Política

Casa manchada

Vereadores se reúnem com Carlão e pressionam pela saída de Claudinho

O presidente da Câmara vai conversar com o presidente estadual do PSDB para que convença o vereador a renunciar

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A prisão do vereador campo-grandense Cláudio Jordão de Almeida Filho (PSDB), o Claudinho Serra, sob a acusação de chefiar esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia, ainda está provocando atritos na Câmara Municipal de Campo Grande. Nem mesmo o fato de o parlamentar ter sido solto no dia 26 de abril com uso de tornozeleira eletrônica, após passar 23 dias atrás das grades, foi suficiente para acalmar os ânimos na Casa de Leis, pelo contrário, eles ficaram mais acirrados.

Tudo porque o juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) e o vereador virou réu pelos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, fraude ao contrato decorrente da licitação e concurso material de crimes.

Com essa situação, agravada pelo uso de tornozeleira, a Câmara Municipal passou a ser alvo de críticas por parte da opinião pública, afinal, Claudinho Serra é o primeiro vereador a usar o equipamento eletrônico de vigilância e, em pleno ano de eleições municipais, a “lama” dele está espirrando nos outros parlamentares.

Para tornar a situação ainda mais insustentável, a Casa de Leis já recebeu três pedidos de cassação de mandato do vereador feitos pelos cidadãos, mas, até o momento, nenhum foi levado adiante, o que sugere um certo corporativismo por parte do presidente Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, e dos demais colegas de Casa.

REUNIÃO

Em decorrência disso tudo, o Correio do Estado apurou que, na sexta-feira, um grupo de vereadores fez uma reunião a portas fechadas com o presidente Carlão para tratar do assunto e, conforme informações obtidas pela reportagem, foi unânime em pedir a renúncia de Claudinho Serra.

Segundo os parlamentares que participaram da reunião e conversaram com o Correio do Estado, pesquisas de opinião pública feitas junto à população sobre a questão já revelaram que o caso de Claudinho Serra atingiu a reputação da Casa de Leis e dos vereadores. 

Esses levantamentos teriam revelado ainda que a maioria da população da Capital é favorável à cassação do mandato do vereador e que os mais prejudicados com a prisão e posterior soltura de Claudinho Serra são a população do município, a reputação da Câmara e a imagem de Campo Grande.

Por isso, o presidente Carlão acatou o pedido dos vereadores e falará ainda hoje com o presidente estadual do PSDB, ex-governador Reinaldo Azambuja, para convencer Claudinho Serra a renunciar ao mandato.

JULGAMENTO DO MÉRITO

No entanto, conforme apurado pela reportagem, a decisão de Reinaldo Azambuja sobre solicitar ou não que Claudinho Serra renuncie ao mandato de vereador por Campo Grande vai depender do resultado do julgamento por parte da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).

No dia 26 de abril, o desembargador José Ale Ahmad Netto, da 2ª Câmara Criminal do TJMS, concedeu habeas corpus para a libertação do vereador por entender que, apesar de a prisão preventiva contra o parlamentar ter fundamentos, não se justificava em razão da falta de elementos fortes o suficiente.

Agora, está prevista para hoje, às 14h, sessão da 2ª Câmara Criminal do TJMS para que os demais desembargadores analisem o mérito da soltura de Claudinho Serra, ou seja, Carlos Eduardo Contar, Ruy Celso Barbosa Florence e Luiz Gonzaga Mendes Marques vão acatar ou não a decisão do colega José Ale Ahmad Netto.

Caso os quatro desembargadores votem pela manutenção da liberdade de Claudinho Serra sem o uso de tornozeleira eletrônica, o ex-governador Reinaldo Azambuja deve se manifestar para que o parlamentar continue com o mandato.

Assim, não haveria risco de a prisão dele respingar ainda mais nos colegas de parlamento, na pré-candidatura do deputado federal Beto Pereira (PSDB) a prefeito de Campo Grande ou na candidatura de Azambuja a senador em 2026.

Entretanto, se a 2ª Câmara Criminal do TJMS não acatar o posicionamento de José Ale Ahmad Netto e decidir pelo retorno à prisão de Claudinho Serra ou até mesmo que ele continue solto, mas com o uso da tornozeleira eletrônica, o ex-governador deverá rever a decisão e, por força maior da pressão da opinião pública, falar para o vereador recuar, renunciando ao mandato para o bem maior.

