Cidades

ENTREVISTA

PCHs geram impacto severo ao meio ambiente

PCHs geram impacto severo ao meio ambiente

bruna lucianer

23/10/2011 - 00h00
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O Correio do Estado acompanha, há pelo menos um ano e meio, as ações dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, de ONGs ambientalistas e da sociedade civil organizada na tentativa de impedir a proliferação de empreendimentos hidrelétricos nos rios da Bacia do Alto Paraguai (BAP). Além do risco iminente de alteração do pulso de inundações da planície pantaneira, outras consequências já podem ser observadas, como a diminuição da quantidade e variedade de peixes e os prejuízos à navegação e ao setor turístico, especialmente nas regiões próximas aos empreendimentos já instalados.
Agora, tem início mais um capítulo do imbróglio. A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT) já comunicou que não vai acatar a sugestão do MPF de cessar a emissão de licenças ambientais para empreendimentos hidrelétricos na BAP até que o Estudo de Impacto Cumulativo seja feito. A mesma decisão deverá ser anunciada pelo Ibama e o Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul) do MPF. Nestas condições, uma ação judicial para frear o problema está cada vez mais próxima. O procurador da Reppública Wilson Rocha Assis fala sobre estas questões na entrevista abaixo:

Como o senhor foi apresentado à problemática da proliferação de empreendimentos hidrelétricos nos rios da Bacia do Alto Paraguai (BAP)?
Em fevereiro de 2009, a Procuradoria da República no município de Corumbá/MS recebeu uma Carta-recomendação elaborada durante a VIII INTECOL – Conferência Internacional de Áreas Úmidas, que ocorreu em Cuiabá, em julho de 2008. O documento continha uma série de informações técnicas e advertências sobre o impacto da implantação de empreendimentos hidrelétricos na BAP, com graves danos ao bioma Pantanal. A partir da recomendação, foi instaurado um inquérito civil na Procuradoria da República em Corumbá, que cuidou de aprofundar as pesquisas sobre o tema e encaminhar as preocupações dos setores sociais e da comunidade científica aos órgãos públicos com poder de decisão sobre a gestão da Bacia.

Depois das pesquisas de campo, dos debates nas audiências públicas e das conversas com especialistas, como o senhor resumiria os riscos que os rios da BAP correm caso todos os empreendimentos hidrelétricos previstos, especialmente as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), sejam implantados?
Os riscos são bastante significativos. O prejuízo ao pulso de cheias do Pantanal seria uma consequência extrema, não descartada pelo laudo técnico elaborado pela 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. Todavia, antes deste quadro de quase-catástrofe, há prejuízos que já podem ser sentidos nos dias de hoje. A diminuição da quantidade e variedade de peixes no Pantanal, os prejuízos à navegação, ao setor turístico, ao patrimônio histórico relacionado à rota das monções já são danos concretos e perceptíveis, apontados por diversos estudos e atores sociais, em diversas regiões da BAP, especialmente naquelas situadas nas proximidades dos empreendimentos já instalados e em funcionamento. As populações tradicionais do Pantanal, especialmente índios e comunidades ribeirinhas, seriam também severamente afetadas. A pecuária, por sua vez, pode sofrer prejuízos, na medida em que as pastagens naturais sejam comprometidas. Áreas úmidas protegidas pela Convenção Internacional de Ramsar, como o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, também terão sua biodiversidade prejudicada.

