Em doses homeopáticas, Hugleice da Silva, 25 anos, vem confessando seu envolvimento no episódio que culminou na morte de sua cunhada Marielly Barbosa Rodrigues, 19. Ontem, durante depoimento complementar na Delegacia de Homicídios em Campo Grande, ele admitiu ter esperado a jovem na casa do enfermeiro Jodimar Ximenes, 40, em Sidrolândia, durante a realização do aborto e como o procedimento "deu errado" e a garota morreu, ele e o enfermeiro transportaram o corpo da jovem para o canavial, onde foi encontrado 20 dias depois, pela polícia.
Na quarta-feira, o veículo de Hugleice, uma caminhonete Blazer, foi entregue à perícia para serem realizados exames de detecção de sangue; a maca apreendida na casa do enfermeiro também passa por análise. Os peritos informaram, ontem ao Correio do Estado, que marcas de sangue podem ficar fixadas ad eternum – segundo alguns estudos.
O delegado que preside o inquérito, Fabiano Nagata, destacou que Hugleice assumiu ter transportado o cadáver até o canavial, mas não explica porque teve essa atitude e continua negando que é o pai da criança, embora já tenha declarado ao seu advogado que teve um relacionamento com a garota. "Ele esperou por vinte minutos o procedimento de aborto ser realizado e como a Marielly morreu, ele decidiu – junto com o Jodimar – esconder o corpo", aponta.
Sem socorro
Jodimar mantém o mesmo depoimento desde a sua prisão, na semana passada, mesma data em que o cunhado de Marielly foi preso. "Nós temos muitas informações. Nosso trabalho agora é produzir provas a partir delas", continuou o delegado.
Hugleice não citou, em depoimento, as razões para não socorrer a cunhada. Segundo ele, a garota foi transportada já morta da casa de Jodimar para o canavial.
Marielly desapareceu no dia 21 de maio e a família começou a envolver a imprensa na busca pela garota. Vinte dias depois o cadáver foi encontrado, e o cunhado era figura sempre presente nas entrevistas pedindo justiça no caso.