"Achados & Perdidos" ou "É proibido o embarque de carrinhos de bagagem" são algumas das múltiplas expressões em português presentes nos principais meios de transporte da região de Nagoya, no coração do Japão.
A língua portuguesa não pára de se expandir no país asiático, para onde mais de 300 mil brasileiros de origem nipônica se mudaram desde o final da década de 80.
O surto, visível em grandes corporações como a Toyota, Suzuki ou Sony, elevou o português a terceira língua estrangeira mais falada no Japão, logo após o coreano e o chinês, apesar de o inglês continuar sendo língua franca.
Revista
"Embalado pelo samba, Tóquio organiza o maior Carnaval fora do Brasil e o português já se tornou numa das línguas estrangeiras mais estudadas no Japão", afirma o diretor da revista quinzenal "Alternativa", Juvenal Shintaku.
A publicação é uma das três revistas em português editadas no Japão pelo grupo Nippaku Yuai. Folheando as 290 páginas da "Alternativa", é possível perceber a lógica desta mão-de-obra lusófona.
Comemorações
"Neste ano estamos celebrando o centenário da imigração japonesa para o Brasil e a troca de informações com a mídia brasileira se intensificou bastante", disse Juvenal Shintaku, que se mudou em 1995 para o Japão.
As comemorações bilaterais atingirão o ápice em 18 de junho, data em que se celebram 100 anos da chegada do primeiro barco com imigrantes japoneses ao Porto de Santos.
A comunidade nipônica no Brasil conta hoje com cerca de 1,5 milhões de pessoas, especialmente no Estado de São Paulo.
"As panificadoras japonesas passaram a fabricar o pão de queijo e todas as grandes cidades no arquipélago possuem churrascarias brasileiras, que também divulgam a nossa música", disse o jornalista, acrescentando que "os japoneses adoram a moda brasileira e a bossa nova é um dos ritmos musicais mais populares no Japão".
"No ano passado, somente em Tóquio, foram abertas lojas das principais marcas brasileiras: os principais designers de moda brasileiros exportam hoje para o mercado japonês", afirmou Juvenal Shintaku.
Comunidade
A região de Shizuoka é onde se verifica a maior concentração de dekasegi nipo-brasileiros, especialmente em Hamamatsu e Oizumi, onde os sinais de trânsito também estão em português.
Segundo Juvenal Shintaku, cerca de 15% dos habitantes de Oizumi falam português como primeira língua."Acredito que as influências brasileiras no Japão sejam tão grandes quanto o legado japonês no Brasil".
"Hoje é grande o número de brasileiros casados com japoneses, criando uma nova comunidade", disse o jornalista.
"E este está longe de ser um fato confinado ao centro do Japão. A língua portuguesa está presente no dia-a-dia japonês. O Japão conta com dois jornais em português, diversas revistas, estações de rádio, televisão, etc.", afirmou Juvenal Shintaku.
Com informação e foto da Agência Lusa