Brasil

CORRUPÇÃO

Decisão favorável a grupo da maior traficante de cocaína do país faz juiz virar alvo da PF

Suspeita é de que traficantes tenham repassado R$ 3,5 milhões ao filho do juiz federal Cândido Ribeiro pala soltura de integrante de quadrilha

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A Polícia Federal cumpriu na manhã desta terça-feira (14) mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao juiz federal Cândido Ribeiro, do TRF-1 (Tribunal Regional Federação da 1ª Região), após ele soltar um integrante da organização criminosa liderada por uma traficante apontada como a "Rainha do Pó" do Brasil.

Karine Campos, segundo investigadores ouvidos pela Folha de S.Paulo, é hoje a maior traficante de cocaína do país e teria custeado parte dos valores utilizados para comprar a decisão do juiz que soltou Leonardo Nobre, integrante do seu grupo criminoso.

A traficante é vista como responsável por enviar toneladas de cocaína para a Europa por via marítima, se valendo dos portos brasileiros.

De acordo com a investigação da operação Habeas Patter, parentes do traficante negociaram por R$ 3,5 milhões a concessão de um habeas corpus por meio advogado Ravik Ribeiro, filho do juiz.

A Folha de S.Paulo procurou o juiz e seu filho. Em nota, o gabinete do juiz Cândido Ribeiro disse que a investigação corre em sigilo e não tem nada a declarar.

A PF detalha a compra no pedido encaminhado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que autorizou as buscas em endereços do juiz e de seu filho. Os investigadores chegaram a pedir a prisão do magistrado, mas a ministra Laurita Vaz negou a solicitação.

A investigação começou após uma apreensão de 175 quilos de cocaína em Lisboa, Portugal, traficados por pessoas ligadas a Nobre, apontado como integrante do grupo de tráfico internacional de drogas.

Ao longo da apuração, mensagens, dados armazenados na nuvem dos investigados e monitoramentos feitos pela PF indicaram a procura de parentes do traficante por advogados para soltá-lo.

Um dos encontros foi com o filho do juiz. Segundo a PF, na conversa com uma irmã do traficante, Ravik Oliveira ofereceu R$ 3,5 milhões pela liberdade, "podendo os valores serem pagos após a concessão do alvará de soltura".

Após esse encontro, um habeas corpus cujo julgamento estava previsto para 7 de março de 2022 foi tirado da pauta do TRF-1 -à época o juiz Cândido Ribeiro estava de férias.

No dia 19 do mês seguinte, no entanto, Nobre teve a prisão revogada com base no voto de Cândido Ribeiro. A prisão foi substituída pelo monitoramento eletrônico.

A PF continuou com a investigação e dias depois soube, por meio de ligações telefônicas, do planejamento de uma reunião entre o traficante, agora solto, sua irmã e o filho do juiz. O encontro aconteceu 19 dias após a decisão.

A suspeita dos investigadores é de que o encontro serviu para o pagamento da propina combinada para a venda da sentença.

"O encontrou se deu exatamente 19 dias depois de Leonardo Nobre obter decisão favorável à sua liberdade exarada pelo desembargador Cândido Ribeiro, pai de Ravik, e chamou atenção que no início do encontro Leonardo estava com uma caixa em suas mãos que ao final do encontro passou para as mãos de Ravik", diz a PF.

Na decisão em que autorizou as buscas, a ministra Laurita Vaz cita a retirada de pauta do habeas corpus durante as férias do juiz e o fato de a liberdade ter sido concedida.

"A fundada suspeita de ter havido uma composição entre os investigados para obtenção de decisão favorável a Leonardo é robustecida, ainda, pelo fato de que a ordem foi efetivamente concedida, a partir de voto favorável do desembargador, depois de o respectivo habeas corpus ter sido adiado, quando este estava de férias, circunstância que vai ao encontro do conteúdo dos diálogos e mensagens interceptadas entre os investigados", diz a ministra.

 

PRESIDÊNCIA

Flávio convida União e PP a apoiá-lo; partidos ficaram de maturar ideia

Conforme o senador Rogério Marinho, "a candidatura do senador Flávio é uma candidatura para valer" e não se trata de um "balão de ensaio"

09/12/2025 06h49

Rogério Marinho (PL) é líder da oposição no Senado e acredita que Ciro Nogueira e Antônio Rueda vão apoiar o filho do ex-presidente

Rogério Marinho (PL) é líder da oposição no Senado e acredita que Ciro Nogueira e Antônio Rueda vão apoiar o filho do ex-presidente

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O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmou na noite desta segunda-feira, 8, que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pediu aos presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antônio Rueda, para que apoiem sua candidatura à Presidência. Segundo Marinho, Ciro e Rueda ficaram de consultar suas bancadas.

