Artigos e Opinião

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Ruben Figueiró: "Pedro José Rufino, em seu bicentenário"

Ex-senador da República

Redação

13/05/2015 - 00h00
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Há no registro histórico de nossa Pátria dados relevantes sobre episódios trágicos quão heroicos, da triste conflagração bélica sul-americana qual foi a Guerra da Tríplice Aliança, ou como erroneamente dizem, Guerra do Paraguai, na qual fomos envolvidos. Entre tais registros se destacam os escritos do Visconde de Taunay, Alfredo D’Escragnole de Taunay, denunciando os prolegômenos do conflito e o que destes se originou. Despiciente aqui repeti-los, eis sua evidência no curso dos anos, mais de um século e meio. 

No momento, vale relembrar a atuação de um brasileiro que da legendária Bahia veio para a imensidão do Centro-Oeste e, aqui, dedicou mais de dois terços de sua existência ao Exército Nacional, também plantando frutuosa árvore genealógica. Honro-me dela participar, assentado em sua quinta geração. 

Dois de meus primos, Pe. Thiago, salesiano, e Ricardo Figueiró, empresário, vêm de alguns anos a esta parte se dedicando na pesquisa de dados e fatos que significaram a vida de nosso antepassado – Cel. Pedro José Rufino.  Há episódios marcantes na sua carreira militar devidos e minuciosamente anotados em seus assentamentos no Arquivo do Exército, por ordem do imperador D. Pedro II, com reiteradas menções à sua inteligência, zelo e disciplina no cumprimento de ordens superiores. 

Dos relatos do Visconde de Taunay, há como destaque a participação brava e heroica de Pedro Rufino na epopeica Retirada da Laguna. Todas as circunstâncias que molduraram a volta da Força Expedicionária das terras guaranis à nossa fronteira sudoeste, cumprindo as ordens rígidas do comandante, o Cel. Camisão, asseguraram, na retaguarda, o deslocamento da tropa estropiada pela cólera até as margens do Rio Miranda, em Jardim, daí ao Porto Canuto, a beira das águas do Aquidauana. A segurança da retirada estava na firme determinação de Pedro Rufino. 

O Exército Brasileiro aureolou o Cel. Pedro José Rufino como um dos seus heróis exponenciais, com homenagens póstumas, sobretudo, na área do Comando Militar do Oeste. 

Meus primos, aqui referenciados, iniciaram meritória missão para que a data de 26 de abril de 1816, nascimento de nosso ilustre antepassado, seja lembrada condignamente no curso desse seu bicentenário. Confio na efetividade de seus propósitos; neles sou solidário, eis que o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, o Comando Militar do Oeste, CMO, a Fundação de Cultura, pelo Governo do Estado, hão de dar-lhes o imprescindível apoio para que as nossas gerações, sobretudo de sul-mato-grossenses , lembrem, dentre outros heróis, do Cel. Pedro José Rufino, que lutou pelas armas nacionais zelando pela integridade de nosso sagrado solo.

Editorial

A força invisível da economia

O desempenho estadual acompanha uma tendência nacional robusta: em 2023, o setor supermercadista brasileiro ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão em faturamento bruto

17/04/2025 07h15

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Os números não deixam dúvidas: o setor supermercadista é um dos pilares da economia sul-mato-grossense. Com receita bruta que ultrapassa os R$ 5 bilhões apenas entre as redes com sede no Estado, o segmento confirma seu papel central não apenas no abastecimento da população, mas também como agente importante na geração de empregos, na arrecadação de tributos e no controle indireto da inflação.

É importante destacar que esses dados expressivos sequer consideram o faturamento de grandes players nacionais como Carrefour/Atacadão, Assaí e o Grupo Pereira – esse último com raízes sólidas em Mato Grosso do Sul. Se somarmos os números dessas gigantes, o montante movimentado no Estado seria ainda mais impressionante, o que mostra o quão estratégico é esse mercado no cenário econômico regional.

O desempenho estadual acompanha uma tendência nacional robusta: em 2023, o setor supermercadista brasileiro ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão em faturamento bruto. Isso reforça a importância econômica dessa atividade que, embora muitas vezes discreta em seu impacto, movimenta uma parcela significativa do PIB e influencia diretamente o cotidiano das famílias.

A título de comparação, as redes com sede em Mato Grosso do Sul faturam quase 20% de todo o orçamento anual do Estado. Um dado que chama atenção para o poder de capilaridade dessas empresas e a necessidade de olhar para o setor não apenas como comércio, mas como uma engrenagem que precisa estar bem lubrificada para manter o motor da economia funcionando.

