Brasil

estiagem severa

Fumaça da amazônia e do pantanal já atinge 10 estados e gera alerta

Ela foi carregada por um sistema de ventos que também leva umidade do norte ao sul da América do Sul e forma os chamados rios voadores.

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Para chegar a Santa Catarina, a fumaça de incêndios na amazônia e no pantanal espalhada sobre ao menos dez estados do país até esta terça-feira (20) foi carregada por um sistema de ventos que também leva umidade do norte ao sul da América do Sul e forma os chamados rios voadores.

Mas na estação seca, é a fumaça dos incêndios que tem sido transportada por esses corredores por milhares de quilômetros.
A situação continua até o fim da semana, quando uma frente fria pode desviar o rumo dessa trajetória entre diferentes regiões do Sul e do Sudeste do país ou mesmo orientá-la de volta para o Norte -ou seja, a área atingida pela fumaça ainda deve aumentar.

No último caso, a população de cidades do Amazonas, do Acre e de Rondônia pode ser afetada pela fumaça que ficará armazenada na região. Foi o caso da capital amazonense, Manaus, no ano passado, que também sofre atualmente com as névoas de poluição oriunda dos incêndios.

Esse trajeto começa com os ventos na parte norte do Brasil, que correm de leste a oeste durante todo o ano, do oceano Atlântico para o continente. De acordo com Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Desastres Naturais), essa rota segue até a Cordilheira dos Andes, que atua como uma parede.

"Os ventos seguem ao longo da Cordilheira, viram no Acre e passam por Rondônia, Bolívia, pelo pantanal e vão ao sul do Brasil. Esse é o circuito", diz o meteorologista. "Dependendo da situação meteorológica, eles são canalizados para a região Sul ou para a região Sudeste. Depende de como estão posicionadas as frentes frias."

Além da posição, a intensidade das frentes oriundas do sul, que carregam umidade, pode até reverter o caminho da fumaça.
"Se esse sistema que está se deslocando da Argentina e que deve chegar ao Brasil entre quarta-feira [21] e quinta-feira [22] for bastante intenso e penetrar pelo Centro-Oeste, pode empurrar o vento e fazer a fumaça subir para o Norte, afetando mais Mato Grosso, Acre, Rondônia e todo o sul da amazônia. Pode chegar a Manaus", diz Francis Wagner Correia, professor do curso de meteorologia da Universidade do Estado do Amazonas.

Imagens de satélite registradas pelo Instituto de Cooperação para a Pesquisa na Atmosfera, que reúne a Universidade Estadual do Colorado e a Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), ambas nos EUA, mostram, desde a semana passada, a fumaça que passa sobre áreas de Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A movimentação dos ventos -e da fumaça- acende dois alertas. Um é o de aquecimento das regiões afetadas, já que a concentração de partículas dos materiais queimados (folhas e madeira, por exemplo) e gases como o monóxido de carbono contribui para o efeito estufa, diz Wagner, da UEA.

O outro é o dano à saúde, que dificulta a respiração e causa irritação nos olhos e tosse. Pessoas com doenças respiratórias, como asma e bronquite, além de idosos e crianças, devem ficar atentas, aumentar a hidratação e evitar sair de casa em momentos de fumaça mais intensa.

Essa movimentação de ventos e fumaça é típica da época de estiagem no país, segundo Wagner e Seluchi. Para ambos, a intensidade dessa fumaça transportada está ligada aos focos de incêndio.

O pesquisador do Cemaden aponta que um dos fatores determinantes é a fiscalização, que pode reduzir substancialmente a ocorrência da ação humana nos incêndios.

Mas o problema também está ligado às secas, segundo Wagner, da UEA. "Cada vez mais percebemos que os eventos climáticos estão mais graves. Nos últimos 20 anos, foram quatro eventos extremos de seca, em 2005, 2010, 2015 e 2023. Isso também intensifica o fogo na região."

Tanto a amazônia quanto o pantanal têm registrado aumento nos focos de incêndio. Na floresta, os números são os piores em duas décadas. Já no pantanal, a temporada de fogo começou antes e os focos de incêndio tiveram aumento de 1.593% na comparação de janeiro a 1º de agosto de 2024 com o mesmo período do ano passado.

Ainda, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mantém alerta de perigo para onda de calor na faixa que vai do sul de Minas Gerais ao norte do Rio Grande do Sul e se estende até o sudeste de Rondônia. Já o aviso de perigo potencial para baixa umidade do ar, entre 30% e 20%, cobre quase toda a área central do país, indo do sul do Amazonas e do Pará até o Ceará e, ao sul, Santa Catarina.