"É evidente que há uma responsabilidade da presidência do PP como do presidente da União Brasil para que possam conversar com as suas respectivas bancadas, com governadores, com atores políticos que estão espalhados por todo o país para que, ao fim, possam nos trazer uma posição dos seus respectivos partidos", declarou Marinho a jornalistas, após uma reunião na casa de Flávio com Rueda, Ciro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto

Segundo Marinho, a definição precisará passar por uma maturação: "Isso não vai acontecer nem hoje nem amanhã. A conversa que tivemos é que isso vai ser maturado, vai ser absorvido por todos, vamos ter um tempo para que haja essa definição".

O líder da oposição afirmou que "a candidatura do senador Flávio é uma candidatura para valer" e não se trata de um "balão de ensaio". "O PL tem uma candidatura, está claro [...] Na última sexta-feira, o Bolsonaro colocou para o Flávio que a candidatura era dele, até para unificar a direita, para que nós possamos preservar o seu legado", disse.

De acordo com o parlamentar, o PL reunirá nesta terça-feira integrantes dos diretórios estaduais para levar o nome de Flávio, a fim de trazer uma unidade na sigla.

COMANDO VERMELHO

'Não estou aqui para entregar colega, nem para proteger', diz Bacellar sobre TH Joias

Assembleia Legislativa do RJ decide hoje se mantém ou não a prisão do presidente da Casa, preso pela Polícia Federal na semana passada

08/12/2025 07h26

Rodrigo Bacellar foi acusação de ter vazado informações sobre operação que prenderia o deputado TH Joias, ligado CV

Rodrigo Bacellar foi acusação de ter vazado informações sobre operação que prenderia o deputado TH Joias, ligado CV

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Em depoimento à Polícia Federal (PF), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, negou ser amigo do ex-deputado estadual TH Joias, preso em setembro por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e envolvimento com o Comando Vermelho.

Bacellar foi detido na última quarta-feira, 3, suspeito de avisar o então parlamentar sobre a operação para prendê-lo.

"Nunca tinha visto [TH Joias] na vida [antes de ele entrar na Alerj]. Construí uma relação natural, sou presidente do Parlamento, tenho que atender todos indistintamente. [Mas a relação era] só profissional e só naquele âmbito da Assembleia", disse Bacellar em depoimento à PF, revelado pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 7.

Bacellar admitiu ter falado com TH Joias na véspera da operação para prender o então deputado.

"[Ele] pede para falar comigo sozinho, no canto: 'Tá sabendo de alguma operação amanhã para mim?'. Eu disse: 'Não estou sabendo nada. Está uma fofocaiada na Casa já faz três dias de que vai ter algum problema nessa semana para deputado, onde a fumaça for'. Aí, ele fala: 'Não, beleza, eu não sei o que eu faço, se vou embora'. 'Aí é com você. Eu, se estivesse no seu lugar, só me preocuparia com a tua filha pequena. Agora você tem que saber o que você faz ou deixa de fazer'", contou o presidente da Alerj à PF.

Na véspera da prisão de TH Joias, os dois também trocaram mensagens. TH enviou a Bacellar um vídeo mostrando um freezer com carnes e disse: "Ô presida! Não tem como levar, não, irmão. Pô, como é que leva?! Tem como levar não, irmão. Esses filhos da p* vão roubar as carnes, hein". O presidente da Alerj respondeu: "Deixa, doido". Bacellar também recebeu do próprio TH imagens da Polícia Federal dentro de sua casa.

Questionado pela Polícia Federal se não pensou em avisar as autoridades sobre a chance de fuga de TH Joias, Bacellar respondeu: "Não procurei absolutamente ninguém. Não estou aqui para entregar colega, não estou aqui também para proteger colega que faz algo errado". "Confesso que até me assustei. Achei um ato de impertinência dele, me ligar de um telefone que eu não tinha." O presidente da Alerj alegou que não sabia para quem era a operação.

Bacellar ainda negou ter conhecimento das suspeitas contra TH Joias antes de sua prisão. "Já tinha ouvido algumas coisas no jornal, mas não conhecia. Pessoal fala que é ligado ao comando, sei lá o que. Olha, eu não quero saber o que você fez, o que você deixa de fazer. Da porta para dentro, se você tiver bom convívio com todo mundo, o que você faz na rua não me diz respeito."

Caso 'TH Joias'

Suspeito de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho, Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, em setembro.

Segundo a investigação, TH utilizava o cargo de deputado estadual para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e a venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão - apontado como traficante e também preso - para um cargo parlamentar.

Durante as diligências da Operação Zargun, em setembro, a PF cumpriu 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do sequestro de bens no total de R$ 40 milhões, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. A investigação foi da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da PF, e do Ministério Público Federal.
 

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