Os cabelos tomam boa parte da rotina feminina: lavar, hidratar, cortar e manter brilho e movimento requer muito amor e disciplina. Para muitas mulheres, eles representam uma marca registrada, símbolo de feminilidade e beleza. Agora imagine, do dia para a noite, ficar sem eles. Pois é isso que acontece com milhares de pacientes que enfrentam o câncer de mama, o mais incidente na população feminina não só no Brasil, como no mundo todo. E foi se colocando no lugar destas mulheres que muitas outras, colaboradoras do projeto Rapunzel Solidária, se prontificaram a ajudar a causa. A iniciativa tem como objetivo arrecadar cabelos para serem doados às portadoras de câncer. O conceito é simples: ao apostar em um novo corte, ao invés de dispensar os fios, elas os guardam para serem usados por quem está passando por tratamento quimioterápico.
Nascendo um projeto
Na família de Beth, a doença não era exatamente uma novidade. A irmã teve câncer de mama metastático quando tinha apenas 38 anos, logo após o nascimento do filho. “Foi um choque tremendo e até hoje ela passa por um tratamento que vai de medicamentos orais à quimioterapia”, conta. Como Beth sempre teve problemas nas mamas, como cistos e nódulos benignos, fazia o acompanhamento anual, mas, com a doença da irmã, passou a fazer de seis em seis meses. Em 2012, teve o primeiro susto. Uma secreção que saiu do seio esquerdo a levou para o mastologista, quando passou por cirurgia para retirada do primeiro tumor. Na época, alguns médicos a alertavam sobre a possibilidade de tirar os dois seios, de forma preventiva, devido ao histórico de problemas na região.
Em 2013, ela foi diagnosticada novamente com tumor nas duas mamas. “Meu mundo caiu. Já pensei em tudo de ruim que minha irmã havia passado, pensei nos meus pais, nos meus filhos. Mas logo perguntei para os médicos: ‘o que tenho que fazer’?”, relembra. Beth foi aconselhada a retirar as duas mamas, por meio da cirurgia de mastectomia, mas, para sua surpresa, não precisou passar por quimioterapia nem radioterapia. “Foi a melhor notícia! Não iria ficar careca nem sentir todos os incômodos que a 'quimio' e a 'radio' causariam. Eu realmente me senti abençoada”, afirma. Até hoje ela toma medicações para prevenir a volta da doença, no entanto, desde então sente vontade de agradecer por sua superação. E foi assim que abraçou a causa.
Próximos passos
Com a divulgação no Facebook, a rede de solidariedade vem crescendo e agora o objetivo é conseguir novos parceiros. Beth busca empresas que atuam no ramo de perucas para fazer novas peças com os cabelos doados; ou que estejam interessadas apenas em comprar o cabelo para futura comercialização – gerando assim renda para ser revertida à Graac. A administradora afirma que um dos seus objetivos é ajudar quem não tem recursos para comprar a própria peruca, que, segundo ela, custa de R$ 4 a 5 mil. “A peruca pode ajudar a melhorar a autoestima destas mulheres. Quando elas se sentem bem e bonitas, o corpo reage positivamente”, completa.