É nesse ponto que entra a responsabilidade econômica e social dos supermercados. Em tempos de inflação elevada, sobretudo no setor de alimentos, é fundamental que os consumidores adotem estratégias mais conscientes, optando por produtos com melhor custo-benefício. Esse comportamento, ao contrário do que muitos pensam, tem potencial para influenciar fornecedores e provocar ajustes na cadeia de preços – uma pressão de baixo para cima que pode ajudar a conter aumentos abusivos.

Vale lembrar também que, ao contrário da percepção comum, os maiores clientes dos supermercados não são os consumidores finais, e sim os fornecedores. Em um setor marcado por margens de lucro estreitas, é a habilidade em negociar, comprar bem e manter bons relacionamentos comerciais que define o sucesso de uma rede. Nesse jogo, ganha quem entende de gestão, logística e, sobretudo, parceria.

Portanto, quando falamos da força do setor supermercadista, estamos nos referindo a muito mais do que prateleiras cheias. Estamos falando de uma engrenagem poderosa que, se bem conduzida, pode contribuir para uma economia mais equilibrada, competitiva e sustentável. Que os números impressionem, sim, mas que também inspirem um olhar mais atento para a relevância de um setor que, embora cotidiano, é essencial.

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ARTIGOS

O golpe das falsas corretoras e o uso de inteligência artificial para enganar investidores

12/04/2025 07h45

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Nos últimos anos, o Brasil tem sido palco de uma série de golpes financeiros de proporções bilionárias, muitos dos quais envolvendo esquemas sofisticados de falsas corretoras que simulam operações com criptoativos, Forex e investimentos em bolsa. O que chama atenção é que, em uma nova geração desses esquemas, a tecnologia de inteligência artificial (IA) passou a ser uma aliada dos criminosos, permitindo fraudes em larga escala com altíssima taxa de conversão.

Esse foi o caso de plataformas como EBDOX, TDASX, IXXEN e CRXXE, que se apresentavam como corretoras internacionais, oferecendo rentabilidades atrativas e acesso a mercados financeiros globais. Entretanto, tudo não passava de uma estrutura fraudulenta baseada em simulação de operações e falsificação de identidade institucional.

A primeira fase do golpe é a mais sutil: a captação inicial de investidores por meio de IA aplicada em vídeos falsos. Circulam nas redes sociais (Instagram, YouTube, Facebook e TikTok) vídeos onde figuras conhecidas do mercado financeiro, como Luiz Barsi, sua filha Louise Barsi e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes aparecem falando diretamente com o público.

Nessas gravações, com uso de IA generativa de imagem e voz, essas personalidades convidam o investidor a ingressar em um suposto “grupo seleto de oportunidades” no WhatsApp, alegando que compartilham ali as melhores oportunidades de investimento. Trata-se, obviamente, de uso fraudulento e não autorizado de imagem e voz, com alto grau de realismo, capaz de induzir ao erro até mesmo pessoas com algum grau de instrução financeira.

Uma vez dentro do grupo de WhatsApp, o próximo passo é o contato com um suposto “professor” ou “especialista”. Aqui, também entra em cena a inteligência artificial. A identidade do “professor” é completamente fictícia, com imagem gerada por IA e interações exclusivamente por mensagens de texto. As mensagens enviadas nos grupos são geradas por ferramentas de IA que imitam uma linguagem coloquial, persuasiva e técnica.

Esse “mentor” oferece dicas de investimentos, análises gráficas, previsões de mercado e supostas “aulas gratuitas”, tudo com um único objetivo: construir uma relação de confiança para conduzir o investidor a abrir conta na plataforma falsa, realizar o primeiro aporte e iniciar o ciclo de fraude.

As respostas automatizadas aos questionamentos também revelam uso de IA conversacional, que simula atendimentos em tempo real e gera uma ilusão de suporte constante e personalizado. Os criminosos automatizam todo o funil de venda e criação de autoridade usando tecnologia de ponta.

Esse modus operandi marca uma nova era de golpes financeiros: a era das fraudes com IA. As ferramentas de deepfake, voice clone e chatbots de suporte vêm sendo utilizadas para aplicar estelionatos com uma precisão e escala sem precedentes. Por isso, é urgente que o sistema financeiro, os órgãos de investigação e a própria sociedade compreendam que a tecnologia, se não regulada e fiscalizada, pode se transformar em arma contra os cidadãos.

A investigação em curso contra as falsas corretoras mencionadas precisa incluir, de forma prioritária, a análise técnica dos conteúdos veiculados nas redes e nos grupos de WhatsApp, com rastreio de origem dos materiais de IA, identificação de ferramentas utilizadas e os dispositivos responsáveis pelos disparos automatizados.

Mais do que investigar os operadores visíveis, é fundamental mapear quem forneceu infraestrutura, hospedagem, domínios, serviços de IA e pagamentos. O combate a esse novo modelo de fraude demanda uma atuação integrada, transnacional e especializada. Este é apenas o começo de uma nova geração de crimes digitais. E o Brasil precisa se preparar.

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