SUPLENTE

Caso o vereador confirme o pedido de renúncia à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campo Grande, o presidente Carlão terá de convocar o suplente para substituí-lo até o fim deste ano, já que no dia 6 de outubro serão eleitos os novos 29 vereadores.

De acordo com diplomação realizada no dia 29 de abril deste ano pelo presidente da Junta Eleitoral da 8ª Zona Eleitoral de Mato Grosso do Sul, juiz eleitoral Paulo Afonso de Oliveira, o suplente a ser chamado será Giancarlo Josetti Sandim (PSDB), o Gian Sandim, levando em consideração os resultados das eleições municipais de 15 de novembro 2020.

A decisão do magistrado põe fim ao imbróglio sobre quem seria o substituto de Claudinho Serra, pois ele já era suplente do suplente: o ex-vereador Ademir Santana renunciou ao cargo para atuar na campanha eleitoral de Beto Pereira e só estava no cargo porque o titular da cadeira, João César Mattogrosso, também tinha renunciado para assumir como suplente do deputado estadual Pedro Caravina, que, por sua vez, era secretário estadual.

Para que Claudinho Serra continuasse no cargo de vereador, Ademir Santana renunciou e foi trabalhar na pré-campanha eleitoral do deputado federal Beto Pereira. Porém, com a prisão de Claudinho, que já é o segundo-suplente da cadeira, e a grande possibilidade de renúncia, surgiu a dúvida sobre quem assumiria a vaga.

Com a eventual renúncia de Claudinho Serra, o Correio do Estado já tinha apurado que a vaga de vereador ficaria com o oitavo-suplente, Gian Sandim, que obteve 1.227 votos nas eleições municipais de 2020, bem menos que o terceiro-suplente, Lívio Viana de Oliveira Leite, o Dr. Lívio, que obteve 2.772 votos, mas trocou o PSDB pelo União Brasil.

E menos também que o quarto suplente, Elias Longo Júnior, o Junior Longo, que teve 2.579 votos, mas trocou o PSDB pelo Republicanos, e ainda menos que o quinto-suplente, Wellington de Oliveira, o Delegado Wellington, que obteve 1.811 votos, entretanto, trocou o PSDB pelo PP.

Gian Sandin também teve menos votos que o sexto-suplente, Antonio Ferreira da Cruz Filho, o Dr. Antonio Cruz, que obteve 1.497 votos, mas trocou o PSDB pelo MDB, e ainda menos que a sétima-suplente. Maria Aparecida de Oliveira do Amaral, a Enfermeira Cida do Amaral, que obteve 1.281 votos, porém trocou o PSDB pelo Republicanos.

ENTENDA O CASO

A prisão de Claudinho Serra, realizada no dia 3 de abril deste ano no âmbito da terceira fase da Operação Tromper e solicitada pela 3ª Promotoria de Justiça de Sidrolândia, foi determinada pelo juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, que acatou alegação do MPMS de que o parlamentar da Capital formou “uma organização criminosa constituída de agentes públicos e privados destinada à obtenção de vantagens ilícitas decorrentes, principalmente, dos crimes de fraude ao caráter competitivo de inúmeros processos licitatórios e desvio de dinheiro público diante da não prestação ou não entrega do produto contratado”.

Além do vereador Claudinho Serra, também foram presas de forma preventiva mais sete pessoas, sendo elas: Carmo Name Júnior; Ueverton da Silva Macedo; Ricardo José Rocamora Alves; Milton Matheus Paiva Matos; Ana Cláudia Alves Flores; Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa e Thiago Rodrigues Alves.

O magistrado ainda autorizou que o MPMS cumprisse mandados de busca e apreensão nos endereços do vereador Claudinho Serra e de mais 27 pessoas: Ueverton da Silva Macedo; Ricardo José Rocamora Alves; Milton Matheus Paiva Matos; Ana Cláudia Alves Flores; Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa; Thiago Rodrigues Alves; Luiz Gustavo Justiniano Marcondes; Jacqueline Mendonça Leiria; Rafael Soares Rodrigues; Paulo Vitor Famea; Heberton Mendonça da Silva; Roger William Thompson Teixeira de Andrade; Roberta de Souza; Valdemir Santos Monção; Cleiton Nonato Correia; Edmilson Rosa; Fernanda Regina Saltareli; Yuri Morais Caetano; e Jânio José Silvério.

Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas empresas: MP Assessoria e Consultoria e Serviços Ltda.; GC Obras de Pavimentação Asfáltica Ltda.; Ar Pavimentação e Sinalização; CGS Construtora e Serviços; Izaqueu de Souza Diniz (Gabriel Auto Car); Maxilaine Dias de Oliveira (pessoa física); e Maxilaine Dias de Oliveira Ltda. (pessoa jurídica). Nos autos, aos quais o Correio do Estado teve acesso, o MPMS narra a prática de reiteradas fraudes nos procedimentos licitatórios “com prévio incremento do objeto social, sem, contudo, apresentar qualquer tipo de experiência, estrutura e capacidade técnica para a execução dos serviços ou fornecimento dos bens contratados com o ente municipal”.

Ainda enfatiza que, após o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, na primeira fase da Operação Tromper, foram apurados novos crimes e a continuidade da empreitada, com o surgimento de novos agentes criminosos, em uma estrutura muito organizada, fraudando licitações e contratos públicos, corrompendo servidores públicos e causando prejuízo ao erário de Sidrolândia.

Saiba

Processos estão sob segredo de Justiça

Os processos da Operação Tromper foram colocados sob segredo de Justiça. Com isso, os andamentos dos processos por corrupção que envolvem desvio de verbas públicas e implicam o vereador Claudinho Serra ficam reservados apenas às partes interessadas, impedindo que a imprensa possa acompanhar os desdobramentos. O advogado do parlamentar, Tiago Bunning, informou que não tinha conhecimento sobre o sigilo do processo. Ele garantiu que, da parte dele, não houve nenhum pedido nesse sentido, portanto, ele poderia ter partido das outras partes.

FIM DO IMBRÓGLIO

Executiva nacional do PSDB designa Beto Pereira para liderar a sigla em MS

O deputado federal Geraldo Resende foi escolhido para ser vice-presidente do partido no Estado até o próximo ano

05/12/2025 08h40

O deputado federal Beto Pereira é o novo presidente do PSDB em Mato Grosso do Sul até o próximo ano

O deputado federal Beto Pereira é o novo presidente do PSDB em Mato Grosso do Sul até o próximo ano Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

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Terminou ontem o imbróglio sobre quem vai presidir a executiva provisória do PSDB em Mato Grosso do Sul, após a saída do ex-governador Reinaldo Azambuja para o PL.

O presidente nacional do partido, deputado federal Aécio Neves (MG), designou o deputado federal Beto Pereira para comandar a legenda até o próximo ano.

Em entrevista ao Correio do Estado, o parlamentar sul-mato-grossense explicou que assume a liderança do ninho tucano com a missão de preparar a sigla para as eleições gerais do próximo ano no Estado. 

“Assumimos com o compromisso de entregar ao partido uma chapa competitiva para a Câmara dos Deputados e também para a Assembleia Legislativa”, declarou.

O parlamentar, que já era um dos cotados para comandar a legenda no Estado pelo menos até a abertura da janela partidária do próximo ano, informou ainda que o deputado federal Geraldo Resende ficará com a vice-presidência estadual do PSDB, enquanto o deputado federal Dagoberto Nogueira assumirá a secretaria-geral da legenda e o deputado estadual Paulo Corrêa, a tesouraria da sigla.

Os demais integrantes da comissão executiva estadual do PSDB são: os deputados estaduais Jamilson Name e Lia Nogueira, os vereadores Silvio Pitu, Victor Rocha e Flávio Cabo Almi, os prefeitos Marçal Filho (Dourados), Márcia do Amaral (Brasilândia) e Leandro Fedossi (Nova Andradina), o vice-prefeito Leonardo de Arruda (Rio Brilhante), o secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo de MS, Ricardo Senna, e o advogado Rogelho Massud Júnior.

Além de Beto Pereira, também estavam interessados no comando do PSDB de Mato Grosso do Sul o deputado federal Geraldo Resende e o deputado estadual Pedro Caravina: o primeiro continuou na vice-presidência, enquanto o segundo nem ficou na comissão executiva estadual da legenda.

Na semana passada, também em conversa com a reportagem, o novo presidente estadual dos tucanos tinha adiantado que a escolha seria feita em consenso, para evitar atritos desnecessários às vésperas das eleições gerais do próximo ano, ainda mais depois que o partido perdeu suas duas maiores lideranças, o ex-governador Reinaldo Azambuja e o governador Eduardo Riedel, que trocaram o ninho tucano pelo PL e PP, respectivamente.

