Embora determinados políticos há muito estivessem dando como certa a vida da fábrica de fertilizantes da Petrobras ao Estado, isto para colher dividendos eleitorais, o presidente Lula deixou claro na sexta-feira, durante sua passagem por Três Lagoas, que não existe definição sobre o destino do empreendimento, uma vez que estados como Espírito Santo e Minas Gerais também pleiteiam o investimento da ordem de US$ 2 bilhões, injeção que pode dar novo rumo à economia de qualquer região do País. O presidente, após ser "cobrado" publicamente pelo governador para que anunciasse a vinda da indústria, fez questão de afirmar que este é um assunto técnico e que não cabe ao presidente se intrometer, pelo menos publicamente, pois isto poderia afetar a cotação das ações da Petrobras. O recado, por si só, pode ser encarado com certo pessimismo pelos sul-mato-grossenses, pois todos sabem que o presidente, por mais cauteloso que deva ser, teria aproveitado a oportunidade para dar uma espécie de injeção de ânimo não só na classe política, mas para todo o Estado, caso tivesse algo de positivo para sinalizar. Além disso, é público e notório que, por mais técnicas que sejam as decisões econômicas relevantes, as influências políticas (não politiqueiras, mas aquelas com argumentos consistentes), têm peso fundamental no momento de bater o martelo. Por isso, em vez de determinados representantes do Estado mostrarem-se demasiadamente otimistas e outros darem vazão à sua veia pessimista, chegou a hora de colocar de lado os interesses pessoais ou partidários para juntar esforços no sentido de tentar convencer os técnicos da Estatal de que Três Lagoas realmene é a melhor cidade brasileira para sediar o empreendimento. E, a estas alturas, o jogo de cena para a plateia é o que menos influencia. Pelo contrário, tende a atrapalhar, pois revela aos estados concorrentes a falta de sintonia entre os políticos locais e, principalmente, a carência de uma estratégia séria para atrair o investimento. E, investidor nenhum, mesmo que seja uma empresa comandada pelo Governo, como é o caso da Petrobras, faz investimentos pesados em "terreno" politicamente instável, onde políticos tendem a colocar o interesse pessoal acima do coletivo. O Rio Grande do Sul, ao perder a fábrica da Ford, é prova disto, pois um grupo político tentou desfazer o que o anterior havia acordado e a montadora acabou se instalando na Bahia. Querer que a resposta definitiva venha o mais rápido possível é mais do que natural, pois é justo que ocorra o reconhecimento aos homens públicos quando algo significativo acontece em favor da população do Estado. Isto, contudo, não significa que se possa colocar a "carroça na frente dos bois". Não se pode tolerar, também, que um possível anúncio oficial seja adiado para tentar prejudicar aqueles que poderiam ser identificados como "pais da criança", já que esta é uma hipótese que também não pode ser descartada num ano em que acontecem eleições quase gerais no País.