Cidades

GUERRA

Internação forçada é a nova estratégia para tratar vício de drogas

Internação forçada é a nova estratégia para tratar vício de drogas

Thiago Gomes

25/07/2011 - 00h00
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Apesar da polêmica que o procedimento vem provocando em todo o País, cresce rapidamente o número de defensores do abrigamento compulsório para crianças e adolescentes dependentes de drogas, como medida de atendimento à saúde pública, assistência social e mesmo de segurança. No Rio de Janeiro, por exemplo, diante da proliferação desenfreada das chamadas cracolândias (pontos de uso crack e outras drogas), prefeitura, Ministério Público e Poder Judiciário resolveram se unir e mediante autorização judicial estão internando em unidades de atendimento, ainda que contra a vontade própria, os menores que são encontrados em espaços públicos usando entorpecentes.

O promotor de Justiça da Infância e Juventude de Campo Grande e presidente do Conselho Estadual Antidrogas, Sérgio Harfouche, é um dos que defendem a adoção de procedimento semelhante em Mato Grosso do Sul, particularmente na Capital, onde é grande a população de crianças e adolescentes envolvida com o consumo de drogas. Pela Delegacia Especializada de Infância e Juventude (Deaij) e pelas unidades educacionais de internação passam dezenas de menores envolvidos em infrações (crimes), onde o pano de fundo sempre é a dependência de entorpecentes.

Ao falar sobre o abrigamento, Sérgio Harfouche, enfatiza que considera a medida não apenas válida, mas necessária como estratégia para levar ao tratamento aqueles que vivem nas ruas e na dependência das drogas. Mas, o presidente do Cead-MS alerta que não basta os poderes públicos promoverem a internação compulsória, é preciso que haja continuidade desse trabalho, cuidando-se posteriormente também da reinserção social daqueles que forem recuperados.

O promotor diferencia o abrigamento compulsório da internação involuntária. Enquanto o primeira poderia ser feito por órgãos públicos, recolhendo os dependentes químicos diretamente das ruas, a segunda é aquela que, ainda que também contra a vontade do viciado, é requerida pelos pais ou responsáveis. Segundo ele, neste ano a Promotoria recebeu perto de 30 pedidos de inernação involuntária. Somente nos últimos dois meses o número de solicitações atingiu 19. Havendo compromisso dos pais de acompanhamento do menor internado, o MP dá o encaminhamento, o que é feito para uma unidade de recuperação que o Ministério Público tem acesso. Mas, ainda existem muitos drogados nas ruas.

Questionado sobre a legalidade ou ilegalidade da medida, Sérgio Harfouche cita que o artigo 45 da Lei 11.343/2006 (que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; e define crimes) diz que é isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Para o promotor, se o artigo reconhece a incapacidade em se tratando de crimes, então também é óbvio que o dependente não tem capacidade para decidir se deve ou não internar-se.

O promotor de Justiça, que também é pastor evangélico, lembra que ninguém se droga porque quer, se a pessoa chegou ao nível da dependência é porque a sua vontade já está deteriorada, não tendo, assim, condições de autodeterminar-se, se escolher o caminho do tratamento e da recuperação.

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Cidades

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida

28/11/2024 17h30

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras PGE/MS

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O Bioparque Pantanal, em Campo Grande, foi palco, nesta terça-feira (28), do lançamento do primeiro livro científico dedicado à regulação em Mato Grosso do Sul. A obra é fruto da colaboração entre a Agência Estadual de Regulação (AGEMS) e o Instituto de Direito Administrativo de Mato Grosso do Sul (IDAMS) e reúne artigos de 38 autores, entre especialistas acadêmicos e profissionais da área.  

Dentre as articulistas estão a procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia; a corregedora-geral da PGE, Fabíola Marquetti; e a chefe da Coordenadoria Jurídica na AGEMS, Priscila de Siqueira Gomes.  

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.  

A coletânea traz análises críticas, estudos de caso e propostas inovadoras sobre regulação da atividade econômica e dos serviços públicos concedidos no estado. Para Priscila de Siqueira, a publicação destaca a importância de Mato Grosso do Sul no debate sobre políticas públicas e regulação.  

