Política

ELEIÇÕES 2018

Vídeos mostram filho de Odilon visitando ex-governador preso

Odilon Júnior foi falar com Puccinelli antes do anúncio de apoio do MDB

RAFAEL RIBEIRO

22/10/2018 - 08h15
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O Correio do Estado conseguiu dois vídeos que mostram o filho do candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul pelo PDT, Juiz Odilon, indo visitar o ex-governador André Puccinelli, do MDB, no Centro de Triagem de Campo Grande, no Jardim Noroeste, região leste, onde ele está preso desde o dia 20 de julho.

Conforme revelado anteriormente, logo após a visita de Odilon de Oliveira Júnior (PDT), no último dia 10, as agremiações anunciaram a união para o segundo turno, contra a reeleição de Reinaldo Azambuja (PSDB) no pleito do próximo domingo (28). O MDB concorreu no primeiro turno com Júnior Mochi, terceiro colocado na disputa com um total de 150.115 votos.

As imagens do sistema de segurança do complexo penal (assista os vídeos ao término desta reportagem) mostram primeiro o advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães chegando ao Centro de Triagem. Em seguida ele chama Odilon Júnior, que tampa o rosto com as mãos para tentar não ser identificado pelas câmeras.

A segunda filmagem, já na área interna do presídio, mostra de novo Guimarães e Odilon Júnior. Novamente o filho do aspirante ao Governo do Estado tampa o rosto com as mãos para não ser identificado nas imagens.

O CASO

Conforme revelado pelo Correio do Estado, Guimarães, denunciado na Operação Coffee Break, a qual investiga a suposta compra de voto dos vereadores de Campo Grande para cassar o então prefeito Alcides Bernal (PP), em 2014, e Odilon Júnior chegaram por volta das 11h37min, identificaram-se como advogados, com os números de registro de ambos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS) marcados na ata, “para falar com o interno André Puccinelli”. No documento não consta o horário que Odilon filho deixou o local, porém, às 11h54min e às 11h55min, são anotadas duas saídas do advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães, e ele entrou apenas uma vez no prédio. 

O vereador de Campo Grande e filho do juiz federal, foi a unidade logo após o resultado das eleições em Mato Grosso do Sul, que deixou o candidato do MDB, Junior Mochi, de fora da corrida do segundo turno. Mochi só entrou na disputa após a desistência da Puccinelli, por estar preso, e da senadora Simone Tebet, que justificou os apelos feitos pela família para deixar a eleição. 

Os dias 8 e 9, subsequentes ao resultado de segundo turno no Estado, são de grande movimentação para o interno André Puccinelli. No dia 8 o ex-governador recebe o presidente municipal do partido, Ulisses Rocha, às 8h10; os advogados: Flávio de Melo Ferraz, às 8h34, Renê Siufi, às 9h15, e Wellington Coelho de Souza, às 9h20. Luiz Gomes Guimarães também vai ao local no meio da manhã, às 9h27. No dia 9, Mochi e Ulisse voltam ao Centro de Triagem, às 8h40, e tem uma conversa longa com o preso. A dupla deixa o local às 10h15. 

DISCURSO

A aliança do Juiz Odilon com o MDB vai contra seu discurso que não teria denunciados e condenados em sua campanha e principalmente na sua gestão como governador. A campanha do candidato do PDT é coordenada em Campo Grande pelo ex-vereador Paulo Pedra, que está inelegível por ter mandato cassado em novembro de 2015 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por compra de votos. 

Outra controvéria na campanha do juiz é a aliança com André Puccinelli que foi preso pela Polícia Federal, após o pedido do Ministério Público Federal (MPF) ser acatado pela Justiça Federal. 

André Puccinelli Júnior e o advogado João Paulo Calves foram presos no mesmo dia, todos no âmbito da 5ª Fase Operação Lama Asfáltica, Papiros de Lama. 

RACHADO

O PDT em Mato Grosso do Sul está em crise por conta dos mandos e desmandos do juiz aposentado. Ele que no início da campanha tirou o então presidente da sigla João Leite Schmidt do cargo para que coordenasse sua campanha, demitiu o mesmo após o resultado de segundo turno. 

Com a saída de Schmidt da cadeira da presidência, o deputado federal Dagoberto Nogueira assumiu o posto, mas o clima não está bom entre candidato e dirigente. Odilon foi contra a recomendação nacional de apoio o candidato a presidência do Brasil, Fernando Haddad (PT), e do estadual de ficar neutro, e declarou apoio o nome do PSL, Jair Bolsonaro. Além de não condidade Dagoberto para o ato de aliança entre PDT e MDB, apenas Odilon pai e filho foram no diretório emedebista. 

O clima no PDT é de tensão, de desunião e de troca de acusações. A cúpula alega ser vítima de conspiração do time político do juiz Odilon de Oliveira. Para a cúpula, o candidato a governador, se eleito, poderá trabalhar para tomar o controle absoluto do partido em Mato Grosso do Sul. Mas ele pode esbarrar no presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, que não abre mão de prestigiar deputado federal Dagoberto Nogueira no comando partidário. Na tarde de hoje Luppi vai se reunir em Brasília para decidir quais providências tomar com os candidatos que declararam apoio a Jair Bolsonaro. 