(Informações da Folhapress)

 

LUCRO INVEJÁVEL

Petrobras aprova a distribuição de R$ 20 bi em dividendos extraordinários

Dona de 36,6% do capital da Petrobras - por meio do Tesouro Nacional, do BNDES e do seu braço de participações, o BNDESpar -, a União vai ficar com R$ 7,32 bilhões

22/11/2024 07h38

Com essa nova fatia, já chega a R$ 23,46 bilhões o total de proventos destinados pela estatal ao governo neste ano

Com essa nova fatia, já chega a R$ 23,46 bilhões o total de proventos destinados pela estatal ao governo neste ano

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A Petrobras anunciou na quinta-feira, 21, à noite, depois do fechamento do mercado financeiro, que vai pagar R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários a seus acionistas. Isso equivale a R$ 1,55 por ação ordinária e preferencial da companhia.

Desse montante, R$ 15,6 bilhões vêm da reserva de remuneração e capital da estatal, como dividendos intermediários, e os R$ 4,4 bilhões restantes têm relação com os chamados dividendos intercalares.

A possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, após as decisões de investimentos previstas no novo plano estratégico da companhia, havia sido antecipada pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) em 8 de novembro.

Dona de 36,6% do capital da Petrobras - por meio do Tesouro Nacional, do BNDES e do seu braço de participações, o BNDESpar -, a União vai ficar com R$ 7,32 bilhões dos R$ 20 bilhões em proventos extraordinários anunciados na quinta pela estatal.

Com essa nova fatia, já chega a R$ 23,46 bilhões o total de proventos destinados pela estatal ao governo neste ano. A esse montante, a União poderá contabilizar ainda o pagamento de dividendos ordinários relativos ao quarto trimestre - que serão conhecidos só em fevereiro em 2025.

A Petrobras explicou ainda que, no caso dos detentores de ações negociadas na B3, o pagamento em parcela única será feito em 23 de dezembro. Já os acionistas que possuem ADRs ("American Depositary Receipts", por meio dos quais as ações da empresa são negociadas na Bolsa americana) receberão o pagamento a partir de 3 de janeiro de 2025.

Para o cálculo dos dividendos, será considerada a posição acionária do dia 11 de dezembro, para os detentores de papéis negociadas na B3, e de 13 de dezembro para os ADRs negociados na New York Stock Exchange. As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 12 de dezembro de 2024.

Plano Estratégico

Pelo plano estratégico para o período de 2025 a 2029, também divulgado na quinta, a previsão de investimentos para o próximo ano soma US$ 18,5 bilhões (R$ 107,5 bilhões), queda de 11,9% ante os US$ 21 bilhões (R$ 122 bilhões) do plano anterior.

Para os cinco anos até 2029, a estatal projeta investimentos de US$ 111 bilhões (R$ 644,9 bilhões), ante US$ 102 bilhões do plano anterior - que previa o plano quinquenal até 2028. Nesse caso, houve um aumento de 8,8% no total de aportes previstos.

Como era esperado pelos analistas, o planejamento da estatal priorizou a área de exploração e produção (E&P), que ficará com US$ 77,3 bilhões dos aportes totais, cerca de US$ 4 bilhões (ou 5,5%) a mais do que o previsto no plano anterior. O pré-sal segue como maior foco dos aportes da Petrobras, sendo o destino de 60% dos recursos previstos para a área de E&P.

Dívida

Em seu novo planejamento, a Petrobras aumentou o seu limite de endividamento para um teto de US$ 75 bilhões (R$ 435 bilhões). No plano anterior, esse limite era de US$ 65 bilhões (R$ 377 bilhões).

A mudança, segundo explica a estatal em documento, é "aderente à minimização do custo de capital, aos riscos do fluxo de caixa e a uma gestão eficiente de caixa e liquidez". A Petrobras diz ainda que o novo teto "considera métricas de alavancagem robustas, mesmo em cenários de baixo preço do Brent (referência de preço do barril), além de proporcionar maior flexibilidade em relação à crescente relevância dos afretamentos na dívida bruta"

A companhia reduziu o valor do caixa mínimo a ser mantido, de US$ 8 bilhões (R$ 46,4 bilhões) para US$ 6 bilhões (R$ 34,8 bilhões).
 

(Informações da Folhapress)

 

LETALIDADE POLICIAL

Violência policial sob Tarcísio volta ao foco após mortes de estudante de medicina e criança

Estado trocou 34 coronéis da cúpula da PM em fevereiro deste ano e rebaixou de cargo os oficiais favoráveis às câmeras corporais e à política de redução da letalidade

22/11/2024 07h17

Estudante de medicina foi morto com disparo feito à queima-roupa ao se recusar a ser abordado por dos policiais militares

Estudante de medicina foi morto com disparo feito à queima-roupa ao se recusar a ser abordado por dos policiais militares

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As mortes a tiros de um estudante de medicina em São Paulo e, há alguns dias, a de Ryan, 4, em Santos, ambas envolvendo PMs, reacenderam o debate sobre a violência policial.

Em meio a uma alta de letalidade que se manteve no acumulado de janeiro a setembro deste ano, ante o mesmo período anterior, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) caminha, segundo especialistas, para mais um ano marcado pela violência policial.

