Política

Entrevista da Semana

Para o deputado estadual Antônio Carlos Arroyo, a
União trata muito mal MS

Para o deputado estadual Antônio Carlos Arroyo, a
União trata muito mal MS

Fausto Brites

24/02/2013 - 18h30
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O deputado Antônio Carlos Arroyo (PR) ainda se lembra quando, em 1971, recém-chegado de São Paulo em Campo Grande, conseguiu uma carona com o então governador Pedro Pedrossian, quando visitava a Universidade Estadual de Mato Grosso (hoje UFMS). De presidente de diretório acadêmico a secretário de Estado e, atualmente, exercendo o seu quinto mandato parlamentar, comanda o segundo cargo mais importante na Assembleia Legislativa: a primeira secretaria. Nessa entrevista, ele fala sobre suas funções na administração do Legislativo e também faz um raio-x sobre Mato Grosso do Sul, mostrando-se indignado com o tratamento dispensado pela União ao Estado. Confira os principais trechos da entrevista:

CORREIO PERGUNTA: Deputado, qual efetivamente a atribuição da primeira secretaria da Assembleia Legislativa?

ANTONIO CARLOS ARROYO: É administrar a Casa junto com o presidente e o segundo secretário. Não é simplesmente mandar pagar servidor ou fazer a manutenção, mas dar condições para que os deputados possam desenvolver melhor o seu trabalho. E é isso que nós vamos fazer.

O sr. disse melhorar o trabalho. A Assembleia Legislativa é hoje a Casa do Povo em sua plenitude?
Eu acho que a Assembleia Legislativa, e eu tenho experiência de quase 18 anos aqui, evoluiu bastante. Ao longo desses anos a Assembleia foi ao encontro da população. Nós passamos a ter mais audiências públicas, passamos a ser uma Casa que representa a população, não só nas horas dos debates, nos interesses dos funcionários do Executrivo, do Judiciário, do Tribunal de Contas, do Ministério Público, enfim, a Assembleia passou a ser a grande debatedora, a grande formadora de opinião. E eu acho importante que a população passe a participar mais, não só trazendo sugestões, mas criticando construtivamente, até porque o momento que a classe política atravessa é um momento difícil.

Há pretensão de se fazer concurso público?
Nós temos na Assembleia Legislativa os funcionários que são concursados, efetivos e temos aqueles que são temporários. Porque cada deputado, obedecendo ao que manda a Constituição, tem seus cargos em comissão nos gabinetes como têm os senadores e os deputados federais. Nós seguimos rigorosamente a Constituição. E é natural que um deputado ao entrar queira nomear suas pessoas de confiança. À medida que vão vagando os cargos, nós vamos preparar – por enquanto estamos enxugando a Casa – para fazer novos concursos.

Qual o seu raio-x de Mato Grosso do Sul hoje?
Acredito em Mato Grosso do Sul, mesmo sendo tão mal tratado pelo Poder Central. Quando digo tratado mal é porque nós já fomos o maior produtor de carne, fomos o maior rebanho bovino do Brasil, somos entre os quatro maiores produtores de grãos, somos exportadores de minérios, estamos agora nos tornando referência como um polo industrial, em Três Lagoas, temos a maior indústria de papel do Brasil que é a Eldorado, no entanto o nosso FPE (Fundo de Participação dos Estados) é um dos piores do Brasil. Por exemplo: o Estado tem um índice de 1,3% no FPE. Quando Tocatins, que é um estado semelhante, criado bem depois do que nós, tem 3,7%. Há distorção. Para mexer no FPE, o bolo é finito. Para aumentar o de Mato Grosso do Sul você vai ter que diminuir o de alguém. Sabe como é o índice? Foi criado lá atrás, logo após a Constituição, quando acabou o regime militar, é que lá a Constituição previa que há cada dez anos os índices teriam que ser revistos, que são em função da população, da renda per capita, do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), do PIB (Produto Interno Bruto) e nunca mais se corrigiu. Por que o Ceará, a Bahia e o Maranhão têm o maior índice, praticamente 7%? Nós explicamos o porquê: Na época, era terra de ACM (Antônio Carlos Magalhães), Sarney (senador José Sarney) e companhia. Estes, lá atrás, fizeram esses índices. Porque não se corrige? Por que Tocatins que foi criado agora tem quase três vezes o nosso índice? Qual é a razão? Critérios meramente políticos. Mato Grosso do Sul só precisa que lhe dêem o que tem direito e nós fazemos nossa parte. O Estado, com certeza, será um dos melhores estados do País se não nos tomarem o dinheiro que é nosso.