OUTRO LADO

O presidente regional do PDT, deputado federal Dagoberto Nogueira, confirmou, na tarde de segunda-feira (15), a conclusão das negociações do vereador de Campo Grande Odilon Júnior com o ex-governador André Puccinelli, na prisão, sobre aliança do MDB com o PDT no segundo turno das eleições para governador. Dagoberto disse ainda que o presidente de honra do partido, João Leite Schimidt, foi quem começou o acordo com o MDB. Odilon Júnior apenas terminou de selar a aliança com André.

Diante da repercussão sobre as negociações feitas na prisão com o ex-governador, cada um apresenta versão diferente dos fatos. O pai do vereador e candidato a governador, juiz Odilon de Oliveira, disse em live pelo Facebook que o filho foi colega de André Puccinelli Júnior na vida acadêmica e não foi ao presídio para negociações. Mas o filho, Odilonzinho, como é mais conhecido, disse outra coisa. Ele explicou ter ido ao presídio a convite do ex-governador para dar orientação jurídica sobre o caso dele. Puccinelli está preso desde o dia 20 de julho, com o filho, em razão dos desdobramentos da Operação Lama Asfáltica. 

Só que André já tem os melhores advogados do Brasil na sua defesa, como o criminalista Antônio Mariz e Cézar Bitencourt, além de Renê Siufi, em Mato Grosso do Sul.

Pela manhã do dia 15, o vice-presidente regional do partido e ex-deputado federal, Antonio Carlos Biffi, declarou que Odilon Júnior foi ao Centro de Triagem de Campo Grande “alinhar o que já estava costurado”.

Na tarde do mesmo dia, Dagoberto se reuniu com o juiz Odilon. O dirigente partidário não estava disposto a falar muito com os jornalistas. O juiz saiu pelos fundos do seu escritório particular para não dar entrevistas. Pelo comportamento de Dagoberto, sempre acessível à imprensa, ele parecia tenso. Ele vem sendo ignorado pelo juiz e admitiu, na semana passada, a existência de racha no partido.

Mas essa crise não foi admitida pelo vice-presidente, Antônio Carlos Biffi. Ele tentou mostrar unidade inexistente dentro do PDT. “Quem conduziu aliança com MDB foi o João Leite Schimidit antes e também depois do primeiro turno. O acordo era de que quem passasse para o segundo turno apoiava o outro”, disse.

A aliança dos dois partidos, de acordo com Biffi, foi alinhada, propositalmente, anteriormente. “Você pode até ganhar eleição sozinho, mas você não governa sozinho. MDB é o fiel da balança assim como foi em 2014; Delcídio [do Amaral] perdeu porque não conseguiu apoio do MDB”, justificou Biffi. Com relação às reuniões da legenda realizadas ontem, Odilonzinho se explicou dizendo que foram necessárias para alinhar os militantes. “A Executiva do PDT se reuniu pela manhã para definir como poderá contribuir mais com a campanha do juiz Odilon. À tarde, nos reunimos com Dagoberto para tratar como seria essa ajuda, qual seria o papel de cada um eleito e das pessoas do partido”.

Mas as conversas com os filiados ao partido não acabaram. “Ficou definido que hoje vamos ter outra conversa com o pessoal do partido para delimitar as funções, como quem vai ajudar a coordenar cada região, determinar quem vai auxiliar para fechar mais alianças, pois nem todas foram fechadas, e qual a função do deputado federal para falar com a Câmara Federal”.

Questionado sobre o que foi fazer no Centro de Triagem, o vereador contou ter ido visitar Puccinelli a pedido dele. “Fui visitar a pedido dele, na condição de advogado, para dar orientação sobre o caso dele. Não estou advogando, foi a convite dele para um parecer. Não posso falar sobre o que foi, pois tem que preservar sigilo entre cliente e advogado”, afirmou.

Na saída da reunião, Dagoberto relatou insegurança por parte do PDT em relação à campanha. “Estamos administrando para arrumar isso. Vamos fazer uma reunião grande com o PDT do Estado inteiro. Vou ajustar isso para saber se vai ser na quinta ou sexta, para todos eles estarem aqui”. 

Veja os dois vídeos obtidos pela reportagem do Correio do Estado do dia da visita de Odilon Júnior:

*Colaboraram Adílson Trindade, Renato Volpe Haddad e Yarima Mecchi

Política

Líder do PL diz que Ramagem pode renunciar ao mandato e espera aprovação de asilo nos EUA

Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário

15/12/2025 22h00

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ)

Líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) Foto: Divulgação

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O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Alexandre Ramagem (PL-RJ), parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e foragido, admitiu que pode renunciar ao mandato em 2026. Sóstenes afirmou, no entanto, que trabalhará pela manutenção do mandato do correligionário.

