velho do ex-presidente tinha 32% contra 48% do petista.

Ao mesmo tempo, Flávio aumentou sua rejeição nos últimos meses. Segundo a pesquisa de dezembro, 60% o conhecem e não votariam nele, enquanto 28% dizem que conhecem e votariam. Em agosto, 22% diziam que conheciam e votariam nele, enquanto 55% o conheciam e não votariam nele.

A escolha de Jair Bolsonaro pelo seu primogênito foi apontada por 54% dos entrevistados pela Quaest como um erro. Para 36%, foi um acerto. A maior parte dos entrevistados (61%) disse ter ficado sabendo do anúncio de Flávio Bolsonaro, enquanto 39% disseram não ter ouvido falar sobre o assunto.

Os pesquisadores perguntaram, então, quem deveria ser o escolhido de Bolsonaro para disputar a Presidência da República. A ex-primeira-dama Michelle foi a primeira colocada, com 19%. Tarcísio, o segundo, com 16%. Ratinho Jr. foi o terceiro, com 11%. Pablo Marçal, Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite ainda foram citados. Para 21%, no entanto, nenhum desses deveria ser o representante de Bolsonaro no pleito

Diante desse cenário, 61% disseram à Quaest que não votariam em Flávio de jeito nenhum. Apenas 13% disseram que votarão no senador, enquanto 23% afirmaram que podem votar no filho mais velho do ex-presidente.

O instituto Genial/Quaest ouviu 2.004 brasileiros entre os dias 11 e 14 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiabilidade é de 95%.

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