O sr. também é um crítico constante sobre a dívida do Estado com a União, hoje da ordem de R$ 5,9 bilhões.
Nossa dívida é um absurdo. Nós somos penalizados. Só este ano que começou, nós vamos gastar quase R$ 1 bilhão em amortização do serviço da dívida. É uma bandeira que levantei e tenho mostrado; tenho participado de fóruns de debates de todas as Assembleias Legislativas do Brasil para mostrar que precisam ser corrigidas essas distorções. Corrigir a injustiça com a qual somos tratados.

A União tem alguma dívida com o Estado?
A maior parte da dívida, o componente da dívida são referentes às obras federais. Havia uma cláusula de ressarcimento para o Estado. Por exemplo: a BR-262, que liga Três Lagoas a Corumbá, está em nossa dívida. O Estado paga, quando é uma BR. E quando o Governo executou, e foi importante porque é uma artéria de ligação, havia uma cláusula na época com o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), hoje DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que ao final a União ressarceria o Estado, assumiria o financiamento. A ponte sobre o Rio Paraguai, é outro exemplo. São coisas injustas. Nós estamos pagando uma dívida que não é do Estado. Por que nós temos que pagar 15% da nossa receita corrente líquida a serviço da dívida, quando tem Estado que paga 9%?

E sobre a Lei Kandir?
É um absurdo. O Estado perde com a Lei Kandir mais de R$ 500 milhões por ano porque são produtos para exportação. Portanto, ele deixa de arrecadar o ICMS e depois é ressarcido. Desses R$ 500 milhões, retornam para o Estado algo como R$ 70 ou R$ 80 milhões por ano.

Então, (essas) são coisas que têm prejudicado, e muito, Mato Grosso do Sul. Hoje, 63,7% do que se arrecada no Brasil estão nas mãos do Governo federal. Menos de 20% estão na parte do Governo Estadual e menos de 10% vão para as prefeituras. E aí a ditadura federal, no bom sentido, faz as benesses que ela quer, quando convém. Nós precisamos ter uma reforma tributária no País e, logo em seguida, uma reforma política.

Esse descaso acontece desde quando deputado?
Desde a criação do Estado já tivemos problemas de interferência do governo central. Trouxeram um governador de outro Estado, quando nós tínhamos lideranças. Se ocorreram desentendimentos, desacordos (políticos), tinha que ter um governador daqui; nós tínhamos lideranças muito fortes. Tínhamos um Pedro Pedrossian, um José Fragelli, um Antonio Mendes Canale, Lúdio Coelho, lideranças que tinham história para contar. Por que trazer outro cidadão, do Rio Grande do Sul, para governar o Estado? E num período muito curto nós tivemos muitas mudanças. Naqueles anos, desde a criação até 83, quantos governadores nós tivemos? Tudo isso criou problema. Mas mesmo assim o Estado se desenvolveu, o Estado é pujante.

E o que é preciso?
Só precisamos que a União nos dê o que temos direito. Nós somos um Estado produtor e graças à nossa produção nós ajudamos a viabilizar a balança comercial. Esse dinheiro arrecadado com os impostos da nossa produção tem que voltar para melhorar a qualidade de vida de nosso povo.   

LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

Pesquisa

Lula lidera cenários para 2026; Flávio é o mais bem posicionado na direita

Filho de Jair Bolsonaro apresenta intenção de votos maior que Tarcísio e Ratinho Jr. em um cenário de primeiro turno

16/12/2025 15h24

Lula pode enfrentar Flávio Bolsonaro em 2026

Lula pode enfrentar Flávio Bolsonaro em 2026 Fotomontagem/Agência Brasil e Agência Senado

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera todos os cenários de primeiro turno e venceria todos os adversários no segundo turno se as eleições fossem hoje, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira, 16.