Questionado se ser escolhido para assumir a executiva provisória do PSDB em Mato Grosso do Sul não atrapalharia seus planos para as eleições do próximo ano, o deputado federal negou e reforçou que é um político de grupo.

“O time vai definir, se for melhor eu continuar no partido para fortalecer a legenda para o pleito de 2026, ficarei, mas, se o grupo entender que é melhor eu ingressar em um outro partido, farei isso”, assegurou.

A resposta do parlamentar é em decorrência dos boatos darem conta de que ele estaria de mudança para o Republicanos para tentar a reeleição no próximo ano, entretanto, ao ser escolhido por Aécio Neves para presidir a executiva provisória do PSDB no Estado, ficaria complicado para Beto Pereira abandonar o ninho tucano com o jogo eleitoral em andamento.

Além disso, a boataria também dá como certa as saídas do deputado federal Geraldo Resende, para o PV, do deputado federal Dagoberto Nogueira, para o Republicanos, e do deputado estadual Paulo Corrêa, para o PP, ou seja, a cúpula inteira da executiva provisória do PSDB pode deixar a sigla, sem falar dos demais deputados estaduais da legenda.

Afinal, Jamilson Name, Zé Teixeira e Mara Caseiro também estariam com as malas prontas para entrar no PL para disputar as eleições de 2026.

O certo é que, por enquanto, até que a janela partidária seja aberta em março do próximo anos, todos os seis deputados estaduais e os três deputados federais do PSDB vão continuar no ninho tucano em Mato Grosso do Sul.

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Justiça

STF vai julgar Lei do Marco Temporal no plenário físico

Aapós receber críticas sobre a falta de debate no ambiente virtual, o ministro Gilmar Mendes, relator das ações, decidiu levar o caso ao plenário físico

04/12/2025 19h54

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O Supremo Tribunal Federal (STF) vai começar a julgar as ações que tratam sobre a constitucionalidade da Lei do Marco Temporal das Terras Indígenas a partir da próxima quarta-feira, 10. O julgamento havia sido marcado para começar nesta sexta-feira no plenário virtual, mas, após receber críticas sobre a falta de debate no ambiente virtual, o ministro Gilmar Mendes, relator das ações, decidiu levar o caso ao plenário físico.

O primeiro dia foi marcado exclusivamente para a leitura do relatório e a apresentação das sustentações orais de advogados e terceiros interessados. As ações têm dezenas de amicus curiae e as sustentações podem durar mais de uma sessão. Além disso, interlocutores do ministro apontam que o seu voto deve ser longo. Esses fatores indicam que o desfecho do julgamento deve ficar para 2026.

O tema foi discutido em uma comissão no Supremo que buscou uma conciliação sobre o assunto ao longo de 23 audiências. A comissão foi encerrada em junho com poucos avanços, sem excluir a tese do marco temporal por falta de consenso. O Supremo deve avaliar se homologa ou não o acordo e também irá se pronunciar sobre pontos em que não houve consenso.

Em setembro de 2023, o Supremo invalidou a tese do marco temporal - que diz que os indígenas só têm direito às terras que ocupavam na data da promulgação da Constituição, em 5 outubro de 1988. Dias depois, o Congresso aprovou uma lei que recria a tese O caso voltou ao STF por meio de ações que questionam ou pedem para confirmar a validade da lei. Gilmar, então, enviou as ações para conciliação para dar um fim ao que chama de “espiral de conflito”.

Gilmar tem indicado que deve descartar a tese do marco temporal em si, porque ela já foi declarada inconstitucional pela Corte. Mas o ministro deve buscar manter as mudanças propostas na comissão sobre os procedimentos de demarcação. Um desses pontos é a obrigatoriedade de participação de Estados e municípios onde se localiza a área reivindicada, em todas as etapas do processo

Ao derrubar a tese do marco temporal, o Supremo definiu que os proprietários que ocupavam as terras de boa-fé têm direito à indenização, a ser paga pela União. Em audiência realizada em junho, o gabinete de Gilmar apresentou uma proposta para tirar do arcabouço fiscal as indenizações por desapropriação. Essa proposta também pode ser levada por Gilmar ao plenário do Supremo.

A sugestão de Gilmar para acelerar os processos de desapropriação envolve a emissão de precatórios negociáveis no mercado que poderiam ser usados para abater o pagamento de tributos. De acordo com o juiz auxiliar do ministro, Diego Veras, a sugestão foi elaborada com economistas e especialistas em contas públicas e seria mais atrativa do que a negociação de precatórios que já existe atualmente.

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