Política

QUESTÃO AGRÁRIA

Parlamentar pede investigação para identificar financiadores de invasões

Coronel David não descarta colher assinaturas para abrir CPI na Assembleia Legislativa para apurar as ações de MST e FNL

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Preocupado com o aumento de invasões de terras em Mato Grosso do Sul desde o início do mandato do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado estadual Coronel David (PL) vai apresentar, na sessão ordinária de terça-feira, na Assembleia Legislativa, um requerimento solicitando que o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antonio Carlos Videira, informe se há algum procedimento investigatório a fim de que sejam identificados os financiadores das incursões praticadas por integrantes de movimentos rurais no Estado.

O parlamentar disse, com exclusividade ao Correio do Estado, que o objetivo é saber quem estaria bancando financeiramente o transporte e a alimentação das pessoas que se encontram nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL).

“Caso não exista procedimento investigatório, vou solicitar que seja determinada a imediata instauração de um procedimento investigatório, pela autoridade Policial competente, para a apuração de responsabilidade de quem agiu de forma criminosa nos últimos casos de invasões de terra em Mato Grosso do Sul”, declarou.

Além disso, conforme explicou Coronel David, o requerimento ainda solicitará informações quanto à existência ou não de inquérito policial a fim de apurar as invasões de terras ocorridas no Estado nos últimos dias.

“Desde o início deste ano, muito tem se comentado que, em razão da mudança de presidente da República, as invasões de terras no Brasil teriam um crescimento exponencial”, relatou.

Ele citou que, nos últimos dias, foi noticiado pela imprensa local e nacional que alguns cidadãos sul-mato-grossenses tiveram suas propriedades invadidas, chegando, inclusive, em algumas delas, a terem ocorrido enfrentamentos entre invasores e produtores rurais.

RISCO DE CONFRONTO

“Há notícias que o MST vem se organizando para promover novas invasões, inclusive, conforme amplamente noticiado, há duas semanas, dois dos grandes líderes desses movimentos, José Rainha e Luciano de Lima, foram presos na cidade de Mirante do Paranapanema [SP]. Ambos são líderes da FNL, organização social e política que defende a reforma agrária”, ressaltou o parlamentar.

Coronel David recordou que, conforme consta, ambos são acusados de extorquir seis vítimas, exigindo vantagens financeiras, bem como houve apreensão de dois fuzis calibre 556 mm, duas espingardas calibre 12 e uma calibre 357 quando ocorreu a busca por responsáveis pela expulsão de invasores de terras.

 “Esse mesmo movimento foi responsável, segundo relatos, por invasões ocorridas em Mato Grosso do Sul no período de Carnaval, denominado como Carnaval Vermelho”, exemplificou.

Ele contou à reportagem que recebeu relatos de que, em todo o Estado, está ocorrendo o deslocamento de pessoas para acampar às margens das rodovias, em lugares onde as terras são altamente produtivas e sem nenhuma ociosidade.

“Isso, por si só, já serviria para descaracterizar qualquer enquadramento de possibilidade para a reforma agrária”, reforçou.

Nesse sentido, de acordo com o deputado estadual, é certo que as invasões planejadas se moldam à margem da legalidade, ou seja, tornam-se um ato ilegal, que vem a ferir de morte o direito constitucional da propriedade.

“É necessário se identificar quem são os financiadores desse movimento, que locam transportes e fornecem alimentos e demais suprimentos às pessoas participantes desses atos ilegais”, assegurou.

CPI 

Coronel David afirmou ao Correio do Estado que se mostra necessário que a Sejusp informe à Casa de Leis se já existe inquérito policial para apurar esses crimes. “Se não existe, que seja determinada a instauração imediata”, cobrou.

Caso seja necessário, o parlamentar afirmou que nesta semana deve começar a colher assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as ações e invasões recentes em Mato Grosso do Sul.

Com base no regimento interno da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, para se abrir uma CPI, é necessária a assinatura de 1/3 dos 24 deputados estaduais, ou seja, oito parlamentares têm de assinar o requerimento.

