Cidades

CAMPO GRANDE

Abandonado, Hospital da Mulher está sendo furtado e depredado

Unidade, que funcionava como maternidade, hoje abriga até usuários de drogas

NATALIA YAHN

30/04/2019 - 07h40
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O prédio do Hospital da Mulher e Maternidade no Bairro Moreninha III, desativado há mais de dois anos, está totalmente abandonado e depredado. Com portas arrombadas, materiais de construção furtados, janelas quebradas e muita sujeira, o local deixou de atender a população e agora serve apenas de abrigo para usuários de droga. A situação deixa preocupados os moradores da região, além de funcionários da Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), ambas localizadas no entorno do antigo hospital.

A reportagem esteve no local e constatou a situação do prédio, onde não há nenhum tipo de segurança e é fácil entrar e sair. No antigo Centro Regional de Saúde (CRS), que funcionou até a inauguração da UPA das Moreninhas – em 11 de fevereiro de 2016 – e que fica ao lado do hospital abandonado, o problema é o mesmo. De, lá foram levadas todas as lâmpadas, torneiras e outros itens de acabamento.

“Tem gente de dia usando droga nas salas abandonadas do hospital. Eles entram pelo fundo, arrombam as portas, levam os materiais de construção. Esses dias, tentaram quebrar a porta da cozinha, onde tem um monte de materiais que foram deixados, [porém] ainda não conseguiram. Mas, se nada for feito, vão acabar com tudo”, afirmou uma funcionária da UBSF, que pediu para não ter o nome divulgado.

No prédio, ainda estão materiais como macas, colchões, bebedouros, armários, além de motores de ar-condicionado, geladeiras, freezer horizontal, fogão industrial e outros itens. A entrada dos vândalos no prédio é pela Rua Amapá Doce, e quem mora por ali também denuncia os problemas, mas, por medo, preferem não se identificar. 

“Eu moro aqui há 15 anos, e o abandono começou há uns dois anos. Os portões são abertos, não tem ninguém cuidando. A gente vê os bandidos colocando motos aí dentro, tem dia que saem com várias coisas daí. Já vi até carregando dois aparelhos de ar condicionado”, disse um homem que mora na região.

Por conta do medo, os moradores que aceitaram falar sobre os problemas dizem que não chegaram a denunciar a situação. “Primeiro porque não iam fazer nada mesmo. E depois, a gente fica visado se fala qualquer coisa, poderiam até nos fazer mal”, afirmou outro.

OBRA

O Hospital da Mulher Vó Honória Martins Pereira foi inaugurado em 9 de março de 2000 e tinha 12 leitos para internação. O centro cirúrgico do local foi interditado pela Vigilância Sanitária em dezembro de 2016, por conta de graves problemas sanitários, e no fim de 2017 a unidade já estava totalmente desativada. Contudo, no dia 19 de fevereiro de 2018, foi anunciada a obra de adequação para implantar ali a Casa de Parto e Pequenas Cirurgias. Com isso, o prédio seria ampliado para expandir os serviços e a previsão era de que a obra fosse concluída em um ano. 

Porém, o que sobrou foi apenas a placa na entrada principal – na Rua Guarabu da Serra, entre a UBSF e a UPA –, indicando o projeto que não foi concluído. Na época do lançamento, há mais de 14 meses, o prefeito Marcos Trad fez promessa de não deixar a obra parada. “Estamos aqui dando a ordem de serviço para a reforma deste hospital. Estamos cumprindo mais um programa do nosso governo. Vamos terminar todas as obras dos nossos antecessores e entregar para a população funcionando”.

Antes do projeto, o então secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, afirmou que o local seria reativado como Hospital Dia, para atender a demandas ambulatoriais, e como centro cirúrgico municipal. Mas, para efetivar a intenção, seriam necessários R$ 470 mil para a obra.

Entre as ações anunciadas e as que nunca saíram do papel, o cenário atual é de abandono. “A gente fica se perguntando para onde vai tanto dinheiro. Enquanto isso, não conseguimos nem mesmo marcar uma consulta no posto porque só tem uma médica. Antes tinha quatro, agora é apenas uma. Na UPA, também não conseguimos atendimento. Porque não adequaram o hospital para continuar funcionando? Inventaram moda e está aí desativado, servindo de abrigo para bandido”, afirmou uma moradora.

