Política

sob suspeita

Presidente da União dos Vereadores vira réu por desvio de dinheiro da entidade

O MPMS recorreu à Justiça para que o vereador Jeovani Vieira dos Santos devolva aos cofres da UCVMS o montante de R$ 164.164,81

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O juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, aceitou denúncia feita pelo promotor de Justiça Gevair Ferreira Lima Júnior contra o presidente da União das Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS), Jeovani Vieira dos Santos (PSDB), que é vereador por Jateí, por possíveis irregularidades na prestação de contas da entidade relativa ao ano de 2021.

Conforme apuração do Correio do Estado, a denúncia, que foi apresentada pelo promotor de Justiça no dia 29 de julho do ano passado e aceita pelo magistrado no dia 27 de novembro do mesmo ano, pede a condenação do vereador ao ressarcimento aos cofres da UCVMS do valor de R$ 164.164,81, que deverá ser corrigido até a sentença final pelos índices oficiais e devidamente atualizado.

Além disso, Gevair Ferreira solicitou, “na esteira da diretriz ínsita no art. 3º, § 2º e no art. 319, inc. VII, ambos do Código de Processo Civil, manifesta-se pela não realização de audiência de conciliação e mediação, porquanto é inequívoco o desinteresse do réu na solução consensual do conflito, uma vez que no plano pré-processual optou por não firmar termo de ajustamento de conduta [TAC]”.

Cabe salientar que, mesmo sendo réu pela acusação de ter cometido irregularidades na prestação de contas da UCVMS relativa ao ano de 2021, na quarta-feira, Jeovani Vieira dos Santos vai tentar ser reeleito para mais um mandato à frente da entidade.

ENTENDA

De acordo com a denúncia, o promotor de Justiça ressaltou que Jeovani Vieira dos Santos está no comando da UCVMS desde 2017 e, mesmo procurado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), não demonstrou interesse em firmar um TAC, cuja cláusula obrigatória seria a devolução dos valores mencionados aos cofres da entidade. 

“O demandado foi regularmente notificado para a obtenção de solução consensual e extrajudicial, mas optou por não firmar o referido acordo”, ressaltou.

Ainda conforme Gevair Ferreira, “em 29 de março de 2022, a 49ª Promotoria de Justiça de Campo Grande instaurou o inquérito civil tombado sob o número nº 06.2022.00000317-9, a fim de apurar eventuais irregularidades de gestão no âmbito da UCVMS”. 

“As investigações foram iniciadas com o registro da Notícia de Fato nº 01.2021.00008555-7, em razão de representação formulada via Ouvidoria do Ministério Público Estadual, relatando que a UCVMS recebe contribuições oriundas das Câmaras Municipais do Estado, que são suas filiadas, e não há regular prestação de contas das despesas efetivadas”, revelou.

Preliminarmente, ele também solicitou da UCVMS informações acerca de suas receitas e despesas durante o ano de 2021, com a apresentação dos comprovantes. Em uma análise superficial, vislumbrou-se a existência de irregularidades, uma vez que, em sua maioria, os comprovantes fornecidos não tinham nenhum valor fiscal e, por via de consequência, não elucidaram a real situação da
instituição.

RECIBOS

“Constatou-se, também, que os recibos apresentados pela entidade seguiam um padrão de formatação. Aparentemente, foram elaborados pela mesma fonte. Além disso, grande parte desses recibos não possuía assinatura do prestador de serviço apontado. De igual modo, vários serviços realizados por empresas foram pagos por meio de contas de pessoas físicas. Enfim, restou demonstrado um modelo de gestão ineficiente”, afirmou.

O promotor de Justiça explicou que houve a transferência direta de valores da conta da UCVMS para o presidente, ora réu, sem o preenchimento de formulário ou registro formal, bem como a situação invulgar constatada ao observar alguns itens constantes nos cupons fiscais apresentados que sequer tinham relação com a atividade finalística da entidade, demonstrando a compra de diversos alimentos, sem justificativas plausíveis, tais como: alface, rabanete, Pringles, chocolate, bebida láctea com whey, etc.

“Diante dessa situação, este órgão de execução ministerial, em 10 de maio de 2022, expediu a Recomendação nº 0001/2022/49PJ/CGR, para que a entidade adotasse pesquisa de preços quando da aquisição de bens ou serviços de qualquer natureza, bem como para que se abstenha de realizar contratação direta de serviços, obras ou produtos com recursos oriundos do erário e, por fim, para que implementasse um Portal da Transparência no sítio eletrônico da instituição, o que foi acatado”, relatou.

Por isso, Gevair Ferreira solicitou, também, apoio técnico ao Departamento Especial de Apoio às Atividades de Execução do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (Daex), uma vez que a documentação apresentada pela UCVMS tinha informações de alta complexidade contábil e financeira.

“Os experts do Daex, após analisarem as receitas, despesas e comprovantes apresentados pela União das Câmaras dos Vereadores do Estado de Mato Grosso do Sul referentes ao exercício de 2021, mediante análise de comparação dos documentos de transferências e os demais fornecidos, concluíram que houve pagamentos realizados com diversas falhas (falta de comprovação de justificativas, pagamentos para pessoas distintas dos recibos, recibos sem assinaturas, etc.)”, escreveu o promotor.

Procurado pelo Correio do Estado, Jeovani Vieira dos Santos não quis comentar por que a UCVMS não tem mecanismos efetivos de fiscalização interna e prevenção a esses crimes e, além disso, considerando que a entidade representa institucionalmente as Câmaras Municipais do Estado, quais as medidas concretas que ele pretende adotar para coibir práticas ilegais, como auditorias, capacitação de servidores ou parcerias com órgãos de controle.

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Política

Líder do PL diz que Ramagem pode renunciar ao mandato e espera aprovação de asilo nos EUA

Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário

15/12/2025 22h00

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ)

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) Foto: Divulgação

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O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Alexandre Ramagem (PL-RJ), parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foragido, admitiu que pode renunciar ao mandato em 2026. Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário.

Segundo Sóstenes, é importante que Ramagem mantenha o mandato neste ano para poder avançar com o processo de asilo político nos Estados Unidos.

"Vou solicitar ao Colégio de Líderes que não coloque a situação do Ramagem na pauta. Eu falei com ele há pouco, ele disse que até pode pensar numa futura renúncia no próximo ano, está tramitando pedido de asilo político nos Estados Unidos e por isso é importante para ele, a manutenção do mandato", afirmou.

Assim como aconteceu no caso da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o PL acredita que não há votos suficientes para cassar Ramagem no plenário.

No começo de maio, a própria Câmara aprovou a sustação da ação penal contra Ramagem por 315 a favor e 143 contra.

O relator da proposta, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), alegou que a Constituição diz que pode ser trancada uma "ação penal", sem fazer restrição a outros denunciados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou na última quarta-feira, 10, Ramagem e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por meio de edital, para que se manifestem nos processos que podem levar à cassação de seus mandatos. Ambos estão nos Estados Unidos (EUA).

No caso de Ramagem, o processo de cassação decorre do fato de ele estar foragido da Justiça e sua sentença já ter transitado em julgado.

O ex-delegado da Polícia Federal foi condenado à perda do mandato e a 16 anos de prisão pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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