O Ministério Público Federal expediu uma recomendação ao Ministério do Meio Ambiente, em junho deste ano, sugerindo a realização de um estudo de impacto cumulativo de empreendimentos hidrelétricos na BAP. Porque este estudo se faz necessário e qual o grau de urgência?
O estudo é necessário por expressa disposição legal, uma vez que a legislação determina que os estudos de impacto ambiental devem levar em consideração toda a bacia hidrográfica. Diversas baciais hidrográficas brasileiras já contam com estudos de impacto cumulativo de empreendimentos hidrelétricos, apesar de alguns destes estudos terem sua metodologia questionada pelo MPF. Todavia, na Bacia do rio Paraguai, que já é uma das baciais mais intensamente exploradas e onde está situado o bioma Pantanal, um dos mais frágeis e relevantes ecossistemas do mundo, esses estudos não foram realizados. De fato, a efetividade da tutela do meio ambiente demanda a realização deste estudo. Sendo a natureza um sistema vivo, os danos causados às suas partes afetam o seu funcionamento global, de modo que o impacto cumulativo é sempre superior à soma dos impactos individuais. É como o organismo de uma pessoa. A “pessoa inteira” sofre quando um de seus órgãos está doente. E ultrapassado um certo limite, todo o sistema entra em colapso. No Pantanal, em razão da inexistência de estudos adequados, não temos conhecimento desse limite. A urgência de um estudo de impacto cumulativo decorre da grande velocidade com que novos empreendimentos vem sendo aprovados e efetivamente implantados no planalto da Bacia, situado no entorno da planície pantaneira.

O Ministério do Meio Ambiente já respondeu à recomendação?
Todos os órgãos ambientais responderam negativamente à recomendação elaborada pelo Ministério Público Federal e Ministério Público do estado de Mato Grosso do Sul. Os empreendimentos continuam sendo licenciados e instalados, mesmo sem os estudos que foram recomendados.
O Ibama e a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso já informaram que não vão acatar a recomendação expedida pelo MPF, que sugere a interrupção da emissão de licenças ambientais para novos empreendimentos hidrelétricos na BAP até que o estudo de impacto cumulativo seja realizado. Como o senhor vê este posicionamento?
A posição dos órgãos ambientais desrespeita os princípios da prevenção e da precaução que regem o direito ambiental e determinam a não realização de atividades potencialmente poluidoras até que seus impactos sejam devidamente analisados. Na ótica do Ministério Público, a continuidade dos licenciamentos ameaça seriamente a sobrevivência do Pantanal.
A mesma recomendação foi enviada ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul. Já houve posicionamento por parte do órgão?
Em reunião realizada na manhã do dia 18 de outubro, em Corumbá, o órgão entendeu que a ausência dos estudos solicitados pelo Ministério Público Federal não são motivo bastante para suspender os licenciamentos. O presidente do órgão sugeriu a construção de uma agenda comum de ações, que inclui a realização dos estudos solicitados. Todavia, o órgão ambiental entende que enquanto se elaboram esses estudos os licenciamentos devem continuar. Nesse ponto, não há concordância do Ministério Público Federal.

Há alguma outra maneira de frear a emissão de licenças ambientais até que o estudo de impacto cumulativo seja realizado?
O Ministério Público se esforça por mais uma rodada de negociações. Caso não se obtenha a anuência dos órgãos ambientais, a suspensão dos licenciamentos será discutida na Justiça.
Esse será o próximo passo do MPF para começar a mitigar os impactos?
Nesse momento, o Ministério Público Federal tenta agendar uma última reunião, no mês de novembro, em Brasília, com participação dos órgãos ambientais de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Ibama e Ministério do Meio Ambiente, além do Ministério Público do estado de Mato Grosso do Sul, que tem sido um parceiro importante nessa discussão. Se não houver acordo, uma ação civil pública deverá ser ajuizada em seguida.
A população do município de Coxim, na região norte do Estado, vêm se mobilizando e se posicionando contra a implantação de novas PCHs no Rio Coxim. De que maneira a população sul-mato-grossense pode participar das discussões e demonstrar seu posicionamento em relação à problemática?
A sociedade brasileira, segundo o artigo 225 da Constituição Federal, é a verdadeira titular dos bens ambientais. Os órgãos públicos são apenas gestores desses recursos naturais. Assim, é a sociedade que deve decidir se pretende que continuem existindo peixes nos rios do Pantanal. Da mesma forma, a sociedade deve discutir as melhores formas de produção de energia elétrica. Nesse processo, é importante que a sociedade compreenda que a energia hidrelétrica não é uma energia limpa, como os setores interessados na exploração da energia costumam difundir. Sua geração gera impactos bastante severos sobre o meio ambiente e sobre o homem. Eu creio que se a sociedade tiver acesso adequado a essas informações, bem como sobre as alternativas para suprir as demandas energéticas do país, haveria uma mudança no modelo de desenvolvimento hoje em curso no Brasil. A disputa em torno da usina de Belo Monte, no Pará, é um exemplo do esforço do MPF para que essas informações cheguem à sociedade brasileira.
Há a previsão de realização de novas audiências públicas?
O MPF foi recentemente convidado a participar de uma audiência pública que está sendo organizada por membros da Câmara Municipal de Coxim e pela seccional da OAB naquele município. O MPF dispôs-se a participar do evento.
 

