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STF ignora Lei de Acesso à Informação e omite dados de viagens de ministros

Tribunal afirmou não ter dados sobre eventos internacionais com a presença dos ministros e indicou uma página com dados desatualizados sobre despesas.

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O STF (Supremo Tribunal Federal) omitiu informações sobre viagens dos ministros em respostas a pedidos feitos pela Folha por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). Sob a presidência do ministro Luís Roberto Barroso, o tribunal afirmou não ter dados sobre eventos internacionais com a presença dos ministros e indicou uma página com dados desatualizados sobre despesas.

Por exemplo, o link fornecido pelo STF não exibe as diárias de quase R$ 100 mil pagas a um segurança do ministro Dias Toffoli para viagens a Londres e Madri. Também não permite encontrar as diárias de quase R$ 40 mil pagas ao mesmo segurança em outra viagem ao Reino Unido.

Em uma das respostas via LAI, o STF afirmou que as informações sobre eventos internacionais e despesas com segurança de Toffoli estão no portal de transparência, mas que informações sobre segurança institucional são protegidas.

A Folha fez cinco pedidos de acesso à informação relacionados a viagens internacionais de abril e maio dos ministros Toffoli, Alexandre de Moraes, Kassio Nunes Marques, Gilmar Mendes e Barroso. Em quatro casos, o STF disse não ter informações e indicou o site de dados gerais sobre despesas do tribunal. Apenas na resposta sobre Barroso, o STF afirmou que os valores pagos nas viagens estão no portal da transparência, mas reconheceu que os dados de passagens aéreas estão desatualizados.

A assessoria do STF disse que o tribunal só é obrigado a fornecer informações das quais tem conhecimento e que, nos casos solicitados, não tinha os dados porque não se tratava de viagens em representação institucional. 

A Folha solicitou listas de eventos com a presença dos ministros, gastos relacionados às viagens, convites, pagamentos de despesas ou cachês por terceiros, acompanhantes, hotéis, voos, relatórios e apresentações. 

Em abril, a imprensa foi barrada em evento em Londres organizado pelo Grupo Voto, com a presença de Gilmar, Moraes e Toffoli. O STF pagou diárias de um segurança de Toffoli para o evento em Londres e outra agenda na Espanha, totalizando quase R$ 100 mil.

Os dados no link fornecido pelo STF não mostram essas despesas, pois a página tem informações de passagens até 2023 e diárias internacionais até abril de 2024. Em resposta sobre as viagens de Barroso, o STF disse que os dados de passagens deste ano estão sendo atualizados.

O advogado Bruno Morassutti, cofundador da Fiquem Sabendo, afirmou que, se o link não tem dados atualizados, a demanda não foi atendida e que o STF deveria apresentar esses dados mesmo que a lei não exija expressamente.

Os ministros do STF estão sob pressão devido à falta de transparência sobre viagens para eventos na Europa. O Grupo Voto, que organizou o evento em Londres, é presidido por Karim Miskulin, que promoveu um almoço de Jair Bolsonaro em 2022.

Empresas com ações nos tribunais superiores patrocinaram o evento. Toffoli disse que as reportagens sobre as viagens dos magistrados são inadequadas, incorretas e injustas. 

Segundo as regras do STF, as diárias internacionais são de US$ 959,40 para ministros e US$ 671,58 para demais beneficiários, pagos antecipadamente, exceto em casos de afastamentos emergenciais ou períodos superiores a 15 dias.

Em outro pedido de informação, o STF se negou a apresentar justificativas e notas dos gastos em diárias internacionais, alegando que os dados poderiam trazer informações bancárias e resultar em risco à segurança institucional. A CGU (Controladoria-Geral da União) orienta que, nesses casos, informações sensíveis devem ser tarjadas e enviadas.

Com Folha Press

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Lula, Sánchez e Ramaphosa: 2025 será decisivo para multilateralismo

Para eles, fóruns internacionais não podem ser "mais do mesmo"

06/03/2025 20h00

Lula, Sánchez e Ramaphosa: 2025 será decisivo para multilateralismo

Lula, Sánchez e Ramaphosa: 2025 será decisivo para multilateralismo ANDERSON RIEDEL/PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Espanha, Pedro Sánchez, defendem que as reuniões internacionais previstas para 2025 não podem ser “apenas mais-do-mesmo”, precisam entregar “progressos reais” para o enfrentamento dos desafios do planeta. Juntos, os líderes assinam artigo publicado em diversos veículos de imprensa, nesta quinta-feira (6), como O Globo, Al Jazeera e Le Grand Continent.

Para os presidentes, 2025 será um ano decisivo para o multilateralismo. Ele citaram os encontros que ocorrerão em cada um dos três países: a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), em Sevilha, na Espanha; a 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Belém (PA), no Brasil; e a Cúpula do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), em Joanesburgo, na África do Sul.

“Os desafios que se apresentam diante de nós — desigualdades crescentes, mudanças climáticas e o déficit de financiamento para o desenvolvimento sustentável — são urgentes e estão interconectados. É preciso tomar ações coordenadas e corajosas para abordá-los — e não recuar ao isolamento, a ações unilaterais ou a rupturas”, escrevem.

