Semeadura da safra 2024/2025 já ultrapassou os 95% no Estado; 97,7% das lavouras estão em condições boas e regulares
Com a chegada do período chuvoso em boa parte de Mato Grosso do Sul, os produtores de soja estão otimistas com a safra de soja 2024/2025. A expectativa de produção para o ciclo é de uma supersafra de 13,9 milhões de toneladas, que deve ser atingida caso as precipitações sigam cooperando.
Segundo dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), a projeção é de que a área plantada seja 6,8% maior que no ciclo anterior, atingindo 4,5 milhões de hectares, enquanto a produtividade estimada é de 51,7 sacas por hectare.
A previsão de chuvas mais intensas e tempestades no fim de semana em algumas regiões do Estado já anima os produtores, que veem a possibilidade de fechar a fase de plantio com bons resultados.
O engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia e pesquisador do Centro de Pesquisa e Consultoria Agropecuária Desafio Agro Danilo Guimarães relata que as lavouras tiveram um atraso no Estado, no início, em função das chuvas.
“Principalmente na metade sul e também na metade norte de MS, as chuvas se regularizaram na última semana, então, somente em algumas áreas bem pontuais os volumes foram um pouco baixos, mas os volumes das chuvas foram satisfatórios em boa parte”, avalia Guimarães.
O pesquisador frisa que a condição das lavouras é boa, com destaque para as sementes, que têm qualidade superior, com germinação e vigor de excelência. Guimarães ressalta ainda que o momento exige cuidado por parte do produtor rural.
“Já está próxima a fase dos manejos preventivos de pragas e doenças. Com essa chuvarada, deve haver um atraso nas aplicações, mas as lavouras de forma geral estão muito boas em questão de instalação, por conta da regularização das chuvas”, reafirma o engenheiro-agrônomo em entrevista ao Correio do Estado.
Conforme o Siga MS, a área plantada alcançou 95,3% em Mato Grosso do Sul. A região sul está com o plantio mais avançado, com média de 95,8%, enquanto a região central está com 96% e a região norte, com 92,1% de média. A área plantada até o momento é de 4,2 milhões de hectares.
“A porcentagem de área plantada em Mato Grosso do Sul na safra 2024/2025 está aproximadamente 5,4 pontos porcentuais acima da safra 2023/2024, até a mesma data”, aponta o coordenador técnico da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Gabriel Balta.
CONDIÇÕES
Ainda de acordo com os dados do Siga MS, apenas 2,3% das lavouras do Estado estão em condições ruins, 10,3% estão em situação regular e 87,4% têm em boas condições.
Economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo pontua que, no geral, as lavouras estão majoritariamente em boas condições de cultivo e, em algumas regiões, como no sudoeste do Estado, a taxa de lavouras boas chega a quase 99% do total.
“Com este panorama, podemos esperar uma safra maior este ano, motivada também pela volta da regularidade de chuvas. Sendo assim, as expectativas são de que tenhamos uma boa safra em Mato Grosso do Sul”, analisa Melo.
Presidente do Sindicato Rural de Dourados e produtor rural, Ângelo Ximenes pontua que as questões climáticas na região sul do Estado e em algumas outras ainda impactam o plantio, porém, a fase inicial da cultura consegue aguentar a falta de chuva, o que permitiu que as plantas se desenvolvessem.
“Com relação às previsões de precipitações, acredito que, se a chuva prevista para este fim de semana vier, deve contribuir para normalizar a operação das culturas, mantendo dessa forma o potencial produtivo histórico estimado para o ciclo 2024/2025 em Mato Grosso do Sul”, avalia Ximenes.
CLIMA
Novembro está mais chuvoso do que a média histórica, mas não é uma condição generalizada, disse o coordenador de Operação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o meteorologista Marcelo Seluchi, em entrevista ao jornal O Globo. Os maiores acúmulos estão em uma faixa do Centro-Oeste ao Sudeste, o que é característico da estação chuvosa.
Pesquisador agrometeorologista da Embrapa Agropecuária Oeste, Éder Comunello aponta que a semeadura da soja começou com pouca água armazenada no solo.
“Setembro foi um mês muito quente e seco, e outubro, apesar de também muito quente, trouxe o início das chuvas, mas de forma irregular. A transição para o período chuvoso atrasou e ainda teve baixos volumes de chuva. Apesar disso, a soja, uma planta bastante adaptável, chegou a novembro com boas condições na maioria das áreas”.
Apesar de novembro ter sido positivo para os produtores, há chances de que o fenômeno La Niña influencie o clima durante a safra de verão.
“Nesse caso, espera-se que a região continue registrando temperaturas altas e chuvas mal distribuídas, concentradas em poucos dias. Por outro lado, há previsão de aumento nos volumes de chuva, o que pode ajudar a aliviar os efeitos do deficit hídrico enfrentado nesse momento. Outro desafio é a baixa precisão das previsões de curto prazo, que vêm falhando principalmente no centro-sul de MS. Apesar disso, as previsões de médio e longo prazo apontam para uma melhora, com chuvas próximas à média histórica, o que pode trazer alívio para os agricultores da região”, conclui Comunello.
PREÇOS
No mercado, o economista do SRCG destaca que os preços futuros podem ser impactados pela conjuntura atual.
“No fim de setembro, tínhamos uma média de preços superior a R$ 130 por saca de 60 quilos nas praças físicas de Mato Grosso do Sul. Já em outubro e novembro, esses preços médios superaram os R$ 140 por saca nessas mesmas regiões, mas voltaram a recuar na última semana, fechando com uma média de R$ 137 por saca no Estado”, detalha Melo.
Para o economista, a tendência é de que, se houver ganhos, estes serão mais tímidos e limitados, apresentando alguma correção ao longo dos próximos meses em função da oferta, conforme se aproxima o pico da colheita no Brasil.
“Mas também pode haver alguma movimentação negativa nos preços, mesmo porque a safra americana foi excelente nesta temporada e se constitui como um fator de pressão para os preços dos grãos”, explica.
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