Leia matéria no Jornal Correio do Estado

Educação

Enade: inscritos devem responder questionários até 23h59 de hoje

Exame teórico será aplicado neste domingo

23/11/2024 20h00

Estudante com prova do Enade

Estudante com prova do Enade Foto: UFT/Divulgação

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Os estudantes que farão o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2024 das Licenciaturas neste domingo (24) devem responder ao Questionário do Estudante até as 23h59 (horário de Brasília) deste sábado (23).

A prova teórica será aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para 283.550 inscritos.

O questionário do Estudante coleta informações que permitam caracterizar o perfil dos estudantes e o contexto de sua formação acadêmica, consideradas pelo Inep como relevantes para a compreensão dos resultados teóricos e práticos dos estudantes no Enade e para subsidiar os processos de avaliação dos cursos de graduação.

O preenchimento completo do Questionário do Estudante é um dos itens que caracteriza a efetiva participação do estudante no exame.

Anualmente, a inscrição no Enade é obrigatória para todos os estudantes de cursos de licenciatura habilitados à avaliação teórica ou à avaliação prática, vinculados às áreas avaliadas, conforme o edital.

A partir desta edição, o exame passa a ter dois tipos de avaliação: a teórica, tradicionalmente realizada, e a nova prova prática dos estudantes de graduações direcionadas à docência.

Cada uma das avaliações terá um cronograma específico.

Áreas de conhecimento avaliadas

O exame das licenciaturas será aplicado em cursos de 17 áreas de conhecimento diferentes. A edição de 2024 avaliará licenciaturas das áreas de artes visuais; ciências biológicas; ciências sociais; computação; educação física; filosofia; física; geografia; história; letras (inglês); letras (português); letras (português e espanhol); letras (português e inglês); matemática; música; pedagogia e química.

O exame terá foco na avaliação dos cursos que formam professores para a educação básica. O Inep informa que o objetivo é aprimorar as avaliações e a formação de docentes no Brasil.

Aplicação da prova
Para saber o local de aplicação da prova, bem como obter informação sobre atendimento especializado e tratamento pelo nome social, quando for o caso, o participante deve acessar o Cartão de Confirmação de Inscrição, disponível no Sistema Enade, com CPF . O acesso ao documento só é liberado após o preenchimento do Questionário do Estudante.

Neste domingo, os portões de acesso aos locais de provas serão abertos às 12h (horário de Brasília) e fechados às 13h. O início da aplicação será às 13h30, com encerramento às 18h para os participantes regulares. Os estudantes que solicitaram tempo adicional e tiveram o pedido aprovado pelo Inep terão mais uma hora para finalizar a prova.

Orientações para o Enade 2024

Neste domingo, o participante deverá comparecer ao local das provas com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, Cartão de Confirmação de Inscrição e documento de identidade original com foto válido.

Antes da participação na prova, é importante que o inscrito guarde, no envelope porta-objetos, o telefone celular e quaisquer outros aparelhos eletrônicos desligados, além de óculos escuros e artigos de chapelaria (boné, chapéu, gorro ou similares), e material de papelaria (caneta de material não transparente, lápis, réguas e borracha, entre outros).

Também não é permitido ficar com celulares e quaisquer outros aparelhos eletrônicos descritos no edital ou fone de ouvido.

O envelope porta-objetos deve ser mantido, durante todo o período de prova, debaixo da carteira, lacrado e identificado.

Enade

Realizado anualmente pelo Inep, o Enade é um dos componentes do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).