O multilateralismo se refere à cooperação conjunta de um grupo de países em torno de interesses comuns. Desde que assumiu o terceiro mandato, o presidente Lula vem criticando o enfraquecimento dos organismos multilaterais e defendendo a reforma no sistema de governança global. Em 2024, o tema foi uma das prioridades do Brasil na presidência do G20, que neste ano está com a África do Sul.

“A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global”, afirmam.

Para os presidentes, G20, COP30 e FfD4 devem servir como marcos de um compromisso renovado com a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade compartilhada. "Isso exigirá forte vontade política, a plena participação de todos os atores relevantes, uma mentalidade criativa e a habilidade de compreender os condicionantes e as prioridades de todas as economias”, acrescentam.

Lula, Sánchez e Ramaphosa alertam sobre o alto endividamentos dos países em desenvolvimento e aumento das desigualdades de renda no âmbito interno e também entre as nações. “Muitos países em desenvolvimento sofrem com o peso insustentável de dívidas, espaços limitados de ação fiscal e barreiras que dificultam o acesso justo ao capital. Serviços básicos, como saúde e educação, têm de competir com taxas de juros crescentes. Trata-se não apenas de uma falha moral; mas de um risco econômico para todos”, defendem.

Para eles, a arquitetura financeira global precisa ser reformada a fim de “dar mais voz e representatividade aos países do Sul Global, assim como acesso mais justo e previsível a recursos”.

“É preciso avançar nas iniciativas de alívio da dívida, promover mecanismos de financiamento inovadores e identificar e abordar as causas do alto custo do capital para a maioria dos países em desenvolvimento”, afirmam os presidentes.

A expectativa para a COP30, em Belém, é que os países apresentem compromissos mais ambiciosos para limitar o aumento da temperatura da Terra e se estabeleça o financiamento da ação climática aos países em desenvolvimento, em, ao menos, US$ 1,3 trilhão por ano até 2025.

“Precisamos aumentar significativamente o financiamento para a adaptação climática, alavancar os investimentos do setor privado e assegurar que os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento assumam um papel mais relevante no financiamento climático. A conferência de Sevilha complementará esses esforços, assegurando que o financiamento climático não prejudique o desenvolvimento”, argumentam.

Na carta, os três países se comprometem a trabalhar em Sevilha no sentido de mobilizar capital público e privado para o desenvolvimento sustentável, reconhecendo a inseparável relação entre estabilidade financeira e ação climática. "Em Joanesburgo, o G20 reafirmará a importância de um crescimento econômico inclusivo. E, em Belém, estaremos lado a lado para proteger o nosso planeta”, complementam os presidentes.

Não é Não

Projeto propõe instalação de "tendas" em eventos para atender vítimas de assédio sexual

A matéria apresentada na ALEMS sugere a criação de um espaço em eventos públicos, como shows, para acolhimento, orientação e apoio no andamento da ocorrência em casos de importunação sexual

06/03/2025 17h15

Credito: Pagu / Arquivo Correio do Estado

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Com o objetivo de fortalecer ações de prevenção ao assédio contra a mulher, foi apresentado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) o Projeto de Lei 48/2024, que propõe a criação de um espaço de amparo para eventuais vítimas em eventos públicos no Estado.

O PL, de autoria do deputado estadual Pedro Kemp (PT),  submetido na semana que faz alusão ao Dia da Mulher, em 8 de março, data que simboliza a luta das mulheres por igualdade e contra a discriminação de gênero.

Conforme o texto do projeto, caso seja aprovado, nos eventos com mais de 10 mil pessoas serão criadas as chamadas “Tendas Lilás”, que consistem em espaços com profissionais capacitados para lidar com mulheres que tenham sido vítimas de importunação sexual.

Além disso, a medida prevê a capacitação de gestores e profissionais que atuam nos eventos para que compreendam como proceder em casos de suspeita de abuso, assédio ou importunação sexual.

Outro ponto trata do rigor desde o momento da denúncia até o encaminhamento, com todo o levantamento dos fatos, para os órgãos competentes, garantindo que os responsáveis sejam devidamente punidos pela Justiça.

Também está prevista a circulação de campanhas educativas de conscientização para a prevenção da violência sexual, que deverão ser veiculadas em propagandas de televisão, rádio e outras mídias, em linguagem de fácil compreensão para alcançar o maior número de pessoas.

Tramitação


A matéria segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), onde pode receber emendas e, somente então, será encaminhada para apreciação dos parlamentares.

Como justificativa, o deputado apresentou a Lei Federal 13.718/18, que tipifica o crime de importunação sexual:

“O projeto busca garantir que, nos grandes eventos, exista um espaço destinado a recepcionar e orientar as vítimas de importunação ou outro tipo de assédio sexual, com colaboradores capacitados para o cumprimento do protocolo ‘Não é Não’, instituído pela Lei 14.786/23”, disse Kemp, e completou:

“O ponto de apoio ‘Tenda Lilás’ nos grandes eventos consiste em uma forma concreta de coibir a prática do crime de assédio sexual e de apoiar eventuais vítimas.”

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