Este é o primeiro levantamento do instituto após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançar como pré-candidato à Presidência.

O filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi testado em todos os cenários de primeiro turno, já que vem dizendo que a única possibilidade de retirar sua candidatura é se seu pai for candidato. Bolsonaro está preso na superintendência da Polícia Federal em Brasília após ter sido condenado por tentativa de golpe de Estado.

Nos cenários espontâneos, Lula tem 20% das intenções de voto. Jair Bolsonaro tem 5% das intenções de voto. Flávio tem os mesmos 5%. Outros 65% se dizem indecisos.

A Quaest fez diferentes cenários eleitorais estimulados, dependendo de governadores de direita que podem se lançar candidatos à Presidência, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR). Em todos eles, Flávio fica em segundo lugar, atrás apenas de Lula.

No cenário com Ratinho Jr., Lula tem 39% das intenções de voto; Flávio tem 23%; Ratinho, 13%; Renan Santos (Missão), 2%; Aldo Rebelo (Democracia Cristã), 2%. Indecisos somam 5% e 16% dizem que votarão em branco, nulo ou não votarão.

No cenário com Tarcísio, o atual presidente tem 41%; Flávio mantém 23%; Tarcísio tem 10%. No cenário com Zema, o petista tem 39%; Flávio, 26%; o governador mineiro, 6%. No cenário com Caiado, Lula tem 39%; o senador, 27%; o governador goiano, 4%.

A Quaest também testou um cenário em que três dos governadores - Ratinho, Caiado e Zema - saiam candidatos. Apenas Tarcísio ficou de fora nessa projeção. A mesma divisão se mantém: Lula tem 37%; Flávio, 23%; Ratinho, 11%; Zema, 4%; Caiado, 3%.

Um último cenário inclui o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB). Neste caso, Lula teria 34% (o cenário com maior redução do seu porcentual); Flávio teria 21%; Ratinho, 12%; Ciro, 8%; Zema, 4%; Caiado, 2%; Santos, 1%; Rebelo, 1%.

Nas simulações de segundo turno, Lula tem de 10 a 12 pontos porcentuais de vantagem em relação aos adversários. A seguir, os cinco cenários:

  • - Lula 46% x 36% Flávio;
  • - Lula 45% x 35% Tarcísio;
  • - Lula 45% x 35% Ratinho;
  • - Lula 44% x 33% Caiado;
  • - Lula 45% x 33% Zema.


No caso de Flávio Bolsonaro, o instituto registrou um crescimento no porcentual do senador em relação a agosto, quando seu nome foi testado pela primeira vez. Naquela época, Flávio ainda não havia anunciado sua intenção de se candidatar como representante de seu pai. Em agosto, o filho mais velho do ex-presidente tinha 32% contra 48% do petista.

Ao mesmo tempo, Flávio aumentou sua rejeição nos últimos meses. Segundo a pesquisa de dezembro, 60% o conhecem e não votariam nele, enquanto 28% dizem que conhecem e votariam. Em agosto, 22% diziam que conheciam e votariam nele, enquanto 55% o conheciam e não votariam nele.

A escolha de Jair Bolsonaro pelo seu primogênito foi apontada por 54% dos entrevistados pela Quaest como um erro. Para 36%, foi um acerto. A maior parte dos entrevistados (61%) disse ter ficado sabendo do anúncio de Flávio Bolsonaro, enquanto 39% disseram não ter ouvido falar sobre o assunto.

Os pesquisadores perguntaram, então, quem deveria ser o escolhido de Bolsonaro para disputar a Presidência da República. A ex-primeira-dama Michelle foi a primeira colocada, com 19%. Tarcísio, o segundo, com 16%. Ratinho Jr. foi o terceiro, com 11%. Pablo Marçal, Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite ainda foram citados. Para 21%, no entanto, nenhum desses deveria ser o representante de Bolsonaro no pleito

Diante desse cenário, 61% disseram à Quaest que não votariam em Flávio de jeito nenhum. Apenas 13% disseram que votarão no senador, enquanto 23% afirmaram que podem votar no filho mais velho do ex-presidente.

O instituto Genial/Quaest ouviu 2.004 brasileiros entre os dias 11 e 14 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiabilidade é de 95%.

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