Política

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"Se Bolsonaro tivesse dado golpe, eu teria que fugir do Brasil", diz Soraya

A senadora diz que foi vítima de perseguição nos quatro anos do governo Bolsonaro e sabia que teria de deixar o país caso Bolsonaro lograsse êxito no golpe

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Após participar do ato da Democracia Inabalada no dia que marca exato um ano em que extremistas atentaram contra os Três Poderes, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) relembrou do governo Bolsonaro e afirmou que se o golpe tivesse sido concretizado ela teria que fugir do país.

Movimentações internas do governo Bolsonaro, que a senadora chegou a aventar no episódio do embate, quando disputou como candidata para a presidente da República, um "o senhor me respeite" que acabou virando meme seguido do pedido de aumento da segurança revelam a violência política. 

"Eu realmente tenho medo. Tenho porque eu vi muita coisa, eu vi bastidores. [Durante o debate da presidência] falei: reforça minha segurança que vou começar a falar. Falei isso no primeiro debate porque estava com muito medo. Tem coisas que ainda não dá para falar", pontuou Soraya. 

E ainda relatou que se Bolsonaro tivesse dado o golpe de Estado teria que deixar o Brasil. "Eu ia ter que pedir asilo político em qualquer canto porque eles iam me trucidar se eles tivessem logrado êxito no golpe", apontou Soraya.

Episódios que ela está trabalhando em um livro de bastidores da República. São relatos que descreve como 'cortinas de fumaça' criadas pelo governo anterior para encobrir situações. "Eu vi coisas e rompi com ele em 2019, porque eu vi a forma de lidar, a forma de agir. Apanhei muito deles, fui muito vítima deles", contou a senadora.

O comportamento de Bolsonaro de hostilidade constante era acompanhado pela senadora no dia a dia. Até no atual governo Lula por parte de seus pares de casa, a oposição da extrema direira, que tentavam desestabilizá-la durante a CPMI, assim como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). 

 

Celebrar a democracia

Entendendo a importância do momento para a democracia brasileira, retornou do recesso como fez da outra vez para participar do ato denominado Democracia Inabalada que têm como objetivo não esquecer o intento dos extremistas que depredaram a sede dos Três Poderes.

Há exatos um ano, considerado como um dos episódios mais emblemáticos, denominado como "dia da infâmia" pela Ministra Rosa Weber.

No dia 8 de janeiro de 2023, a senadora deixou o período de recesso parlamentar e esteve em Brasilia. Onde acompanhou o cenário de guerra deixado pelos extremistas bolsonaristas.

"Como vim da outra vez acompanhar [e encontrei] meu gabinete com duas vidraças quebradas, estava todo encharcado, eu fui ver e fiz o pedido da CPI. Trabalhei muito forte, para mim isso é muito sério. As pessoas precisam entender a gravidade porque eles tentam banalizar o tempo todo. E aquilo foi como o ministro Barroso disse hoje: teve método, foi engendrado, foi pensado, incitado, financiado". 

Para ela estar presente um ano depois que a democracia do país foi colocada em xeque, como parlamentar que presenciou a tentativa de golpe, celebrar a vitória da democracia é fundamental. "Para mim isso é importante porque eu sei onde eu estaria. Sei o que passei", e completou: 

"Naquele momento não sabia como ia ser o governo Lula, não sabia como iriam agir no dia 8 daquela vez, não imaginava que o Flávio Dino teria a postura que teve. Não conhecia ninguém na atuação, então era um momento de insegurança e eu falei 'meu Deus, que tempo que estamos vivendo' e medo também dos extremistas de todos os lados. Porque eu sofri muita violência na campanha, mas a violência que sofri na campanha sempre veio pelo lado do Bolsonaro, nunca veio pelo lado do Lula e mais ninguém. Fui muito atacada por vários bolsonaristas. Minha família foi ameaçada por eles, foi muito grave". 