Oportunidade

Com inscrições até dezembro, IFMS oferta 1,4 mil vagas em cursos técnicos

À distância e semipresencial, cursos são gratuitos

26/11/2024 16h00

Alunos estudam na sede do IFMS, em Campo Grande

Alunos estudam na sede do IFMS, em Campo Grande Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Até o dia 15 de dezembro, o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) segue com inscrições abertas para 1.452 vagas em cursos técnicos gratuitos, ofertados a distância, de maneira semipresencial nas áreas de Administração, Logística, e Manutenção e Suporte em Informática, em 19 cidades do Estado.

Gratuitas, serão aceitos alunos nos campi e polos de Aquidauana, Campo Grande, Nova Alvorada do Sul, Ribas do Rio Pardo, Corumbá, Coxim, Camapuã, São Gabriel do Oeste, Dourados, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã, Amambai, Antônio João, Nova Itamarati, Maracaju, Três Lagoas e Costa Rica. 

As inscrições podem ser feitas na Página do Candidato, da Central de Seleção. Caso seja o primeiro acesso do interessado, é necessário que o participante realize um cadastro antes de efetuar sua inscrição. Os aprovados iniciam as aulas no primeiro semestre de 2025, e para participar, é necessário que o interessado concluído o ensino médio até a data da matrícula.

Metade das vagas são reservadas para egressos do ensino médio público. Dentre elas há cotas para aqueles com renda familiar per capita de até um salário mínimo e/ou estudantes, pretos, pardos, indígenas, quilombolas e com deficiência. 

A opção pelas políticas afirmativas deve ser feita no momento da inscrição. Candidatos cotistas precisam comprovar sua condição para poderem fazer a matrícula. 

A seleção será feita através de sorteio eletrônico, marcado para o dia 13 de janeiro. Em caso de dúvidas, o contato pode ser feito pelo correio eletrônico [email protected].

Campus/polo

Curso

Turno

Encontros

Vagas

Amambai

Administração

Noturno

Terça-feira

40

Logística

Quinta-feira

40

Antônio João

Administração

Noturno

Terça-feira

40

Logística

Quinta-feira

40

Aquidauana

Logística

Noturno

Quarta-feira

30

Manutenção e Suporte em Informática

Segunda-feira

30

Camapuã

Administração

Noturno

Segunda-feira

20

Logística

Terça-feira

20

Campo Grande

Administração

Noturno

Segunda-feira

40

Logística

Sexta-feira

40

Manutenção e Suporte em Informática

Segunda-feira

40

Corumbá

Administração

Noturno

Quarta-feira

40

Administração

Quinta-feira

40

Logística

Terça-feira

40

Manutenção e Suporte em Informática

Segunda-feira

40

Costa Rica

Administração

Noturno

Sexta-feira

25

Logística

Terças e quintas

25

Manutenção e Suporte em Informática

Terças e quintas

25

Coxim

Administração

Noturno

Terça-feira

40

Logística

Quarta-feira

40

Dourados

Administração

Noturno

Segunda-feira

40

Logística

Terça-feira

40

Jardim

Administração

Vespertino

Quarta-feira

40

Administração

Sexta-feira

40

Administração

Matutino

Sábado

40

Logística

Noturno

Sexta-feira

40

Maracaju

Administração

Noturno

Terça-feira

40

Logística

Quinta-feira

40

Naviraí

Administração

Noturno

Segunda-feira

40

Logística

Sexta-feira

40

Nova Alvorada do Sul

Administração

Noturno

Terça-feira

25

Logística

Terça-feira

25

Manutenção e Suporte em Informática

Segunda-feira

25

Nova Andradina

Administração

Noturno

Quarta-feira

40

Nova Itamarati

Logística

Noturno

Quinta-feira

40

Ponta Porã

Administração

Noturno

Terça-feira

40

Logística

Quinta-feira

40

Manutenção e Suporte em Informática

Terça-feira

25

Ribas do Rio Pardo

Administração

Noturno

Terça-feira

11

Logística

Quarta-feira

11

São Gabriel do Oeste

Administração

Noturno

Quarta-feira

40

Logística

Quinta-feira

40

Três Lagoas

Logística

Noturno

Terça-feira

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Mato Grosso do Sul

Carrasco dos tribunais do crime do PCC é preso após dois anos de caçada

Wesley Honorato da Silva, o "Velho Bruxo", que liderava alguns julgamentos da facção, foi preso pelo Dracco, da Polícia Civil; veja detalhes dos crimes

26/11/2024 14h59

Wesley Celestino, o Velho Bruxo, um dos carrascos do PCC, voltou para a cadeia

Wesley Celestino, o Velho Bruxo, um dos carrascos do PCC, voltou para a cadeia Divulgação/Reprodução

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Um dos carrascos da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) mais procurados de Mato Grosso do Sul na atualidade, Wesley Celestino Honorato da Silva, 23 anos, foi preso no dia 19 deste mês pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), em Campo Grande.