O uso excessivo de força seria uma escolha política do governador e do chefe da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de SP, Guilherme Derrite, e caracteriza uma mudança de rumo do estado na área, segundo Francine Ribeiro, especialista em segurança pública da Rede de Observatórios de Segurança.

"Tem relação direta com um ajuste de paradigma realizado pelo governo do estado, tornando a pauta de segurança pública ainda mais militarizada." Um exemplo, para ela, é a mudança feita por Derrite nas forças de segurança. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o secretário trocou 34 coronéis da cúpula da PM em fevereiro deste ano e rebaixou de cargo os oficiais favoráveis às câmeras corporais e à política de redução da letalidade.

O governo disse, por meio da SSP, que as forças de segurança são instituições legalistas que não toleram desvios de seus agentes e que contam com protocolos rígidos de conduta. Afirma, ainda, que as promoções seguem critérios técnicos.

Sobre as câmeras, afirmou que ampliou o número de equipamentos em 18,5%, com 12 mil novos dispositivos e funcionalidades de reconhecimento facial e leitura de placas, com acionamento obrigatório e penalidades previstas para o descumprimento do uso.

Para David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os novos rumos na política de segurança foram responsáveis por reverter uma tendência de queda na letalidade policial verificada no governo João Doria (na época no PSDB).

"Não foi assim que Doria se elegeu, mas foi uma mudança de discurso ao longo do mandato, muito também em função de uma disputa com o [então] presidente Bolsonaro e na esteira da execução de George Floyd nos Estados Unidos." Ele também cita o aprofundamento do trabalho das comissões de mitigação de risco que, junto com as câmeras, ajudaram a reduzir a violência e a aumentar a proteção dos próprios policiais.

A nomeação de Derrite, ex-integrante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa conhecida por ser letal, e com atuação parlamentar favorável ao uso da força, mostrou a opção pela linha-dura, segundo Marques.

É o que também diz Gabriel Sampaio, diretor de incidência e litigância da Conectas Direitos Humanos, que aponta uma violência sem resultados. "Nós reproduzimos uma ideia de política de segurança com condutas que não seguem os critérios mínimos das políticas públicas. A Operação Escudo é reflexo disso", diz o pesquisador, em referência à ação deixou 28 mortos e foi superada pela Operação Verão, que terminou em março com o dobro de civis mortos.

O ouvidor das polícias de SP, Cláudio Aparecido da Silva, apontou, em nota, retrocesso em um processo de profissionalização das polícias. "O que já era assustador para os pobres e periféricos agora se apresenta também como ameaça à vida dos que pertencem às camadas mais abastadas da nossa sociedade. A ideologia de vingança, truculência e morte atinge a todos, sem distinção de classe ou raça."

Segundo Marques, do Fórum, esse tipo de atuação da PM, embora gere capital político, não tem capacidade para desarticular facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital), cujos integrantes são apontados por autoridades como assassinos do empresário Antônio Vinícius Gritzbach no aeroporto de Guarulhos. "O enfrentamento ao crime organizado no mundo contemporâneo é mais um trabalho de investigação, com menos visibilidade."

A SSP disse ainda que já investiu mais de R$ 400 milhões e tem ampliado o uso de inteligência, tecnologia e cooperação entre as forças de segurança do estado com o Ministério Público e a Polícia Federal. "Como resultado desses esforços, em 21 meses foram apreendidas 415,6 toneladas de drogas em todo o estado, estimando-se um prejuízo de mais de R$ 1,8 bilhão ao crime organizado. Além disso, importantes indicadores estão em queda, como os homicídios e roubos em geral, que apresentaram as menores quantidades em 24 anos."

Para Marques, o controle externo da atividade policial e do uso da força são insuficientes. "Acho que o Ministério Público também tem que ser cobrado por esse estado de coisas que a gente tem visto em SP."

O órgão rebateu as críticas e disse que monitora sistematicamente o fenômeno da letalidade. "No âmbito da Operação Escudo, por exemplo, oito policiais militares foram denunciados pela força-tarefa instituída pelo MPSP para investigar as mortes."

Do outro lado da letalidade está a piora da saúde mental de policiais, diz Francine. "Com essa orientação de guerra, acabam por agir com mais violência. Na outra ponta, vai revelar aumento de suicídios de policiais por questões relacionadas à profissão." Ela afirma que foram cortados R$ 5 milhões em 2023 do orçamento de SP destinado ao atendimento de saúde mental dos agentes.

A secretaria da gestão Tarcísio disse que a PM tem ampliado o apoio psicológico a agentes da ativa com atendimento em um Centro de Atenção Psicológica e Social e 41 núcleos de atenção espalhados pelo estado. Afirmou também que oferece telepsicologia e diz que investiu R$ 55 milhões em saúde mental e, neste ano, R$ 58 milhões.

(Informações da Folhapress)

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