Delírio coletivo

A parlamentar acredita que o comportamento dos patriotas pode ser explicado por meio da teoria da Dissonância Cognitiva, livro do autor Cezar de Castro Rocha. O que envolveu todos que estavam acampados não apenas no QG de Brasília, mas em várias outras partes do país.

"Eles estavam nessa viagem [de golpe militar] só que o Bolsonaro é um covarde, né? Ele deu todos os indícios que ele iria fazer isso. Eu sempre fui contra até mesmo nos momentos de rua, a pessoa tinha o direito de levar o cartaz que fosse, tem até foto minha que tem gente segurando cartaz atrás. Eu nunca segurei. Eu falava assim: gente a Constituição, sou formada em direito, sempre falei, a Constituição não dá essa interpretação, isso está errado. De uma intervenção constitucional eles inventaram aquilo", explicou Soraya.

Ao ponto de terem planejado no dia 24 de dezembro de 2022 explodir um caminhão nas imediações do aeroporto da Capital do país. O tema foi debatido na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) em que a senadora foi a única representante de Mato Grosso do Sul.

A senadora frisou que a bomba chegou a ser acionada e eles tinham um peru no acampamento para celebrar as mortes. Não apenas isso, o filho dela estava chegando em Brasília na data do ocorrido.

"O meu filho estava chegando naquele dia, naquela manhã em que [o dispositivo] foi acionado", disse Soraya e complementou:

"Eles iam comemorar a noite de Natal. Eles marcaram o dia, iam voltar para o QG e estavam com o peru assando para comemorar a morte de quantas pessoas. Tem cabimento um negócio desses?"

A última sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) encerrou no dia 18 de outubro quando aprovaram o relatório final da senadora Eliziane Gama (PSD-MS) por 20 votos favoráveis, 11 contrários e 1 abstenção.

O relatório pediu o indiciamento de 61 pessoas por crimes como associação criminosa, violência política, abolição do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado. O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus ex-ministros do governo:

  • Walter Braga Neto - da Defesa
  • Augusto Heleno - Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
  • Anderson Torres - Justiça


O relatório também pediu o indiciamento da deputada federal Carla Zambeli (PL-SP), de integrantes do GSI assim como da Polícia Militar do Distrito Federal e empresários acusados de financiar os acampamentos. 

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Política

Líder do PL diz que Ramagem pode renunciar ao mandato e espera aprovação de asilo nos EUA

Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário

15/12/2025 22h00

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ)

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) Foto: Divulgação

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O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Alexandre Ramagem (PL-RJ), parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foragido, admitiu que pode renunciar ao mandato em 2026. Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário.

Segundo Sóstenes, é importante que Ramagem mantenha o mandato neste ano para poder avançar com o processo de asilo político nos Estados Unidos.

"Vou solicitar ao Colégio de Líderes que não coloque a situação do Ramagem na pauta. Eu falei com ele há pouco, ele disse que até pode pensar numa futura renúncia no próximo ano, está tramitando pedido de asilo político nos Estados Unidos e por isso é importante para ele, a manutenção do mandato", afirmou.

Assim como aconteceu no caso da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o PL acredita que não há votos suficientes para cassar Ramagem no plenário.

No começo de maio, a própria Câmara aprovou a sustação da ação penal contra Ramagem por 315 a favor e 143 contra.

O relator da proposta, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), alegou que a Constituição diz que pode ser trancada uma "ação penal", sem fazer restrição a outros denunciados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou na última quarta-feira, 10, Ramagem e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por meio de edital, para que se manifestem nos processos que podem levar à cassação de seus mandatos. Ambos estão nos Estados Unidos (EUA).

No caso de Ramagem, o processo de cassação decorre do fato de ele estar foragido da Justiça e sua sentença já ter transitado em julgado.

O ex-delegado da Polícia Federal foi condenado à perda do mandato e a 16 anos de prisão pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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