O executivo da Odebrecht Alexandrino de Alencar afirmou, em delação premiada, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era um "popstar" em países da África e da América Latina. Considerado um "cartão de visitas" da construtora, Alexandrino destacou a importância de que chefes de Estado soubessem que Lula tinha uma relação diferenciada com o grupo. A empreiteira promovia palestras do ex-presidente para "vender o Brasil" e que convidava jornalistas e formadores de opinião para "mostrar a relação" da empresa com Lula.
Em viagens de Lula ao exterior, na condição de presidente da república, a Odebrecht enviava documentos sobre a situação das obras da construtora no país para que o petista levasse durante as visitas. Usualmente, a "ajuda de memória" era elaborada por diretores da empreiteira nos países e passava pelo crivo de Marcelo Odebrecht, segundo relata o delator. "Ele ia para o Peru, para o Panamá, onde tínhamos obras, então mandávamos uma ajuda de memória de uma página, não mais do que isso, para contextualizar o presidente nos assuntos do Panamá", relatou.
Já à época em que havia saído da presidência, de acordo com os depoimentos da Odebrecht, a empreiteira teria financiado palestras do petista por meio do Instituto Lula. A primeira delas teria sido no Panamá, onde a Odebrecht tinha contratos para obras públicas.