“Acredito que somente por meio desse instrumento que poderemos apurar os fatos de interesse da coletividade”, argumentou o deputado estadual.

Ele pontuou que não será difícil conseguir as oito assinaturas e já adiantou que pretende ser o presidente da comissão. “A CPI precisará ter cinco titulares e cinco suplentes, tendo 120 dias para a conclusão dos trabalhos, prazo que poderá ser prorrogado”, detalhou.

Coronel David acrescentou ainda que, em nível nacional, o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS) é coautor do requerimento para abertura de uma CPI com o mesmo objetivo, apresentado pelo deputado federal Ricardo Salles (PL-SP).

No pedido nacional, conforme explicou Luiz Ovando, a investigação da autoria e do envolvimento de autoridades públicas é necessária, ante as invasões realizadas por movimentos de sem-terra. 

“As invasões, acentuadas desde o início do governo Lula, desrespeitam a legislação e provocam prejuízos econômicos e sociais, pondo em risco empregos e renda, além da destruição de patrimônio privado e inúmeras outras práticas criminosas”, declarou, informando que, para a instalação de uma CPI na Câmara dos Deputadas, é necessário apoio de 171 deputados federais.

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CRIME ORGANIZADO

Fronteira com MS, Paraguai fecha acordo com EUA para combater facções criminosas

A região é rota de tráfico de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai. O plano estratégico prevê o estabelecimento ou ampliação de tropas norte-americanas de importância estratégica

16/12/2025 16h15

Marco Rubio,  secretário de Estado

Marco Rubio, secretário de Estado Reprodução: rede social

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Paraguai e Estados Unidos selaram nesta segunda-feira (15), um acordo de cooperação militar que prevê a atuação de militares americanos no país sul-americano. Atualmente, na região, a Casa Branca tem acordos similares com Panamá, Equador, Bahamas e Trinidad e Tobago.

O Acordo Estatutário de Forças (Sofa, na sigla em inglês) regulamenta a atuação de militares e civis do Departamento de Defesa americano em países estrangeiros. O pacto foi assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler paraguaio, Ruben Ramirez Lezcano.

O objetivo, segundo o governo americano, é facilitar a resposta conjunta a interesses de segurança regional em comum para os dois países, em uma referência velada a cartéis de droga que atuam na região.

“Ao estabelecer uma estrutura para as atividades do pessoal militar e civil dos EUA no Paraguai, este acordo abre novas portas para nossos esforços coletivos para promover a segurança e a estabilidade em nosso hemisfério”, disse Rubio em sua conta no X.

“Se observarmos o problema fundamental no hemisfério, o mais grave que enfrentamos é o dessas organizações terroristas transnacionais, que em muitos casos não são terroristas por ideologia, mas têm uma base financeira e econômica”, acrescentou.

Nova Doutrina Monroe

O acordo, apesar de não autorizar operações armadas ou criação de bases, abre caminho para a cooperação e treinamento militar entre os dois países, e vem a público dias depois de os EUA divulgarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que prevê uma ampliação da presença militar na América Latina.

Na ocasião, o documento evocou a Doutrina Monroe, que ficou conhecida no século 19 sob o lema “América para os americanos”, e defendeu uma hegemonia dos EUA sobre a região frente às potências europeias.

O plano estratégico divulgado na semana passada prevê o estabelecimento ou ampliação de acesso de locais de importância estratégicas para o governo americano.

No centro do continente e cercado por importantes fontes de água doce e rotas de narcotráfico, o Paraguai se encaixa nesse perfil.

Hoje, os EUA têm ainda bases militares no Equador, na Colômbia e no Peru, operadas pelo Comando Sul.

Há anos, a presença de grupos armados ligados ao Hezbollah na tríplice fronteira entre o Paraguai, Brasil e Argentina preocupa o governo americano.

A região também é ponto de rota para o escoamento de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai.

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LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

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