O ex-governador explicou que futuro político de ambos sairá após análise de todo o cenário já de olho nas eleições gerais
Prevista para ser oficializada até o dia 30, a fusão entre PSDB e Podemos não assegura a permanência do governador Eduardo Riedel e do ex-governador Reinaldo Azambuja no ninho tucano para disputar as eleições gerais do ano que vem.
A informação é de Azambuja, que é presidente do diretório estadual e tesoureiro da executiva nacional do partido, explicando ao Correio do Estado que tanto ele quanto Riedel só vão definir o futuro político de ambos após analisar todos os cenários.
“A nossa decisão sairá depois da oficialização da fusão do PSDB com o Podemos, quando pretendemos, primeiro, ouvir as lideranças tucanas em Mato Grosso do Sul para, só então, escolher se ficaremos no ninho tucano ou se vamos optar por uma outra legenda”, declarou.
O ex-governador revelou à reportagem que, hoje, em Brasília (DF), ele e Riedel participarão de uma reunião com o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e demais lideranças nacionais da legenda para tratar da questão.
Ele pontuou que ainda há alguns entraves em, pelo menos, três estados – Pernambuco, Goiás e Bahia –, onde os posicionamentos, tanto dos tucanos quanto dos filiados ao Podemos, são conflitantes. Portanto, a oficialização da fusão depende de Perillo e da presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, que são os maiores entusiastas.
Azambuja informou também que os presidentes nacionais do PSDB e do Podemos pretendem, depois de oficializarem a fusão, fazer uma federação com o Republicanos, o que tornará a aliança mais forte.
“Não temos pressa, pois aqui em Mato Grosso do Sul já está tudo organizado. Portanto, depois da fusão e da provável federação, eu e o Riedel vamos sentar com as lideranças do PSDB, com os nossos deputados estaduais e federais, com os nossos prefeitos e vereadores para bater o martelo”, avisou o presidente estadual dos tucanos.
Questionado pelo Correio do Estado sobre qual poderia ser o impeditivo para que ambos permaneçam na fusão PSDB+Podemos, como passará a se chamar a nova sigla, Azambuja explicou que é o projeto nacional.
Apesar de não citar o nome do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador deixou bem claro que, se o novo partido optar por apoiar a reeleição do petista, dificilmente ele e Riedel permanecerão.
Azambuja também falou sobre assumir ou não a presidência do PL em Mato Grosso do Sul.
“Ainda estamos conversando e não está nada descartado. Eu e o governador recebemos o convite do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, bem como do senador Rogério Marinho. Precisamos definir a questão do PSDB e depois vamos ver o que vai acontecer”, argumentou.
ENTENDA A FUSÃO
Em nível nacional, Perillo afirmou que a articulação está avançada e antecipou detalhes sobre como seria essa união, dizendo que, inicialmente, os partidos adotarão o nome provisório de PSDB+Podemos.
“Vamos realizar uma ampla pesquisa, com filiados de ambos os partidos e também científica, para definir o novo nome e o novo número. Eu defendo que a nossa mascote seja um cachorrinho”, disse.
A união com o Podemos também é a cartada final de Perillo para tentar evitar a saída do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do partido. O gaúcho decidiu se filiar ao PSD, mas Perillo avalia que pode mantê-lo no PSDB caso consiga assegurar a sua candidatura à Presidência da República.
“Já comunicamos, tanto eu quanto Renata, que ele é o nosso candidato à Presidência. Terá todo o espaço e apoio nesse sentido”, disse o presidente do PSDB. Os partidos precisarão, no entanto, desatar alguns nós.
Um dos principais pontos de tensão está em Pernambuco. Recentemente, o PSDB rompeu com a governadora Raquel Lyra, de quem o Podemos é aliado. Ex-tucana, Raquel viu seu antigo partido ser entregue a um adversário – o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto – e se aproximar do prefeito de Recife, João Campos (PSB).
Os tucanos, inclusive, conquistaram cargos no Procon da capital pernambucana. Situação semelhante ocorre na Bahia, onde o Podemos está alinhado com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), enquanto os tucanos fazem oposição.
Já em Goiás, estado de Perillo, a nova sigla deve apoiar sua candidatura a governador, cargo para o qual o tucano almeja retornar. No entanto, o atual presidente do Podemos no estado, o deputado federal Glaustin da Fokus, é aliado de primeira hora do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) – adversário de Perillo e que pretende lançar seu vice, Daniel Vilela (MDB), como candidato à sucessão.
Em Mato Grosso do Sul, a fusão agrada a senadora Soraya Thronicke, presidente estadual do Podemos, que teria sua candidatura à reeleição fortalecida. Em contrapartida, algumas lideranças tucanas já falam em debandada, algo que o ex-governador Reinaldo Azambuja acredita que só aconteceria se ele e Riedel também deixarem a legenda.
Assim como o governador do Rio Grande do Sul, Riedel recebeu convite para se filiar ao PSD, bem como ao PP, da senadora Tereza Cristina, porém, como Azambuja adiantou, ambos só vão definir o futuro político deles depois de analisarem todos os cenários para as eleições de 2026. Em tempo, o governador tentará a reeleição, enquanto o ex-governador quer uma cadeira no Senado.
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