O exame avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação em relação aos conteúdos previstos nas diretrizes curriculares, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para formação geral e profissional, bem como o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial.

Decisão

Caixa demite ex-vice-presidente por assédio sexual e moral

Decisão foi publicada no Diário Oficial da União

23/11/2024 18h00

Agência bancária da Caixa Econômica Federal

Agência bancária da Caixa Econômica Federal Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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Por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), a Caixa Econômica Federal demitiu, por justa causa, o ex-vice-presidente Antônio Carlos Ferreira de Sousa. Funcionário de carreira do banco, ele estava afastado do cargo desde julho de 2022, quando sugiram denúncias de assédio sexual e moral durante a presidência de Pedro Guimarães, que comandou o banco entre 2019 e 2022.

A CGU publicou na sexta-feira (22) a portaria do desligamento no Diário Oficial da União. Durante a gestão de Guimarães, Sousa foi vice-presidente de Estratégia de Pessoas e de Logística e Operações.

Além da demissão, o ex-vice-presidente está impedido de ocupar cargos comissionados ou funções de confiança no Poder Executivo Federal por 8 anos. Desde a divulgação das denúncias, Sousa estava afastado do cargo, mas continuava a trabalhar na Caixa.

Na época da divulgação das acusações de assédio moral e sexual por Pedro Guimarães, que pediu demissão em junho de 2022, a Caixa criou um canal interno de denúncias. Com base nos relatos recebidos no Contato Seguro da Caixa, o banco investigou os casos e constatou várias ocorrências de assédio por parte de Sousa.

Em nota, a Caixa afirma que não tolera nenhum tipo de assédio por parte de dirigentes ou empregados. O banco também informou ter começado a investigar os casos por meio da corregedoria interna e que o processo seguiu as regras de administração pública.

“Com a finalização das investigações feitas dentro dos ritos da governança, o banco enviou o relatório conclusivo à Controladoria-Geral da União (CGU) em outubro de 2023. O ex-dirigente já estava afastado do cargo desde julho de 2022. Com a ciência da decisão da CGU, a Caixa iniciará as providências devidas para o cumprimento”, informou a assessoria de imprensa do banco.

Histórico
Em junho de 2022, surgiram denúncias em série de casos de assédio sexual e moral durante a gestão de Pedro Guimarães na Caixa. Imediatamente após a divulgação dos relatos, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho passaram a investigar os casos. Além do então presidente, vice-presidentes e diretores foram acusados.

Guimarães pediu demissão no dia seguinte à publicação das denúncias, e outros vice-presidentes do banco renunciaram em seguida.

Desdobramentos

Em março de 2023, Guimarães virou réu por denúncias de assédio sexual e moral feitas por funcionárias da Caixa. A ação tramita sob sigilo, e a defesa do executivo nega as acusações.

Em uma outra ação, movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a Caixa foi condenada a pagar R$ 3,5 milhões de indenização por um evento no interior de São Paulo em que Guimarães obrigou funcionários a fazer flexões em estilo militar.

Acordos

Em abril do ano passado, a Caixa fechou um acordo com o Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal para pagar uma indenização de R$ 10 milhões para encerrar a denúncia das funcionárias. Em janeiro deste ano, o banco assinou um termo de ajuste de conduta (TAC), que concedeu vantagens em processos internos de seleção a funcionários que sofreram perseguição na gestão de Guimarães.

O banco foi condenado em outros processos em São Paulo, no Amazonas e no Distrito Federal. Somadas as condenações e os TAC, o banco até agora desembolsou cerca de R$ 14 milhões em indenizações, que poderiam ser mais altas se não houvesse acordo. Sem eles, a instituição financeira teria de pagar multa de até R$ 300 milhões. No ano passado, a Caixa informou que cobraria de Pedro Guimarães, na Justiça, o dinheiro das indenizações.

Em março deste ano, a Comissão de Ética da Presidência da República aplicou uma “censura ética” a Guimarães. Aplicada a autoridades que deixaram o cargo, a penalidade prevê apenas advertência. A ação contra Guimarães na Justiça Federal ainda está na fase de audiências.

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