Segundo Sóstenes, é importante que Ramagem mantenha o mandato neste ano para poder avançar com o processo de asilo político nos Estados Unidos.

"Vou solicitar ao Colégio de Líderes que não coloque a situação do Ramagem na pauta. Eu falei com ele há pouco, ele disse que até pode pensar numa futura renúncia no próximo ano, está tramitando pedido de asilo político nos Estados Unidos e por isso é importante para ele, a manutenção do mandato", afirmou.

Assim como aconteceu no caso da ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o PL acredita que não há votos suficientes para cassar Ramagem no plenário.

No começo de maio, a própria Câmara aprovou a sustação da ação penal contra Ramagem por 315 a favor e 143 contra.

O relator da proposta, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), alegou que a Constituição diz que pode ser trancada uma "ação penal", sem fazer restrição a outros denunciados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), notificou na última quarta-feira, 10, Ramagem e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por meio de edital, para que se manifestem nos processos que podem levar à cassação de seus mandatos. Ambos estão nos Estados Unidos (EUA).

No caso de Ramagem, o processo de cassação decorre do fato de ele estar foragido da Justiça e sua sentença já ter transitado em julgado.

O ex-delegado da Polícia Federal foi condenado à perda do mandato e a 16 anos de prisão pelo STF por tentativa de golpe de Estado.

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TROCA DE COMANDO

Secretária de Fazenda pode não voltar ao cargo após licença

O Correio do Estado apurou que o futuro da titular da Sefaz será a exoneração e o substituto deve sair da própria equipe

15/12/2025 08h00

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022

A secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, está no cargo desde abril de 2022 Marcelo Victor

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À frente das finanças da Prefeitura de Campo Grande desde abril de 2022, a secretária municipal de Fazenda, Márcia Helena Hokama, não vai mais retornar ao cargo depois da prorrogação da licença médica por estresse e ansiedade iniciada em 20 de novembro deste ano e com previsão de encerrar no dia 8 de janeiro de 2026.

O Correio do Estado obteve a informação com exclusividade por meio de fontes do alto escalão da administração municipal de Campo Grande, que ainda explicaram que a prefeita Adriane Lopes (PP) teria sido comunicada da impossibilidade de a titular da Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz) reassumir as funções por conta de suas condições mentais.

Diante disso, a chefe do Executivo da Capital já teria determinado a procura por um substituto e, por enquanto, a tendência é de que o atual secretário-adjunto da Sefaz, Isaac José de Araújo, seja elevado a titular da Pasta por fazer parte da equipe técnica que foi montada por Márcia Hokama, considerada muito competente por Adriane Lopes.

A reportagem também foi informada de que a decisão da secretária de participar da corrida de rua de Bonito, realizada no dia 6, durante o afastamento por questões de saúde e o fato ter ganhado repercussão na mídia municipal teria pesado para que a continuidade dela no cargo após o fim da licença médica ficasse insustentável.

Márcia Hokama chegou a ser fotografada ao concluir um percurso de 10 km e conquistar o 23º lugar na categoria (competidores com idade entre 50 e 59 anos), e a imagem dela sendo publicada pelos principais órgãos de imprensa “pegou” muito mal até mesmo a imagem da prefeita, que é uma grande defensora do trabalho da secretária.

Porém, como a mulher de César não basta ser honesta, ela também precisa parecer honesta, a corrida foi a gota d’água para fim dos mais de três anos dela à frente das finanças municipais, período marcado por muito desgaste político e pressões decorrentes de crises no transporte coletivo urbano, na saúde e nas finanças, chegando a ser cobrança publicamente pela Câmara Municipal de Campo Grande.

O ponto alto desse desentendimento com os vereadores foi quando Márcia Hokama faltou à convocação para dar explicações sobre a crise, e, na época, ela já chegou a alegar problemas de saúde. Em novembro, a situação mental dela teria chegado no fundo do poço, obrigando o pedido de licença médica.

A partir da oficialização da concessão do afastamento, os boatos começaram dando conta de que ela não retornaria mais ao cargo, porém, a prefeita Adriane Lopes assegurava o retorno da titular da Sefaz após o fim da licença médica.

Entretanto, depois da divulgação da participação de Márcia Hokama da corrida de rua de Bonito a prorrogação da dispensa das funções foram decisivas para que a chefe do Executivo Municipal cedesse à pressão pela exoneração da secretária.

Procurada pelo Correio do Estado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, não quis comentar até o fechamento desta edição. O espaço continuar aberto para a manifestação da chefe do Executivo Municipal.

*SAIBA

A trajetória de Márcia Hokama começou em abril de 2022, quando foi nomeada pela prefeita Adriane Lopes como titular da Secretária Municipal de Finanças (Sefin), ficando responsável pelas finanças do município de Campo Grande e deixando o cargo de secretária-adjunta, o qual ocupava desde 2021.

Em janeiro deste ano, a prefeita reconduziu Márcia Hokama ao cargo, mas com novo nome Secretaria Municipal de Fazenda (Sefaz). Portanto, ela já está na função de liderança na Sefin/Sefaz desde 2022.

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