A caçada por ele durou aproximadamente dois anos. Em 2022, ele participou de duas execuções dos tribunais do crime da facção na cidade de Três Lagoas (distante 326 km de Campo Grande) e era procurado por sua participação nesses crimes.

Na época das execuções, Wesley ocupava uma função no poder judiciário “paralelo” do PCC. Ele era considerado o “disciplina-geral da Costa Leste”, o que não é pouca coisa em uma organização que, assim como o Poder Judiciário, se divide em comarcas, regionais e circunscrições, estruturando-se de forma semelhante.

Wesley Celestino foi preso perto de onde morava, no Jardim Tijuca, em Campo Grande. Nos registros policiais, ele consta como pedreiro ou auxiliar de serviços gerais.
Dentro do PCC, ele tem vários apelidos, como “Velho Bruxo” ou “Príncipe da Facção”.

A atuação de Wesley Honorato é detalhada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul em processos nos quais ele é acusado de dois homicídios: o de Pablo Cristian Azambuja de Queiroz, ocorrido no dia 20 de setembro de 2022, em Três Lagoas, e o de Elias Ribeiro, ocorrido dois dias depois.

Tribunal do Crime: julgamento sumário e execução a sangue frio

Wesley Honorato é tido como o carrasco do PCC, pela função que exerce, a de “disciplina”. É ele, por exemplo, o responsável por garantir que os membros sigam o código de conduta da facção. Ele também é um dos aplicadores do código de justiça paralela do crime organizado.

Foi assim no dia 20 de setembro de 2022. Na ocasião, ele e mais nove identificados pela Polícia Civil executaram Pablo Cristian Azambuja de Queiroz.

Pablo era suspeito de ter abusado sexualmente da própria filha. Isso, porém, era uma acusação conduzida pela Polícia Civil.

O PCC, por ter ligação com Pablo, decidiu puni-lo, e assim foi feito. Ao procurar os integrantes da facção em Três Lagoas, após ter recebido várias ameaças, Pablo foi submetido a um julgamento no tribunal do crime.

Depois de ter sido espancado e chamado de “lixo” por vários integrantes, uma das participantes da facção, Priscila Dayane Ferreira Silva, que ocupa o cargo de disciplina em Três Lagoas, fez contato com os faccionados e a família da vítima.

O julgamento foi online, realizado por meio de uma ligação de vídeo da qual participaram pelo menos 32 pessoas.

A sessão de julgamento terminou com Pablo, que inicialmente negou o crime, confessando o estupro. Não se sabe se ele cometeu de fato o crime ou confessou sob coação.

Após a confissão, foi Wesley quem passou uma corda em seu pescoço e o enforcou. Na sequência, Fábio Ferreira de Souza, o “Fiel PCC”; Micael Henrique Kovalek Moura, o “Lucas Paquetá”; Luciano Oliveira Santos, vulgo “Barriguinha” ou “Conquistador do PCC”; e o próprio Wesley levaram o corpo de Pablo, em um Fiat Pálio pertencente a Fábio, para uma região conhecida como Cascalheira. Lá, o corpo da vítima foi queimado e encontrado alguns dias depois.

Quando o corpo foi encontrado, o tribunal do crime do PCC já havia matado outra pessoa: Elias Ribeiro. Em 22 de novembro, dentro de uma casa de integrantes da facção, ele foi morto com várias facadas, ou “chuchadas”, como eles costumam dizer.

Dessa vez, Wesley participou do julgamento apenas virtualmente. Na ligação, ou “radiação”, como é chamado esse tipo de reunião pela facção, também havia mais de 30 pessoas.

Todos os citados na reportagem respondem por assassinato, cárcere privado e organização criminosa relacionados aos dois homicídios. No caso específico da execução de Pablo, também há a acusação de ocultação de cadáver.

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