Angústia, nervosismo, ansiedade, pressa. Esses sentimentos acabaram se tornando comuns para muitas mulheres modernas, que se sentem cada vez mais sob pressão tanto na vida profissional como pessoal.
Embora seja difícil evitar que o estresse domine as nossas vidas, controlá-lo é uma necessidade. “Com a liberação contínua do hormônio cortisol, o principal hormônio do estresse, no organismo, a mulher, que já vive em um delicado equilíbrio hormonal, sofre muito mais do que o homem quando está estressada”, afirma a endocrinologista Carolina Mantelli Borges, pós-graduada em metabologia e endocrinologia.
Descubra a seguir como o estresse afeta a saúde feminina.
CABELOS
O excesso de oleosidade causado pelo desequilíbrio hormonal na mulher pode causar a dermatite seborréica, mais conhecida como caspa.
Mas o efeito mais conhecido do estresse nos cabelos é a queda dos fios. Chamada de alopecia areata, ela pode ser leve – quando apenas os fios de partes do couro cabeludo caem – ou gravíssima – quando até mesmo os pelos do corpo caem todos, deixando a mulher careca.
A doença é reversível: com tratamento adequado, o cabelo volta a crescer normalmente.
UNHAS
O famoso roer de unhas tem nome científico: unicofagia. O problema é que o hábito causa um trauma na unha, que pode começar a crescer deformada. Algumas mulheres chegam a raspar a superfície das unhas nos dentes, deixando-as enfraquecidas.
Outro fator de risco é que muitas pessoas mordiscam e arrancam as peles ao redor das unhas, causando infecções.
Na parte nutricional, uma dieta rica em fast food, típica de pessoas estressadas, pode enfraquecer as unhas pela falta de zinco, cobre e ferro.
PELE
Por conta do desequilíbrio hormonal, a pele da mulher passa a ficar nos extremos: ou muito oleosa ou muito seca. Cravos e espinhas também são comuns, até por conta da alimentação inadequada que geralmente acomete os estressados.
A falta de nutrientes também vai deixar a pele desnutrida, sem viço e sem brilho. Uma doença comum que tem seu gatilho no estresse é a psoríase, uma proliferação desordenada das células da pele que causa descamação constante.
METABOLISMO
Um dos sistemas mais afetados pelo estresse na mulher é o endócrino. Isso porque a liberação contínua de cortisol desequilibra completamente o organismo feminino. São comuns os distúrbios alimentares (comer demais ou de menos) por conta da ansiedade que a adrenalina e o cortisol geram no corpo.
Para começar, o excesso de cortisol aumenta o apetite, principalmente por comidas calóricas. O corpo entende que precisa de energia rápida para alguma emergência e instrui o cérebro a emitir esses sinais. Agindo como se estivesse em perigo, o organismo passa a estocar a energia ingerida em forma de gordura, principalmente na região abdominal.
Embora ainda não seja consenso, alguns estudos também sugerem que o excesso de cortisol no organismo da mulher estressada pode interferir no funcionamento da tireóide, aumentando os riscos para desenvolver hipotireoidismo ou hipertireoidismo.
O excesso de cortisol também pode gerar inchaço e retenção de líquido, intestino preso, e dores musculares. Esse incômodo todo, claro, vai contribuir para a falta de concentração, irritação e perda de memória que acometem as estressadas.
SISTEMA IMUNOLÓGICO
O mesmo cortisol que causa aquela bagunça hormonal na mulher é o responsável por enfraquecer as defesas do organismo feminino.
Muitas mulheres acabam sofrendo com infecções oportunistas, como gripes, resfriados e dores de garganta. A falta de sono em decorrência do estresse também destrói as defesas do corpo.As infecções também passam a atacar mais a vagina da mulher.
É comum o estresse afetar o PH natural da região, aumentando assim a proliferação de fungos que normalmente são inofensivos. As doenças mais comuns são corrimentos, candidíase e tricomoníase e precisam de tratamento contínuo para não se tornarem crônicas.
VIDA SEXUAL E AFETIVA
Outro sistema sensível ao estresse da mulher é o reprodutor. A menstruação pode atrasar ou mesmo não aparecer em determinados meses por fatores inteiramente emocionais.
A dificuldade em engravidar não é incomum. Isso porque o PH da vagina acaba mudando e isso dificulta a chegada do espermatozóide até o útero.
Outro problema que o estresse pode causar é a falta de ovulação, o que dificulta ainda mais as tentativas de engravidar.
Os relacionamentos acabam sentindo essa queda na freqüência das relações e a tensão é constante. O parceiro passa a sentir a mulher muito nervosa, irritada, em uma verdadeira TPM eterna. Muitas acabam entrando em depressão.
O sexo acaba comprometido. A mulher precisa de um contexto para se entregar e, assim, se excitar. De cabeça cheia, a vontade acaba minguando e o desejo sexual vai a zero. Muitas acabam fingindo apenas para agradar o parceiro, o que só as deixa mais deprimidas.
A tensão também pode ter um efeito chamado vaginismo, quando a musculatura da região não relaxa, causando dor durante a penetração.
A CURA EXISTE
Ouvir familiares e amigos e contar com o apoio deles é essencial para superar uma fase difícil e estressante. Ouça o que eles têm a dizer e, se achar necessário, procure ajuda especializada. O estresse pode ser combatido em todas as esferas e tratado.
Quem deu as informações: Adriano Almeida, dermatologista e tricologista e Diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo; Carolina Mantelli Borges, endocrinologista pós-graduada em metabologia; Domingos Mantelli Borges Filho, membro do corpo clínico do Hospital e Maternidade Santa Joana e Maternidade Pró-Matre Paulista; Leonardo Tucci, endocrinologista especialista em metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar e de casal pela UNIFESP.