“A publicação de uma obra científica e prática sobre este tema demonstra que o Estado está atento à evolução das políticas públicas e à necessidade de discutir questões pertinentes à regulação”, afirmou.  

A procuradora-geral Ana Carolina Ali Garcia destacou a relevância da obra para o avanço acadêmico e profissional. “Em nosso artigo, abordamos os contratos administrativos de longo prazo no contexto da reforma tributária. É uma coletânea que contribui para o aprendizado e o compartilhamento de boas práticas.”  

Para Fabíola Marquetti, a obra representa um marco histórico para a regulação em Mato Grosso do Sul. “É um exemplo de integração entre instituições, trazendo olhares diversos sobre a regulação dos serviços públicos”, concluiu.

Mato Grosso do Sul

Famosa pela pistolagem, fronteira tem alta incidência de feminicídio

Na última quarta-feira, Vanderli Gonçalves dos Santos tornou-se a 31ª vítima deste tipo de crime em 2024

28/11/2024 17h00

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Conhecida pela “pistolagem” e por ser rota comum ao tráfico de drogas, a faixa de fronteira sul-mato-grossense também é marcada pelo alto índice de violência doméstica. Em 2024, quatro em cada 10 feminicídios ocorreram nesta área do Estado.

Nesta quarta-feira (27), Vanderli Gonçalves dos Santos, de 48 anos, foi morta com um tiro na cabeça, na Aldeia Jaguapiru, território indígena de Dourados, tornando-se a 31ª vítima deste tipo de crime desde janeiro último, 5ª morte apenas neste mês. A principal suspeita é seu próprio marido, Jonemar de Ramos Machado, de 47 anos, preso.

De acordo com um levantamento realizado pelo Correio do Estado com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), este é o segundo feminicídio do ano na cidade douradense, 13º em municípios situados na fronteira. Outros dois feminicídios foram registrados em Ponta Porã, além de mortes confirmadas em Amambai, Antônio João, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Naviraí, Nioaque, Sidrolândia e Tacuru.


Ao longo do ano, também foram registrados crimes de feminicídio em Batayporã, Coxim, Ivinhema, São Gabriel do Oeste (2), Três Lagoas (4) e Campo Grande (9), município que lidera as estatísticas.

A morte de Vanderli Gonçalves dos Santos eleva o índice deste tipo de crime em comparação a 2023, ano com 30 mortes. Entre as características que cercaram as 31 mortes deste ano, (11) foram marcadas por golpes de faca, (10) que envolveram ataque pessoal direto (4 por asfixia, 3 por agressões, 2 por espancamentos, e 1 por estrangulamento), (9) provocadas por arma de fogo, além de uma morte por atropelamento.

Segundo a Sejusp, 19 vítimas foram mulheres adultas, com idade entre 30 e 59 anos; oito mortes foram de mulheres jovens, com idade entre 18 e 29 anos; três vítimas com idade acima de 60 anos, além de uma adolescente.

Psicóloga com atuação em área de análise comportamental, Pietra Garcia Oliveira (28), disse ao Correio do Estado que a ocorrência deste tipo de violência contra a mulher é muito sintomática também em Mato Grosso do Sul, visto que o Estado foi o primeiro do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira.

“Fomos o primeiro estado do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira, e temos de nos atentar a alguns pontos. Existem casos onde o homem não agride fisicamente, entretanto, há agressões psicológicas, e com isso, temos de lidar com os fatos antes que escalem até o feminicídio em si”, argumentou a psicopedagoga.
De acordo com Pietra Garcia, é importante que o Estado pense políticas públicas que protejam as mulheres e também articulem modos de lidar com os homens envolvidos em casos como esses.

“De algum modo, o homem que realiza esse tipo de crime se sente invalidado pela mulher, e nesse sentido, se sente confortável para praticar o feminicídio. Precisamos pensar nesse fenômeno social, assim como precisamos pensar no modo como eles repercutem, inclusive na própria mídia”, complementou. 
Desde 2015, a Lei 13.104/2015 categoriza o crime de feminicídio. De lá para cá, 336 mulheres foram vitimadas em todo o Estado. 

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